Conheça a cidade que foi o Vale do Silício do século 15:bet7k mines

Ilustração

Crédito, Lebrecht Music and Arts Photo Library/Alamy

Legenda da foto, Introdução da imprensa na Europa contribuiu para revolução que marcaria o fim da era medieval

Os chineses usavam, desde muitos séculos antes, um métodobet7k minesimpressão com blocosbet7k minesmadeira - o primeiro livro deles teria sido impressobet7k mines868. Mas a técnica com tipos móveis nunca foi muito popular no Oriente, devido à importância da caligrafia, à complexidade dos manuscritos e ao grande númerobet7k minescaracteres.

A prensabet7k minesGutenberg se adequava bem, no entanto, ao sistemabet7k minesescrita europeu. E seu avanço se deu sob forte influência da região onde surgiu.

Mainz
Legenda da foto, Alémbet7k minesser a terra natalbet7k minesGutenberg, Mainz é conhecida porbet7k minescatedral e vinhos | Foto: Madhvi Ramani

Na Idade Média, Mainz era um dos principados eclesiásticos mais importantes do Sacro Império Romano-Germânico -bet7k minesdiocese e arcebispos eram o centro do poder e da dominação política.

Gutenberg, um aristocrata instruído e empreendedor, teria identificado a necessidade da Igrejabet7k minesmodernizarbet7k minestécnicabet7k minesreproduçãobet7k minesmanuscritos, até então copiados à mão pelos monges. Um processo extremamente trabalhoso e lento, que não acompanhava a crescente demanda por livros na época.

A criação da imprensa

No livro Revolutions in Communication: Media History from Gutenberg to the Digital Age ("Revoluções na Comunicação: História da Mídia,bet7k minesGutenberg à Era Digital",bet7k minestradução livre), Bill Kovarik, professorbet7k minescomunicação da Universidadebet7k minesRadford, nos EUA, introduz o conceitobet7k mines"mãobet7k minesobra do monge". Segundo ele, "um monge" equivale a um diabet7k minestrabalho - cercabet7k minesuma página - para uma copiadorabet7k minesmanuscritos. A criaçãobet7k minesGutenberg ampliou a produtividadebet7k minesum mongebet7k mines200 vezes.

No Museu Gutenberg, assisti à demonstraçãobet7k minesuma página sendo impressabet7k minesuma réplicabet7k minessua invenção. Primeiro, uma ligabet7k minesmetal é aquecida e derramada sobre uma matriz (molde usado para fundir os caracteres). Quando a liga esfria, as pequenas letrasbet7k minesmetal são organizadasbet7k minespalavras e frases, compondo o conteúdobet7k minesuma página, e revestidas com tinta. Finalmente, um papel é colocadobet7k minescima do molde. Na sequência, uma placa pesada faz pressão sobre ele, como uma prensabet7k minesuva para produçãobet7k minesvinho.

Qualquer semelhança talvez não seja mera coincidência: acredita-se que,bet7k minesfato, Gutenberg se inspirou na prensabet7k minesvinho. Desde que os romanos começaram a produzir vinho na região, a área ao redorbet7k minesMainz é um dos principais polos vinícolas da Alemanha, com variedadesbet7k minesuvas famosas, como riesling, dornfelder e silvaner.

A página impressa para os visitantes do museu reproduz o estilo original (com fonte gótica e 42 linhas), o mesmo usado na Bíbliabet7k minesGutenberg - o primeiro grande livro a ser impresso usando tipos móveis no mundo ocidental. Trata-se da primeira página do Evangelhobet7k minesSão João, que começa assim: "No princípio, era o verbo…".

Réplica da prensabet7k minesGutenberg no museu
Legenda da foto, Invençãobet7k minesGutenberg permitiu à Igreja reproduzir e propagar manuscritos religiosos | Foto: Madhvi Ramani

A escrita é frequentemente considerada a primeira revolução da comunicação, enquanto a prensabet7k minesGutenberg é associada à revolução da comunicaçãobet7k minesmassa. Após cercabet7k mines15 anosbet7k minesdesenvolvimento - e um enorme aportebet7k minescapital -, Gutenberg publicoubet7k minesprimeira Bíbliabet7k mines1455.

"A Bíbliabet7k minesGutenberg é um trabalho extraordináriobet7k mineshabilidade", diz Kovarik.

Segundo ele, é possível notar uma forte motivação religiosa na perfeiçãobet7k minesseu trabalho.

"Isso não era incomum na época. Por exemplo, um escultor tentaria fazer uma estátua perfeitabet7k minesum canto remotobet7k minesuma das grandes catedrais, não para as pessoas cultuarem, mas como uma expressãobet7k minesfé pessoal."

Revolução impressa

Da tiragem originalbet7k minescercabet7k mines150 a 180 Bíblias, apenas 48 existem até hoje. Dois exemplares estãobet7k minesexibição no Museu Gutenberg. E ambos são ligeiramente diferentes. Após a impressão, as páginas eram levadas para serem rubricadas à mão por calígrafos especializados, que pintavam determinadas letrasbet7k minesacordo com o gosto dos clientes. As Bíbliasbet7k minesGutenberg acabaram se tornando best-sellers.

