'Dia do Índio': estudo revela 305 etnias e 274 línguas entre povos indígenas do Brasil:bet7k indicação

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O estudo diz que, entre 2000 e 2010, os percentuaisbet7k indicaçãoindígenas brasileiros que vivem nas regiões Sul e Sudeste caíram, enquanto cresceram nas outras regiões. A região Norte abriga a maior parcelabet7k indicaçãoíndios brasileiros (37,4%), seguida pelo Nordeste (25,5%), Centro-Oeste (16%), Sudeste (12%) e Sul (9,2%).
Entre 2000 e 2010, também caiu o percentualbet7k indicaçãoindígenas que morambet7k indicaçãoáreas urbanas, movimento contrário ao do restante da população nacional.
'Retomadas'
Segundo a pesquisadora do IBGE Nilza Pereira, autora do texto que acompanha o estudo, uma das hipóteses para a redução no percentualbet7k indicaçãoindígenas no Sul, Sudeste ebet7k indicaçãocidades são os movimentosbet7k indicaçãoretorno a terras tradicionais.
Nas últimas décadas, intensificaram-se no país as chamadas "retomadas", quando indígenas retornam às regiõesbet7k indicaçãoorigem e reivindicam a demarcação desses territórios. Em alguns pontos, como no Nordeste ebet7k indicaçãoMato Grosso do Sul, muitos ainda aguardam a regularização das áreas,bet7k indicaçãoprocessos conflituosos e contestados judicialmente.
Em outros casos, indígenas podem ter retornado a terras que tiverambet7k indicaçãodemarcação concluída. Hoje 57,7% dos índios brasileiros vivembet7k indicaçãoterras indígenas.
Outra possibilidade, segundo Pereira, é que no Sul, Sudeste e nas cidades muitas pessoas que se declaravam como indígenas tenham deixadobet7k indicaçãofazê-lo.
Ainda quebet7k indicaçãopopulação indígena estejabet7k indicaçãodeclínio, a cidadebet7k indicaçãoSão Paulo ocupa o quarto lugar na listabet7k indicaçãomunicípios brasileiros com mais índios, com 13 mil. Parte do grupo vivebet7k indicaçãoaldeias dos povos Guarani Mbya nos arredores da cidade,bet7k indicaçãoterritórios aindabet7k indicaçãoprocessobet7k indicaçãodemarcação.
O ranking é encabeçado por São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas. O município abriga 29 mil indígenas e foi o primeiro do país a aprovar como línguas oficiais, além do português, três idiomas nativos (tukano, baniwa e nheengatu).
O estudo mostra como morar numa terra indígena influencia os indicadores socioculturais dos povos. Entre os índios que residem nessas áreas, 57,3% falam ao menos uma língua nativa, índice que cai para 9,7% entre indígenas que morambet7k indicaçãocidades.
Mesmo no Sul, regiãobet7k indicaçãointensa colonização e ocupação territorial, 67,5% dos índios que vivembet7k indicaçãoterras indígenas falam uma língua nativa, número só inferior ao da região Centro-Oeste (72,4%).
A taxabet7k indicaçãofecundidade entre mulheres que morambet7k indicaçãoterras indígenas também é significativamente maior que entre as que vivembet7k indicaçãocidades. Em terras indígenas, há 74 criançasbet7k indicação0 a 4 anos para cada 100 mulheres, enquanto nas cidades há apenas 20.
Para Nilza Pereira, do IBGE, ao mostrar detalhes sobre indígenasbet7k indicaçãodiferentes pontos do país, o estudo será útil para o planejamentobet7k indicaçãopolíticas públicas diferenciadas para esses povos. Os dados também foram usados na elaboraçãobet7k indicaçãovários mapas, que compõem o "Atlas Nacional do Brasil Milton Santos".

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Cultura indígena
O ativista indígena Denilson Baniwa, cofundador da Rádio Yandê, diz à BBC Brasil que o estudo ajuda a combater a faltabet7k indicaçãoconhecimento sobre os povos indígenas no Brasil.
Baniwa, que mora no Riobet7k indicaçãoJaneiro e é publicitário, diz se deparar frequentemente com pessoas que acham que "o indígena ainda é aquelebet7k indicação1500". Segundo o ativista, muitos questionam por que ele se considera indígena mesmo falando português ou usando o computadorbet7k indicaçãoseu trabalho.
"Respondo que cultura não é algo estático, que ela vai se adaptando com o tempo. E pergunto a eles por que não vestem as mesmas roupas usadas pelos portuguesesbet7k indicação1500, por que não falam aquele mesmo português e por que não usam computadoresbet7k indicação1995."

Crédito, Arquivo pessoal
Para Baniwa, há ainda grande desconhecimento sobre as enormes diferenças culturais entre os povos indígenas brasileiros. Ele exemplifica citando dois povosbet7k indicaçãosua terra natal (a região do rio Negro, no Amazonas), os baniwa e os tukano.
"Comparar um baniwa a um tukano é como comparar um francês a um japonês. São povos com línguas, hábitos e características físicas bastantes distintas, e isso porque vivem bem próximos. Imagine a diferença entre um baniwa e um kaingang, um povo lá do Rio Grande do Sul?"
Ao mesmo tempobet7k indicaçãoque combate o preconceito contra indígenas que, como ele, morambet7k indicaçãocidades, Baniwa afirma que cada povo deve ser livre para decidir como quer se relacionar com o resto da sociedade.
"Se um povo entender que o contato com o mundo moderno não será benéfico e que prefere ficar mais isolado embet7k indicaçãoterra, vamos lutar para que essa decisão seja respeitada."








