Como é viver na expectativaultimos sorteios da loteria federalum superterremoto e tsunami no Japão:ultimos sorteios da loteria federal

"O Japão, conhecido como a terraultimos sorteios da loteria federaldesastres, é um dos territórios mais propensos a catástrofes do mundo. De terremotos a tsunamis e tufões, fenômenos naturais estão enraizados na história, na cultura e na consciência do país", diz o empreendedor social Robin Takashi Lewis, diretor da incubadora Social Innovation Japan, instaladoultimos sorteios da loteria federalHakuba, na provínciaultimos sorteios da loteria federalNagano.

"Assim, ao longo dos séculos, o Japão acumulou conhecimento para lidar com todo tipoultimos sorteios da loteria federaldesastre. Nas últimas décadas, um conceito japonês se destacou internacionalmente: jijo, kyojo e kojo", elenca ele, que foi consultor da Tokyo Disaster Risk Management Hub, iniciativa do Banco Mundial.

Jijo, diz Lewis, refere-se a autoproteção, isto é, proteger a si eultimos sorteios da loteria federalfamília.

Kyojo pode ser traduzido como ajuda mútua, indica a importância do apoio das comunidades, da solidariedade.

Kojo, porultimos sorteios da loteria federalvez, quer dizer assistência do poder público, incluindo governo, bombeiros e médicos, forças policiais, entre outros.

"Embora o riscoultimos sorteios da loteria federaldesastre esteja sempre presente, isso não significa que vivemos nossas vidas com medo", conta.

"O que faz diferença é estar preparado para quando essas coisas ocorrerem."

Preparar-se para o pior

Estar preparado "para quando essas coisas ocorrerem" já indica que a questão nem é "se", o imponderável, mas o momento.

Diversos terremotos assolaram o Japão no último século. Entre os mais graves está oultimos sorteios da loteria federalTohoku, um sismoultimos sorteios da loteria federalmagnitude 9 que provocou um tsunami gigante e o acidente nuclearultimos sorteios da loteria federalFukushima,ultimos sorteios da loteria federal11ultimos sorteios da loteria federalmarçoultimos sorteios da loteria federal2011.

O abaloultimos sorteios da loteria federalKobe, conhecido como Hanshin-Awaji, durou segundos e deixou milharesultimos sorteios da loteria federalmortos e feridos,ultimos sorteios da loteria federal17ultimos sorteios da loteria federaljaneiro 1995.

O terremotoultimos sorteios da loteria federalKanto destruiu Tóquio e outras cidades, provocando 140 mil mortesultimos sorteios da loteria federal1ºultimos sorteios da loteria federalsetembroultimos sorteios da loteria federal1923, que se tornou o dia oficialultimos sorteios da loteria federalprevenção a desastres no arquipélago.

"Desastres naturais do passado se tornaram marcosultimos sorteios da loteria federalmemória nas respectivas regiões, para lembrar vítimas e também para dar a oportunidadeultimos sorteios da loteria federalrevisar as preparações para desastres no dia a dia", pondera a socióloga Kaori Muto, da Universidadeultimos sorteios da loteria federalTóquio.

Cada cidade japonesa costuma orientar moradores sobre desastres, com a indicação do que fazer nas situaçõesultimos sorteios da loteria federalemergência, onde se refugiar, o que levar (um kit pré-preparado com itensultimos sorteios da loteria federalprimeiros socorros, lanterna, água e alimentos não-perecíveis, papel higiênico, uma mudaultimos sorteios da loteria federalroupa e,ultimos sorteios da loteria federaltemposultimos sorteios da loteria federalpandemia, máscara e álcool gel).

Recomenda-se ainda conferir as rotasultimos sorteios da loteria federalfuga pertoultimos sorteios da loteria federalcasa e do trabalho.

