Pesquisa identifica evasão escolar na raiz da violência extrema no Brasil:pixbet tradicional

Grupopixbet tradicional20 adolescentes recapturados após fugapixbet tradicionalunidadepixbet tradicionalinternação no DFpixbet tradicionaldezembropixbet tradicional2015

Crédito, Marcelo Camargo/Agência Brasil

Legenda da foto, Adolescentes recapturados após fugapixbet tradicionalunidadepixbet tradicionalinternação no Distrito Federalpixbet tradicional2015; estudo analisou formaçãopixbet tradicionaljovens violentos

Entre os que cumpriam pena, todos, sem exceção, tinham largado a escola entre 11 e 12 anos. E citavam motivos banais: são "burros" e não conseguem aprender, a escola é "chata", o sapato furado era motivopixbet tradicionalchacota. Os colegaspixbet tradicionalinfância continuavam estudando.

Ao comparar esses e outros casos (111 ao todo), incluindo dois grupospixbet tradicionalpresos jovens do Presídio Centralpixbet tradicionalPorto Alegre, uns condenados por homicídio e outros por receptação, e alunospixbet tradicionaluma escolapixbet tradicionalperiferia sem histórico criminal, concluiu que o chamado "treinamento violento" respondeu por 54% da disposição para a violência extrema.

Em outras palavras, isso significa que sem a experiência do "treinamento violento" - aquela que ensina a manusear armas, bater antespixbet tradicionalapanhar e exalta atospixbet tradicionalviolência - a disposição para esses crimes extremos cairia para menos da metade nos casos analisados.

As conclusõespixbet tradicionalRolim, que foi vereadorpixbet tradicionalSanta Maria (1983-1988), deputado estadual (1991-1999) e deputado federal pelo PT gaúcho (1999-2003) e hoje não tem filiação partidária, estão no livro recém-lançado A Formaçãopixbet tradicionalJovens Violentos - Estudo sobre a Etiologia da Violência Extrema (editora Appris).

Marcos Rolim

Crédito, Ramon Moser/Reprodução

Legenda da foto, Tesepixbet tradicionaldoutoradopixbet tradicionalSociologiapixbet tradicionalMarcos Rolim, publicadapixbet tradicionallivro, investigou a formaçãopixbet tradicionaljovens violentos no Brasil

"Muitos meninos que se afastam da escola são,pixbet tradicionalfato, recrutados pelo tráficopixbet tradicionaldrogas e são socializadospixbet tradicionalforma perversa. E isso provavelmente deverá se repetir se a pesquisa for reproduzidapixbet tradicionaloutros locais, pois a diferença estatística foi muito forte", diz Rolim à BBC Brasil.

A conclusão prática, segundo o sociólogo, é que a prevenção da criminalidade deve levarpixbet tradicionalconta a redução da evasão escolar, aspecto que costuma ser negligenciado no Brasil quando o assunto é segurança pública.

Considerados os índicespixbet tradicionalevasão escolar, o cenário no Brasil seria,pixbet tradicionalfato, favorável à violência extrema.

Em 2013, por exemplo, uma pesquisa do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) mostrou que um a cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental no país abandona a escola antespixbet tradicionalcompletar a última série.

O Brasil figurava no estudo com a terceira maior taxapixbet tradicionalabandono escolar entre os 100 paísespixbet tradicionalmaior IDH (Índicepixbet tradicionalDesenvolvimento Humano), atrás apenas da Bósnia e Herzegovina e do arquipélagopixbet tradicionalSão Cristóvão e Névis.

Família como dor

Outra característica comum aos jovens internados por delitospixbet tradicionalgrave violência era a vida "independente" da família logo no começo da adolescência. "Às vezes porque o que haviapixbet tradicionalfamília era tão confuso ou violento que era preciso mesmo inventar um rumo; outras, porque era preciso se afastar para proteger seus familiares", escreve Rolim.

Um dos jovens entrevistados, identificado apenas como Aírton, descreveu a saídapixbet tradicionalcasa como consequência natural do envolvimento com o tráfico. "Moro sozinho desde os 13 anos. Nesta idade já alugava minha casa. Eu morava com minha mãe, mas meu pai nunca aceitou que eu fosse do crime. Por isso, optei por sairpixbet tradicionalcasa para não viver neste confronto", afirma ao pesquisador.

Os internos da Fase também relataram históricopixbet tradicionalproblemas familiares sérios. Com duas exceçõespixbet tradicional17 entrevistas, "não há qualquer relação afetuosa oupixbet tradicionaladmiração pelos pais dignapixbet tradicionalmenção", diz Rolim, para quem a violência foi "uma experiencia anterior ao crime para quase todos".

