Por que as pessoas estão pagando para jantar com desconhecidos:senna sport bet

Nesses encontros com desconhecidos, o primeiro passo é se apresentar, contar contar sobre a profissão, idade, onde mora e qualquer outra informação que considerar relevante à primeira vista.

Vinícius diz ter ido a 41 jantares desse tipo nos últimos meses. “Virou o meu ritual”, comenta.

Essa propostasenna sport betjantar com desconhecidos é oferecida por duas plataformas que começaram a funcionar no Brasil recentemente: a TimeLeft, que nasceusenna sport betPortugal e chegou ao paíssenna sport betmarço; e a brasileira Confra, criadasenna sport betjulho passado.

Disponíveis somentesenna sport betgrandes cidades, elas costumam se vender como alternativas contra a “solidão urbana”.

"Participesenna sport betum jantar com seis desconhecidos, ou melhor, seis amigos que você ainda não conhece", anuncia a Confra.

"Criamos oportunidades para a magia dos encontros casuais. As conversas que teria perdido. As pessoas que não teria conhecido. Momentos seguros para interagir com pessoas àsenna sport betvolta. Para que possa estar mais envolvido no mundosenna sport betque vive”, anuncia a Timeleft.

As plataformas oferecem jantares uma vez por semana: às quartas-feiras, na Timeleft, às sextas, na Confra.

As duas plataformas estão presentessenna sport betSão Paulo, Riosenna sport betJaneiro, Campinas e Belo Horizonte. A Timeleft também estásenna sport betoutras quatro cidades: Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador.

As empresas dizem que planejam expandir o númerosenna sport betcidades brasileiras nos próximos meses.

Um jantar com desconhecidos

Os grupossenna sport betdesconhecidos nos jantares são definidos com basesenna sport betafinidades, por meio das respostas que os usuários da plataforma dão a um questionário sobre gostos pessoais.

Os dados são cruzados por um algoritmo que conecta os seis desconhecidossenna sport betum local escolhido conforme aquilo que a plataforma acredita que se enquadra mais para aquele grupo.

A reportagem acompanhou um desses jantaressenna sport betum restaurantesenna sport betSão Paulo. O nome do lugar foi divulgado somente no dia da experiência.

No restaurante, localizadosenna sport betPinheiros, área nobre da capital paulista, havia quatro mesas destinadas à experiência, cada uma com lugares para seis pessoas – algumas não compareceram.

A Confra não costuma passar informações prévias sobre os participantes do jantar. Já a Timeleft encaminha dados como signos e profissões.

Ao chegar ao estabelecimento, bastava dizer que estava participando do jantar com desconhecidos e passar o número da mesa, que havia sido informado pela plataforma junto com o nome do restaurante.

Para segurança dos usuários, as plataformas dizem que escolhem restaurantes com boas avaliações e que há comunicação com os estabelecimentos para que fiquem alertas caso haja qualquer tiposenna sport betproblema entre os participantes.

Há orientaçõessenna sport betsegurança que costumam ser passadas sobre o jantar, como informar a amigos ou familiares sobre o encontro, manter bebidas e pertences sempre à vista e não transferir dinheiro ou divulgar detalhes financeiros a qualquer pessoa.

As idades entre os participantes do jantarsenna sport betSão Paulo eram próximas, uma médiasenna sport bettrês anossenna sport betdiferença. De modo geral, a maior parte dos usuários, segundo as plataformas, têm idades entre 25 e 50 anos.

As mulheres eram maioria nas mesas do restaurantesenna sport betPinheiros, mas havia uma mesa mista.

A Confra diz que a maioria do seu público (de 60% a 65%) é feminino. Na Timeleft, homens e mulheres representam quase a mesma proporção, segundo a empresa.

Ao longo da noite, alguns grupos faziam mais barulho, enquanto outros eram mais comedidos. Algumas mesas se juntaram para interagir.

Entre aqueles que estavam no jantar, alguns já tinham participado anteriormente e haviam se tornado assinantes.

Os clientes podem optar por participarsenna sport betum jantar apenas — por R$ 29,90 na Confra e R$ 39,90 na Timeleft — ou adquirir uma assinatura — os valores e númerosenna sport betjantares variam conforme o pacote contratado.

Os gastos no restaurante não estão incluídos. Tudo que for consumido deve ser pago por cada participante.

Durante o jantar do qual a reportagem participou, os desconhecidos se mostraram curiosos para saber mais sobre seus companheirossenna sport betmesa.

Os assuntos foram variados,senna sport betviagens e baladassenna sport betSão Paulo a dilemas da maternidade e relacionamentos abusivos. Alguns falavam muito sobre si, enquanto outros preferiam escutar sobre os outros.

