Salários altos, prestígio, apoio ao estudo: as lições dos países que tratam bem seus professores:arena sport

  • Nathalia Passarinho
  • Da BBC News Brasilarena sportLondres
professoraarena sportsalaarena sportaula

Crédito, SolStock/Getty Images

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Países com melhor qualidade na educação têmarena sportcomum políticasarena sportvalorização das carreirasarena sportprofessor. Alguns exemplos objetivos podem servirarena sportinspiração ao Brasil.

arena sport No Vietnã, um professor é perguntado nos primeiros diasarena sporttrabalho sobre as metas que deseja alcançar na carreira. Quer trabalhar na linhaarena sportfrente com as crianças e adolescentes? Almeja um cargoarena sportgestão? Ou gosta mesmoarena sportpesquisar e desenvolver técnicas e metodologiasarena sportensino? A partir disso, professor e diretor da escola atuamarena sportconjunto para estruturar a carreiraarena sportacordo essas preferências.

No Japão, bônus salariais, a possibilidadearena sportacelerar promoções e a ideiaarena sportdesafio tornam atrativo dar aulas nas escolas mais pobres do país. Na Estônia, a forte evolução salarial nos últimos anos e a autonomia para aplicar métodos criativosarena sportensino fazem da carreiraarena sportprofessor uma das mais cobiçadas.

Na Coreia do Sul, o alto status social dos professores combina estabilidade, bons salários e rigorosos requisitosarena sportadmissibilidade na carreira. Já na Finlândia, o salário não é dos mais altos quando comparado à média das demais profissões; mas o prestígio, sim.

O que esses cinco países têmarena sportcomum?

A contrataçãoarena sportprofessores é seletiva, a profissão é valorizada e, mais importante, a carreira é estimulante, o que atrai bons profissionais para as salasarena sportaula. E esse foco na qualidade dos professores se reverteuarena sportbons resultados no influente ranking Pisa, organizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que avalia o desempenhoarena sportjovensarena sport15 anosarena sportciências, matemática e leituraarena sport75 países.

"A qualidade da educaçãoarena sportum país nunca será maior que a qualidade dos seus professores", definiuarena sportentrevista à BBC News Brasil Andreas Schleicher, o idealizador do Pisa e diretor da áreaarena sporteducação da OCDE. E, para ter bons professores, é preciso atrair as pessoas mais talentosas para a profissão, oferecendo uma carreira desafiadora, alémarena sportboas condiçõesarena sporttrabalho, diz Schleicher.

Andreas Schleicher

Crédito, John Nordahl/OCDE

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'A qualidade da educaçãoarena sportum país nunca será maior que a qualidade dos seus professores', definiuarena sportentrevista à BBC News Brasil Andreas Schleicher, idealizador do Pisa

Nesses quesitos, o Brasil está longearena sportser exemplo. Numa pesquisa da OCDE com 100 mil professores do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunosarena sport11 a 16 anos), o Brasil aparece no topoarena sportum rankingarena sportviolênciaarena sportescolas.

Soma-se a isso o fatoarena sporta profissãoarena sportprofessor não ter prestígio social, salários abaixo da média da OCDE, ausênciaarena sportuma carreira bem estruturada earena sportum período mínimoarena sportexperiência práticaarena sportsalasarena sportaulas como parte da formação. Todos esses fatores puxam para baixo a qualidade da educação no Brasil, que ficou entre os 10 países com piores resultados no Pisaarena sport2015.

Mas o que o nosso País pode aprender com a experiências das nações que melhor tratam os seus professores?

A OCDE examinou as políticas para professoresarena sport19 países que, alémarena sportirem bem no Pisa, revelam resultados equânimes, ou seja, não apresentam grande disparidade na qualidade do ensino para alunos ricos e pobres. Entre essas nações estão Japão, Cingapura, Estônia, Finlândia, China e Alemanha.

Embora cada uma adote modelos diferentes, alguns fatoresarena sportcomum foram identificados e podem servirarena sportinspiração:

Testesarena sportadmissão rigorosos e 'recrutamento' dos melhores alunos

Jovens fazendo prova

Crédito, monkeybusinessimages/Getty Images

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Cláudia Costin, da FGV, diz que aumentar os critériosarena sportseleção para professores é passo essencial para reforçar o prestígio da carreira

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Todos os países com melhor desempenho no Pisa adotam critérios rigorosos na formação e contrataçãoarena sportprofessores, segundo o estudo Políticas Efetivas para Professores, da OCDE.

Na Coreia do Sul e na China, interessadosarena sportdar aulas no ensino básico precisam passar por dois testes altamente competitivos - um para ingressar no cursoarena sportformaçãoarena sportprofessor e outro depoisarena sportformado, para ser autorizado a integrar o sistemaarena sportensino.

