Aos 42 anos, catadorasites de apostas no brasillixo aprende a ler com filhosites de apostas no brasil11 anos:sites de apostas no brasil

Crédito, Agil Fotografia/BBC Brasil
Foi forçada a trabalhar desde cedo. Abandonada pela mãe aos três anos, diz que a avó, com quem passou a morar, lhe entregou a um casal que a impediusites de apostas no brasilir à escola. Ela tevesites de apostas no brasiltrabalhar na lavoura,sites de apostas no brasilcasassites de apostas no brasilfarinha (locaissites de apostas no brasilque mandioca é ralada ou triturada) e fazendo faxina.
Um dia, quando ajudava no cultivosites de apostas no brasilbananeiras, viu crianças passando na porta com cadernos debaixo do braço. "Queria ir para onde iam, mas diziam: vá trabalhar. E eu chorava". Aos 12 anos, na tentativasites de apostas no brasilreencontrar a mãe, fugiu. Foi rejeitada. Nunca entendeu o motivo. "Ela não me aceitou. E o homem dela quis me fazer mal nesse tempo. Eu não sabia o que era aquilo", relembra.
Sem família por perto, Sandra passou a viver "na casasites de apostas no brasilum esites de apostas no brasiloutro" vizinho. "Toda vez que ela (a mãe) trocavasites de apostas no brasilmarido eu procurava ela, que era pra ver se me amparava. Mas ela sempre me rejeitou". A menina achava que "a mãe tinha que agarrar os filhos com unhas e dentes". Passou então a "sentir um vazio". Foi viver nas ruas e comer o que achava no lixo."
Um homem lhe ofereceu casa e comida quando tinha 13 anos. Viveram como marido e mulher, tiveram três filhos e uma história que, para Sandra, significou "levar tanta porrada", a pontosites de apostas no brasilachar que estava morta. Em 12sites de apostas no brasiljunhosites de apostas no brasil1996, na frente dos filhos, foi golpeada várias vezes com uma faca, teve parte dos cabelos arrancados com os dentes e, já se sentindo dormente depoissites de apostas no brasiltanta dor, chegou a dizer a uma das crianças: "Com fésites de apostas no brasilDeus, sesites de apostas no brasilmãe escapar macho nenhum bate mais nela". No dia seguinte, fugiu levando os três filhos.
"Me perguntavam na rua se eu tinha sido atropelada e mandavam eu dar parte dele. Mas eu não tinha instrução, não tinha ninguém pra me apoiar. Meu negócio era sair dali". A ideiasites de apostas no brasilSandra era "enfrentar o mundo".
A vida sem ler
Mas o mundo, quando tinha letras estampadas, "era como uma folhasites de apostas no brasilbranco" que dificultava até a horasites de apostas no brasilpegar um ônibus. Em buscasites de apostas no brasilajuda, ela precisava confidenciar a quem cruzasse o seu caminho: "Eu não sei ler". E pedia: "Você pode ler pra mim?".

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Mas, sofrimento maior foi, anos depois, fazer a carteirasites de apostas no brasilidentidade e tersites de apostas no brasilestampar no documento a impressão digitalsites de apostas no brasilvez da assinatura. Frutosites de apostas no brasilum segundo casamento e com aproximadamente três anossites de apostas no brasilidade, Damião, ouvindo a mãe mensurar o tamanho da vergonha, "muito grande", fez um pacto com ela naquele dia: "Eu vou aprender e, quando aprender, vou ensinar à senhora".
A mãe já catava lixo para vender à reciclagem e a outros compradores que batem à porta. A essa altura, não sabia o que era carteira assinada, estava separada do segundo marido e carregava a tristezasites de apostas no brasilter enterrado quatro dos sete filhos - todos ainda na infância, vítimassites de apostas no brasildoenças que acha difícil explicar, e uma das filhas após um atropelamento.
Ver Damião ir e voltar da escola era um dos momentossites de apostas no brasilalegria. Cada dia que o filho chegava, contava a ela, "já mortasites de apostas no brasilcansaço", tudo o que havia lido e aprendido. Ela se orgulhava: "Ele vai ser o que eu queria ser".
Damião também tinha o estímulo da professora. Ela dava aulassites de apostas no brasilreforço e o incentivava a pegar livros na escola. "Foi com esses livrinhos que tudo foi se desenganchando" para Sandra. "Eu tomava banho, deitava na rede, ele vinha e me chamava pra ler. Eu queria ver os desenhos, mas também queria aprender as letras. Ficava curiosa."
O mais próximo que ela havia chegado da escola foisites de apostas no brasiluma turmasites de apostas no brasiljovens e adultossites de apostas no brasilque aprendeu o "ABC", mas que acabou abandonando por não pararsites de apostas no brasilter dúvidas e travar sempre que chegava no "e", letra que traduz como "uma agoniasites de apostas no brasilvida". Ela ficava "apavorada" por não saber. "Sentia revolta".
Damião desvendou o "e" para a mãe explicando que era o mesmo que um "i", só que fechado e sem o ponto. O "h" virou uma cadeirinha" e o R o mesmo que um B, só que "aberto". Ele começou a ensinar as letras do nome dele e as letras do nome dela. Até Sandra aprender a escrever.
"Quando eu aprendi, disse: vou fazer outra identidade que é pra quando chegar nos cantos eu dizer: eu sei fazer meu nome. Pra mim, já era tudo eu saber. Chegar lá, o povo dizer assine aqui e eu dizer: agora eu já sei, não sinto mais vergonha".

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Escrever o próprio nome foi uma conquista. A palavra "mãe" também. Em uma reunião da escola, "morreusites de apostas no brasilfelicidade" ao assinar a primeira vez como responsável da criança. "Tinha que escrever o que eu era dele. Eu escrevi mãe, caprichado, bem grande."
Damião, devotado à mãe, quer ir além. "Eu quero ver ela aprendendo comigo. Quero que aprenda as palavras que ela sente aqui dentro. Ela gostasites de apostas no brasilfalar amor, paixão. Já sabe um montesites de apostas no brasilpalavras. Ela sabe as mais simples".
Leitura
Mãe e filho leram, juntos, 107 livrossites de apostas no brasil2016, se considerados apenas os contabilizados na escola. A lista, porém, fica maior se incluir outros títulos que Sandra encontrou no lixo. O preferido dela, faz questãosites de apostas no brasildizer, "é Ninguém nasce genial". "Escrevi meu nome nele. Porque ninguém nasce gênio. Porque eu achava que não precisava mais saber, achava que era tarde pra saber."
Para Damião, outro livro foi mais impactante. Tratava da históriasites de apostas no brasilum anjo que vivia acorrentado e só conseguiu se libertar quando ensinou um ser humano a rezar e os dois viraram amigos.
"É tipo eu e minha mãe. Eu estou ensinando uma coisa a ela e ela me ensina outra. Eu era novinho, ela me cuidava, eu cuidava dela. Ela dava um abraçosites de apostas no brasilmim eu dava dois. Foi assim que nós começamos a nos amar."

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O menino também leu sobre aventuras, amizade, paixão e amor ao próximo.
Nesses momentos, diz que "vai pra outro mundo". Que fica com "uma imaginação infinita".
"Eu quero que a leitura me leve pra qualquer canto", diz. Neste ano, irá para o 6º ano na escola.
Na casa onde divide cada palavra que aprende com a mãe, a ajudou a escrever, na parede da frente, uma mensagemsites de apostas no brasilletras verdes, maiúsculas: "CANTINHO DA FELICIDADE ONDE HÁ DEUS NADA FALTARÁ".








