Por que não nascem bebêsblaze crash strategyFernandoblaze crash strategyNoronha?:blaze crash strategy

Crédito, Alan Schvarsberg
"Estávamos falando sobre temas que eles queriam abordar e a proibição do parto foi a que mais apareceu. Mulheres e homens diziam que queriam falar sobre isso, mas que tinham receioblaze crash strategyfalar", diz.
<link type="page"><caption> Leia também: A beleza subaquáticablaze crash strategyNoronha pelas lentes do Google Maps</caption><url href="http://roberthost1.accountsupport.com/videos_e_fotos/2014/11/141124_galeria_googlemaps_noronha_pai" platform="highweb"/></link>
Achou interessante?<bold> Curta as nossas páginas</bold> <link type="page"><caption> no Facebook</caption><url href="http://www.facebook.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> e <link type="page"><caption> no Twitter</caption><url href="http://www.twitter.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> para receber outras notícias.
"O ruim é que você sai dablaze crash strategycasa", disse à BBC Brasil Monique Souza,blaze crash strategy27 anos, que teveblaze crash strategyprimeira filhablaze crash strategy2013 e é uma das entrevistadas no documentário. "Tenho uma casablaze crash strategyRecife, mas meu marido ficou (em Noronha). Tenho um irmão especial e minha mãe teve que deixá-lo lá. E ainda tivemos que sustentar duas casas durante esse tempo."
Por lei, não há proibição formal para o nascimentoblaze crash strategycriançasblaze crash strategyFernandoblaze crash strategyNoronha. No entanto, a Coordenadoriablaze crash strategySaúde do arquipélago, que tem sedeblaze crash strategyRecife, se encarregablaze crash strategyfazer com que as mães deixem o local a partir da 34ª semanablaze crash strategygestação – mesmo que seja preciso insistir.
"Tinha umas 40 mulheres grávidas aqui na época e umas quatro iam dar à luz no mesmo período que eu. Elas me chamaram para pagar um médico para fazer o parto, mas depois as assistentes sociais me explicaram que não tem UTI, que se acontecesse algo, podia ser um problema", relembra Monique.
"Ouvi falar que chegaram a dizer a outras mães que a culpa seria delas, se o bebê tivesse complicações."
'Olhando para as paredes'

Crédito, Thinkstock
De acordo com a coordenadoriablaze crash strategysaúde da ilha, as gestantes fazem pré-Natal pela rede públicablaze crash strategyNoronha até o sétimo mêsblaze crash strategygravidez e, depois, são encaminhadas para Recife. Todas têm suas passagensblaze crash strategyida e volta – incluindo um acompanhante – pagas. O voo dura 1 hora e 20 minutos.
Em casos específicos, podem também receber hospedagem no hotel Uzi Praia durante todo o período na capital pernambucana, com três refeições e transporte para as consultas médicas. E seus partos são feitos do IMIP, hospitalblaze crash strategyreferênciablaze crash strategypediatria na capital.
Nem todas as mães, no entanto, se dizem satisfeitas com as condições.
Quando teve o primeiro filho,blaze crash strategy2011, Silvia Souza da Silva,blaze crash strategy22 anos, diz não ter recebido assistência apropriada. "Eles só me deram a passagem e marcaram para eu ir numa clínica. O médico entrou mudo e saiu calado. Tive meu filhoblaze crash strategyoutro hospital porque uma amiga da minha família fez meu parto."
"No meu segundo filho (nascido há cercablaze crash strategytrês meses), exigi o hotel porque soube que outras pessoas tinham ficado lá. Se você não exigir seus direitos, eles não dão assistência a você."
<link type="page"><caption> Leia também: 20 diasblaze crash strategyangústia: Síria reencontra bebê que entregou a desconhecidoblaze crash strategyjornada pela Europa</caption><url href="http://roberthost1.accountsupport.com/noticias/2015/10/151012_siria_filha_reencontro_hb" platform="highweb"/></link>
Uma das queixas mais comuns entre as mães é a solidão e a faltablaze crash strategyopçõesblaze crash strategylazer durante a espera pelo nascimento do bebê – especialmente quando não se tem tanto dinheiro.
