Quais países alimentam a Venezuelapixbet codigocrise?:pixbet codigo

Arepas

Crédito, AFP

Legenda da foto, Produção interna só consegue suprir 1/3 da demandapixbet codigomilho branco na Venezuela, item essencial para o preparo das tradicionais arepas

As bolsas e caixas CLAP consistem na entregapixbet codigoalimentos a domicílio a um preço justo. No momento, elas solucionam mais o abastecimento, que é desigual e muito politizado - segundo as críticas da oposição - do que a produção.

Venezuelana protesta: "Não há comida"

Crédito, AFP - FEDERICO PARRA

Legenda da foto, Venezuelana protesta: "Não há comida"

A produção nacionalpixbet codigomilho branco, o principal ingrediente no preparo das arepas, o alimento típico do país, responde por apenas 31% do consumo interno, segundo dados da Fedeagro (Associaçãopixbet codigoProdutores Agropecuários da Venezuela).

No caso do arroz, outro produto básico na dieta dos venezuelanos, a oferta atende a 37% da demanda.

Por isso, é preciso recorrer à importação para garantir o necessário para a população.

México

"Essa massa é péssima", reclama Gladis sobre a farinhapixbet codigomilho mexicana, que vem na caixa. Ela prefere a venezuelana, que é melhor para fazer as arepas.

Gladis teve que depositar 10.500 bolívares (cercapixbet codigoUS$ 14,5 dólares ou R$ 47,3) para receber a caixa, que contém:

  • 6 pacotespixbet codigoespaguete
  • 2 pacotespixbet codigofarinhapixbet codigomilho
  • 4 pacotespixbet codigomassapixbet codigoformapixbet codigotubo
  • 2 pacotespixbet codigomassapixbet codigoformapixbet codigoespiral
  • 4 pacotespixbet codigoleitepixbet codigopó
  • 2 garrafaspixbet codigoazeite
  • 1 pacotepixbet codigoaçúcar
  • 1 caixapixbet codigomolhopixbet codigotomate
  • 1 potepixbet codigomaionese
  • 1 pacotepixbet codigofeijão preto
  • 1 pacotepixbet codigolentilhas
  • 5 lataspixbet codigoatumpixbet codigoconserva
  • 3 pacotespixbet codigoarroz

O preço é barato para os padrões venezuelanos. Ainda mais se considerar que o pacotepixbet codigofarinhapixbet codigomilho mais popular na Venezuela pode custar até 6 mil bolívares no mercado paralelo, praticamente a única alternativa para adquirir um produto tão disputado.

Supermercado

Crédito, AFP

Legenda da foto, Escassezpixbet codigoalimentos na Venezuela favorece outros países exportadores

Gladis se lembra com nostalgia dos tempospixbet codigoque ela e o marido usavam seus salários - ele agora está desempregado - para comprar o que queriam no supermercado.

Ela garante que perdeu 20 quilospixbet codigoseis meses e que passa muitas noites sem jantar. E reclamapixbet codigouma dieta cada vez mais "monótona". Os altos preços fazem com que fique muito difícil conseguir comprar proteína animal - frango, carne, peixe, ovos.

Empixbet codigogeladeira, há apenas um poucopixbet codigocarne picada quepixbet codigofilha trouxe do interior. Nada mais.

Com isso e com o conteúdo da caixa - que se resume a carboidratos - ela deverá sobreviver pelas próximas semanas. Fazia um mês e meio que as caixas CLAP não chegavam àpixbet codigocasa - porque a distribuição delas é variável.

Gladis me disse que, para os quatro da casa, irá preparar um macarrão com uma latapixbet codigoatum e molhopixbet codigotomate. A caixa já vai começando a esvaziar.

Queda nas importações

A Venezuela sempre foi um país que tradicionalmente importou a maior partepixbet codigoseus produtos, incluindo alimentos.

Isso só era possível por causa dos altos dividendos do petróleo - montante que, nos últimos anos, despencou. Com isso, as importações também tiveram que ser reduzidas.

Prateleiraspixbet codigosupermercado na Venezuela
Legenda da foto, Prateleiras vazias nos supermercados da Venezuela

Em 2014, as compras externas totalizaram US$ 39,5 bilhões. No ano seguinte, caíram para US$ 28,6 bilhões. E, no ano passado, US$ 14,7 bilhões.