"Tais atividades também são um treinamento mental para prevenir que as pessoas sejam pegasultimos sorteios da loteria federalsurpresa quando o desastre acontecer", acrescenta Muto, que dirigiu a missãoultimos sorteios da loteria federalvoluntários do governo metropolitanoultimos sorteios da loteria federalTóquio após o terremotoultimos sorteios da loteria federalTohoku,ultimos sorteios da loteria federal2011.

Após a tragédia, um painelultimos sorteios da loteria federalespecialistas iniciou investigações avaliando impactosultimos sorteios da loteria federalsuperterremotos e tsunamis.

No fimultimos sorteios da loteria federal2021, o governo divulgou dois desses estudos: um estimou 199 mil mortos e 220 construções destruídas caso um terremotoultimos sorteios da loteria federalmagnitude 9,1 ocorra na fossa do Japão, atingindo as regiõesultimos sorteios da loteria federalTohoku e Hokkaido; outro considerou até 100 mil mortos caso um tremorultimos sorteios da loteria federal9,3 se estender na fossaultimos sorteios da loteria federalChishima, o que poderia provocar ondasultimos sorteios da loteria federalmaisultimos sorteios da loteria federal20 metrosultimos sorteios da loteria federalaltura no lesteultimos sorteios da loteria federalHokkaido.

Prever o imprevisível

Viver com a possibilidadeultimos sorteios da loteria federaluma tragédia também fez com que o Japão apostasseultimos sorteios da loteria federaldesenvolver tecnologias para monitorar tremores, reforçar estruturasultimos sorteios da loteria federaledifícios e aprimorar simulações, sistemasultimos sorteios da loteria federalalerta e campanhasultimos sorteios da loteria federalconscientização para informar a população.

Desde a décadaultimos sorteios da loteria federal1970, por exemplo, espera-se o megaterremotoultimos sorteios da loteria federalTokai, que abrange as provínciasultimos sorteios da loteria federalAichi, Gifu, Mie e Shizuoka, na falha geológicaultimos sorteios da loteria federalNankai.

A área já teve terremotos marcantes no passado e,ultimos sorteios da loteria federal1976, o sismólogo Katsuhiko Ishibashi publicou a teseultimos sorteios da loteria federalque, com a instabilidade provocada abalo após abalo, tremores fortes ali aconteceriamultimos sorteios da loteria federalintervalosultimos sorteios da loteria federal100 a 150 anos.

Ao menos nove terremotos fortes foram documentados na região nos últimos 1500 anos, pontua o geólogo Takuya Nishimura, do Institutoultimos sorteios da loteria federalPesquisaultimos sorteios da loteria federalPrevençãoultimos sorteios da loteria federalDesastres, da Universidadeultimos sorteios da loteria federalQuioto. O último foiultimos sorteios da loteria federal1946.

"Não é lenda urbana", diz Nishimura.

A tese inspirou inclusive um atoultimos sorteios da loteria federalmedidas especiais para superterremotos, aprovado pelo governo japonêsultimos sorteios da loteria federal1978, com comitêsultimos sorteios da loteria federalpesquisa para estimar o impactoultimos sorteios da loteria federalum novo abalo.

"Entretanto, maisultimos sorteios da loteria federal75 anos se passaram desde os últimos terremotos na área da falhaultimos sorteios da loteria federalNankai. Agora muitos cientistas refutam a hipótese do segmentoultimos sorteios da loteria federalTokai e consideram que o próximo megaterremoto romperia uma parte inteira ao longo da fossaultimos sorteios da loteria federalNankai", assinala Nishimura.

Na pior das hipóteses, destacou um estudoultimos sorteios da loteria federal2019, um tremorultimos sorteios da loteria federalintensidade 7 (a máxima na escala japonesa) provocaria um tsunamiultimos sorteios da loteria federalaté 14 metrosultimos sorteios da loteria federalaltura e faria 436 mil mortos, afetando regiões como Tokai, Kansai e Shikoku.

Nem sempre os dados são precisos como se espera.

