Fotógrafo faz registro raroh2bet penaltytribo isoladah2bet penaltyfloresta no Acre; veja imagens:h2bet penalty

  • Caio Quero e Felipe Souza
  • Da BBC Brasilh2bet penaltySão Paulo

h2bet penalty O céu escureceu e uma forte chuva obrigou o helicóptero que sobrevoava uma floresta no Acre a pousar. O temporal demorou para passar e a tripulação decidiu voltar ao pontoh2bet penaltypartida antesh2bet penaltyescurecer.

Close dos indígenas

Crédito, RICARDO STUCKERT

A chuva frustrou a viagem, mas proporcionou um registro raro e históricoh2bet penaltyuma tribo indígena isolada, próximo à fronteira com o Peru. "É como achar uma agulha no palheiro. Pura sorte", definiu o fotógrafo Ricardo Stuckert.

Índio se prepara para disparar flecha

Crédito, RICARDO STUCKERT

A BBC Brasil teve acesso a parte dos registros feitos por Stuckert no último domingo. Ele viajava para a aldeia Caxinauá (também no Acre), onde faria uma sessãoh2bet penaltyfotos para o livro Índios Brasileiros.

A obra vai documentar a rotinah2bet penalty12 tribos brasileiras e será lançada no dia 19h2bet penaltyabrilh2bet penalty2017 - Dia do Índio.

Um dia após a publicação dessa reportagem, a Funai se manifestou sobre o tema criticando a maneira que classifica como 'invasiva' com a qual as fotos foram feitas.

"A reportagem demonstra desrespeito aos povos indígenas isolados ao expor publicamente indígenas que se mantêmh2bet penaltyisolamento por decisões próprias. (...) Os efeitosh2bet penaltyuma violência simbólica desse nível são social e culturalmente imensuráveis", afirmou, por meioh2bet penaltynota.

Indígena olha para helicóptero

Crédito, RICARDO STUCKERT

Mas ele estava acompanhado do experiente sertanista José Carlos Meirelles, que trabalhou para a Fundação Nacional do Índio (Funai) durante 40 anos, e a dupla resolveu investigar uma área da mata com mais calma.

"Depois da chuva, a gente voltou e viu umas malocas feitash2bet penaltypalha. A gente estava voando muito rápido, mas vimos plantações e decidimos voltar. Encontramos a tribo e eu comecei a fotografar", relata o fotógrafo.

Índios observam aeronave escondidos atrásh2bet penaltyárvore

Crédito, RICARDO STUCKERT

Ao identificar uma possível ameaça, os índios reagiram. Os olharesh2bet penaltysurpresa e raiva contra o helicóptero foram registrados pelas poderosas lentesh2bet penaltylongo alcanceh2bet penaltyStuckert. A tribo atirou dezenash2bet penaltyflechas na tentativah2bet penaltyafastar a aeronave, que sobrevoou a região durante sete minutos.

Construção feita pelos índios

Crédito, RICARDO STUCKERT

O próprio Meirelles avalia o voo como algo invasivo à comunidade isolada. "É um registro importante, mas é uma certa agressão. Por isso, a gente toma o cuidadoh2bet penaltynão voar baixo para não assustar tanto. Por outro lado, o mundo precisa saber que eles existem e que precisamosh2bet penaltypolíticas para conservá-los", disse Meirelles, que demarcou áreash2bet penaltytribos isoladas durante os 20 anos que trabalhou na região.

Ele estima que a tribo, identificada apenas como "Índios do Maitá", por estar próxima ao rioh2bet penaltymesmo nome, é composta por cercah2bet penalty300 pessoas. O número, segundo ele, é bem grande para uma aldeia isolada.

Algodão

Segundo o sertanista, não há nenhum relato ou documentoh2bet penaltyaproximação dessa tribo com povos civilizados e até mesmo outros grupos.

Após o sobrevoo e uma primeira análise das fotosh2bet penaltyStuckert, José Carlos Meirelles identificou detalhes que revelam alguns costumes dos índios isolados.

Índios se escondem ao ver helicóptero

Crédito, RICARDO STUCKERT

"As mulheres usam uma saiota e eles têm plantaçõesh2bet penaltyalgodão. São sinaish2bet penaltyum povo que tece e fia. Parte deles também possui um cabelo incomum: careca até a metade da cabeça e comprido da metade para trás", relatou.