"A gente ia do hotel para o hospital e do hospital para o hotel. É difícil ficar dentroblaze crash strategyum quarto olhando pra as paredes. Eu levei meu filhoblaze crash strategy4 anos, e para ele também foi difícil. Aquiblaze crash strategyNoronha ele brinca no quintal, pode correr. Lá, só podia ficar no quarto", relembra Silvia.
'Faltablaze crash strategyrecursos'
Para Marilde Martins da Costa,blaze crash strategy59 anos, que cumpre seu terceiro mandato no Conselhoblaze crash strategyNoronha, o "problema é meramente político".
"Não justifica termos uma parturiente ou duasblaze crash strategyum mês, termos um voo saindo diariamente para Noronha e não podermos ter um médico que venha fazer um parto aqui e um anestesista. Eles viriam num dia e voltariam no outro", disse à BBC Brasil.
Segundo a coordenadorablaze crash strategysaúdeblaze crash strategyNoronha, Fátima Souza, é inviável reabrir a maternidadeblaze crash strategyNoronha, principalmente por faltablaze crash strategyrecursos para sustentar a operação.
"Uma maternidade, para funcionar, precisablaze crash strategytoda uma estrutura. E nós temos, no máximo, 40 partos anoblaze crash strategyNoronha. Não teria como manter essa estrutura e não teria pessoal suficiente", disse à BBC Brasil.
"Eu acredito que essas pessoas estão resguardadasblaze crash strategyum problema maior. Porque deixar essas pessoas na ilha sem as condições para atendimentoblaze crash strategyalta complexidade, que a gente sabe que pode acontecer, é um complicador muito maior do que quaisquer transtornos por questões emocionais."

Crédito, Emilia Silberstein
Souza diz que, para manter a operação permanente da maternidade do Hospital São Lucas, o único da ilha, seriam necessários pelo menos R$ 150 mil reais mensais. Segundo dados da Coordenadoriablaze crash strategySaúde, a administração gastou cercablaze crash strategyR$ 76 mil só com as passagensblaze crash strategyaviãoblaze crash strategyida e volta das 30 mulheres que tiveram filhos naquele ano e seus acompanhantes. Em 2015, até outubro, o gasto foiblaze crash strategyR$ 82 mil.
A pasta ainda informou à reportagem que o distritoblaze crash strategyFernandoblaze crash strategyNoronha recebeu cercablaze crash strategyR$ 2,7 milhõesblaze crash strategyrepasses dos governos estadual e federal para a saúdeblaze crash strategy2014. Nesse ano, a cifra caiu para menos da metade – pouco maisblaze crash strategyR$ 1 milhão.
Questionada pela reportagem, o governoblaze crash strategyPernambuco não respondeu se seria possível utilizar, parte da arrecadação da ilha com a Taxablaze crash strategyPreservação Ambiental – cobrada diariamenteblaze crash strategytodos os visitantes – para reativar a maternidade da ilha. Em 2014, segundo informações obtidas via Leiblaze crash strategyAcesso à Informação, a arrecadação com a taxa foiblaze crash strategyquase R$ 16 milhões.
'E a fomeblaze crash strategymadrugada?'
Laisy Francine teve seu primeiro filho há um mês, acompanhada da irmã e do sobrinhoblaze crash strategyum ano. Ela falou com a reportagem da BBC Brasil pouco antesblaze crash strategydar à luz Arthur. "Não tenho o que falar do hotel, o pessoal é atencioso. Só do que tenho que reclamar é terem me tirado do conforto da minha casa e da minha família. A situação é muito ruim", disse, ansiosa, ao telefone.
Segundo Laisy, que não tem parentes com quem se hospedarblaze crash strategyRecife, uma assistente socialblaze crash strategyNoronha chegou a negarblaze crash strategysolicitaçãoblaze crash strategyhospedagem no hotel, com a justificativablaze crash strategy"corteblaze crash strategygastos". "Fiquei logo nervosa, comecei a chorar", lembra.
<link type="page"><caption> Leia também: O que háblaze crash strategyreal por trás do mito dos Illuminati?</caption><url href="http://roberthost1.accountsupport.com/noticias/2015/08/150824_illuminati_lendas_fn" platform="highweb"/></link>
Achou interessante?<bold> Curta as nossas páginas</bold> <link type="page"><caption> no Facebook</caption><url href="http://www.facebook.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> e <link type="page"><caption> no Twitter</caption><url href="http://www.twitter.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> para receber outras notícias.
