Santo Onofre: o santo solitário do dia dos namorados que passou 60 anos sem contato com ninguém:bet 036
Crédito, Domínio Público
Legenda da foto, Santo Onofre, um eremita egípcio do deserto, representa a antítese da vida a dois
“Ninguém lembrou que é diabet 036Santo Onofre e Santo Onofre, na tradição católica, é o grande eremita do deserto, o casto, o solitário, o homem que passou 60 anos no desertobet 036Tebaida, no Egito, sem ter contato com qualquer pessoa,bet 036votobet 036castidadebet 036silêncio”, afirmou Simas.
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A popularmente conhecida como “Sinfonia do Destino”, a Quinta Sinfonia bet 036 Beethoven, comumente conhecida como Sinfonia No. 5, é uma das obras-primas bet 036 Ludwig van Beethoven. Com sua característica introdução distinta, a sinfonia reina como uma das mais recognizíveis e influentes dos tempos modernos.
A “luta heróica” que Beethoven iniciou bet 036 {k0} sua Terceira Sinfonia se expande nessa Quinta, cobrindo inteiramente os quatro movimentos sinfónicos da obra. Embora a Sinfonia No. 5 seja tão influente e transformadora, ela só é um dos inúmeros trabalhos assim bet 036 Beethoven.
Costuma-se referir-se a Sinfonia No. 5 com o seu apelido bet 036 {k0} vez do seu número - inquestionavelmente por seu sobrenome cósmico.
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Outrora assinalada como 'Concerto para Piano N°5', o ‘Emperor’ é não apenas muito mais popular como seu apelido significa mais para uma maravilhosa obra sinfônica originalmente composta e arranjada para orquestra completa, solistas bet 036 piano e um par bet 036 trompetes.
A estória por trás da obra inclui que seu criador foi um amigo próximo - um certo Johann Baptist Cramer baseado bet 036 {k0} Londres conhecido por suas skills musicais e excepcional entendedora dos interesses seus coetâneos - atribuindo o mencionado apelido aposta sobre novos e futuros sucessos. Uma alta estimativa reveladamente certeiro.
Rotação ou movimento rotacional émovimento circular bet 036 um objeto bet 036 {k0} torno bet 036 uma central de
linha linhaUma figura plana pode girar no sentido horário ou anti-horário bet 036 {k0} torno bet 036 um eixo perpendicular que se cruza bet 036 {k0} qualquer lugar dentro ou fora da figura bet 036 {k0} um centro de
rotação.
Para o historiador, o personagem pode ser definido como “o santo da castidade, o santo eremita, o antissocial do deserto”.
Em conversa com a reportagem, Simas acredita que essa dissonância tembet 036lógica por algumas razões. Primeiro porque “o próprio São Valentim não é um santo que se popularizou no Brasil”. Isso já contribuiu para que a databet 036fevereiro não pegasse mesmo.
Também há o fato sazonal: no hemisfério norte, a data coincide com o finzinho do inverno e os preparativos para o início da primavera. “Coisa que no Brasil não faria o menor sentido. Tem essas condicionantes”, contextualiza.
Daí que quando o publicitário Doria inventou a comemoração, ele estava na verdade bet 036olho nos livros-caixa.
“Junho é um mêsbet 036desaquecimentobet 036vendas e isso foi uma maneirabet 036pegar um certo vazio comercial e criar uma data”, diz Simas.
A conveniência foi colarbet 036Santo Antônio. Mas não se atentou para o Onofre.
De acordo com a tradição cristã Onofre teria sido um ermitão egípcio que viveu entre os anos 320 e 400bet 036nossa era.
“Ele passoubet 03660 a 70 anosbet 036solidão no deserto, cobrindo-se com folhas ou com seus próprios cabelo e barba, no deserto da Tebaida, no Alto Egito,bet 036fins do século 4”, diz à BBC News Brasil o pesquisador José Luís Lira, fundador da Academia Brasileirabet 036Hagiologia e professor na Universidade Estadual Vale do Acaraú, no Ceará.
“Não constabet 036registros hagiográficos, salvo no Martirológio”, acrescenta.
Autor do livro Os Santosbet 036Cada Dia, o escritor, teólogo e pesquisador J. Alves ressalta à reportagem, via e-mail, que “o que sabemos sobre Santo Onofre advém da tradição que construiu várias narrativas sobre a vida do santo”.
“A mais importante nos chega mediante os relatosbet 036santo abade Pafúncio, que viveu por um tempo com ele, aprendendo sobre a vida ascética. Assim, a figurabet 036Santo Onofre está profundamente ligada àbet 036São Pafúncio [também grafado como Pafnutio ou Pafnúcio], grande incentivador da vida monástica”, explica Alves.
“Tanto que quando participou do Concíliobet 036Niceia [em 325 d.C.] São Pafúncio destacou a importância dos monges e dos eremitas na Igreja”, acrescenta o teólogo.
Crédito, Domínio Público
Legenda da foto, Na devoção popular, Santo Onofre também é invocado na luta contra o alcoolismo
Segundo a narrativa mais reconhecida, foibet 036umabet 036suas andanças pelo deserto, já na segunda metade do século 4, que Pafúncio encontrou-se com Onofre.
Nos relatosbet 036Pafúncio, Onofre foi descrito como uma figura curiosa,bet 036longa barba e cabelos descendo à cintura, trajado com uma tangabet 036folhas. “Viviabet 036uma gruta”, pontua Alves.