O sertanista afirmou que os índios são mais altos que a média e os homens amarram o pênis a uma espécieh2bet penaltycinta. O especialista também identificou que a tribo planta milho, banana, mandioca e batata.

Região onde índios foram localizados

Crédito, RICARDO STUCKERT

O grupo fotografado vive numa áreah2bet penalty630 mil hectares onde estão três reservas indígenas: Kampa Isolados do Envira, Alto Tarauacá e Riozinho do Alto Envira. O sertanista disse que, apesar do completo isolamento, a localização aproximada da tribo já era conhecida.

Nas fotos, não foram identificados objetos ou características que possam ter sido influenciadas ou levadas a eles por outros povos.

Grupoh2bet penaltyindígenas registrado

Crédito, RICARDO STUCKERT

Um dos fatores apontados pelos especialistas para a sobrevivência da tribo é o fato dela estar localizada numa regiãoh2bet penaltydifícil acessoh2bet penaltymadeireiros, garimpeiros e seringueiros.

Emocionante

Stuckert, que trabalhou como fotógrafo da Presidência da República durante oito anos e tem 28 anosh2bet penaltyexperiência na profissão, disse que o registro dos índios está entre "os mais emocionantes"h2bet penaltysua carreira.

Em close mais aproximado, o grupoh2bet penaltyíndios

Crédito, RICARDO STUCKERT

"Eu gostariah2bet penaltyvoltar lá, mas acho que a gente não pode ter contato. Precisamos preservar isso e quero que as minhas fotos mostrem que a gente tem que mapear tudo o que está perto e protegê-los para que não tenham problemas externos", afirmou.

O fotógrafo disse ter ficado "maravilhado" por registrar pela primeira vez nah2bet penaltycarreira uma população que nunca teve contato com uma população isolada.

Índiosh2bet penaltyrecorte mais aproximado da imagem

Crédito, RICARDO STUCKERT

O sertanista José Carlos Meirelles também demonstra felicidade por ter visto os índios isolados, mas se disse preocupado com o possível avanço do desmatamento eh2bet penaltyseringueiros.

"Fiquei muito felizh2bet penaltysaber que estão bem. Foi muito bom ver que eles têm um roçado e estão no seu espaço. O problema é que ninguém sabe até quando."

Grupoh2bet penaltyíndios fotografados durante a expedição,h2bet penaltyrecorte mais aproximado da imagem

Crédito, RICARDO STUCKERT

Funai

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Leia a íntegra da nota da Funai sobre as fotos.

"Primeiramente, a reportagem demonstra desrespeito aos povos indígenas isolados ao expor publicamente indígenas que se mantêmh2bet penaltyisolamento por decisões próprias. O teor invasivo do sobrevoo e, consequentemente, das fotografias pode ser percebido no semblanteh2bet penaltyterror dos indígenas e na posturah2bet penaltyataque ao empunhar arcos e flechas contra a aeronave, conforme registrado na própria reportagem. Os efeitosh2bet penaltyuma violência simbólica desse nível são social e culturalmente imensuráveis.

A instituição refuta argumentos que defendem que esse tipoh2bet penaltytrabalho pode,h2bet penaltyalguma maneira, contribuir para a defesa dos povosh2bet penaltyquestão, uma vez que atende somente aos interessesh2bet penaltyvendah2bet penaltynotícias sensacionalistas, não segue estratégiash2bet penaltyproteção territorial e se omite diante dos direitos dos povos indígenas. Prova disso é o fatoh2bet penaltyque o trabalho foi realizado à revelia dos trâmites necessários ao controleh2bet penaltyacesso a Terras Indígenas, inexistindo autorizaçãoh2bet penaltyingresso ou observância do direitoh2bet penaltyimagem, o que configura violaçãoh2bet penaltydireitos fundamentais preconizados na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho.

A legislação indigenista tem mecanismosh2bet penaltyproteção aos povos indígenas isolados eh2bet penaltyrecente contato,h2bet penaltymaneira que a Funai tomará providências para a devida responsabilização dos autores e envolvidos, assim como para o resguardo dos povos indígenash2bet penaltyquestão."

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