Escola usa aulasluva bet casinorespeito e honestidade para combater violência:luva bet casino

luva bet casino "Professora, o Victor disse que vai matar o Pedro e a Ana quando ele crescer", denuncia Marina* à professora da sala da segunda sérieluva bet casinouma escola localizada no meioluva bet casinouma comunidadeluva bet casinoPirituba, zona oesteluva bet casinoSão Paulo. A "ameaçaluva bet casinomorte" pode até assustarluva bet casinobate-pronto, mas é uma provocação comumluva bet casinoser ouvida por ali. "Eu tava zoando", defende-se o garotoluva bet casino8 anos.

Até três anos atrás, os gritosluva bet casino"Vou te matar" eram,luva bet casinogeral, seguidos por brigas violentas,luva bet casinoque alunos saíam dando chutes, socos e pontapés uns nos outros. Às vezes, sobrava também para os professores – alguns deles relatam terem levado "unhada" dos estudantes, outros foram agredidos com chutesluva bet casinomomentosluva bet casinoirritação das crianças.

Mas desde que um grupoluva bet casinopsicólogas começou a trabalhar as emoções dos alunos, inserindo na grade curricular a matérialuva bet casino"inteligência emocional" – que incluem aulasluva bet casinorespeito e até honestidade -, a realidade da rotina na escola mudou bastante, conforme relatam os próprios professores.

O tema da violência contra professores foi destacado por internautasluva bet casinoconsultas nas redes sociais promovidas pelo #salasocial, o projeto da BBC Brasil que usa as redes para obter conteúdo original e promover uma maior interação com o público.

Leitores disseram que a educação deveria merecer mais atenção por parte dos candidatos a cargos públicos e educadores compartilharam denúnciasluva bet casinoagressões que sofreram tantoluva bet casinonossas páginasluva bet casino<link type="page"><caption> Facebook</caption><url href="https://www.facebook.com/bbcbrasil/photos/a.305083412815.158425.303522857815/10152293247112816/?type=1" platform="highweb"/></link>, como <link type="page"><caption> Google+</caption><url href="https://plus.google.com/b/102439754730579948294/102439754730579948294/posts/DZzjXHFJvUL" platform="highweb"/></link> e <link type="page"><caption> Twitter</caption><url href="https://twitter.com/bbcbrasil/status/503195029847150592" platform="highweb"/></link>.

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Reflexoluva bet casinoconflitos

Localizadaluva bet casinouma comunidade com altos índicesluva bet casinoviolência, a escola da zona oeste sofria o reflexo dos conflitos do ladoluva bet casinofora que iam parar dentro das salasluva bet casinoaula, com alunos agressivos e "sem limites", conforme definiram os próprios professores à BBC Brasil.

"É uma realidade fora do que você possa imaginar vivendo na classe média. O comportamento das crianças me assustou bastante, a agitação que eles tinham, a faltaluva bet casinoconcentração", relatou uma das professoras, que já teve turmas do ginásio e do primário na escolaluva bet casinoPirituba.

"A gente via muito desrespeito, faltaluva bet casinotolerância, o aluno não consegue enxergar os erros dele, mas aí aponta no outro tudo o que temluva bet casinoruim e isso gera muitas brigas, agressões verbais, físicas, tudo isso aqui era muito constante", constatou.

Para combater essa "agressividade" dos alunos, as psicólogas que fazem parte do grupo Inteligência Emocional na Escola implementaram um projeto no colégio dando outro caminho – que não a violência – para os alunos extravasarem suas emoções.

"Esses alunos têm problemas assustadores, alguns sofrem abuso sexual do pai, outros apanham, eles vivem a violência dentro e foraluva bet casinocasa e eles precisam falar isso, é um jeitoluva bet casinoextravasar. Mas isso normalmente acaba sendo pela violência. Se você dá outro caminho para eles extravasarem isso, eles entendem e param com a violência", explicou Andreia Carelli, uma das psicólogas que fazem parte do projeto implementado na escola municipalluva bet casinoPirituba.

O trabalho dela e das outras duas psicólogas que atualmente estão no projeto se dáluva bet casinotrês tiposluva bet casinoações: o ensino da inteligência emocional dentro da salaluva bet casinoaula, por meioluva bet casinouma apostila que trata temas como respeito, honestidade, cidadania, diferenças, etc, conforme a faixa etária; o usoluva bet casinodinâmicas (brincadeiras) que têm como objetivo trabalhar as emoções dos alunos e o autocontrole; e o atendimento individual para os casos mais graves,luva bet casinoalunos muito agressivos ou que passam por problemas pessoais mais complicados (abuso sexual, violência doméstica, drogas, etc).

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Aulas

Pelos abraços e o calor demonstrado pelos alunos já no caminho para a sala, a reportagem constatou que o projeto parece ter boa receptividade. "Qual vai ser a atividadeluva bet casinohoje, tia?", "O que a gente vai fazer hoje, prô?" – a agitação era inegável, mas os alunos da 4ª série pareciam empolgados para a 'lição emocional' do dia que a professora-psicóloga iria passar.

