Como Cem Anosroleta que pagaSolidão redefiniu a América Latina:roleta que paga

A família Buendía
Legenda da foto, A saga do Macondo e da família Buendía imediatamente se tornou um clássico moderno, frequentemente comparado aos trabalhosroleta que pagaCervantes e Shakespeare
García Márquez com Fidel Castroroleta que paga1977

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Legenda da foto, García Márquez ficou amigoroleta que pagaFidel Castroroleta que paga1977 - o líder cubano revisou seus manuscritos antesroleta que pagaserem publicados

Quando García Márquez estava nos primeiros estágiosroleta que pagasua imensa saga, ele ficou fascinado com a mudança que ocorreuroleta que pagaCuba. O que mais o impressionou foi a verdadeira possibilidaderoleta que pagauma nova ordem para países nesse hemisfério, longe da pressão e das imposições dos Estados Unidos. Muitos intelectuais - Mario Vargas Llosa, Jean-Paul Sartre, Albert Camus e Simoneroleta que pagaBeauvoir, entre outros - compartilhavam o entusiasmoroleta que pagaGarcía Márquez.

Porém, nos anos seguintes, a maioria deles ficou desapontada e se distanciou do modelo cubano. Mas é inegável que a revolução teve um grande impacto no tomroleta que pagaCem Anosroleta que pagaSolidão: ela deu a García Márquez esperança no destino da América Latina.

Criando uma lenda

Escreverroleta que pagaobra-prima, porém, não foi fácil. Na época, ele morava com Mercedes,roleta que pagaesposa, e seus dois filhos, Rodrigo e Gonzalo, na Cidade do México. Eles haviam deixado a Colômbia porque García Márquez não se sentia à vontade com o governoroleta que pagadireitaroleta que pagaseu país. Ele estava vivendo no exterior - antesroleta que pagase fixar na Cidade do México, passou um temporoleta que pagaCaracas, Paris e Barcelona - tudo enquanto aspirava ser um romancista mundialmente famoso.

Mas a família passava dificuldades para se manter com seu salário baixo como correspondente internacionalroleta que pagauma sérieroleta que pagarevistas e jornaisroleta que pagalíngua espanhola. Seus livros anteriores, apesarroleta que pagamuito elogiados, foram um fracasso comercial. García Márquez sabia que tinha uma história ótima, mas não conseguia achar o caminho certo para o romance épico que tinharoleta que pagamente.

García Márquez

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Legenda da foto, García Márquez pensou sobre a famíliaroleta que pagaCem Anosroleta que pagaSolidão por duas décadas antesroleta que pagasentar para escrever o livro - e o terminouroleta que paga8 meses

Há muitas lendas - o que, ao longoroleta que pagasua vida, ele nunca se importouroleta que pagaconfirmar ou desmentir - sobre como ele encontrou inspiração e superou o bloqueioroleta que pagaescrita que o acometeu. Eu prefiro acreditar na versão que li na incrível biografia feita por Gerald Martin: "Ele planejou férias na praia comroleta que pagafamíliaroleta que pagaAcapulco, um diaroleta que pagadistância ao sul [de onde morava]. No meio do caminho, ele parou o carro - um Opel brancoroleta que paga1962 com um interior vermelho - e voltou. Sua próxima ficção havia o acometidoroleta que pagauma vez só. Agora ele podia vislumbrar com a clarezaroleta que pagaum homem que, dianteroleta que pagaum gruporoleta que pagaatiradores, vêroleta que pagavida inteiraroleta que pagaum único momento".

Segundo Martin, Mercedes cancelou as férias imediatamente. Eles voltaram para casa e ela disse a ele para começar a escrever. Mercedes arcaria com as contas da casa contanto que ele se mantivesse focado no novo romance. E foi o que fez: ignorou a realidade e escreveu - possuído pelos personagens que haviam sussurrado suas históriasroleta que pagaseus ouvidos desde que era criança - por oito meses direto.