Quando um comentário ou piada causou certo desconfortosenna sport betalgum convidado, outro tentou contornar o clima e mudarsenna sport betassunto, e a noite seguiu.

Para facilitar a interação na mesa, as plataformas oferecem jogossenna sport betperguntas sobre diferentes temas, alguns mais leves ou cômicos e outros mais sérios, como questões sociais. Mas a conversa também pode fluir naturalmente, sem precisar recorrer a isso.

O saldo da experiência costuma levarsenna sport betconta fatores como a afinidade entre os participantes, a qualidade do restaurante e o quanto a pessoa estava disposta a se entregar à experiência.

Após o jantar, os participantes recebem das plataformas sugestõessenna sport betlugares, como uma balada ou um bar, para estender a noite.

Nem todos seguem para o local, alguns preferem encerrar a experiência no restaurante.

No jantar acompanhado pela reportagem, a maioria foi para a balada recomendada pela plataforma horas antes, mas a indicação não agradou, principalmente porque o grupo achou os preços das bebidas caros.

‘Tentativasenna sport betbuscar novos ares’

Criada pelo francês Maxime Barbier, a Timeleft estima ter feito maissenna sport bet10 mil jantares com maissenna sport bet60 mil participantessenna sport bettodo o mundo.

No Brasil, a plataforma calcula maissenna sport bet9 mil participantessenna sport betmaissenna sport betdois mesessenna sport betoperação.

Para Jean Bortoleto, gerente da empresa no país, um dos pontos positivos por aqui é que “brasileiros são pessoas festivas,senna sport betmente aberta, interessadassenna sport betconhecer e conversar com estranhos”.

Já a Confra foi lançadasenna sport betSão Paulo por Lucas Tugas e Guilherme Ovalle, ambossenna sport bet23 anos,senna sport betjulho do ano passado. A empresa diz que quase 10 mil pessoas já participaramsenna sport betseus jantares desde então.

Tugas, que é formadosenna sport betpublicidade, diz que teve a ideia da plataforma após trabalhar por um período no restaurante do pai e notar que muitas pessoas iam comer sozinhas.

“Nosso objetivo é usar a tecnologia para conectar pessoas”, afirma.

O interessesenna sport betsair para jantar com estranhos é um reflexo da epidemiasenna sport betsolidão que se tornou uma marca da sociedade atual, diz a psicanalista Carol Tilkian, que pesquisa sobre relacionamentos.

“Participar desses jantares é uma tentativasenna sport betbuscar novos ares com pessoas diferentes”, pontua Tilkian.

Ela frisa que hoje existem muitos contatos superficiais entre as pessoas por meio das redes sociais, mas poucos vínculos fortes.

“A gente não tem a sensaçãosenna sport betque há pessoas com quem podemos contar nos momentos mais vulneráveis”, afirma.

Quem participa desses jantares?

Entre os usuários dessas plataformas há pessoas que se mudaram recentemente para uma cidade e querem fazer amizades e viajantes que estãosenna sport betpassagem.

Ou ainda pessoas que terminaram um relacionamento recentemente e querem começar um novo ciclosenna sport betvida.

E também quem tem dificuldadesenna sport betsocializar, o que especialistas dizem que se tornou especialmente comum após o período do isolamento da pandemia.

Existem ainda, é claro, as pessoas que estão solteiras e que acreditam que essa é uma boa oportunidadesenna sport betconhecer alguém.

Os participantes contam que não é incomum que casais se formem nas mesas — seja somente naquela noite ou algo mais duradouro.

Vinícius Ogawa, que já foi a dezenas desses jantares, namora há um mês com uma mulher que conheceusenna sport betuma dessas experiências. "Nos conhecemos no meu 33º jantar", diz.

Ele afirma que não foi aos jantares com a expectativasenna sport betencontrar uma namorada, mas também não descartava a possibilidade.

Nascidosenna sport betSão Paulo, Vinícius viveu por alguns anossenna sport betFortaleza, no Ceará, e voltou para a capital paulista pouco antes da pandemia.

Ele afirma que o seu principal objetivo nos jantares era conhecer novas pessoas no mundo pós-pandêmico.

"O primeiro jantar foi estranho, porque era tudo muito novo, as pessoas, incluindo eu, não sabiam como funcionava, por isso foi tudo meio travado. Mas pensei: bem, ao menos conheci cinco pessoas", diz.

"As coisas foram melhorando (nos jantares seguintes) e nunca mais parei."

Ele diz ter feito amizades que levou para a vidasenna sport betalguns desses encontros.

“Lógico, não serão todos os jantaressenna sport betque vai conhecer pessoas que vão virar amigas. Mas essa é a mágica, ir sem expectativas e se surpreender com o que vier”, afirma.

