Paulo Leminski, o poeta pop que o Brasil perdeu há 35 anos:bet bra

Crédito, Dico Kremer
Netobet brapoloneses que imigraram para o Brasil, Leminski nasceu há 80 anos. Aos 14, deixou a família no Paraná e decidiu morar por um ano no Mosteirobet braSão Bento,bet braSão Paulo. Ali,bet brameio à vasta e erudita biblioteca mantida pelos tradicionais religiosos, aprendeu filosofia, literatura clássica e fundamentosbet bralatim e teologia.
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Introdução
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De volta a Curitiba, deixoubet bralado as ideias que lhe ocorrerambet bratambém ele se tornar um monge. Acabou se tornando escritor, poeta, músico, crítico literário, jornalista, publicitário, tradutor e professor. Chegou a cursar Direito e Letras — mas não concluiu. Em boa parte dabet bratrajetória, ganhou a vida como professorbet brahistória ebet braredaçãobet bracursinhos pré-vestibulares. A partir dos anos 1970, também trabalhoubet braagênciasbet brapublicidade.
Sua estreia no mundo literário ocorreubet bra1964, quando ele publicou cinco poemas da revista Invenção, capitaneada pelo concreto Décio Pignatari (1927-2012).
Seus livros mais importantes são ‘Polonaises’,bet bra1980, ‘Caprichos e Relaxos’,bet bra1983, ‘Distraídos Venceremos’,bet bra1987, e a prosa experimental ‘Catatau’, cuja primeira edição saiubet bra1975.

Crédito, Dico Kremer
Pop
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Para especialistas, são muitas as características que fizerambet braLeminski um poeta pop. Mas, principalmente, o fatobet braele ter entendido a linguagembet braseu tempo — e conseguido dialogar com isso.
“Leminski rompeu com códigos, paradigmas, conceitos, foi totalmente livrebet braescolas ou tendências. Por isso, atravessa diversas gerações e seduz os mais diversos gostos no que tange à poesia”, define à BBC News Brasil a poeta e tradutora Flora Figueiredo.
O poeta e tradutor André Capilé, professorbet braLiteratura Brasileira na Universidade Estadual do Riobet braJaneiro (UERJ), diz à BBC News Brasil que “Leminski sempre foi um poeta atento a seu próprio tempo” e soube travar “diálogos intensos com aspectos da cultura, respondendo também à contracultura”.
“Esse tipobet bracomunicação rápida e direta com os acontecimentosbet braseu período, considerandobet bratrajetória poética, o coloca quase como uma figura extemporânea, que o convertebet brapoeta contemporâneo o tempo todo”, conclui.
“Não se faz nadabet brabom sem entusiasmo. E isso Paulo Leminski tinhabet brasobra, bem como doses fartasbet braexcesso e vigor intelectual e criativo”, avalia à BBC News Brasil o jornalista, poeta e professor universitário Fabrício Marques, autor de, entre outros ‘Açobet braflor: a poesiabet braPaulo Leminski’.
Para ele, Leminski foi “um defensor da ligação da poesia e da vida num grau máximo”. “Alguém com um sentidobet braurgência”, diz. A também poeta Alice Ruiz, ex-companheirabet braLeminski, certa vez afirmou que ele tinha “uma pressabet braviver como quem morre”.
“Com ele, não havia meio termo: era poeta 24 horas por dia, sem intervalos. A poesia era seu tesouro, uma das fontesbet braseu prazer. Por ela e para ela”, acrescenta Marques.
“Esse amálgama entre vida e obra, essa paixão irrestrita pela linguagem pode explicar um pouco a popularização desta poesia e o destaque àbet braface mais pop”, analisa. “Além disso,bet brapersona e suas intervenções na arena pública, nos mais variados gêneros e espaços, eram muito sedutoras, criando um forte elo com os leitores.”

