‘A professora não gostavajogar poker gratis onlinepobre’: bolsistas criam página contra preconceitojogar poker gratis onlineuniversidade carioca:jogar poker gratis online

Alguns dos integrantes do grupo: Gabriel Gomes, Lucas Clementino e Michelle Egito

Crédito, Jefferson Puff/BBC Brasil

Legenda da foto, Gabriel Gomes, Lucas Clementino e Michelle Egito (da esq. para a dir.), três dos oito integrantes do "Bastardos da PUC-Rio"; para eles, alunos bolsistas precisam entender que universidade também é "100% deles".

Alusão ao termo "filhos da PUC", usado pelos alunos e professores da instituição, o nome da página foi escolhido pelo grupo justamente para deixar claro que eles não se sentem acolhidos nem tratados como iguais aos estudantes pagantes.

Todos os depoimentos são anônimos.

"Tudo começou num grupojogar poker gratis onlineWhatsApp que a gente criou justamente para falar sobre esse tipojogar poker gratis onlinehumilhação e discriminação por sermos pobres, pretos ejogar poker gratis onlineperiferia ou favela", conta Gabriel Gomes,jogar poker gratis online22 anos, aluno do 7º período do cursojogar poker gratis onlinePublicidade e bolsista do ProUni.

Página do grupo no Facebook

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Grupo "Bastardos da PUC-Rio" no Facebook, quejogar poker gratis onlinemenosjogar poker gratis onlineum mêsjogar poker gratis onlinecriação já conta com quase 6 mil curtidas, recebeu 47 depoimentos e publicou 27

Com o acúmulojogar poker gratis onlinerelatos e desabafos, Gomes juntou-se a outros sete colegas para criar a página, que vem recebendo uma médiajogar poker gratis onlinetrês relatos por dia. Desde a criação, no iníciojogar poker gratis onlinesetembro, o grupo já recebeu 47 depoimentos, dos quais publicou 27.

Segundo um levantamento informal com 31 dos estudantes que enviaram suas experiências pessoais, a maioria tem entre 17 e 24 anos e leva entre duas e três horas para chegar ao campus, na Gávea, bairro nobre da Zona Sul do Rio.

Nenhum tem carro, e grande parte é moradorjogar poker gratis onlinefavela oujogar poker gratis onlinebairros da periferia da Zona Norte e da Baixada Fluminense - uma realidade que,jogar poker gratis onlineacordo com os alunos, incomoda professores e colegas.

'Mundos diferentes'

Segundo o grupo, há professores que logo no início do semestre fazem questãojogar poker gratis onlineidentificá-los e destacá-los.

"Quando o professor pergunta diantejogar poker gratis onlinetoda a turma onde você estudou no Ensino Médio,jogar poker gratis onlineque bairro você mora, a profissão dos seus pais ou diretamente se você é bolsista, é óbvio que isso é uma formajogar poker gratis onlinediscriminação. Na maioria das vezes eu sou o único que estudoujogar poker gratis onlineescola pública,jogar poker gratis onlineuma sala inteira", diz Gomes.

Um dos relatos com mais repercussão na página, com maisjogar poker gratis online3 mil curtidas, é ojogar poker gratis onlineuma aluna do cursojogar poker gratis onlineDesign, bolsista do ProUni.

"Tive a infelicidadejogar poker gratis onlineme matricularjogar poker gratis onlineuma disciplina cuja professora não gostavajogar poker gratis onlinepobre. Isso ficava evidente nas muitas piadinhas que ela fazia sobre empregadas domésticas", conta.

Michel Silva

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Para Michel Silva, os colegas que vivemjogar poker gratis onlineoutra realidade social: "Para mim, 'eles' são as pessoas inseridas numa bolha social muito difíciljogar poker gratis onlinefurar. É como se a gente fosse uma agulha tentando furar. Eu sou essa agulha."

"No primeiro diajogar poker gratis onlineaula, informei a ela que eu sempre chegaria atrasada, porque eu saia do trabalho e não conseguia chegar no início da aula. A partirjogar poker gratis onlineentão virei piada. As piadas me incomodavam e eu tentava fugir do campojogar poker gratis onlinevisão dela durante as aulas, e quanto mais eu me escondia, mais ela me percebia e chamava a atenção pelo fatojogar poker gratis onlineeu estar excluída da turma", completa.

Em outro relato que gerou muitos comentários, uma alunajogar poker gratis onlineJornalismo que estagiou na TV universitária afirma ter sido alvojogar poker gratis onlineracismo.

"Sou negra e na época meu cabelo era relaxado, o que significa que toda vez que ia gravar tinha que fazer chapinha. Morando longe e acordando cedo, nem sempre dava tempo ou tinha ânimo. Uma vez, quando não tinha que gravar nada, minha chefe me falou: Por que está com esse cabelo horrível? Se eu precisar te mandar entrevistar o reitor, não tem como desse jeito! Tem que fazer chapinha! Isso na frentejogar poker gratis onlineoutras pessoas."