Após frequentar os encontros às cegas quase semanalmente, ele suspendeu a ida aos jantares há cercasenna sport bet15 dias. "Estousenna sport betum relacionamento e hoje ela é minha prioridade", argumenta.

Mas ele afirma que logo voltará a frequentar os jantares para fazer novas amizades. "O meu objetivo é conhecer pessoas e restaurantes", diz.

O cansaço com os aplicativossenna sport betencontros e relacionamentos pode ser um dos motivos por trás da busca por essas plataformassenna sport betjantares, diz Tilkian

“A dinâmica desses jantares pode trazer uma propostasenna sport better um mínimosenna sport bettemposenna sport betqualidade e conversa. Porque uma dificuldade tantosenna sport betaplicativos comosenna sport betgrupossenna sport betamigos é que as conversas podem ser rasas”, afirma a psicanalista.

Mas também há muita gente que quer apenas fazer amigos, sem segundas intenções.

“Às vezes, você está conversando com um amigo, com quem tem intimidade, e ele está no celular respondendo coisas do trabalho. Já esse jantar com estranhos pode ser um temposenna sport betqualidade para conversar", afirma Tilkian.

A bancária Marilza Bertagnoli,senna sport bet53 anos, queria ampliar o círculosenna sport betamizade após se separar. O filho dela, que mora no Riosenna sport betJaneiro, comentou sobre as plataformassenna sport betjantares com desconhecidos.

“A experiência foi sensacional. Muito melhor do que eu esperava. Eram duas mesas, com pessoassenna sport betidades compatíveis com a minha”, diz Marilza, que morasenna sport betPorto Alegre.

“As pessoas foramsenna sport betpeito aberto. Com os mesmos objetivos: fazer amigos e se divertir. Sem preconceitos, apenas dispostos a boas amizades.”

‘Eu quase fugi do jantar’

Marilza planeja ir a novos jantares. Apesarsenna sport better gostado, a bancária sabe que nem todas as experiências podem ser positivas, porque já ouviu relatos ruins.

“Disseram, por exemplo, que colocaram uma meninasenna sport bet35 anos com cinquentões. E a menina logo foi embora. Também me falaramsenna sport betjantaressenna sport betque as interações foram superficiais”, comenta.

Os casossenna sport betpessoas que não gostaram da experiência com desconhecidos não são incomuns.

Nas redes sociais, há pessoas que relatam problemas como faltasenna sport betafinidades com os companheirossenna sport betmesa ou descontentamento com o restaurante selecionado pela plataforma.

As plataformas dizem que estão atentas aos comentários negativos e que tentam aperfeiçoar as escolhas dos restaurantes e dos companheirossenna sport betmesa.

A hipnoterapeuta Andreza Soares,senna sport bet52 anos, quase fugiusenna sport betum jantarsenna sport betum restaurante vegetariano no Riosenna sport betJaneiro.

"Esperava socializar, porque moro no Riosenna sport betJaneiro e não tenho um círculo social. Sinto faltasenna sport betencontrar pessoas. Fiquei muito tempo presasenna sport betcasa por causa da pandemia, me separeisenna sport bet2018, então, não tenho muitos amigos”, conta.

Ela diz que queria encontrar um “círculo social com pessoas espiritualizadas” que gostassemsenna sport betmeditação.

“A gente responde a um questionário para participar do jantar. Jurava que colocariam pessoas semelhantes.”

Ela ficousenna sport betuma mesa somente com mulheres e comenta que não gostou dos assuntos abordados no jantar, como o usosenna sport betvibradores ou o consumosenna sport betbebida alcoólica.

“Não respeitaram o fatosenna sport beteu ser vegana e a outra menina comigo ser vegetariana", reclama.

"Quando elas chegaram no restaurante, falaram: que absurdo, eu queria uma picanha sangrando. Uma faltasenna sport betrespeito. Não deixavam ninguém falar. Eram mulheres sem noção, que não tinham nada a ver comigo.”

Andreza define o jantar como um “fiasco” do qual queria sair correndo o quanto antes.

“Assim que acabeisenna sport betcomer, dei uma desculpa e fui embora. Depois, elas fizeram um grupo no WhatsApp, e eu saí”, diz.

Ela afirma que estava aberta a conhecer novas pessoas, mas não esperava encontrar mulheres tão diferentes dela.

“Acho que a plataforma é meio ‘bugada’ mesmo. Senão não teriam mandado carnívoras para um restaurante vegetariano. E esse foi um dos motivossenna sport better sido um fracasso”, diz.

Ela não pretende repetir a experiência. "Vou conhecer pessoas no método tradicional mesmo."