Como a população do Brasil cresceu 45 vezesvbet ug200 anos - e agora envelhecevbet ug'ritmo asiático':vbet ug

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Hoje, a nação que comemorou no dia 7vbet ugsetembro o bicentenário da Independência tem uma população 45 vezes maior e é a sétima mais populosa do mundo, segundo a ONU.
Esse crescimento deve continuar até pelo menos 2050, quando se estima que o númerovbet ugbrasileiros vá alcançar um picovbet ug231 milhões, 16 milhões a mais do que hoje. Depois, a expectativa é que a população brasileira comece a diminuir.
Essa é uma tendência que se repetevbet uggrande parte do mundo, mas que, no Brasil, tem ocorridovbet ugum ritmo particularmente rápido e mais semelhante aovbet ugpaíses asiáticos do que ovbet ugeuropeus. (leia mais abaixo)
Saltovbet uglongevidade
Essa jornada da população brasileira é descrita pelo demógrafo José Eustáquio Diniz Alves no livro recém-lançado Demografia nos 200 Anos da Independência do Brasil e cenários para o século 21.
"A mudança mais impactante é o aumento da esperançavbet ugvida, quevbet ug200 anos multiplicou por três, para os (atuais) 75 anos", diz Diniz Alves à BBC News Brasil.
Esse salto reflete décadasvbet ugavanço no combate à mortalidade infantil e materna e nas condiçõesvbet ugsaúde e saneamento, apesar das mazelas do Brasil e da pobreza agoravbet ugcurva ascendente.

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"Em 1900, a expectativavbet ugvida eravbet ug29 anos no Brasil e 49 anos nos Estados Unidos (70% mais alta). Em 2019, os números se aproximaram bastante, com 75,9 anos no Brasil e 78,9 anos nos EUA (apenas 4% mais alta)", escreve Diniz Alves no livro.
E essa expectativa poderia ter sido ainda mais alta se não fossem as perdasvbet ugvida causadas pela pandemia.
A população do Brasil na época da Independência
A composição étnica da população também sofreu grandes mudanças nesses 200 anos.
O Brasil é apontado como o país das Américas que mais recebeu africanos escravizados: 4,8 milhõesvbet ugpessoas ao longovbet ugquase três séculos.
Assim, um território que até 1500 era totalmente indígena começou a mudar, explica Diniz Alves.
Por voltavbet ug1800, duas décadas antes da Independência, as primeiras estimativas indicavam que os indígenas eram apenas 8% da população total,vbet ug3,3 milhõesvbet ughabitantes. Essas contagens, no entanto, ignoravam muitas comunidades indígenas e são consideradas conservadoras.
Na mesma época, pessoasvbet ugorigem europeia, mais concentradas nos centros urbanos, representavam 31% e a populaçãovbet ugorigem africana, fosse livre ou escravizada, era 61% do total.
A porcentagemvbet ugeuropeus aumentaria nas décadas seguintes para quase 40%, com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil e o iníciovbet uguma migração mais acentuadavbet ugeuropeusvbet ugoutras nacionalidades nas décadas seguintes — algo que, segundo historiadores, tinha por objetivo "branquear a população" após a abolição da escravidão.
Apesar disso, o censovbet ug1872, o primeiro da história brasileira, indicou que, dos quase 10 milhõesvbet ughabitantes do Brasil, pessoasvbet ugorigem africana continuavam sendo majoritárias: 42,8% da população eravbet ugpessoas africanas livres e 15,2%,vbet ugescravizadas.
Foi nessa época, também, que o ritmovbet ugcrescimento da população brasileira começou a se acelerar até o século 20, explica Diniz Alves.
"As taxasvbet ugmortalidade na virada do século começaram a cair, mesmo que modestamente, contribuindo para o maior incremento demográfico", escreve o demógrafo.
Desse modo, a população brasileira foi tendo progressivos aumentosvbet ugtamanho: o censovbet ug1890, pouco depois da Proclamação da República, contabilizou 14,3 milhõesvbet ughabitantes.
O grande salto, porém, viriavbet ugmeados do século 20, explica Diniz Alves.
"O períodovbet ugmaior crescimento demográfico da história brasileira ocorreu nas décadasvbet ug1950 e 1960, com médiavbet ug3% ao ano, nãovbet ugfunção do afluxovbet ugestrangeiros, mas, sim, por conta da queda das taxasvbet ugmortalidade — especialmente infantil — que propiciou grande aumento do crescimento vegetativovbet ugum quadrovbet ugtaxasvbet ugfecundidade aindavbet ugaltos patamares."
Naquela época, as mulheres tinham,vbet ugmédia, 6,3 filhos cada uma. Uma taxa que caiu vertiginosamente até chegar à médiavbet ug1,7 atual.
Ritmovbet ugenvelhecimento 'asiático'
A combinaçãovbet ugaumento na expectativavbet ugvida com a queda no númerovbet ugfilhos por mulher resultou numa rápida mudança na estrutura etária do Brasil a partir dos anos 1970,vbet ugacordo com o demógrafo. Mais rápida, inclusive do que avbet ugmuitos países europeus e dos Estados Unidos.
A França foi o primeiro paísvbet ugque, segundo Diniz Alves, os idosos viraram 7% da população, aindavbet ug1870. O índice francês dobrou para 14%vbet ug1980 — maisvbet ugum século depois.
Já o Brasil, com uma estrutura demográfica mais jovem, só chegou a 7%vbet ugidosos recentemente,vbet ug2012. Mas deve dobrar esse índicevbet ug2031 — apenas 19 anos depois.