As borboletas amarelasroleta que pagaCem Anos

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Legenda da foto, As borboletas amarelasroleta que pagaCem Anos se tornaram um símbolo para homenagear García Márquez apósroleta que pagamorteroleta que paga2014, como as vistasroleta que pagaBogotá na foto

O que aconteceu depois foi repetido inúmeras vezes. A saga do Macondo e da família Buendía imediatamente se tornou um clássico moderno, frequentemente comparado aos trabalhosroleta que pagaCervantes e Shakespeare. "É o livro que redefiniu não apenas a literatura latinoamericana, mas também a literatura, ponto", disse Ilan Stavans, um eminente estudiosoroleta que pagacultura latina nos Estados Unidos que diz ter lido o livro 30 vezes.

García Márquez não era nem um historiador nem um sociólogo. Ele era um contadorroleta que pagahistórias nato. Eu o via como um prisma. Era capazroleta que pagapegar uma quantidade tremendaroleta que pagainformação e transformá-laroleta que pagauma nova mitologia. Essa é a especialidaderoleta que pagaCem Anosroleta que pagaSolidão: ele reúne diferentes fontes para chegar a um nascimento alternativo e hiperbólico da cultura latinoamericana. E, ao fazer isso, ele reinterpretouroleta que paganatureza.

Verdade e ficção

Seria impossível listar todas as fontes que configuram esse novo universo. Boa parte veio das lendas que ele ouvia emroleta que pagainfânciaroleta que pagaAracataca, a pequena cidade colombiana onde nasceu. Elas são a base das tradições orais caribenhas que estão por baixo da superfície do romance. Então, ele leu William Faulkner, assim como mitologia grega e pré-hispânica. E, por último, inspirou-se na violenta história da Colômbia entre os séculos 18 e 20. Todas essas histórias foram reunidas e amadurecidas emroleta que pagamente extraordinária para emergirroleta que pagaum corpo diferente, mas com um simbolismo próprio.

García Márquez

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Legenda da foto, García Márquez nasceuroleta que pagaAracataca, Colômbia, mas viveu na Cidade do Méxicoroleta que paga1961 atéroleta que pagamorte

Gabo - como família e amigos o chamavam - também tinha a habilidaderoleta que pagacontar essas histórias como nenhum outro antes dele. Ele pegou emprestado o ritmo da Vallenato, a música folclórica da cidaderoleta que pagaValledupar, e o combinou com as ferramentas do jornalismo narrativo. García Márquez também era um repórter fantástico e essas habilidades são mostradas emroleta que pagaprosa. Eu tive a oportunidaderoleta que pagavê-lo trabalhar quando comecei minha carreira na revista Cambioin no final dos anos 1990. Como um jovem jornalista na Colômbia, testemunheiroleta que pagahabilidade sobrenaturalroleta que pagatransformar as trivialidades da vida diáriaroleta que pagacontos mágicos.

Cem Anosroleta que pagaSolidão é uma alegoria poderosa à identidade da América Latina. A história, que transcorre no períodoroleta que pagaum século, explora muitos dos assuntos predominantes da história perturbadora da região: caudilhismo (fenômeno político que ocorreu na América Latina após o processoroleta que pagaindependência caracterizado pelo agrupamentoroleta que pagauma comunidaderoleta que pagatorno do caudilho), machismo, rebeliões, pragas e violência política.

Mas, apesar desse tecido social denso, García Márquez o desvela com humor e uma linguagem poética refinada. E, por trás dessa espécieroleta que pagaafresco socialroleta que pagaconflitos, ele foi capazroleta que pagaver a beleza que hároleta que pagatudo isso. Como ele disseroleta que pagaseu discurso ao receber o Prêmio Nobelroleta que pagaLiteratura: "Apesar disso, da opressão, do saque e abandono, respondemos com vida. Nem enchentes nem pragas, nem fome nem cataclismos, nem mesmo as eternas guerras, séculos após séculos, foram capazesroleta que pagasubjugar a persistente vantagem que a vida tem sobre a morte."

Esse retrato pode parecer uma caricatura, mas o realismo mágico é construído sobre o exagero. O mundo que García Márquez criou é um espelhoroleta que pagaaumento no qual a América Latina pode ver suas falhas e suas virtudes. Como ele disseroleta que pagauma entrevista ao jornal The New York Timesroleta que paga1988: "Eu acho que meus livros têm impacto político na América Latina porque eles ajudam a criar uma identidade latinoamericana, eles ajudam os latinoamericanos a terem uma consciência maiorroleta que pagasua cultura". E é nessa consciênciaroleta que pagaque está seu poder.