Andreia começa a aula questionando os alunos: "O que tem que estar sempre presente quando a gente estáluva bet casinogrupo?". Eles citam educação, amizade, respeito. "Respeito. E quando a gente perde o respeito é fácilluva bet casinorecuperar?" – um grandioso "não" ecoa pela sala. E a professora segue a explicação da brincadeira. "Hoje vocês vão ser cuidadores do respeito. Nós vamos deixar o respeito aqui na lousa e nós temos que cuidar para ele não ir embora."

A tarefa do dia era ouvir quatro histórias que a professora contaria e identificar, por meioluva bet casino"carinhas" desenhadasluva bet casinoum papel (feliz, triste, assustado e com raiva) qual emoção cada uma delas despertava. Tudo isso sem perder os cuidados pelo "respeito" guardado na lousa.

Não demorou muito para os alunos se agitarem e começarem a falar ao mesmo tempo. A professora relembra: "Olha o respeito indo embora!", e a aluna da primeira carteira endossa o pedido apontando para o colega: "É, Kauã, respeita, cala a.." e ela mesma percebeluva bet casino'quase' faltaluva bet casinorespeito, colocando a mão na boca antesluva bet casinocompletar a frase.

No meio da brincadeira eluva bet casinoalgumas provocações direcionadas, outro incidente chamou a atenção da turma. Victor*, um garoto sentado no fundo da sala, levantaluva bet casinorepente e pega a cadeira na mão. Com um olhar transbordandoluva bet casinoraiva, ele andaluva bet casinodireção ao colegaluva bet casinotomluva bet casinoameaça. "Ele tá doido, ele quer matar ele" (sic), avisa um dos meninos à professora, que vai até Victor, abraça o garoto e,luva bet casinotom sereno, faz as perguntas que eles já se acostumaram a ouvir nos últimos anos.

"Por que você queria jogar a cadeira nele? Você acha que ele ia ficar feliz se você fizesse isso? Você ia ficar feliz? Resolverialuva bet casinoraiva? Lembra que quando a gente perde o respeito, a gente não ganha o respeito dos outros" – aos poucos, o Victor vai se acalmando e volta a sentar no seu lugar.

Ao fim da aula, quando a professora pergunta se a classe "cuidou bem do respeito", o próprio Victor admite: "Vixe, o respeito quase foi embora".

Andreia Carelli faz parte do projeto há um ano e meio e explica que o grande mérito dele é mudar a visãoluva bet casinomundo dos alunos. "Quando eles chegam aqui, a única referência delesluva bet casinomundo é a violência, mas a gente conseguiu dar pra eles outra referência, como conversar. Se você não gostaluva bet casinoapanhar, por que você vai bater? E com o tempo eles vão mudando essas atitudes."

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Professores

As aulasluva bet casinointeligência emocional são ministradas semanalmenteluva bet casino1ª à 5ª sérieluva bet casinoquatro escolas do país, duasluva bet casinoSão Paulo (uma municipal e a outra estadual) e duasluva bet casinoManaus (as duas estaduais). O sucesso do projeto é percebido facilmente pelos professores.

"Ao longo desses dois anos é nítida a mudança, a convivência entre os alunos mudou demais. E a gente sabe que mudou o comportamento aqui dentro da escola, porque essa não é a realidade deles lá fora", contou uma das professoras.

Os professores, inclusive, também passaram por um treinamento com as psicólogas para poderem aprimorar a relação que tinham com os alunos na escola. "No início, eles (professores) tinham bastante resistência, achavam que estávamos ali para criticar o trabalho que eles estavam fazendo e tal. Depois eles foram aceitando e sentindo o resultado das aulas", explica Taíssa Lukjanenko, outra psicóloga que está no projeto desde o início.

Em geral vistos como vítimas, os professores muitas vezes também são 'agentes da violência' pelo modo como tratam os alunos, conforme pontuou Taíssa. "Aquela violência nunca é só do aluno. Ela vem do meio que ele vive, da forma como o professor o aborda, mas nunca é só dele."

Ela diz que o autoritarismoluva bet casinoalguns professores assim como a adoçãoluva bet casinomedidas extremas como a expulsãoluva bet casinosalaluva bet casinocasos pequenosluva bet casinoindisciplina – um assovio durante a aula, por exemplo – podem contribuir para um ambiente violento na escola, alémluva bet casinoprejudicar a relação professor-aluno. "Essa relação é muito importante, o respeito vem daí".

De acordo com os números do grupo Inteligência Emocional na Escola, 86% dos professores que dão aula nas escolas que participam do projeto consideram que a disciplina dos alunos melhorou e 89% acreditam que a relação com os alunos também deu um salto após a aplicação das aulas.

Além do projeto com as psicólogas, a escolaluva bet casinoPirituba também apostaluva bet casinoprogramas extra-curriculares – banda escolar, mostra cultural, etc. – e na integração com a comunidade – a escola é aberta no fimluva bet casinosemana para atividades da comunidadeluva bet casinoPirituba – para combater a violência.

*Os nomes usados são fictícios