A guerra que mata mais que a da Ucrânia:freebet 10k tanpa deposit

Segundo a pesquisadora, que tem ascendência sudanesa e familiares que continuam no país, isso acontece apesar da violência explosiva do conflito, que se mistura a uma crise humanitária e ao númerofreebet 10k tanpa depositrefugiados que não parafreebet 10k tanpa depositcrescer - maisfreebet 10k tanpa deposit2,6 milhõesfreebet 10k tanpa depositpessoas foram deslocadas internamente, enquanto pelo menos 730.000 fugiram para países vizinhos,freebet 10k tanpa depositacordo com dados da agênciafreebet 10k tanpa depositrefugiados das Nações Unidas.

Mas afinal, o que provocou o conflito no Sudão e o que o torna tão devastador para a população local?

A disputa

Desde que militares deram um golpefreebet 10k tanpa depositEstado e tomaram o poder após prender o então primeiro-ministro interino, Abdallah Hamdok,freebet 10k tanpa depositoutubrofreebet 10k tanpa deposit2021, o Sudão é governado por uma juntafreebet 10k tanpa depositgenerais.

Antes disso,freebet 10k tanpa deposit2019, o país foi abalado pela maior ondafreebet 10k tanpa depositprotestosfreebet 10k tanpa depositsua história, que culminou na deposição do líder autoritário Omar al-Bashir, que ficou na Presidência por quase 30 anos.

Em meio a um longo períodofreebet 10k tanpa depositinstabilidade, dois generais que fazem parte do grupofreebet 10k tanpa depositmilitares que conduzem o governo passaram a disputar o poder.

No centro dos confrontos estão o líder da Forças Armadas Sudanesas, Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante das Forçasfreebet 10k tanpa depositApoio Rápido (RSF, na sigafreebet 10k tanpa depositinglês) paramilitares, Mohamed Hamdan Dagalo.

Os dois já foram aliados e trabalharam juntos para derrubar Bashirfreebet 10k tanpa deposit2019, mas mais recentemente passaram a discordar sobre os rumos que o país está tomando e sobre uma propostafreebet 10k tanpa deposittransição para o regime civil.

Entre os pontos mais controversos estão os planosfreebet 10k tanpa depositincluir os 100 mil combatentes do RSF no Exército e a definiçãofreebet 10k tanpa depositquem ficaria encarregadofreebet 10k tanpa depositliderar a nova força.

A violência estourou após diasfreebet 10k tanpa deposittensão, depois que membros das RSF foram redistribuídosfreebet 10k tanpa deposittodo o paísfreebet 10k tanpa depositum movimento que o Exército interpretou como uma ameaça.

Esperava-se que a situação pudesse ser resolvida através do diálogo, mas isso nunca se concretizou.

Violência e mortes

Os confrontos estouraramfreebet 10k tanpa depositabril na capital Cartum, até então majoritariamente poupada dos conflitos étnicos e políticos que atingem o país há anos.

"Eu estava visitando minha famíliafreebet 10k tanpa depositCartumfreebet 10k tanpa deposit15freebet 10k tanpa depositabril e fomos acordados pelo barulhofreebet 10k tanpa depositexplosões, mísseis e tiros. Não estávamos esperando e ficamos presos dentrofreebet 10k tanpa depositcasa por vários dias, até conseguirmos deixar o país", relata Elamin, que é professorafreebet 10k tanpa depositEstudos Africanos, e viajou ao Sudão com a filhafreebet 10k tanpa deposit3 anos.

A violência logo se espalhou para o resto do país e relatosfreebet 10k tanpa depositações sangrentas, corpos nas ruas e estuprosfreebet 10k tanpa depositmassa emergiram.

E apesar das forças inimigas lutarem pelo controlefreebet 10k tanpa depositinstalações militares e governamentais importantes, grande parte dos confrontos está acontecendofreebet 10k tanpa depositáreas urbanas, com disparofreebet 10k tanpa depositmísseis, ataques aéreos e trocafreebet 10k tanpa deposittirosfreebet 10k tanpa depositmeio às ruasfreebet 10k tanpa depositalgumas das principais cidades do país.

Segundo Nisrin Elamin, essa concentração da lutafreebet 10k tanpa depositáreasfreebet 10k tanpa depositalta densidade populacional ajuda a explicar o alto númerofreebet 10k tanpa depositcivis mortos.

A especialista atribui ainda o nívelfreebet 10k tanpa depositbrutalidade do conflito atual ao passado violentofreebet 10k tanpa depositAbdel Fattah al-Burhan, Mohamed Hamdan Dagalo e o regime que representam.

"Esses dois generais cometeram atrocidades no passado,freebet 10k tanpa depositdiferentes partes do país, que tiveram consequências por décadas", diz.

Em Darfur a guerra toma uma forma especialmente perigosa, com ataques brutais das RSF e suas milícias árabes aliadas contra civis.

A região foi atingidafreebet 10k tanpa deposit2003 por um violento conflito étnico que, segundo o Tribunal Penal Internacional (TPI), levou a ocorrênciafreebet 10k tanpa depositcrimes contra a humanidade (homicídio, tortura, extermínio, estupro), crimesfreebet 10k tanpa depositguerra (ataque intencional a populações civis) e genocídio.

Os crimes foram cometidos principalmente pelas milícias árabes, conhecidas como Janjawids e cujo integrante mais conhecido é o atual líder das RSF.

E diante dos relatos dos últimos meses, representantes das Nações Unidas afirmam temer a repetição desta tragédia na região.

Segundo Volker Perthes, representante especial da ONU no Sudão, a violência assumiu dimensões étnicasfreebet 10k tanpa depositEl Geneina, capitalfreebet 10k tanpa depositDarfur Ocidental.