Na Alemanha, a preparação para se tornar professorarena sportensino básico dura entre seis e sete anos- compreende um mestrado e, pelo menos, um anoarena sportexperiência práticaarena sportsalaarena sportaula. Além disso, os candidatos precisam passar por um processoarena sportcertificação nacional que ateste que cumprem os requisitos.

Jáarena sportCingapura, os melhores alunos do ensino médio são "recrutados" para se tornarem professores, por meioarena sportcondições atrativasarena sportestudo e trabalho, como a ofertaarena sportuma generosa bolsa mensal durante o períodoarena sporttreinamento.

A seletividade é essencial na construçãoarena sportprestígioarena sporttorno da profissãoarena sportprofessor, diz a professora Cláudia Costin, diretora do Centroarena sportExcelência e Inovaçãoarena sportPolíticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"Na Finlândia, é dificílimo ser professor e é muito concorrido, mesmo pagando menos que profissõesarena sportmesma escolaridade, embora claro que num patamar salarial bem acima do Brasil", exemplificou Costin, que é ex-diretora do departamentoarena sporteducação do Banco Mundial.

"No Brasil, deveria ser fixada uma nota mínima no Enem para entrar para os cursosarena sportlicenciatura e pedagogia, e ter um processo nacionalarena sportcertificaçãoarena sportprofessores, que pode ser uma provaarena sportavaliação docente", defendeu.

Experiência prática como parte da formação

O diretorarena sporteducação da OCDE, Andreas Schleicher, destaca que os países bem sucedidos no Pisa adotam um sistemasarena sportformaçãoarena sportprofessores que exigem um período mínimoarena sportexperiência práticaarena sportsalaarena sportaula, sob supervisão e com constante feedback.

"É importante garantir que uma parte considerável do treinamento se dê nas salasarena sportaula das escolas, não apenas nas universidades. As salasarena sportaula são os locais onde os professores adquirem boa parte da técnica e da qualificação. A maioria dos países com boas políticas públicas para o magistério têm um equilíbrio entre formação teórica e prática", afirmou ele à BBC News Brasil.

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Crédito, skynesher/Getty Images

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Na Alemanha, períodoarena sporttreinamento práticoarena sportsalaarena sportaula chega a durar dois anos

O períodoarena sporttreinamento prático varia entre os países com as maiores notas no Pisa - vaiarena sport20 dias no Japão a alguns meses no Reino Unido, Austrália e Noruega, para um ou dois anos inteiros na Alemanha.

Costin destaca que, no Brasil, experiência prática não costuma integrar o currículo obrigatório dos cursosarena sportlicenciatura e pedagogia.

"A formação que eles recebem na universidade não prepara para uma carreira como professor. Os cursosarena sportlicenciatura e a faculdadearena sporteducação são excessivamente centrados na teoria. São divorciados da prática na salaarena sportaula", avalia.

Especialização na áreaarena sportensino

Outro fator comum entre a maioria dos países que vai bem no Pisa é o alto númeroarena sportprofessores com especializações nas áreas que lecionam ou a oferta, após a contratação,arena sportcursos e workshops para garantir o aprendizado continuado dos profissionais.

No Brasil, só 29% dos professoresarena sportciências no Brasil têm especialização na área, segundo a OCDE.

Em países como Finlândia, Austrália, Coreia do Sul e Alemanha, que estão entre os que apresentaram os melhores resultados do Pisa na áreaarena sportciências, a proporçãoarena sportprofessores especializados nessa disciplina nas escolas públicas ultrapassa 80%.

"A primeira coisa que você, como aluno, percebe é se o seu professor realmente domina a matéria que ele está ensinando, então, claramente é uma vantagem ter um profissional com especialização na área que ele leciona", diz Schleicher.

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Crédito, SolStock/Getty Images

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No Brasil, só 29% dos professoresarena sportciência têm formação na área. Em países como Finlândia e Alemanha, o percentual ultrapassa 80%

Segundo Cláudia Costin, a faltaarena sportqualificação dos professores dificulta que os alunos desenvolvam uma capacidadearena sport"reflexão científica". Ou seja, que aprendam a lógica por trás das lições e possam aplicar o conhecimentoarena sportforma crítica,arena sportvezarena sportapenas replicar conteúdo memorizado.

"Para poder ensinar num nível mais profundo, ensinar a pensar cientificamente, o professor precisa ter conhecimento da didática da disciplina. Ele não consegue ensinar a pensar cientificamente só seguindo o livro didático, mesmo que seja um material estruturado que dê a receita do bolo", diz.

Planoarena sportcarreira e bons salários

A OCDE diz que,arena sportgeral, os países com melhor desempenho no Pisa pagam aos professores salário maior que a renda per capita, sendo que alguns oferecem remunerações extremamente competitivas, como Coreia do Sul, Alemanha e Hong Kong (China).

