'Efeitos da covid': 21% dos infectados por coronavírus relataram só problemasbet ixpele, diz estudo; lesões não devem ser ignoradas:bet ix

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Naquele momento, também ficou claro que a covid-19 poderia estar na listabet ixinfecções virais comuns que envolvem manifestações na pele, como dengue, zika e chikungunya. Isso, no entanto, não exclui outras hipóteses, como reações medicamentosas adversas, resposta imune, ataque direto do vírus e fatores emocionais.

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Paulo Criado, coordenador do departamentobet ixMedicina Interna da Sociedade Brasileirabet ixDermatologia, levanta até a hipótesebet ixessas manifestações do tipo eritema pérnio (popularmente conhecidas no contexto dessa doença como dedosbet ixcovid) serem um "bom sinal"bet ixque o corpo conseguiu se defender da invasão do vírus. "Talvez essas pessoas que tiveram manifestações dermatológicas podem ter tido uma resposta imunológica adequada, masbet ixcerta forma até exagerada. E essas lesões dermatológicas seriam decorrentes da produçãobet ixvárias proteínas inflamatórias, as citocinas, que acabam circulando no organismo e causando esse tipobet ixerupção na pele", dissebet ixentrevista à BBC News Brasil.
Há muitas dúvidas ainda sobre causas, tratamentos e possíveis efeitos, e pesquisadores ainda tentam mapear a extensão do problema. O grupobet ixcientistas do King's College London, inclusive, se associou à Associação Britânicabet ixDermatologistas para montar um bancobet iximagens online a fimbet ixampliar a compreensão sobre a doença e informar profissionaisbet ixsaúde e a populaçãobet ixgeral.
A BBC News Brasil reúne abaixo o que se sabe até agora sobre possíveis causas dessas manifestações dermatológicas, o momentobet ixque surgem e somem esses sinais, os grupos mais atingidos e os possíveis tratamentos adotados por especialistas para atenuar ou acabar com sinais persistentes.
Erupções na pele como sinalbet ixalerta
Pouco antes do Réveillonbet ix2020, a empresária Taina Fernandes, 25, começou a sentir uma coceira no corpo inteiro que não passava com nenhuma das soluções caseiras que tinha à mão, como cremes hidratantes e banhos gelados. Dias depois, um médico da cidade onde mora, Itapira (SP), apontou um diagnósticobet ixurticária, tipobet ixirritação na pele avermelhada e inchada que coça, e receitou antialérgico.
A coceira, no entanto, não parou. E a relação com covid-19 só lhe viria à cabeça dias depois, quando Taina e familiares próximos começaram a apresentar outros sintomas da doença, como faltabet ixar, tosse e febre. Apenas ela apresentou coceira e bolhas na pele.
Semanas após o início dos sinais na família, o pai dela e um tio acabariam morrendobet ixcovid-19. E ela, maisbet ixdois meses depois, ainda enfrenta efeitos dermatológicos, que estiveram presentes antes, durante e depois da infecção. "Até quando vou ficar tomando remédio?", se pergunta.
A dúvida sobre a duração das manifestações está presentebet ixtodos os sinais ligados à chamada covid longa (ou persistente), uma condiçãobet ixsaúde que pode durar semanas, meses ou até ser permanente e acomete milharesbet ixpessoas ao redor do mundo. E os cientistas ainda não têm respostas claras sobre esses períodos.
Há também diversas lacunas sobre o que leva a esses sinais dermatológicos ligados à covid-19, como identificar quais das maisbet ix3 mil doençasbet ixpele podem surgir nesse quadrobet ixsaúde.

