Dia da Consciência Negra: 10 expressões do português que geram controvérsia sobre racismo:apostas betano online

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Esta reportagem foi atualizada para refletir contestações sobre a origemapostas betano onlinealgumas palavras. Veja abaixo a versão completa:
apostas betano online O históricoapostas betano onlineescravidão e discriminação a negros no Brasil deixou marcas que se estendem para a linguagem que utilizamos no dia a dia.
Em muitos casos, a associação da cor preta a algo negativo fica evidenteapostas betano onlinefrases como: você está na minha "lista negra", ela comprou o computador no "mercado negro" ou sou a "ovelha negra" da família.
Mas certas expressõesapostas betano onlinepossível origem racista são muito menos óbvias.
Para gerar conscientização e sugerir que sejam abolidas do cotidiano, a Defensoria Pública da Bahia lançou para o Dia da Consciência Negra - celebradoapostas betano online20apostas betano onlinenovembro - uma espécieapostas betano onlinedicionário do que considera serem expressões racistas.
"Nosso idioma foi construído sob forte influência do períodoapostas betano onlineescravização e muitas destas expressões seguem sendo usadas até hoje, ainda queapostas betano onlineforma inconsciente ou não intencional. Precisamos repensar o usoapostas betano onlinepalavras e expressões que são frutosapostas betano onlineuma construção racista", diz o textoapostas betano onlineintrodução da cartilha, chamada "Expressões Racistas do Cotidiano".
Vale destacar, porém, que algumas expressões são alvoapostas betano onlinediscussão entre pesquisadores e etimologistas da língua portuguesa - ou seja,apostas betano onlinemuitos casos, há maisapostas betano onlineuma interpretação para a origem das expressões.
Mas, para além da origem das palavrasapostas betano onlinesi, o mais importante é a conotação racista que elas foram ganhando no uso cotidiano, argumenta a professora Maristela Gripp, doutoraapostas betano onlineEstudos Linguísticos e professora do cursoapostas betano onlineLetras da Uninter.
"Palavras não são boas nem ruins. O problema é quem as fala, para quem as fala eapostas betano onlinequal situação", diz à BBC News Brasil. "Veja a palavra macaco e como ela é usada nos camposapostas betano onlinefutebol para ferir (jogadores negros)."
Conheça dez expressõesapostas betano onlinepossível origem racista citadas nesse dicionário que ainda integram o vocabulárioapostas betano onlinemuitos brasileiros:
1. Da cor do pecado

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A cartilha da Defensoria Pública da Bahia explica que a expressão "da cor do pecado", muitas vezes usada como "elogio" por pessoas brancas, carrega a cultura racistaapostas betano online"hipersexualização dos corpos negros, estigmatizados no período colonial, quando os 'senhores' violentavam sexualmente mulheres negras e encaravam isso como um momentoapostas betano onlinediversão".
Outras expressões citadas na cartilha também remetem a essa sexualização das pessoas negras, principalmente das mulheres. A publicação destaca que essa objetificação abre caminho para violência sexual e discriminações.
"A expressão 'mulata tipo exportação', por exemplo, muitas vezes dita como formaapostas betano onlineelogio, reforça o estereótipo hipersexualizado que recai sobre mulheres negras, que vem desde a épocaapostas betano onlineque as escravas eram objetificadas e erotizadas, e são vistas até hoje como mulheres que supostamente não servem para casar", diz o documento.
"É uma expressão muito ruim para meninas e mulheres negras - é como se seus corpos tivessemapostas betano onlineestar à disposição", agrega Maristela Gripp.
2. A dar com pau
A expressão "dar com pau", usada hojeapostas betano onlinedia para expressar "abundância" ou "grande quantidade", também remete à violência da escravidão.
"Expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greveapostas betano onlinefome na travessia entre o continente africano e o Brasil. Para obrigá-los a se alimentar, um 'pauapostas betano onlinecomer' foi criado para jogar angú, sopa e outros alimentos pela boca", diz o dicionário da Defensoria Pública da Bahia.
Por isso, a publicação sugere que,apostas betano onlinevezapostas betano onlinedizer, por exemplo: "tinha gente a dar com pau", as pessoas digam "tinha muita gente" ou "bastante gente".
Outra variação da expressão com origem na escravidão, também muito usada hojeapostas betano onlinedia, é: "nem a pau". Nesse caso, ela pode ser substituída por: "de jeito nenhum".
3. Nas coxas
A expressão "nas coxas" costuma ser usada para se referir a algo malfeito. E uma antiga interpretação reforçada pela cartilha da Defensoria Pública da Bahia éapostas betano onlineque ela tem origem na "época da escravidão brasileira, quando as telhas eram feitasapostas betano onlineargila, moldadas nas coxasapostas betano onlinepessoas escravizadas. Como tamanho e formato variavam, a expressão remete a algo mal feito".
