O mistério dos caracóis guerreiros da Idade Média:casa de apostas política
Trata-se do caracol guerreiro, um fenômeno único na era medieval. E o motivo por que eles aparecem nesse contexto permanece um completo mistério nos diascasa de apostas políticahoje.
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"Isso criou grande perplexidade entre os historiadores da arte e da literatura, que se perguntam exatamente o que eles significam", afirma o professorcasa de apostas políticaliteratura medieval Kenneth Clarke, da Universidadecasa de apostas políticaYork, no Reino Unido.
Os desenhos ou pinturas encontrados nas margenscasa de apostas políticapáginas dos livros são conhecidas pelo nomecasa de apostas política"marginália".
Na Idade Média, quando o textocasa de apostas políticaum manuscrito está completo, as partes mais importantes podem receber um acabamento floreado, como bordas detalhadascasa de apostas políticafolhagens onduladas, criaturas fantásticas e outros desenhos diversos.
Às vezes, eles eram acrescentados imediatamente. Em outros casos, muitas décadas depois. Mas não era uma tarefa casual. Muitas vezes, eles eram pintados com pigmentos preciosos, como lápis-lazúli, ou destacadoscasa de apostas políticaouro.
"Eram livros muito, muito, muito caros, com muito poucos leitores", segundo Clarke.
Essas decorações são encontradascasa de apostas políticauma ampla variedadecasa de apostas políticaobras religiosas. Elas incluem saltérios (com salmos), livroscasa de apostas políticahoras (com orações), breviários (com orações diárias), livros pontificais (com os rituais conduzidos pelos bispos) e decretais (cartas papais).
Os enfeites podiam ser bizarros, engraçados, grotescos e até grosseiros. Nádegas despidas, pênis, condições médicas e uma quantidade surpreendentemente grandecasa de apostas políticacoelhos sanguinários ornamentam páginas do que, sem eles, seriam livros sóbrios e devocionais.
Muitas vezes, a marginália parece ter pouca relação com o texto do livro. Mas, por um breve período no final do século 13, os decoradorescasa de apostas políticalivroscasa de apostas políticatoda a Europa adotaram uma nova obsessão: os caracóis guerreiros.
Em um estudo abrangente desses gastrópodes lutadores, a historiadora da arte Lilian Randall contou 70 exemplos,casa de apostas política29 livros diferentes. A maioria deles foi impressa entre 1290 e 1310.
Essas ilustrações são encontradascasa de apostas políticatoda a Europa, particularmente na França, onde florescia, na época, uma próspera indústriacasa de apostas políticaproduçãocasa de apostas políticamanuscritos, segundo Clarke.
Os cenários específicos onde aparecem os caracóis guerreiros variam. Mas,casa de apostas políticaforma geral, eles seguiam o mesmo formatocasa de apostas políticaum caracol agressivo, atacando um cavaleiro.
Muitas vezes, a antena dos moluscos (tecnicamente, seus tentáculos superiores, ou omatóforos) era apontada para frentecasa de apostas políticaforma agressiva, como se fosse uma espada. Um desses caracóis aparece combatendo uma mulher nua.
Alguns deles não são ilustrados como moluscos comuns, mas como híbridoscasa de apostas políticacaracóis e homens – cavalgados por coelhos.
Em dado momento, o meme do caracol guerreiro começou a aparecer tambémcasa de apostas políticaoutros lugares do mundo medieval, como catedrais. Os moluscos eram entalhados nas suas fachadas ou,casa de apostas políticaum caso, escondidos atráscasa de apostas políticauma espéciecasa de apostas políticaassento dobrável.
Mas por que eles estão ali?
"A luta entre o caracol e o cavaleiro é um exemplo do mundo viradocasa de apostas políticacabeça para baixo, um fenômeno mais amplo que produziu muitas imagens medievais diferentes", afirma a professoracasa de apostas políticaarte medieval Marian Bleeke, da Universidadecasa de apostas políticaChicago, nos Estados Unidos.
"A ideia básica é a inversão das hierarquias esperadas ou existentes", explica ela. "A intenção é surpreender e até ser engraçado – acho que entendemos isso hojecasa de apostas políticaforma implícita."
Mas continuamos sem saber se esses desenhos tinham significados simbólicos mais profundos, além da mudança do status quo.
"O cavaleiro precisava ser forte e corajoso, capazcasa de apostas políticavencer todos os inimigos", afirma a professora. "Mas, aqui, ele se escondecasa de apostas políticamedocasa de apostas políticaum caracol ou é até vencido por ele. É difícil ter uma ideia clara para onde ir a partir daí."
Existem muitas interpretações para essas ilustrações, como a ideiacasa de apostas políticaque a batalha contra o caracol simbolizaria a lutacasa de apostas políticaclasses, ou até a ressurreição.
Uma das principais hipóteses é que os cavaleiros retratados enfrentando caracóis representavam a covardia e podem ter sido incluídos por ironia ao lado dos textos religiosos.
Randall destaca que muitas cenas com caracóis incluem um cavaleiro ajoelhadocasa de apostas políticaoração,casa de apostas políticafrente ao seu oponente gosmento. Em outras, ele está largando a espada. E ainda outras mostram uma mulher implorando ao galante cavaleiro que não lute contra um inimigo tão mortal.
Ao desenvolver a ideia do cavaleiro covarde, Randall sugeriu que o caracol pode ter sido um comentário político. Neste caso, os cavaleiros representariam os lombardos, um povo germânico que habitava o império lombardo, no território onde hoje fica a Itália, no final do século 8º.
"[Os lombardos eram exibidos] como esse grupo que cobrava impostos, mas também estava envolvidocasa de apostas políticausura, cobrançacasa de apostas políticaágio", explica Clarke.
Na França medieval, onde foi encontrada a maior parte dos desenhoscasa de apostas políticacaracóis, os lombardos eram difamadoscasa de apostas políticadiversas formas. Havia sugestõescasa de apostas políticaque eles seriam covardes e anti-higiênicos, por exemplo. Randall observou que, no século 12, eles eram sinônimoscasa de apostas políticacomportamento contrário ao cavalheirismocasa de apostas políticageral.
Uma lenda popular contava que um camponês lombardo havia encontrado um caracol fortemente armado e que os deuses o incentivaram a lutar contra ele. Mascasa de apostas políticaesposa implorou para que ele não fosse imprudente a este ponto.
Clarke é cético quanto a esta ideia específica, considerando como eram comuns as batalhas com caracóis nos livros medievais. E Bleeke explica que os historiadores atuais normalmente não acreditam que as imagens nas margenscasa de apostas políticalivros tenham significados tão restritos.
"Simplesmente não acho que as imagens funcionem desta forma", afirma ela. "É preciso observar como o caracol era representado, qual acasa de apostas políticaaparência e onde ele estava localizado, para poder analisar o significado que ele representavacasa de apostas políticaum caso específico."
Independentementecasa de apostas políticase Randall estava certo ou não, Bleeke acredita que os desenhos podem nos ensinar algo importante sobre as impressões a respeito da masculinidade no mundo medieval.
"O cavaleiro forte e corajoso é um ideal, ou uma versão idealizada da masculinidade. A luta contra o caracol abala essa noção", explica ela.
"Para mim, essas imagens nos mostram que o gênero nunca foi estável nem seguro, como algumas pessoas gostamcasa de apostas políticapensar. Sempre foi objetocasa de apostas políticacontestação."