“O velhinho o convidou a ficar com ele. Onofre contou-lhebet 036vida, dizendo que era monge e viviabet 036uma comunidade monástica, depois se fez eremita e ali na gruta vivia sozinho havia maisbet 03660 anos.”
“Alimentava-sebet 036tâmarasbet 036uma palmeira”, narra o escritor.
“São Pafúncio conta que passaram a noite rezando e conversando sobre as coisasbet 036Deus. Ao romper da aurora, São Pafúncio notou que o santo homem estava exangue e prestes a entregar seu espírito a Deus. Vendo o espantobet 036São Pafúncio, o santo eremita o consolou dizendo que, nabet 036infinita misericórdia, Deus o tinha enviado àbet 036gruta para sepultá-lo. Assim dizendo, Onofre abençoou-o e morreu.”
De acordo com os relatosbet 036Pafúncio, assim que Onofre morreu “a gruta desabou e a palmeira secou”.
Fato ou lenda?
A exemplobet 036muitas figuras do cristianismo antigo, não há como provar que Onofre tenha realmente existido. “Não existem restos mortais conhecidos dele”, diz Lira.
No Martirológio Romano está registradobet 03612bet 036junho, como morto no anobet 036400: “No Egito, Santo Onofre, anacoreta, que passou 60 anosbet 036vida religiosa na amplidão do deserto”.
“O relato diz, sucintamente, que Pafúncio encontrou um monge num cenobita da região da Tebaida, abandonou-o para viver uma vidabet 036eremita e, durante 60 a 70 anos, Onofre viveu sozinho no deserto, usando apenas, para proteger as partes pudentes, folhas ou seus longos cabelo e barba”, complementa o pesquisador.
Ou seja:bet 036uma das versões, Pafúncio teria encontrado Onofre no fimbet 036seu período ermitão. Em outra, no início.
Lira ressalta que o maior indicativobet 036que o personagem existiubet 036fato ébet 036presença no Martirológio.
“Como se pode constatar, não há comprovação históricabet 036que ele existiu. Entretanto, a figurabet 036São Pafúncio lhe empresta veracidade pelo fatobet 036ter ele vivido entre os século 3 e 4 ebet 036ter tido uma atuação histórica na vida da Igreja, como defensor da vida monástica”, argumenta Alves.
“Historicamente sabe-se que o final do século 4 foi marcado pela institucionalização do cristianismo por Constantino [imperador romano] e pelo florescimento do monaquismo.”
Solidão e santidade
A vida solitária, no entendimento desses ermitãos, era uma maneirabet 036estarbet 036contato direto com o divino. Por isso Onofre se tornou um exemplo: maisbet 03660 anos sem nenhum contato com ninguém.
“Os eremitas se separavam do mundo para uma interlocução direta com Deus”, contextualiza Lira.
“Isso não é privilégiobet 036Onofre. Muitos outros santos, padres, religiosos e confessores da fé cristã se retiraram para uma reflexão mais profunda e um encontro mais próximo com Deus. Se formos ao Velho Testamento, por exemplo, vamos encontrar Moisés que se retirou a um monte e dali voltou com as tábuas da lei. O próprio filhobet 036Deus [Jesus] se retirava para orar e, para o iníciobet 036sua vida pública, esteve no deserto.”
“Acredito que ele [Onofre] buscava o estadobet 036natureza e uma ligação mais próxima com Deus”, diz Lira.
Alves completa lembrando que, naquele período, “a busca da vida ascética levou muitos cristãos a encontrar no deserto o refúgio para uma vidabet 036contemplação, penitência e purificação espiritual”.
“Santo Onofre se enquadra nesse contexto como inspirador da vida monástica”, afirma.
Crédito, Domínio Público
Legenda da foto, Santo Onofre retratado pelo pintor grego Emmanuel Tzanesbet 0361661
Como ele se tornou santo ainda no primeiro milênio, não teve nenhum processobet 036canonização nem sequer semelhante ao que ocorre hoje. Portanto, não há uma justificativa milagrosa para o fatobet 036ele ter sido incluído no cânone católico. “A provabet 036sua santificação, para nós, é abet 036inscrição no Martirológio”, frisa Lira.
“Não há uma bula ou decreto designando-o santo. Sua memória é facultativa, mas, recomendada. E não só a Igreja Católica Apostólica Romana o cultua mas as orientais também.”
“Ele foi um exemplobet 036vida santa, da busca incessantebet 036Deus mediante a penitência e a oração”, enfatiza Alves.
“É uma figura emblemática da vida ascética e eremítica. Sua confiança inabalável na providência divina, que não desampara quembet 036Deus confia, e leva a superar situações extremasbet 036perigos e necessidades, serviu e servebet 036inspiração espiritual a todos os cristãos.”
Segundo o teólogo, isso fez com quebet 036devoção tenha se espalhado “tanto na Igreja Ortodoxa como na Católica” e atravessado os séculos, “passando pelos Cruzados que carregavam suas relíquias como proteção contra os perigos” e tendo chegado ao Brasil “pelos colonizadores, enriquecendo a religiosidade popular através do sincretismobet 036matrizes religiosas afroameríndias”.
“Em termos gerais ele seria patrono dos tecelões”, diz Lira.
“Mas minha avó paterna conservava uma imagem dele para proteger da fome. Ela me dizia que na casa que tivesse uma imagembet 036Santo Onofre ninguém passaria fome. Não há fontes para esse patronato, mas, é com base na tradição e no que teria vivido o santo”, acrescenta.
Na devoção popular, ele também é invocado por aqueles que querem se livrar do alcoolismo ou pelos que são vítimas da convivência com familiares alcoólatras.