Mas essa teoria foi colocadaapostas betano onlinexeque. O arquiteto restaurador José La Pastina Filho, superintendente regional do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico (Iphan), relata, em artigoapostas betano online2006, que essa ideia é inconsistente com "as medidas da coxaapostas betano onlineum homemapostas betano online1,80 mapostas betano onlinealtura" que fosse usada como um molde para telhas.
"Sem maiores preocupações com aspectosapostas betano onlineanatomia humana, se estabelecermos uma simples regraapostas betano onlinetrês, poderemos verificar que, para fabricar uma telhaapostas betano online77cm, precisaríamos contar com um escravo (a)apostas betano online3,85mapostas betano onlinealtura", argumenta Pastina.
Novamente, independentementeapostas betano onlinequal seja a origem da expressão, ela acabou associando o trabalho negro a coisas malfeitas, pondera Maristela Gripp.
4. Denegrir
Essa palavra, usada para dizer que alguém está "manchando" a imagem ou reputaçãoapostas betano onlinealguém, vem do latim denigrāre, que significa "enegrecer".
"Possui na raiz o significadoapostas betano online'tornar negro'. Utilizado como sinônimoapostas betano onlinedifamar ou caluniar, reforça, mais uma vez, ser negro como negativo, ofensivo", diz o "dicionário" da Defensoria Pública da Bahia.
5. Disputar a nega
Essa expressão, usada para se referir a "desempatar um jogo", tem base tanto na escravidão quanto na misoginia e no desprezo à mulher, segundo a cartilha.
"Àquela época, era comum ver os senhoresapostas betano onlineescravos colocando como prêmioapostas betano onlinejogos ou apostas uma mulher negra escravizada", diz a publicação da defensoria, que recomenda que não utilizemos mais essa expressão.
6. Meia tigela
Assim como "nas coxas", meia tigela é expressão usada frequentemente para se referir a algo medíocre ou mal feito. Mais uma vez, há quem argumente que o termo tem origem na escravidão.
"Os negros que trabalhavam à força nas minasapostas betano onlineouro nem sempre conseguiam alcançar suas metas. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigelaapostas betano onlinecomida e ganhavam o apelidoapostas betano online'meia tigela', que hoje significa algo sem valor e medíocre", diz o dicionárioapostas betano onlineExpressões Racistas do Cotidiano.
Mas existe a possibilidadeapostas betano onlineque o termo tivesse um uso mais amplo, não relacionado aos escravos. O Grande Dicionário Houaiss aponta que, no livro A Casaapostas betano onlineMãe Joana, o autor Reinaldo Pimenta (uma obra que discute a origemapostas betano onlinepalavras e expressões da língua) dizia que "criados, oficiais etc que não moravam no palácio real eram alimentados 'com as rações prescritas da Cozinha Del Rei e a porçãoapostas betano onlinecada um variava conforme a importância do serviço prestado. E assim havia genteapostas betano onlinetigela inteira e genteapostas betano onlinemeia tigela".
7. Macumba
A palavra originalmente era usada como nomeapostas betano onlineum instrumentoapostas betano onlinepercussãoapostas betano onlineorigem africana, semelhante a um instrumentoapostas betano onlinereco-reco, diz a cartilha.
Mas, no Brasil, passou a ser utilizadaapostas betano onlinemaneira pejorativa para se referir às oferendas a orixás nas religiõesapostas betano onlinematriz africana. A defensoria destaca que cada religiãoapostas betano onlinematriz africana tem nome próprio para se referir a oferendas e sugere que os termos corretos sejam adotados no cotidiano, sem atribuir conotação negativa a um rito que deve ser respeitado como parteapostas betano onlineuma religião.
Segundo a cartilha, no candomblé e na umbanda, fala-seapostas betano online"ebó" ou "despacho" para tratarapostas betano onlineoferendas a orixás ou entidades espirituais. "Vamos deixarapostas betano onlineestereotipar religiõesapostas betano onlinematriz africana e cada um seguir comapostas betano onlinefé", sugere a publicação da defensoria.
8. Mulato/a
A cartilha destaca que o termo "mulato", na língua espanhola, se referia ao filhote macho do cruzamento do cavalo com a jumenta ou da égua com o jumento- o queapostas betano onlineportuguês chamamosapostas betano onlinemula.
O termo, que define o animal mestiço, passou a ser usado, segundo o dicionário Houaiss, a partir do século 16 como analogia para se referir a filhosapostas betano onlinemãe branca e pai negro ou vice-versa. Ou seja, compara-se um animal mestiço com um ser humano que descendeapostas betano onlinebrancos e negros.
