Auroville, a cidade onde é possível viver totalmente sem dinheiro:betsport io

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Houve festasbetsport iocasamentobetsport ioque convidados tiveram que pagar a conta. O governo chegou a declarar, por exemplo, que os pedágios seriam grátis porque não haveria dinheiro suficiente para troco.
Talvez o único lugar na Índia onde o desaparecimento das cédulas não tenha produzido nenhum efeito seja Auroville, também chamadabetsport io"A Cidade do Amanhecer", localizada próximo a Pondicherry, no sul do país.
A cidade foi fundada a partir dos princípios da ioga integral e é uma comunidade internacional, onde vivem 50 mil pessoasbetsport io50 países, inclusive do Brasil.
A Mãe e a 'bolabetsport iogolfe dourada'

Crédito, Auroville
Auroville foi fundadabetsport io1968 como um povoado internacional dedicado à buscabetsport iouma vida sustentável e harmoniosa.
A fundadora é uma parisiense chamada Mirra Alfassa (1878-1973) - que depois seria conhecida como "a Mãe".
Filhabetsport iomãe egípcia e pai turco, ela nasceu na França e estudou ocultismo na Argélia. Em 1914, conheceu na Índia o poeta, nacionalista e professorbetsport ioioga Sri Aurobindo, seu mentor e companheiro.

As regrasbetsport ioAuroville
Para viver na "Cidade do Amanhecer" é preciso conhecer algumas regras:
- Auroville não pertence a ninguémbetsport ioparticular, mas a toda a humanidade. No entanto, para viverbetsport ioAuroville é preciso ser um servidor voluntário da consciência divina.
- Auroville será o lugarbetsport iouma educação infinita, do progresso constante ebetsport iouma juventude que nunca envelhece.
- Auroville pretende ser a ponte entre o passado e o futuro, aproveitando todas as descobertas para avançar rumo ao futuro.
- Auroville será o lugarbetsport iouma pesquisa material e espiritual que vai resultar na manifestação viva da unidade humana verdadeira.

Alfassa sonhava com uma sociedade sem dinheiro, na qual o trabalho coletivo e a trocabetsport iotrabalho por serviços tornaria moedas e cédulas irrelevantes.
A comunidade, que ocupa atualmente uma áreabetsport io20 quilômetros quadrados, plantou um milhãobetsport ioárvores e transformou um terreno deserto e abandonadobetsport ioárea verde.

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Mas não se pode dizer que a Aurovillebetsport iohoje é a sociedade ideal que Alfassa imaginou:betsport iohistória inclui crimes, conflitos e constantes dúvidas sobrebetsport iotransparência financeira.
Mesmo assim, o empreendimento floresce: os aurovilianos têm empresasbetsport iotodo o tipo, desde tecnológicas até têxteis.
Seu centro nevrálgico é o Matrimandir ("Templo da Mãe Divina",betsport iosânscrito), um localbetsport iomeditação que se assemelha a uma gigantesca bolabetsport iogolfe dourada.

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Sonhando com café
No Café dos Sonhadores, perto do centrobetsport ioinformações para visitantes, ofereço um café a uma auroviliana recentebetsport iotroca dabetsport iohistória.
"Os sonhadores fazem o melhor café", me diz a mulher, que prefere ficar no anonimato. "Mas é caro."
O garçom pede o número da conta dela e ela indica que sou eu quem vai pagar.
"Cada um tem uma conta onde é depositada abetsport iomanutenção. Estou aqui há três meses e, no primeiro ano, cada pessoa tem que financiar abetsport ioestada", explica.
Muitos residentes têm rendimentos próprios ou o apoio econômicobetsport ioparentes e amigos.
A manutenção é uma quantia mensal normalmente suficiente para atender as necessidades básicasbetsport ioAuroville. O valor é pago na unidade comercial ou no serviço comunitário onde eles trabalham.
"Na Suíça eu era pobre, mas aqui posso me dar ao luxobetsport iodoar dinheiro."

Crédito, Auroville
A nova auroviliana aparenta ter menos que seus 70 anos.
"Isso é por causa da minha dieta e porque andobetsport iobicicleta", garante.
Com uma batabetsport ioalgodão e um colar que, explica, simboliza a amizade, ela irradia um grande entusiasmo com abetsport ionova vida.
"Eu trabalhava com tecnologia da informação na Nestlé, na Suíça... Ainda não posso acreditar", exclama, entre risos.
O contraste entre a multinacional altamente tecnológica e os centrosbetsport iosaúde e lojasbetsport ioroupas artesanais é absurdo.
"Mas eu tinha que criar meu filho. Mas passei a procurar uma comunidade e, quando encontrei a páginabetsport ioAuroville na internet, soube imediatamente que este era o lugarbetsport ioque eu queria estar", lembra.
"Foi uma energia estranha."
Em Auroville não existe propriedade privada da terra,betsport iocasas ou comércio. Tudo é coletivo.
A página da comunidade na internet afirma que "em Auroville o trabalho não é uma formabetsport ioganhar o sustento, mas sim uma formabetsport ioservir ao divino".
Contribuir para a utopia

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"Minha missão é trazer o transporte elétrico para Auroville", explicou. "Fiquei horrorizada ao ver tantas motocicletas!"
Por isso, ela está financiando o projeto e atendendo os visitantes no centrobetsport ioinformações. Ela fez amigos e está decidida a passar o resto dos dias na comunidade.
"Existe algo neste lugar que é maior do que a gente", diz.
Embora não seja devota dos ensinamentos da "Mãe" e seja mais realista do que peregrina, ela fala sobre algo parecido com destino.
"Quando se recebe um chamado, as coisas fluem", diz.
E o que ela oferece é mais do que tempobetsport iotrabalho.
"Tenho uma aposentadoria, assim não preciso que me paguem. Simplesmente quero contribuir com esta ideia."

Crédito, Auroville
"Auroville faz com que as coisas sejam mais fáceis se você tem um sonho", continua.
No entanto, o sonhobetsport ioAurovillebetsport iolibertar-se do dinheiro "ainda não está funcionando muito bem", admite ela. "Mas não lidamos com dinheiro, o que é agradável."
"Quem não tem rendimentos recebe ajuda, mas é um valor que dá apenas para viver modestamente. O importante é fazer amigos na comunidade e encontrar uma maneirabetsport iocontribuir com abetsport ioenergia", conclui.
O intervalobetsport iodescanso termina e ela volta ao seu posto no centrobetsport ioinformações.
Em muitas partes do mundo, pessoas relativamente saudáveis e aposentadas contribuem com seu tempo e conhecimento para o sustento das sociedades.
O que me surpreendeu depoisbetsport ioconversar com esta auroviliana é saber que ela vive numa comunidade na qual efetivamente paga para trabalhar.
E, ao que parece, sente uma satisfação que o dinheiro não consegue comprar.