Para Lucas Clementino,jogar poker gratis online19 anos, estudante do 1º períodojogar poker gratis onlineArquitetura e bolsista do ProUni, há um "ciclo vicioso" na universidade.

"Aqui é muito comum que ex-alunos se tornem professores. É um ciclo. Eles acham que a PUC pertence 100% a eles, à classe social deles. Eles vêm a gente como a minoria, como os invasores, e quando se tornam professores estimulam isso nos alunos e legitimam o preconceito", afirma ele, integrante do grupo.

Em outro depoimento enviado à página, uma aluna diz ter ouvidojogar poker gratis onlineuma colega um comentário discriminatório porque não tinha um smartphone moderno.

"Tive um trabalhojogar poker gratis onlineconjunto e meus colegas montaram um grupo no WhatsApp. Pedi pra fazermos isso no Facebook, porque meu celular era bem antigo e não tinha esse recurso. Eu não tinha grana pra comprar outro melhor e isso nem me fazia falta na época. Uma menina olhou pra mim e disse "sai da caverna,jogar poker gratis onlinelouca! Hojejogar poker gratis onlinedia qualquer um consegue comprar um iPhonezinho, vai!". Na época, senti certa penajogar poker gratis onlinemim. Hoje, sinto muita pena dela."

'Eles' x 'Nós'

Para os criadores do grupo, comentários que expõem as diferençasjogar poker gratis onlineclasses sociais e poderjogar poker gratis onlineconsumo passam despercebido entre "eles", mas têm efeito muito negativo sobre os alunos bolsistas, que se sentem discriminados por causa da maneira como se vestem, pelo bairro onde moram, pelas origens ou pela cor da pele.

Questionados sobre quem seriam "eles", o grupo diz tratar-se dos estudantes que se sentem "100% pertencentes à universidade, geralmente brancos,jogar poker gratis onlineclasse média alta, e moradoresjogar poker gratis onlinebairros nobres do Rio".

Imagem publicada no Facebook

Crédito, Reproducao

Legenda da foto, Imagem com depoimentojogar poker gratis onlinealuno divulgado no grupo

Para Michel Silva, "eles" são os colegas que vivemjogar poker gratis onlineoutra realidade social. "Para mim, 'eles' são as pessoas inseridas numa bolha social muito difíciljogar poker gratis onlinefurar. É como se a gente fosse uma agulha tentando furar. Eu sou essa agulha", diz.

Questionados sobre a perspectivajogar poker gratis onlineque entre os alunos pagantes há provavelmente pessoasjogar poker gratis onlinediversas origens, os integrantes do grupo argumentam que, apesar das diferenças, "eles" pertencem ao "mesmo mundo".

"Há os muito ricos, que moramjogar poker gratis onlinemansões com elevador. Há a classe média, mas que pode pagar a mensalidade. Tem diferenças, claro, mas eles falam a mesma língua, têm as mesmas referências e pertencem ao mesmo mundo, que é muito diferente do nosso", diz Michelle Egito, aluna do 7º períodojogar poker gratis onlineCinema e bolsista do ProUni.

Reunião

Conforme a página no Facebook ganha repercussão, o grupo espera resultados práticos, como campanhasjogar poker gratis onlineconscientização promovidas pela Reitoria e punições a professores denunciados. Mas também teme retaliações.

"Nos últimos dias, ouvijogar poker gratis onlineum professorjogar poker gratis onlinesalajogar poker gratis onlineaula que 'agora não se pode mais falar qualquer coisa, senão cai naquele site dos Bastardos'. Já é um começo. Queremos que os próximos bolsistas saibam que podem ser acolhidos e que também têm direitojogar poker gratis onlineestarem aqui", diz Gomes.

Na última terça-feira, o grupo foi convidado pela Vice-Reitoria para uma reunião.

"Apresentamos demandas, mas não houve tempo para tocar no tema específico das denúncias contra professores. É algo que ainda vamos levar adiante, porque precisa acabar essa cultura da impunidade, que legitima o preconceito", diz o estudante.

Procurada pela BBC Brasil, a PUC-Rio confirmou a reunião e disse que "as demandas serão analisadas" e que "até o momento não foram apresentadas denúncias formais contra professores".

"A PUC-Rio sempre apura qualquer denúncia que chega pelos meios que os alunos têm para fazer essas queixas, como a ouvidoria da universidade por email, pessoalmente, ou por telefone. A cada seis meses os alunos bolsistas têm contato com a coordenaçãojogar poker gratis onlinebolsas, quando ocorre a renovação, e há oportunidade para denúncias. Além disso a Reitoria está sempre aberta a recebê-los", diz a nota.

Sobre punições a professores, a universidade diz que os casos denunciados são investigados e que no passado já houve punição formal, mas não soube precisar se tratou-sejogar poker gratis onlineuma advertência oujogar poker gratis onlinemedidas mais severas, como demissão.