"De alguma maneira, os jovens vivenciaram dinâmicaspixbet tradicionalagressão física, desrespeito e injustiça entre seus familiarespixbet tradicionalambientespixbet tradicionalhostilidade e tensionamento prolongado", anota o autor.

Rolim conclui, no entanto, que a convivência familiar não foi um fator decisivo na disposição dos jovens a cometer violência extrema. "Ao contrário do que eu imaginava, jovens extremamente violentos podem virpixbet tradicionalfamílias bem e mal estruturadas", diz.

Razões da evasão

E por que as escolas não conseguem manter esses jovens na escola?

Embora o assunto não tenha sido foco da pesquisa, Rolim arrisca algumas possíveis explicações, a partir do contato com colegas que desenvolvem pesquisaspixbet tradicionalinstituiçõespixbet tradicionalensino.

A primeira, diz, é o despreparopixbet tradicionalprofessores para lidar com alunos mais vulneráveis e problemáticos.

"O jovempixbet tradicionaláreapixbet tradicionalexclusão, que nunca abriu um livro e tem pai analfabeto, tem toda uma diferençapixbet tradicionalpreparação, e grande parte dos professores não está preparada para lidar com ele", afirma.

Unidade da Fase (Fundaçãopixbet tradicionalAtendimento Socioeducativo) do Rio Grande do Sul

Crédito, Karine Viana/Palacio Piratini

Legenda da foto, Fase (Fundaçãopixbet tradicionalAtendimento Socioeducativo) do Rio Grande do Sul; internos abandonam escola cedo, aponta pesquisa

Rolim cita como exemplo um caso recente registradopixbet tradicionalPorto Alegre.

"A pesquisadora presenciou uma cenapixbet tradicionalindisciplinapixbet tradicionalum alunopixbet tradicional10 anospixbet tradicionaluma turma pequena; a professora conhecia todos. Ela disse ao menino: 'Tu vai ser bandido como seu pai'. Esse tipopixbet tradicionalreação é inaceitável", conta.

Outra possível causa, segundo Rolim, está na faltapixbet tradicionalconexão das escolas com as comunidadespixbet tradicionalregiões violentas.

"Pelo medo do crime, a escola deixoupixbet tradicionalse relacionar com as comunidades nas periferias. Transformaram-sepixbet tradicionalbunkers com grades, cadeados, polícia na frente. Não prestam serviços, não abrem aos finaispixbet tradicionalsemana, pais e parentes não a frequentam."

O terceiro problema seria a própria educação oferecida na escolas públicas.

"Basicamente, a mesmapixbet tradicional50 anos atrás", afirma o sociólogo.

"Hoje é impossível lidar com crianças conectadas, mesmo as mais pobres, do mesmo jeito. A escola se tornou espaçopixbet tradicionalpouco interesse e atração para o jovem das periferias", acrescenta.

Violência futura

Em 2015, último dado disponível, o Brasil registrou 170 assassinatos por dia - foram 58 mil homicídios naquele ano, número mais alto do que ospixbet tradicionalpaísespixbet tradicionalguerra. A taxa daquele ano,pixbet tradicional29 casos por 100 mil habitantes, insistepixbet tradicionalnão baixar.

Na visãopixbet tradicionalRolim, o Brasil está "contratando violência futura"pixbet tradicionalescolas, prisões e nas próprias instituições policiais.

Nas prisões, isso se dá, segundo ele, pela reclusão por crimes patrimoniais.

Dados do governo mostravam que, ao finalpixbet tradicional2014, 66% da população carcerária brasileira estava atrás das grades por crimespixbet tradicionaldrogas, roubos ou furtos - casospixbet tradicionalhomicídios eram apenas 10%. Jovens negros epixbet tradicionalbaixa escolaridade são maioria.

"Temos um perfilpixbet tradicionalencarceramento que não pega autorespixbet tradicionalcrimes mais graves, e pegamos um montepixbet tradicionaljovens pobres na periferia, pequenos traficantes e usuários, e vamos recrutando essas pessoas para as facções que atuam nos presídios", diz Rolim, para quem o Estado brasileiro é o "principal recrutadorpixbet tradicionalmãopixbet tradicionalobra para as facções criminosas".