A Coordenadoriablaze crash strategyAssistência Social nega que um corteblaze crash strategygastos tenha sido o motivo da negativa inicial, mas Laisy afirma que teve que insistir para conseguir a hospedagem. "Nunca vi isso. Até no interior mais braboblaze crash strategyPernambuco tem maternidade. Eu ameacei ir na Justiça, procurar meus direitos. Dias depois me disseram que 'depoisblaze crash strategymuitos argumentos' conseguiram hotel pra mim."
Com a gravidez, ela teveblaze crash strategydeixar o empregoblaze crash strategyvendedorablaze crash strategysorvete,blaze crash strategyque ganhava R$ 50 por dia. Sua mãe, que tem uma barracablaze crash strategypraia, envia dinheiro semanalmente para as despesas das irmãs.
"Se eu não tivesse minha mãe, como eu ia fazer? Vê só o que eles não estão passando lá pra mandar esse dinheiro pra a gente. Ela mandablaze crash strategypoucoblaze crash strategypouco, mas já gasteiblaze crash strategyR$ 5 mil a R$ 7 mil", afirma.
"Tem vezes que a comida não é boa, então eu vou e boto do meu dinheiro. Tem coisas que não gostoblaze crash strategycomer, então não como. E aquela fomeblaze crash strategymadrugada? Porque mulher grávida come que só a moléstia."

Crédito, Thinkstock
A assistente social que se encarrega da assistência às mãesblaze crash strategyRecife, Talita Lima, diz que não é comum receber queixas relativas à angústia das gestantes.
"Algumas delas já colocaram questões no hotel, como lençóis que precisam trocar mais vezes, a comida que acham que pode estar mais gordurosa. Procuramos o pessoal do hotel para conversar e resolver as situações", disse à BBC Brasil.
Todas as mães com quem a reportagem conversou, no entanto, reclamaram do custo emocionalblaze crash strategyserem separadasblaze crash strategysuas famílias, com pouco dinheiro e poucas opçõesblaze crash strategylazer no último período da gestação.
"Se a pessoa não for forte, ela entrablaze crash strategyuma depressão muito profunda, porque para sair aqui tem que ter muito dinheiro. Eu não sei andar aqui, tenho que sairblaze crash strategytáxi", disse Laisy.
'Nóblaze crash strategyNoronha'
Alan Schvarsberg, diretor do filme Ninguém nasce no Paraíso, acredita que a expressão "nóblaze crash strategyNoronha", que aprendeu na ilha, pode ajudar a explicar o porquêblaze crash strategyas reclamações das mulheres nem sempre chegarem às autoridades.
"O 'nóblaze crash strategyNoronha' expressa a relaçãoblaze crash strategyinterdependência da comunidade diante da realidadeblaze crash strategyviver numa ilha. Pelo fatoblaze crash strategytudo vir do continente, até a água potável, as pessoas todas se conhecem e dependem umas das outras e da administração. Então há o receioblaze crash strategyfalar alguma coisa e sofrer represálias", afirma.
"A meu ver, esta é uma formablaze crash strategyextermínio muito perversa da população local. As mulheres podem registrar seus filhos, nascidosblaze crash strategyRecife, como noronhenses, mas a gestação está se tornando algo muito traumático. Isso está fazendo com que, pouco a pouco, menos mulheres queiram engravidar", afirma.
Mesmo animada com a chegada do bebê, Laisy afirma que vai pensar duas vezes antesblaze crash strategydar a ele um irmão ou irmã.
"Eu gosto muitoblaze crash strategycriança, mas para passar issoblaze crash strategynovo eu não quer ter filho mais não, Deus me livre. Só se vier morar aqui fora", diz.
Achou interessante?<bold> Curta as nossas páginas</bold> <link type="page"><caption> no Facebook</caption><url href="http://www.facebook.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> e <link type="page"><caption> no Twitter</caption><url href="http://www.twitter.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> para receber outras notícias.