Crédito, Paulo Ricardo/Companhia das Letras/ Divulgação
O sucesso segue importante para o mercado editorial. ‘Toda Poesia’, reuniãobet bratodos os livrosbet brapoemasbet braLeminski vendeu 170 mil exemplaresbet bra2013 — uma cifra muito interessante para o nicho.
Curitibano como Leminski, o também professor universitário, poeta e tradutor Ivan Justen diz à BBC News Brasil que se tornar poeta pop “era a intenção” do autorbet bra‘Caprichos e Relaxos’. “Depoisbet brater feito o que ele chamavabet bra‘serviço militar’ com os poetas concretos, ebet brapublicar o ‘Catatau’, um livro que ultrapassa o limite da inteligibilidade, Leminski queria ser lido e admirado pelas massas”, contextualiza.
O poeta publicamente se dizia admiradorbet braautores populares como Chico Buarque, Caetano Veloso e Viniciusbet braMoraes (1913-1980).
Para Justen, o fortebet braLeminski foram “os poemas curtos, que nunca ultrapassavam uma página” e estes “caíram como um a luva no universo virtual”. Sim, muito antes da internet Leminski já escrevia textos que funcionam muito bem na era das redes sociais e da comunicação rápida e instantânea.
“A poesiabet braLeminski é popular também porque ébet braaparente fácil entendimento, para quem não se preocupabet brabuscar as referências e intertextualidades que estão lá. Portanto é do tipo que agrada público e crítica”, salienta.
Reitor da Universidade Estadualbet braPonta Grossa (UEPG), o escritor e professor Miguel Sanches Neto ressalta à BBC News Brasil que a poesiabet braLeminski “se tornou extremamente popular pela conjunçãobet bravários fatores”. “Primeiro, a relação dele com a MPB [ele compôs letrasbet bramúsica e foi próximo a artistas, entre os quais o grupo Novos Baianos — por isso o poeta brincava que havia se tornado “curitibaiano”], o que fez dele uma expressão pop contemporânea, nacional e internacionalizada dentro do tropicalismo”, lembra.