Rebeliãopixbet tradicionalpresídiopixbet tradicionalAlcaçuz, RN

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Rebeliãopixbet tradicionalpresídio no Rio Grande do Norte; para pesquisador, prisõespixbet tradicionaljovens pobres da periferia flagrados com drogas e armas não surtem efeito positivo na segurança pública

E os homicídios continuampixbet tradicionalalta - estudo recente do Fórum Brasileiropixbet tradicionalSegurança Publica mostrou, por exemplo, que umpixbet tradicionalcada três brasileiros diz ter parente ou amigo vítimapixbet tradicionalassassinato - porque falta investigação e foco dos governos nesse problema, opina o pesquisador.

"A redução dos homicídios não é a prioridade número 1pixbet tradicionalnenhum lugar do Brasil. Como grande parte das vítimas é pobre, não há pressão social para investigação. E você lança uma mensagempixbet tradicionalque o crime compensa", afirma Rolim. Estudos costumam apontar que menospixbet tradicional10% dos homicídios no Brasil resultampixbet tradicionalcondenação.

O investimento, avalia o especialista, deveria ser reforçado na repressão a homicídios e a crimes sexuais.

"E se for para continuar a políticapixbet tradicionalrepressão ao tráfico, temos que ir atráspixbet tradicionalfinanciadores, rotas e usar muito mais inteligência do quepixbet tradicionalprisõespixbet tradicionalflagrante", argumenta.

Iniciativaspixbet tradicionalresultado

No meio do que classifica como "desgraça geral" das políticaspixbet tradicionalsegurança no Brasil, Rolim destaca iniciativas voltadas a jovens que mostraram bons resultados na prevenção da violência.

O POD (Programapixbet tradicionalOportunidades e Direitos) RS Socioeducativo, criadopixbet tradicional2009 no Rio Grande do Sul, atende jovens infratorespixbet tradicional12 a 21 anos que deixam o sistemapixbet tradicionalinternação.

Cada jovem passa a receber, por um ano, uma bolsapixbet tradicionalmeio salário mínimo (R$ 468,50), vale-transporte e alimentação, desde que frequente cursospixbet tradicionalformaçãopixbet tradicionaláreas como informática, mecânica e manutenção predial.

Segundo o governo gaúcho, a cada dez jovens atendidos pelo programa, apenas três reincidem no crime.

No entanto, Rolim acredita que iniciativas semelhantes ainda sejam pouco divulgadas.

"A população gaúcha, por exemplo, pouco sabe da existência desse programa, porque gestores ficam provavelmente com medopixbet tradicionaldivulgar e serem criticados por 'estarem dando dinheiro a bandidos'", diz.

"Essa ideologização do tema da segurança pública é outro lado tenebroso dessa história; você acaba perdendo a capacidadepixbet tradicionalexecuçãopixbet tradicionalpolíticas no setor", acrescenta.

A cidadepixbet tradicionalCanoas, na Grande Porto Alegre, criou o programa Cada Jovem Conta, que procura identificar jovenspixbet tradicionalescolas públicas com comportamentopixbet tradicionalrisco para açõespixbet tradicionalprevenção à violência.

O jovem passa ser acompanhado por uma equipepixbet tradicionaldiferentes secretarias, como saúde, educação e assistência social, para que frequente atividades esportivas e culturais, entre outras.

A prefeiturapixbet tradicionalCanoas afirma que maispixbet tradicional60% dos jovens atendidos melhoraram o desempenho escolar ou voltaram à escola, e suas famílias passaram a frequentar mais os serviços públicos locais.

Neste mês, a Comissãopixbet tradicionalConstituição e Justiça do Senado aprovou um projeto do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para elevarpixbet tradicionaltrês para oito anos o tempo máximopixbet tradicionalinternação para jovens infratores.

A medida, que ainda deverá ter mais uma votação na comissão antespixbet tradicionalir à Câmara, valeria para atos infracionais análogos a crimes hediondos - como estupro e homicídio - cometidos com usopixbet tradicionalviolência ou grave ameaça.

Rolim diz concordar com o aumento do tempopixbet tradicionalinternação para um "perfil restritopixbet tradicionaljovens" reincidentes, mas criticou a associação com crimes hediondos, que no Brasil incluem o tráficopixbet tradicionaldrogas.

"Isso colocaria a maioria dos jovens sob a possibilidadepixbet tradicional(cumprir) oito anospixbet tradicionalpena. Hoje se um jovem der um cigarropixbet tradicionalmaconha a outro, for flagrado e o ato for equiparado a tráfico, é crime hediondo. Elevar o tempopixbet tradicionalinternação não é problema, mas estabelecer isso para crimes hediondos é uma impropriedade absoluta", conclui.

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