No entanto, existe outra teoria a respeito da etimologia do termo, descrita por exemplo no livro do pesquisador americano Jack D Forbes, que sugere que a palavra mulato veio, na verdade, da palavra árabe "muwallad", usada (muito antes da escravidão colonial europeia) para descrever "árabes estrangeirizados", ou seja,apostas betano onlineorigem étnica mista.
Isso, segundo essa teoria, teria sido incorporado pelas línguas portuguesa e espanhola e passado a descrever pessoasapostas betano onlineorigem mista, como explicou Forbes no livroAfricans and Native Americans.
Para além da origem etimológica, no entanto, alguns ativistas e especialistasapostas betano onlinelinguagem argumentam que a palavra acabou ganhando conotação racistaapostas betano onlineseu uso cotidiano - fosse para diferenciar negros pela gradaçãoapostas betano onlinesua cor da pele, fosse para hipersexualizar mulheres negras.
"A enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz 'mulata tipo exportação', reiterando a visão racista do corpo da mulher negra como mercadoria", diz o dicionárioapostas betano onlineExpressões Racistas do Cotidiano.
É mais um casoapostas betano onlinepalavra que, independentementeapostas betano onlinesua origem, passou a ser associada ao racismo, diz a professora Maristela Gripp. "Não haveria nenhum problema com a palavra se não vivêssemosapostas betano onlineum contexto racista. Ela passou a ser empregada com um sentido pejorativo", argumenta.
9. Escravo
Uma discussão cada vez maisapostas betano onlinevoga diz respeito ao uso da palavra escravizado no lugarapostas betano online"escravo", para se referir aos africanos trazidos à força ao Brasil durante a colonização portuguesa.
O dicionário da Defensoria Pública da Bahia explica qual o argumento por trás disso: "Usar a palavra 'escravo' sugere que seja uma característica e condição inerente à pessoa, sendo que foi algo imposto ao povo africano, que foi sequestrado e torturado pela escravidão. A palavra sugere desumanização, esquecendo a história e o legado desses povos para a história mundial."
Apesar dessas expressões nem sempre serem usadas com a "intenção"apostas betano onlineofender ou discriminar, a publicação da defensoria sugere que as pessoas voluntariamente abram mão delas, porque elas reforçam uma culturaapostas betano onlinesubjulgar, sexualizar e inferiorizar os negros.
"O racismo se revelaapostas betano onlinediversas formasapostas betano onlinenossa sociedade. Estas microagressões, alémapostas betano onlinereproduzirem um discurso racista, ao identificarem a negritude como marcadorapostas betano onlineinferioridade social, afetam o bem estarapostas betano onlinepessoas negras", diz a Defensoria Pública da Bahia.
10. Criado-mudo
A origem do termo criado-mudo é alvoapostas betano onlinediferentes teorias, e muitas iniciativas tentam incluí-lo na listaapostas betano onlineexpressões que deveriam ser abolidas.
Essas iniciativas partem da teoriaapostas betano onlineque o termo faz referência "aos criados, geralmente pessoas escravizadas, que deveriam segurar objetos para seus senhores e eram proibidosapostas betano onlinefalar".
Por causa disso, o dicionário da Defensoria Pública recomenda que a palavra "criado-mudo" seja substituída no dia a dia das pessoas por "mesaapostas betano onlinecabeceira".
No entanto, quem questiona essa teoria argumenta que o termo "criado" não era usado, na época, para descrever escravos (e sim pessoas criadas dentroapostas betano onlineuma determinada família, por exemplo adotadas) e que a expressão criado-mudo provavelmente é mais antiga, sendo derivada do inglês "dumbwaiter".
O dicionário Oxford define "dumbwaiter" (literalmente, 'servente burro') tanto como um elevadorapostas betano onlinetransporteapostas betano onlinerefeiçõesapostas betano onlinerestaurantes ou residências privadas quanto como "uma mesa auxiliar"apostas betano onlineserviço.
A Associação Histórica da Casa Branca descreve como Thomas Jefferson (um dos fundadores dos EUA e autor da Declaraçãoapostas betano onlineIndependência americana) dispunha desses "dumbwaiters"apostas betano onlinecerimônias informais na sede do governo americano, para acomodar comida e talheres que eram oferecidos aos convidados.
"Os serventes traziam a comida quente, mas não permaneciam no aposento durante a refeição. A conversa fluía livremente, sem a possibilidadeapostas betano onlineque trabalhadores pudessem ouvir informações sensíveis e repeti-las fora da Casa Branca", diz a associação, citando como referência o livro The President's House,apostas betano onlineWilliam Seale.

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