Tal ritmovbet ugenvelhecimento é visto tambémvbet ugpaíses asiáticos como Japão, Coreia do Sul, Tailândia e China, que também tinham taxasvbet ugfecundidade altas até a décadavbet ug1960 e desde então vêm reduzindo rapidamente o número médiovbet ugfilhos por mulher.
"O interessante é que, no caso do Brasil, não houve uma política populacional (como a China, comvbet ug"política do filho único"). A fecundidade caiu por mudanças econômicas e culturais", diz Diniz Alves à BBC News Brasil.
O Japão foi o país que chegou mais rapidamente à proporçãovbet ug14%vbet ugidosos na população (em apenas 23 anos,vbet ug7%vbet ug1971 para 14%vbet ug1994) — já que a queda das taxasvbet ugfecundidade japonesas ocorreu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e a expectativavbet ugvida ao nascer do país é alta.
Mas ele foi a exceção entre os países desenvolvidos a ter um envelhecimento da população tão rápido. De um modo geral, os paísesvbet ugdesenvolvimento tiveram uma transição demográfica mais veloz, segundo diz Diniz Alves.
Mas o que isso significa?
"Eles dispõemvbet ugmenos tempo para se adaptar à nova realidade demográfica. O Japão e a Coreia do Sul já conseguiram enriquecer antesvbet ugenvelhecer. A China e a Tailândia já estão a caminhovbet uguma renda per capita alta", escreve o demógrafo.
Já o Brasil, depoisvbet uganosvbet ugcrise econômica, "possui a renda estagnada e está a caminhovbet ugenvelhecer antesvbet ugenriquecer. Em outras palavras, o Brasil ainda não resolveu os problemas típicosvbet uguma sociedade jovem, como saneamento básico, educação básica, e precisará lidar com os problemasvbet uguma sociedade superenvelhecida até os meados do século 21. (...) Será necessária muita criatividade".
Em outros países da América Latina também se observa o mesmo fenômeno.
"Não somos uma jabuticaba nesse aspecto. A fecundidade caiu na Costa Rica até um pouco mais rápido do que no Brasil. E,vbet ugCuba, a população deve cair pela metade no restante do século, por causa da baixa fecundidade evbet ughaver mais gente saindo do que entrando no país", explica.

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1º bônus demográfico é janela prestes a se fechar
Segundo as previsões da ONU, o Brasil provavelmente ainda tem algumas décadas no atual primeiro bônus demográfico — ou seja,vbet ugum contingente grandevbet ugpopulação jovem e economicamente ativavbet ugrelação ao grupo etário com mais inativos (como crianças e idosos).
Por volta da décadavbet ug2040, o grupovbet ugpessoasvbet ug15 a 64 anos alcançará seu pico e começará a cair.
A partir daí, quem vai crescer proporcionalmente é a faixavbet ugbrasileiros com maisvbet ug60 anos.