Crédito, Dico Kremer
“Em paralelo a isso, Leminski trabalhou numa frequência dupla,bet braum lado uma poesia fácil, extremamente acessível, que a gente podia chamarbet brapoesiabet bracamiseta. De outro, uma experimental vinda dos concretistas”, analisa Sanches Neto. “Ele conseguiu ser uma espéciebet brapontobet braconfluênciabet bratoda a cultura brasileira dos anos 1970 e 1980 e isso deu para ele uma projeção que nenhum outro poetabet brasua geração teve.”
Para o acadêmico, Leminski foi o “último grande sucessobet brapúblico da poesia brasileira”.
“Acho que uma das razões que faz com que a poesiabet braLeminski alcance públicos tão diversos é a qualidade rarabet brasua escrita”, define à BBC News Brasil o educador Francione Oliveira Carvalho, professor na Universidade Federalbet braJuizbet braFora (UFJF) e na Universidadebet braSão Paulo (USP). “Quem gosta e valoriza poesia percebe a riqueza no uso da sonoridade das palavras ebet brasua linguagem poética; quem não tem tanta familiaridade com o gênero fica encantado com a comunicação direta e a inteligência no uso das palavras e das imagens criadas. Ele é um poeta que se comunica com sensibilidades muito diversas.”
Há ainda outros aspectos. Primeiro que, como bem lembra Sanches Neto, Leminski teve uma “vidabet braastro pop”. “Foi um cara que cometeu todos os excessos e morreu jovem”, diz Sanches Neto. Nesse sentido, passou a integrar um panteão que une astros internacionais do rock e poetas como o romântico Álvaresbet braAzevedo (1831-1852) e o cineasta Glauber Rocha (1939-1981).
Outro ponto foibet braconexão com o mundo e a linguagem da publicidade. “Ele foi o primeiro poeta que usou descaradamente a publicidade para se autopromover. Ele era um poeta e uma poesia movidos pela promoção publicitária que ele mesmo criava”, afirma o reitor.
Entre os exemplos está a campanhabet bralançamento do livro ‘Catatau’,bet braque o poeta divulgou uma foto dele completamente nu. E também a adoção dos fartos bigodes como marca registrada,bet brareferência à projeção internacional do então líder sindical polonês Lech Walesa — mais tarde, presidente da Polônia.
“Isso [esse uso] não é pejorativo. Mas ele foi o primeiro poeta que moveu a publicidadebet braprolbet brasua profissão. Isso não apequenabet braprodução mas agiganta o nome do escritor”, define Sanches Neto.
“A poesiabet braLeminski se tornou pop porque o mundo foi se tornando cada vez mais pop. Ele escreveubet braversos curtos, à maneirabet brahaicais. Ele veiobet braregistros eruditos mas que foram cada vez mais pressionados pelo mundo da música pop, do rock, etc.”, contextualiza à BBC News Brasil o poeta, tradutor e crítico literário Régis Bonvicino.
Professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o poeta Marcelo Sandmann situa,bet braconversa com a BBC News Brasil, a aproximação popularbet braLeminski após a publicaçãobet bra‘Catatau’, “obra que era uma espéciebet braacertobet bracontas com as vanguardas literárias, com as quais flertou na década anterior”.
“A partir daí, Leminski aproxima-se cada vez mais da chamada poesia marginal e da canção popular, sem deixarbet bralado a influência que recebeu do concretismo. Trata-sebet brauma poesia coloquial, concisa, cheiabet bratiradasbet brahumor e brincadeiras verbais, por vezes bastante digestiva”, explica.
“No início dos anos 1980, passa a colaborar com a grande imprensa brasileira e a publicar traduções, biografias e obras autorais pela Brasiliense, uma editora entãobet bragrande difusão no país. Usandobet braseus talentos como publicitário, soube também criar uma imagem pessoalbet bragrande apelo, para além da própria literatura que produziu”, sintetiza Sandmann.

Crédito, Edison Veiga / BBC News Brasil
Influências
O impacto da produçãobet braLeminski segue perceptível na cena literária brasileira contemporânea. “Para o bem e para o mal [ele] tornou-se uma referência para poetas que vieram depois”, diz Marques. “Para o bem, […] ele deu a liberdadebet branão definir um caminho, mas inventar inúmeras vias para o exercício criativo da palavra. Para o mal, o próprio poeta reconhecia que era donobet brauma obra vigorosa, múltipla e ao mesmo tempo irregular. […] Nessa linha, seus poemas curtos passaram a impressãobet braque é 'fácil' fazer um poema, gerando uma legiãobet braepígonos.”
Justen diz que a influência do curitibano “é notável” porque “ele é uma figura incontornável da poesia brasileira”. “Penso que ele influencia até mesmo no sentidobet brapoetas contemporâneos procurarem evitar imitá-lo, enquanto outros assumem que buscando o que ele buscou encontrarão um belo caminho.”
Para Carvalho, contudo, embora Leminski seja “uma inspiração para os poetas contemporâneos”, vale ressaltar que “é muito difícil repetir o que ele fez, pois, a aparente e falsa simplicidadebet braseus poemas é revestidabet bramuita pesquisa e cultura”.
A poeta Figueiredo assume ser, ela própria, “um exemplo dessa influência”. “Percebobet brameus 37 anosbet bratrajetória literária o quanto a concisão e a ousadia do poeta estão presentesbet brameus trabalhos. Há também um forte traço melódico, frutobet brauma sonoridade inerente a Leminski”, observa.
“[Ele] influencia poetas contemporâneos porque seus poemas, suas fórmulas, fizeram sucesso, o que atrai poetas jovens. A poesia dele acaba por ser um facilitador”, argumenta Bonvicino.
Como escreveu Paulo Leminski, também sem nenhuma letra maiúscula e sem ponto final:
“tudo dito,/ nada feito, fito e deito”











