Giorgia Meloni: como neofascismo avança na Itália e pode impactar restante da Europa:app 9winz

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Naquela época, o Partido Comunista italiano era o maiorapp 9winztoda a Europa ocidental. E os aliados, já mergulhados na dinâmica da Guerra Fria, tinham um objetivo principal: impedir que os comunistas chegassem ao poder.
O medo que o combate aos antigos fascistas pudesse gerar instabilidade política fez com que as potências aliadas fizessem vista grossa à criaçãoapp 9winznovos partidos herdeiros do "Duce" e suas ideias.
Além disso, muitos símbolos e monumentos fascistas continuaram - e continuam, até hoje - presentes nas ruas italianas, como os símbolos do fascismo que ainda adornam muitas tampasapp 9winzesgotoapp 9winzRoma.
Com isso, surgiuapp 9winz1946 o Movimento Social Italiano (MSI), fundado por Giorgio Almirante, que foi chefeapp 9winzgabinete do último Ministério da Propaganda fascista.
Meloni nunca escondeuapp 9winzadmiração por Almirante. Em 2018, ela publicou uma montagem fotográfica intitulada "De Giorgio a Giorgia", mostrando um ao lado do outro, com slogans idênticos: "Podemos olhar nos seus olhos".
Em 2020, quando se completaram 32 anos da morteapp 9winzAlmirante, a atual vencedora das eleições italianas o homenageou no Twitter, dizendo que foi "um grande homem, um grande político, um patriota".
Com a queda do bloco comunista, surgiram novos partidosapp 9winzdireita. Um deles, o Força Itália (liderado pelo multimilionário Silvio Berlusconi), incluiu o MSI, então liderado por Gianfranco Fini, naapp 9winzcoalizãoapp 9winzgovernoapp 9winz1994.
Foi assim que o pós-fascismo entrou no governo e, ante os olhos dos italianos, "deu a ele respeitabilidade", segundo Luciano Cheles, da Universidadeapp 9winzGrenoble, na França.

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O MSI passou a chamar-se Aliança Nacional e a jovem Giorgia Meloni, militante do partido desde os 15 anosapp 9winzidade, tornou-se líder daapp 9winzjuventude. É deste processo que nasceu o partido Irmãos da Itália.
"Eles mudaram muitos princípios, alteraram alguns aspectos, mas são, é claro, um partidoapp 9winzdireita que tem suas raízes no movimento pós-fascista", afirma Lorenzo Pregliasco, professorapp 9winzCiências Políticas da Universidadeapp 9winzBolonha, na Itália.
Já Cheles argumenta que as origens do partido estão intimamente ligadas aos partidos neofascistas, mas Irmãos da Itália e Giorgia Meloni enfrentam um desafio.
"De um lado, eles querem apresentar uma imagem respeitável,app 9winzmoderação e modernidade. Por isso, eles disseram que cortaram o cordão umbilical com o fascismo. Mas, por outro lado, eles não querem perder uma parte do eleitorado que acredita que uma forma moderna do fascismo ainda é válida e aceitável", explica Cheles.
Simbologia fascista
Essas raízes estão presentesapp 9winztoda a simbologia do partido.
A mais evidente é a chama tricolor, o símbolo do Movimento Social Italiano que foi mantido pelo partido Irmãos da Itália. E a Frente Nacional, da França, também adotou a mesma chama (ainda que com as cores da bandeira francesa). Mais estilizada, ela também está presente na Reagrupação Nacional francesaapp 9winzMarine Le Pen.
"Mas, naapp 9winzpropaganda, existem muitas outras referências ao fascismo, algumas mais ou menos escondidas porque se destinam a ser compreendidas pelos fascistas e pelas pessoas familiarizadas com aapp 9winzsimbologia", segundo Cheles, que é especialistaapp 9winziconografia política.
Um dos exemplos encontrados pelo professor é o próprio hino da juventude da Aliança Nacional, dirigida por Meloni por vários anos.
"Trata-se da canção 'O Amanhã me Pertence', cantada por um jovem nazista no filme 'Cabaret',app 9winzBob Fosse (1972). Ela continua sendo um símbolo que apareceapp 9winzgrande parte da propagandaapp 9winzGiorgia Meloni."
O próprio Giorgio Almirante, que Meloni tanto admira, é outro exemplo: todas as edições do boletim do partido Irmãos da Itália trazem aapp 9winzfoto, que também se encontra na página web da agremiação, segundo Cheles.