No Brasil, o piso salarial dos professores é, atualmente, R$ 2.455. "Salário é uma questão essencial. A remuneração vem aumentando no Brasil, mas muito menos que aarena sportprofissõesarena sportigual escolaridade. Isso explicaarena sportparte a baixa atratividade da carreira para o futuro professor", diz Costin.

Mas Schleicher ressalta que alguns países que vão mal no Pisa também oferecem bons salários e que nações como a Finlândia, onde professores ganham menos que a médiaarena sportoutras profissõesarena sportmesma escolaridade, vão excepcionalmente bemarena sportqualidadearena sportensino.

Isso significa, segundo ele, que um fator ainda mais importante que salário é tornar a profissãoarena sportprofessor uma carreira estimulante, com possibilidadearena sportprogressão baseadaarena sportresultados.

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Crédito, Picasa/Agência Brasil

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No Brasil, professores são contratados para cumprir poucas horas semanais e não encontram planosarena sportcarreira estimulantes. Esse é um dos fatores que tornam a profissão pouco atrativa

"Por um lado, podemos dizer que o Brasil tornou dar aulas um pouco mais atrativo financeiramente nos últimos anos, já que os salários aumentaram um pouco. Mas o Brasil não fez o suficiente para tornar a carreiraarena sportprofessor intelectualmente atrativa", disse.

"Você quer que as pessoas mais talentosas e competentes da sociedade se tornem professores. É o que aprendemos da Finlândia. Lá, os saláriosarena sportprofessores não são fantásticos, mas todos querem se tornar professores, porque é considerado uma carreira incrível."

Costin concorda que não existe uma carreira estuturada para os professoresarena sportescolas públicas no Brasil. Ela destaca que os profissionais que lecionam no ensino básico costumam ser contratadosarena sportconcursos públicos para cumprirem carga horáriaarena sport16 ou 20 horas. Portanto, ganham pouco e a acabam tendo que acumular empregos ou funçõesarena sportescolas diferentes.

"Os professores não são contratados para uma carga horária semanalarena sport40 horas. Com isso, ele não cria uma identidade com um grupoarena sportprofessores e com as crianças, não tem tempoarena sportconviver com os estudantes e ter uma relação significativa com eles."

Desafios e educação continuada

Outro fatorarena sportcomum entre os países com melhor desempenho no Pisa é a ampla oferta, aos professores,arena sportcursos que garantam um aprendizado contínuo, alémarena sportautonomia para desenvolver e testar novos métodosarena sportensino.

De acordo com a OCDE, na Austrália, Reino Unido, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Cingapura, é comum o acesso frequente a workshops para gruposarena sportprofessores e ofertaarena sportcoaching, para que os profissionais tenham contato com novas metodologias e saibam identificar as próprias preferências na carreira.

Além disso, na maioria dos países com notas altas no Pisa, a progressão na profissão está diretamente associada ao tamanho do desafio que o profissional aceita assumir e aos resultados que ele obtém.

Salaarena sportaula

Crédito, SolStock/Getty Images

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Outro fator comum entre os países com melhor desempenho no Pisa é a ampla oferta, aos professores,arena sportcursos que garantam um aprendizado contínuo

No Japão, por exemplo, é exigido que os professores troquemarena sportescola periodicamente, para garantir um equilíbrio entre novatos e profissionais experientes nas escolas localizadasarena sportáreas mais pobres do país.

E há incentivos aos professores para que assumam turmas com alunosarena sport"desvantagem social e econômica", como antecipaçãoarena sportpromoções para cargosarena sportgestão e a possibilidadearena sportescolher a próxima escola onde quer trabalhar.

No Brasil, prevalece a progressão salarial por tempoarena sportserviço e,arena sportgeral, faltam incentivos para que professores assumam projetos complexos e desafios.

E qual a orientação da OCDE para o Brasil?

Andreas Schleicher avalia que a melhor formaarena sportdar um saltoarena sportqualidade na educação é melhorar as condiçõesarena sporttrabalho dos professores, para garantir profissionais dedicados e mais bem qualificados.

Se o dinheiro que o Brasil tiver para investir for "pouco", é preciso fazer escolhas estratégicas - entre ter salas com menos alunos e pagar mais por um bom professor, Schleicher recomenda investir no profissional mais qualificado.

As pesquisas da OCDE revelam que os resultados dos alunos são mais afetados pela qualificação e tempoarena sportexperiência do professor do que pelo tamanho das salasarena sportaula.

Claudia Costim

Crédito, FGV

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Cláudia Costin recomenda ampliar carga horáriaarena sportcontratosarena sportprofessores, aumentar seletividade, por meioarena sportcertificação nacional, e melhorar salários

"Se o Brasil não tiver, no momento, muito dinheiro para investirarena sporteducação, é preciso refletir mais sobre como investir da maneira mais produtiva. E isso significa, por exemplo, priorizar a qualidade do professorarena sportdetrimentoarena sportreduzir o númeroarena sportalunos por profissional", avalia.

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