Inicialmente, a Igreja recebeu bem a oportunidadebet7k minesdisponibilizar bíblias impressas e outros textos religiosos. A impressão permitia propagar a mensagem cristã e levantar dinheirobet7k minesformabet7k mines"indulgências" - documentos que concediam o perdão divino a quem pagasse. No entanto, o poder subversivo da palavra impressa logo ficou evidente.

Na décadabet7k mines1470, todas as cidades europeias tinham gráficas e, nos anos 1500, cercabet7k mines4 milhõesbet7k mineslivros já tinham sido impressos e vendidos. Com a rápida difusão da tecnologiabet7k minesimpressão, novas ideias - muitas vezes contraditórias às da Igreja - começaram a ser propagadas, como as 95 tesesbet7k minesMartinho Lutero, que criticava a vendabet7k minesindulgências.

Dizem que Lutero pregou o texto na porta da Igrejabet7k minesWittenberg,bet7k mines31bet7k minesoutubrobet7k mines1517. Poucos anos depois, 300 mil cópias haviam sido impressas e distribuídas, levando à Reforma Protestante e a um cisma permanente na Igreja.

Bíbliabet7k minesGutenberg

Crédito, Ann Johansson/Getty Images

Legenda da foto, Das 150 a 180 Bíblias que Gutenberg imprimiu originalmente, hoje existem apenas 48

Mas, apesar do amplo alcance e do impactobet7k minessua invenção, pouco se sabe sobre o próprio Gutenberg - a história do cidadão mais ilustrebet7k minesMainz segue envoltabet7k minesmistério.

Uma placa mostra o lugarbet7k minesque ele nasceu, na esquina da rua Christofs, mas a casa original já não existe mais. Hoje, é um edifício moderno, onde funciona uma farmácia.

Outra tabuleta, do ladobet7k minesfora da Igrejabet7k minesSão Cristóvão, nas redondezas, indica o local onde ele provavelmente foi batizado. A igreja foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e permanecebet7k minesruínas, como memorialbet7k minesguerra. Mas a pia batismal original, do tempobet7k minesGutenberg, ainda está intacta.

O cemitério onde sepultaram seu corpo foi pavimentado. E, apesarbet7k mineshaver estátuas delebet7k minestoda a cidade, não se sabe exatamentebet7k minesfisionomia. Em geral, Gutenberg é representado com barba, mas é pouco provável que usasse uma. Ele erabet7k minesfamília aristocrata e, naquela época, apenas peregrinos e judeus usavam barba,bet7k minesacordo com a guia Johanna Hein.

Na verdade, o homem que todo mundo conhece como Johannes Gutenberg nasceu Johannes Gensfleisch (que se traduz como "carnebet7k minesganso"). Se não fosse pelo costume do século 14bet7k minesadotar como sobrenome o localbet7k minesque a família residia, talvez estivéssemos nos referindo hoje à "Prensabet7k minesGensfleisch".

Estátuabet7k minesGutenberg
Legenda da foto, Gutenberg costuma ser representado com barba, mas é pouco provável que usasse uma | Foto: Madhvi Ramani

Mas, apesarbet7k minesGutenberg quase não ter deixado rastros físicos,bet7k minesinfluência pode ser observada por toda parte - sejabet7k minesum anúncio publicitáriobet7k minescosméticos,bet7k minesuma mulher lendo o jornalbet7k minesum café ou no cardápiobet7k minesum restaurante.

Além disso, a revolução da comunicaçãobet7k minescurso atualmente, viabilizada pela internet, a tecnologia digital e a mídia social é mais uma etapa dos avanços que começaram com Gutenberg.

"Toda vez que o custo da mídia diminui rapidamente, você permite que mais pessoas se manifestem, e você tem uma diversidade maiorbet7k minesvozes", afirma Kovarik, explicando como isso afeta a distribuiçãobet7k minespoder na sociedade e provoca mudanças sociais.

Paradoxalmente, no entanto, a revolução digital também pode ser vista como um retorno à era pré-impressão. É o que diz a Teoria do Parêntesebet7k minesGutenberg, desenvolvida por Thomas Pettitt, professor na Universidade do Sul da Dinamarca.

"A impressão conferiu estabilidade ao discurso: obrasbet7k mineslivros eram oficiais; notícias impressas eram verdadeiras. Na ausência da impressão, a notícia perdeubet7k minesautenticidade e, como na Idade Média, é sinônimobet7k minesboato. Estamos agora na fase da pós-notícia, onde provedoresbet7k minesfake news podem acusar a imprensa legítimabet7k minespropagar notícias falsas e escapar impunes", explica Pettitt.

Seja qual for o impacto da revolução digital do século 21, podemos fazer um prognóstico: assim como aconteceu na revolução da imprensa, seus efeitos vão repercutir por centenasbet7k minesanos.

bet7k mines Leia a versão original desta reportagem bet7k mines (em inglês) no site BBC Travel bet7k mines .