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O levantamento liderado pelos pesquisadores do King's College London apontou que os três sinais mais comuns eram eritema papular, eritema vesicular, urticária e lesões acrais. As manifestaçõesbet ixgeral durambet ix5 a 14 dias, são ligeiramente mais presentesbet ixmulheres, mas não há diferença significativabet ixuma faixa etária para outra, afirmam os pesquisadores, no trabalho divulgadobet ixjaneirobet ix2021.
E o que pode causá-los?
"O sistema imune sendo muito ou pouco ativado é capazbet ixdesencadear algumas reações imunológicas, como até mesmo uma urticária. Então nós temos as lesões vasculares, as dos sistema imune e as farmacodermias, alémbet ixum grupobet ixdoenças como se fosse causada pelo próprio vírus na pele, mas nesse caso seria secundário. Mas as mais comuns são as manifestações vasculares através da pele", explica o dermatologista David Azulay, professor da Universidade Federal do Riobet ixJaneiro (UFRJ) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio.
Para especialistas ouvidos pela reportagem, o mais provável é que não há apenas uma, mas várias causas para diferentes gruposbet ixpacientes.
No caso da hipótesebet ixreação do sistema imunológico, Paulo Criado, da Sociedade Brasileirabet ixDermatologia, explica que boa parte disso envolve dois tiposbet ixcélulas ligadas ao sistemabet ixdefesa (macrófagos e monócitos) contra o coronavírus e a quantidadebet ixinterferons que o corpo produz ao ser invadido.
Os interferons são glicoproteínas com alta atividade antiviral produzidasbet ixnosso corpo. Apelidadosbet ix"soldados da linhabet ixfrente", eles são considerados parte essencial da defesa do organismo contra múltiplos vírus, incluindo o novo coronavírus.
"Se você produz precocemente uma quantidadebet ixinterferons boa, você vai acabar matando o vírus antes que ele se multipliquebet ixquantidade que possa levar aquela tempestadebet ixcitocinas, que é o que mata a pessoa na segunda ou terceira semanabet ixdoença", afirma Criado. Essa "tempestade" é o nome dado a substâncias agressivas (citocinas) que o sistema imunológico libera para atacar um invasor, mas que num quadrobet ixreação exagerada pode acabar atacando partes vitais do corpo e levando à morte.
A possibilidadebet ixfarmacodermia, uma das hipóteses levantadas por Azulay, da UFRJ e PUC-Rio, pode estar ligada ao uso desenfreado do chamado "tratamento precoce" ("kit covid"), que é um grupobet ixremédios que são receitados no Brasil contra a covid-19, mas que não têm qualquer comprovação científicabet ixeficácia. Esses medicamentos podem gerar uma sériebet ixefeitos colaterais, como arritmia, comprometimento do fígado e lesões na pele.
Segundo a Sociedade Brasileirabet ixDermatologia, a reação dermatológica a novos remédios é muito frequente e pode ocorrer por dosagem excessiva, efeito colateral, reação alérgica ou interação entre medicamentos (há relatos na pandemiabet ixreação à azitromicina associada à hidroxicloroquina, mas não há estudos amplos sobre o tema que confirmem isso).
Há, por fim, casos ligados à quarta hipótesebet ixorigem das manifestações dermatológicas: o impacto direto do vírus na pele. Paulo Criado conta ter realizado uma biópsiabet ixum paciente com um tipobet ixurticária (a vasculite) que não respondia ao tratamento convencional e descobriu na pele dele a presença do Sars-CoV-2, o coronavírus que causa a doença covid-19.
Até aquele momento, esse paciente era considerado assintomático e enfrentava um quadrobet ixdoença dermatológica mais difícil que o habitual. "Quantos estão tendo isso e não sabem? Acredito que a subnotificação seja grande, principalmente nesses casos oligossintomáticos, que é como chamamos sintomas muito leves que o próprio paciente não valoriza."