"Enquanto as Nações Unidas continuam a reunir detalhes adicionais sobre essas denúncias, há um padrão emergentefreebet 10k tanpa depositataques direcionadosfreebet 10k tanpa depositlarga escala contra civis com basefreebet 10k tanpa depositsuas identidades étnicas, supostamente cometidos por milícias árabes e alguns homens armados e uniformizados com trajes das Forçafreebet 10k tanpa depositApoio Rápido (RSF). Esses relatórios são profundamente preocupantes e, se verificados, podem constituir crimes contra a humanidade", afirmou.

Imagensfreebet 10k tanpa depositsatélite obtidas pela BBC ainda mostram que vilas inteiras no sul do Darfur foram incendiadas e destruídas, eliminando recursos importantes para a população local.

Vários cessar-fogos foram anunciados desde o início do conflito para permitir que as pessoas escapem dos combatesfreebet 10k tanpa deposittodo o país, mas eles não foram cumpridos por nenhuma das partes.

E entre as vítimas da luta estão maisfreebet 10k tanpa deposit400 crianças, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Outros 2 mil menores foram feridos desde o início da guerra.

"A escala do impacto que esse conflito teve sobre as crianças do Sudão nos últimos cem dias está quase além da compreensão", afirmou Ted Chaiban, vice-diretor executivo do Unicef para ações humanitárias.

"Pais e avós que viveram ciclos anterioresfreebet 10k tanpa depositviolência agora veem filhos e netos passarem por experiências horríveis semelhantes. Todos os dias crianças estão sendo mortas, feridas, sequestradas e vendo as escolas, os hospitais e a infraestrutura vital do país serem danificados, destruídos ou saqueados."

Crise humanitária

À violência dos confrontos se soma uma profunda crise humanitária, que ameaça levar 2,5 milhõesfreebet 10k tanpa depositpessoas à fome – elevando o total geral para um recordefreebet 10k tanpa deposit19 milhões, ou 40% da população do país.

A guerra exacerbou um cenário já complexo ao levar a uma profunda crise econômica, aumentar os preços e dificultar o acesso a alimentos, água potável, energia elétrica e serviçosfreebet 10k tanpa depositsaúde.

Em maio, segundo a ONU, metade dos 46 milhõesfreebet 10k tanpa deposithabitantes do Sudão precisavafreebet 10k tanpa depositassistência e proteção humanitária.

Em todo o país, maisfreebet 10k tanpa deposit80% dos hospitais estão forafreebet 10k tanpa depositserviço, também segundo as Nações Unidas. Além disso, pelo menos 60 instalaçõesfreebet 10k tanpa depositsaúde apoiadas por ONGsfreebet 10k tanpa depositDarfur estão sem suprimentos médicos essenciais.

Com a interrupção dos serviçosfreebet 10k tanpa depositsaúde, doenças como malária, sarampo e dengue, que estavam sob controle antes do conflito, estão aumentando. A estação chuvosa, que acontece entre abril e outubro, pode piorar ainda mais a situação.

Segundo especialistas, o enorme fluxofreebet 10k tanpa depositrefugiados saindo do país também ameaça estender a crise para países vizinhos como República Centro-Africana, Chade, Egito, Etiópia e Sudão do Sul.

Resposta internacional

A escalada crescente da crise no país levou as Nações Unidas a quase dobrarfreebet 10k tanpa depositassistência humanitária para o Sudão, alcançando US$ 3 bilhões.

Em maio, os Estados Unidos anunciaram o enviofreebet 10k tanpa depositUS$ 245 milhões ao Sudão e países vizinhos. A Comissão Europeia e o governo britânico também estão entre os que alocaram recursos.

Ainda assim, ativistas têm cobrado organizações internacionais e grandes potências por mais atenção ao conflito.

"O regime militar tem se recusado a emitir permissões para que organizações humanitárias atuem no país e muitas instituições foram obrigadas a evacuar seus voluntários quando o conflito começou, mas ainda assim a resposta internacional tem sido considerada fraca", avalia Nisrin Elamin.

"Em grande parte, o fardo da resposta humanitária caiu sobre comitêsfreebet 10k tanpa depositresistência voluntários locais que se arriscam para distribuir alimentos, dirigir ambulâncias e oferecer serviços médicos improvisados."

Segundo a especialista, alguns fatores ajudam a explicar a diferença nas reações e na atenção recebida pelas guerras do Sudão e Ucrânia, entre eles o legado colonialista e o racismo, além da convergência distintafreebet 10k tanpa depositinteresses envolvidosfreebet 10k tanpa depositcada um dos conflitos.

"Existe um tipofreebet 10k tanpa depositcrença racistafreebet 10k tanpa depositque os africanos e os países africanos são naturalmente propenso a conflitos", diz a antropóloga.

"Muito disso está ancorado no passado colonialista do Sudão, que só se tornou totalmente independente dos britânicosfreebet 10k tanpa deposit1956 e desde então carrega uma economia e um sistema político que beneficiam principalmente as elites."

Ao mesmo tempo,freebet 10k tanpa depositacordo com Elamin, enquanto na Ucrânia os interesses da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da Rússia no conflito estão muito bem estabelecidos, no Sudão ainda é difícil determinar o que cada uma das partes pretende alcançar com a guerra.

O apoiofreebet 10k tanpa depositentes internacionais aos dois lados - a Arábia Saudita tem cooperado com Burhan e indícios apontam para uma aliança entre os Emirados Árabes Unidos (EAU) e as RSF -, porém, tem potencialfreebet 10k tanpa depositprolongar ainda mais os combates, segundo analistas.