O bônus demográfico dá a um país a oportunidadevbet ugaumentar a produçãovbet ugbens e serviços.
No entanto, essa janelavbet ugoportunidade só ocorre uma vez na históriavbet ugcada país, e dura entre 50 e 70 anos.
Segundo Diniz Alves, todos os países com altos Índicesvbet ugDesenvolvimento Humano (IDH) conseguiram aproveitar essa janela para aumentar as taxasvbet ugriqueza e elevar seu padrãovbet ugbem-estar geral, melhorando os níveis educacionais da população e da tecnologia que permite o aumento da produtividade.
O Brasil deve chegar ao final do século 21 com uma proporção maiorvbet ugpessoas dependentesvbet ugrelação às que estãovbet ugidade produtiva. Isso deve ter um impacto importante na Previdência social, no sistemavbet ugsaúde e no mercadovbet ugtrabalho.
O fenômeno será mundial:vbet ug2100, segundo as projeções da ONU, o mundo terá apenas 1,7 adultovbet ug20 a 59 anos para cada idosovbet ug60 anos ou mais, na média.
No Brasil, essa taxa deve ser ainda menor,vbet ug1,1 adulto para cada idoso.
De um modo geral, o númerovbet ugpessoasvbet ugcada grupovbet ugidade do Brasil nas últimas décadas foi aumentando e diminuindovbet ugondas bem marcadas, que determinaram o bônus demográfico (veja no gráfico abaixo).

- O grupovbet ug0 a 19 anos foivbet ug51,6% da população brasileiravbet ug1950 para 40,8%vbet ug1999 e deve chegar a 2100 perfazendo apenas 17,6% da população do país.
- As pessoas entre 20 e 39 anos eram 29% da populaçãovbet ug1950, 32,5%vbet ug2019 e serão 19,8%vbet ug2100.
- O grupovbet ug40 a 59 anos correspondia a 14,5% da populaçãovbet ug1950, e deve chegar a seu picovbet ug2040, quando corresponderá a 28,5% do total do país. Em 2100, serão 22,6%.
- Já os idososvbet ug60 anos ou mais, que eram menosvbet ug5% da populaçãovbet ug1950, vão crescer até 2075, quando serão 37,6% da população, ou 79,2 milhõesvbet ugpessoas.
"A partirvbet ug2076, o grupovbet ugidosos começará a diminuirvbet ugtermos absolutos para 72,4 milhõesvbet ugpessoasvbet ug2100. Ainda assim,vbet ugtermos relativos, será o único grupo que continuará crescendo proporcionalmente, tornando-se 40,1% da população totalvbet ug2100", explica Diniz Alves.
Enquanto isso, o primeiro bônus demográfico, iniciadovbet ug1970, deve se encerrar por voltavbet ug2040, ou talvez um pouco mais cedo.
"A fasevbet ugque a demografia oferece um estímulo à economia aproxima-sevbet ugseu fim", diz o demógrafo.
2º e 3º bônus como alternativas para o crescimento
Esse fenômeno demográfico traz consigo a urgênciavbet ugque o Brasil aproveite ao máximo as décadas restantesvbet ugalto contingentevbet ugjovensvbet ugidade produtiva.
Mas, se o país não conseguir usar essa janela para enriquecer e melhorar a qualidadevbet ugvida dos brasileiros, o que é possível fazer?
Segundo Diniz Alves, existem as possiblidadesvbet ugum 2º e um 3º bônus, que acontecemvbet ugmaneira independente das mudanças na estrutura etária da população.
Para conseguir o chamado 2º bônus, seria preciso elevar as taxasvbet ugpoupança e investimento dos cidadãos para aumentar a produtividade econômica. É, por exemplo, algo que a China fez, desde os anos 1980, quandovbet ugrenda per capita era 17 vezes menor do que a do Brasil.
"Com altas taxasvbet ugpoupança e investimento, a China garantiu um expressivo crescimento econômico nos últimos 40 anos. (…) Com uma renda per capita US$ 22,6 milvbet ug2022, a China já tem um rendimento médio 25% superior ao brasileiro e mantém taxasvbet ugpoupança e investimento, respectivamente, acimavbet ug40% do PIB (Produto Interno Bruto) na décadavbet ug2020", escreve o demógrafo.
"O Brasil, ao contrário, não conseguiu superar as baixas taxasvbet ugpoupança e investimento prevalecentes na décadavbet ug1980 (...) e chegouvbet ug2022 com taxavbet ugpoupançavbet ugsomente 17,4% do PIB e taxavbet uginvestimentovbet ug18,7% do PIB", compara.
"Não évbet ugse estranhar que a renda per capita tenha apresentado variação muito pequena nos últimos 42 anos e que esteja estagnada na última década."
Em casosvbet ugque o 1º e o 2º bônus não sejam bem aproveitados, um 3º bônus demográfico envolveria inserir a população idosa no mercadovbet ugtrabalho, caso haja condições justas e favoráveis para fazê-lo.
O Brasil já tem um contingente crescentevbet ugidosos buscando a reinserção profissional, segundo dadosvbet ug2019 do Ministério da Economia. Mas,vbet ugum contextovbet ugcrise econômica, eles por enquanto têm ficado com os postosvbet ugtrabalho mais precários.

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