Ou seja,pixbet codigodois anos, a queda registrada chegou a maispixbet codigo60%,pixbet codigoacordo com dados do Centropixbet codigoComércio Internacional, que compila o valorpixbet codigotodas as importações do mundo.

As causas são, principalmente, a baixa produçãopixbet codigopetróleo e a forte queda no preço da matéria-prima.

A isso soma-se uma queda da produção interna do setor privado, que não recebe mais dólares para importar suas matérias-primas.

A combinação desses fatores provocou uma enorme escassezpixbet codigoalimentos na Venezuela, alémpixbet codigotorná-los mais caros.

Todos os países da região têm percebido o quanto deixarampixbet codigofazer negócio com a Venezuela.

O México,pixbet codigoonde vêm todos os produtos da caixapixbet codigoGladis, viu o valorpixbet codigosuas exportações para os venezuelanos cairpixbet codigoUS$ 1,5 bilhão a US$ 600 milhõespixbet codigo2014 a 2016.

caixa CLAP
Legenda da foto, Todos os produtos que chegaram a casapixbet codigoGladis na caixa CLAP

Mas há ramos da indústria alimentícia que têm se beneficiado com a crise na Venezuela.

O setorpixbet codigoprodutos lácteos do México é um deles.

No ano passado, a Venezuela importou US$ 5 milhõespixbet codigolaticínios mexicanos, contra US$ 380 milpixbet codigo2014.

Massas também ganharam força na balança comercial entre os dois países. Se há alguns anos esse mercado era praticamente inexistente, os venezuelanos importam agora cercapixbet codigoUS$ 8 milhões do México.

Esforço privado

Nos supermercados, onde cada vez há menos produtos básicos a preço regulado, porque esses vão direto para as CLAP, é possível ver muita massa estrangeira, algo normal para países que não produzem trigo.

Um pacotepixbet codigoespaguete da marca brasileira Galo custa 3,6 mil bolívares. Um pacotepixbet codigomeio quilopixbet codigouma marca italiana custa 4,2 mil.

O salário mínimo na Venezuela atualmente é 65 mil bolívares mais um bônuspixbet codigoalimentação. São preços elevados para produtos importados com dólar livre e que, portanto, são vendidos também com preços baseados na moeda americana.

"Em 2016, o setor privado não recebeu praticamente nenhum dólar; eles estão trabalhando com esforço próprio", afirmou recentemente Miguel Pérez Abad, ex-ministro da Indústria e atual presidente do banco estatal Bicentenário.

Os preços ainda são mais altos no mercado paralelo para produtos básicos que são impossíveispixbet codigoserem encontrados no supermercado, como arroz e açúcar. O leite e o pão ficam semanas sem aparecer nas prateleiras.

Benefício na crise

Nesse contexto, a indústria alimentícia do México não é a única beneficiada.

Geladeira

Crédito, BBC

Legenda da foto, Geladeirapixbet codigoGladis revela dificuldades dos moradores da Venezuela para conseguir alimentos

A Colômbia tem aumentadopixbet codigoexportaçãopixbet codigocanapixbet codigoaçúcar para os venezuelanos, assim como a Costa Rica com a massa, e o Brasil com produtos como molhos, sucospixbet codigofrutas, arroz, massa e farinhapixbet codigotrigo.

Até os Estados Unidos, frequentemente vilificados por Maduro, têm elevado suas vendaspixbet codigoarroz e massa no último ano para a Venezuela.

Na realidade, são números pequenos para a economiapixbet codigoum país, mas significativos diante da drástica reduçãopixbet codigoimportações da Venezuela. E servem também como demonstrativo da quedapixbet codigoprodução da indústria alimentícia.

A Fedeagro classifica o atual momento do setor comopixbet codigo"recessão agrícola" epixbet codigo"crise agroalimentícia".

Pérez Abad admite que a Venezuela "atravessa uma das crises econômicas mais fortes dos últimos 50 anos". E garante que,pixbet codigo2017, a meta é expandir a produção.

Enquanto ela não chega, empresas do setor alimentíciopixbet codigooutros países da região aproveitam a crise venezuelana.