"Para prever um terremoto, precisamos prever onde, quando e como ocorre. Nos últimos 50 anos, avançamos nos estudos sobre onde e como. Mas há um consenso entre pesquisadoresultimos sorteios da loteria federalque é impossível prever o quando."

Esperar pelo melhor

Viver com a incertezaultimos sorteios da loteria federaldesastres, dizem Robin Takashi Lewis e Kaori Muto, não quer dizer ter medo o tempo todo.

"A ideiaultimos sorteios da loteria federalque um megaterremoto ou tsunami pode nos atingir a qualquer momento é nebulosa, mas os japoneses, inclusive eu, não vivem sempre com medo", diz Muto.

O Japão, lembra a socióloga, é um país vulcânico cercado por mar, com montanhas e marcadas estações - e "três mil maravilhosas águas termais que ajudam os japoneses workaholic a relaxar", brinca.

Isso teria fomentado uma relação singular com as condições naturais que escapam às ações humanas.

"Japoneses são imensamente beneficiados pela natureza, mas também têm um forte sensoultimos sorteios da loteria federalrespeito e resignaçãoultimos sorteios da loteria federalque eles não podem ir contra a natureza. Acho que nós não tomamos como certo que amanhã será um diaultimos sorteios da loteria federalpaz. Acho que entre nós muitos pensam que devemos viver um diaultimos sorteios da loteria federalcada vez."

Imigrantes, porém, podem estranhar essa filosofia.

"Para nós, brasileiros, conviver com a possibilidadeultimos sorteios da loteria federalque um dia o Monte Fuji pode entrarultimos sorteios da loteria federalerupção e o solo virar um marultimos sorteios da loteria federallava pode ser assustador", avalia a psicóloga Carine Sayuri Goto, que moraultimos sorteios da loteria federalYamagata.

"Isso porque nossa referência é o Brasil, onde famílias morrem por causaultimos sorteios da loteria federalchuvas, como vimos recentemente no Rio e Minas Gerais, uma tragédia que se repeteultimos sorteios da loteria federaltemposultimos sorteios da loteria federaltempos."

Segundo Goto, a incerteza que pode angustiar brasileiros no arquipélago traz outra questãoultimos sorteios da loteria federalfundo, que é a perspectivaultimos sorteios da loteria federalfuturo.

"Se um terremoto ou tsunami acontece ou é alertado, muitos podem pensar: que é que estou fazendo aqui, por que escolhi viver aqui? Para muitos, foi a buscaultimos sorteios da loteria federaluma vida melhor, uma perspectiva que talvez não se tivesse no Brasil. Mas se o futuro desaparece devido a um desastre natural, como é que se segue a vida?", questiona.

Entra aí a importânciaultimos sorteios da loteria federalpolíticas públicasultimos sorteios da loteria federaldiversas áreas, destaca ela, para ajudar as pessoas a lidar com essas situações - e superá-las, sem esquecê-las.

"É preciso lembrar o que já aconteceu e considerar o que ainda pode acontecer. E lembrar que é possível se reconstruir um desastre,ultimos sorteios da loteria federalque há esperança."

Há maisultimos sorteios da loteria federal30 anos radicado no Japão, o economista Miguel Kamiunten, da Universidade Católicaultimos sorteios da loteria federalBrasíliaultimos sorteios da loteria federalTóquio, já vivenciou cercaultimos sorteios da loteria federal30 tremores e alertasultimos sorteios da loteria federalmaremotos, mas nunca se acostumou com a iminênciaultimos sorteios da loteria federaldesastres.

Busca informar-se e montou um kit pessoal com a ajudaultimos sorteios da loteria federalum livro amarelo que o governo metropolitanoultimos sorteios da loteria federalTóquio encaminhou aos cidadãos no fimultimos sorteios da loteria federal2019, mas não se considera tão preparado para imprevistos quanto gostaria.

A cada vez que um alerta dispara, ele lembra da família no Brasil e se pergunta "será que é a horaultimos sorteios da loteria federalvoltar?"

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