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Quais são os seus princípios?
O partido Irmãos da Itália tem suas raízes no pós-fascismo, mas o que conserva daquela filosofia?
O famoso semiólogo, filósofo e escritor italiano Umberto Eco defendia que o fascismo "não tinha essência" e que Mussolini não tinha uma filosofia específica, mas que "só tinha retórica".
Eco afirmouapp 9winzum discursoapp 9winz1995 que o fascismo "era um totalitarismo confuso, um mosaicoapp 9winzdiferentes ideias políticas e filosóficas, uma colmeiaapp 9winzcontradições".
Portanto, não havia uma filosofia específica por trás do fascismo, mas, "emocionalmente, fixava-se firmemente a certos cimentos arquetípicos", como o culto à tradição, o medo das diferenças, o populismo seletivo e o machismo.
O partido Irmãos da Itália conserva algumas dessas raízes culturais, segundo explica à BBC News Mundo, o serviçoapp 9winzespanhol da BBC, a jornalista italiana Annalisa Camilli, que trabalha para o semanário Internazionale.
Ela afirma que "eles têm um forte discurso contra a imigração e contra os direitos das mulheres, são contrários ao aborto e querem aumentar a taxaapp 9winznatalidade da Itália, que é a mais baixa da Europa. Neste sentido, são muito tradicionalistas, daí o seu lema: Deus, pátria e família".
Mas Camilli ressalta que "eles se libertaram desse passado. Agora, são um partido modernoapp 9winzextrema-direita, mais parecido com outros partidos como a Reagrupação Nacional,app 9winzMarine Le Pen, Vox na Espanha ou o partidoapp 9winzViktor Orbán, na Hungria."
"Eles procuram um consensoapp 9winztornoapp 9winzcertos pilares, como a luta contra a imigração ilegal, a promoçãoapp 9winzuma identidade nacional e as políticasapp 9winzapoio à natalidade", afirma a jornalista.

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Como ocorre com tantos outros líderesapp 9winzultradireita, desde Orbán até o republicanismoapp 9winzDonald Trump nos Estados Unidos, a ideologiaapp 9winzMeloni ataca a "esquerda globalista", os supostos "lobbies LGBT" e falaapp 9winzcomo a "imigração massiva" acabará substituindo os italianos "de toda a vida", ou seja, os brancos e cristãos,app 9winzforma alinhada com a "grande substituição" do polêmico escritor francês Renaud Camus.
"O neofascismo não traz necessariamente camisas negras", segundo Cheles. "O fascismo hoje tem uma forma mais sutil. É uma formaapp 9winzautoritarismo cujos elementos resumem-se a não respeitar as diferenças, nem as minorias, e que mantém atitudes intolerantes contra certos gruposapp 9winzpessoas."
Do que se alimenta o neofascismo?
Annalisa Camilli indica que,app 9winzum país como a Itália, "o fascismo é endêmico. De alguma forma, 100 anos depois, as testemunhas já morreram e a memória que ficou não é suficientemente forte para evitá-lo."
E a base eleitoral ficou muito mais instável. Se existe algo que os italianos demonstraram nos últimos anos, é que eles sempre votam pela mudança. Sucessivos governos italianos geraram insatisfação entre os cidadãos e o populismo parece ter chegado para ficar.
"O Movimento 5 Estrelas já preparou esse terreno, garantindo que não havia diferença entre a esquerda e a direita, que tudo era corrupção", destaca Camilli.
Esse discursoapp 9winzindignação contra as castas e as elites, contra os partidos tradicionais e a política clientelista que muitos italianos rejeitam, é o mesmo defendido pelos populistas do Movimento 5 Estrelas e que agora foi adotado por Giorgia Meloni e pelo partido Irmãos da Itália.
A coalizãoapp 9winzextrema-direita alimentou-se das "classes trabalhadoras que perderam suas economias com a inflação e da classe média que fica cada vez mais pobre, prometendo uma 'nova era'", explica Camilli.
E, há 100 anos, o fascismo também prometia "uma nova era", um novo começo.
As consequências para a Europa
Para Luciano Cheles, o auge dos partidosapp 9winzextrema-direitaapp 9winztoda a Europa, como os Democratas da Suécia, Vox na Espanha, Lei e Justiça na Polônia e a Hungriaapp 9winzOrbán - que o Parlamento Europeu declarou recentemente que não pode ser considerada uma democracia plena - tem uma mesma origem: o aumento da imigração.

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"Essas ideias neofascistas vêm sendo introduzidas com este tipoapp 9winzargumentos, que dizem que a Itália e outros países não podem permitir a entradaapp 9winztantos estrangeiros", afirma o professor.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia garante que irá trabalhar com qualquer governo que saia das urnas, mas a preocupação é real. Tanto o Irmãos da Itália quanto a Liga - partido do senador Matteo Salvini que faz parte da coalizãoapp 9winzextrema-direita - conduziram forte retórica "eurocética", embora com algumas diferenças.
Meloni moderou seu discurso nos últimos meses. Ela afirmou que não quer que a Itália saia da União Europeia, nemapp 9winzorganizações como a Otan. Sobre a Guerra na Ucrânia, Meloni apoiou a decisão do primeiro-ministro Mario Draghiapp 9winzenviar armas para Kiev.
Mas a postura dos seus sóciosapp 9winzcoalizão apresenta oposição frontal a Bruxelas. Salvini tem estreitas relações com a Rússia e seu partido está sob suspeitaapp 9winzter recebido financiamentoapp 9winzMoscou.
Já o terceiro "sócio" da coalizão, Silvio Berlusconi, também é amigo íntimoapp 9winzVladimir Putin e recentemente justificou a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Mas, além da guerra, o que realmente preocupa a União Europeia é a possibilidadeapp 9winzque a Itália, país fundador do bloco eapp 9winzterceira maior economia, torne-se outra Hungria ou Polônia, colocandoapp 9winzrisco seus valores fundamentais.
"Existem preocupaçõesapp 9winznível internacional", reconhece Lorenzo Pregliasco, que também é diretor da revista digital YouTrend, especializadaapp 9winzjornalismoapp 9winzdados. "Mas acredito que a democracia italiana é mais forte do que parece e, é claro, mais forte do que eraapp 9winz1922."

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