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Quais são as principais manifestações na pele associadas à covid-19?
Em abrilbet ix2020, um grupobet ixpesquisadores da Espanha identificou as manifestações dermatológicas mais comunsbet ixpacientes infectados durante a primeira onda da doença que varreu o país. Foram reportados 375 casos, listadosbet ixum estudo publicado na revista científica British Journal of Dermatology.
Os pesquisadores agruparam cinco tiposbet ixerupções cutâneas, sendo a mais comum as chamadas maculopápulas, pequenas brotoejas vermelhas e achatadas ou elevadas que tendem a aparecer no torso. Elas estavam presentesbet ix47% dos casos por quase uma semana e juntobet ixoutros sinais.
Os outros quatro padrões identificados na Espanha foram:
- Lesões assimétricas, semelhantes a frieiras, ao redor das mãos e pés, que podem causar coceira ou dor. Geralmente encontradasbet ixpacientes mais jovens, durarambet ixmédia 12 dias, apareceram mais tarde no curso da doença e foram associadas a infecções leves. Representaram 19% dos casos.
- Pequenas bolhas, muitas vezes acompanhadasbet ixcoceira, encontradas no torso e nos membros. Mais incidentesbet ixpacientesbet ixmeia idade, duraram cercabet ix10 dias e apareceram antesbet ixoutros sinais. (9%)
- Áreasbet ixpele rosadas ou brancas que pareciam comichões acompanhadasbet ixcoceira. Principalmente no corpo, mas às vezes nas palmas das mãos. (19%)
- Livedo (também conhecido como necrose) esteve presentebet ix6% dos casos. A pele parecia vermelha ou azul, com um padrão semelhante aobet ixredes. Representa um sinalbet ixmá circulação sanguínea. Apareceubet ixpacientes mais velhos com doença grave.
Naquela época, os pesquisadores consideravam essas manifestações dermatológicas pouco úteis para o diagnóstico da doença porque eles apareciam depoisbet ixoutros sinais mais comuns (como tosse) e porque eles têm causas diversas e demandam muito conhecimento técnico para diferenciá-los.
Hoje, especialistas notaram que erupções vesiculares aparecem no início do ciclo da doença (15% antesbet ixoutros sinais) e os eritemas pérnio (dedosbet ixcovid) geralmente aparecem tarde na evolução da doença (59% após outras manifestações), e os outros aparecem junto com os outros sintomasbet ixcovid-19.
O bancobet iximagens criado pelos pesquisadores do King's College London com a Associação Britânicabet ixDermatologia divide as fotosbet ixmanifestações associadas à covidbet ixoito grupos:
- Eritema pérnio (Dedosbet ixcovid)
- Eczema no tórax e pescoço
- Manifestações bucais
- Pápula e vesicula
- Pitiríase rósea
- Púrpura
- Urticária
- Exantema viral
Sinais como os que aparecem nessas imagens devem servirbet ixalerta para uma possível infecção por coronavírus e até mesmo para o autoisolamento, apesarbet ixtodas as limitações envolvidas no diagnóstico. "Pacientes que chegarem aos médicos com suspeitabet ixefeitos dermatológicosbet ixcovid devem ser submetidos a testes para diagnosticar o coronavírus. Mas, para muitos pacientes, as manifestações cutâneas podem surgir semanas ou meses após a infecção e, portanto, o teste (PCR) geralmente será negativo", explicam os pesquisadores.
O que são os dedosbet ixcovid?
"Dedobet ixCovid" é o apelido popular para perniose (eritema pérnio), que são bolinhas avermelhadas ou azuladas que aparecem nos dedos dos pés e das mãos, e no caso da covid-19 até no calcanhar. Ela pode ocorrer por alguns fatores, como infecções, exposição ao frio e doenças reumatológicas como o lúpus.
Essa condição, que chamou a atenção durante o primeiro pico da pandemiabet ixcovid-19, é uma inflamação ao redor dos vasosbet ixsangue da pele que leva a formar uma lesão. Pode coçar ou queimar. Em condições raras, pode haver algum coágulo que produz uma ferida.
Criado, da Sociedade Brasileirabet ixDermatologia, afirma que os dados disponíveis até agora apontam que esse sinal aparecebet ixpessoas com boa imunidade contra os antígenos virais, como crianças e jovens adultos, que podem ter uma "resposta tão boa com o interferon que esse ele acaba agredindo as células dos vasosbet ixsangue das extremidades".
Alguns pacientes com esse sinal pode inclusive ter resultado negativo para a presença do vírus no corpo, dada a velocidade com que o corpo eliminou o vírus. Em geral, os "dedosbet ixcovid" somembet ixduas a três semanas após o contato com o vírus.

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Teleconsultas, tratamentos e inteligência artificial
Além da sobrecarga do sistemabet ixsaúde público e do baixo númerobet ixpessoas com planobet ixsaúde privado no Brasil, um dos principais obstáculos ao diagnóstico e ao acompanhamentobet ixpacientes durante a pandemia é a necessidadebet ixdistanciamento social. Por isso, muitos médicosbet ixdiversas áreas passaram a atender remotamente, por meiobet ixteleconsultas.
Mas no casobet ixdoenças dermatológicas esse tipobet ixatendimento fica bastante comprometido por causa da complexidade do diagnóstico e da qualidade da imagem gerada pelos aparelhos dos médicos e dos pacientes, além da necessidadebet ixpalpar partes do corpo do paciente, como os gânglios, e da eventual realizaçãobet ixbiópsias.
"A teledermatologia é um ótimo recurso quando já houve uma primeira consulta presencial com o paciente, e ela serve para um acompanhamento. O grande problema que temos é ter uma ótima resoluçãobet ixcâmera do paciente, mas geralmente ela está fixa no computador e você precisa olhar o pé, dentro da boca, o genital. Imagine o malabarismo, é extremamente desagradável."
Por outro lado, a tecnologia tem tentado auxiliar no diagnóstico das milharesbet ixdoenças dermatológicas. Um estudo produzidobet ixfevereiro por pesquisadoresbet ixum laboratório indiano propôs um algoritmo com redes neurais capazesbet ixdetectar lesões cutâneas relacionadas a covid-19 a partirbet iximagens clínicas.
Esse estudo usou imagens que se enquadrambet ix6 categorias clínicas principais como erupção urticariforme, erupção maculopapular, erupções vesiculares, erupção cutânea (semelhante a frieira), erupção cutânea (semelhante a livedo e púrpura).
O modelo demonstrou uma precisão geralbet ix86.7% para todas as 20 doenças na detecçãobet ixlesõesbet ixpelesbet ixpessoas brancas e negras, mas o caminho até a aplicação clínica é longo e demanda participação ativabet ixdermatologistas especializados nos difíceis diagnósticos.
A complexidade do diagnóstico dificulta ainda mais definir eventuais tratamentos para essas manifestações dermatológicas. Mas,bet ixtodo modo, eles não devem variar muito além do que médicos já prescrevembet ixoutras situações.
Thais Fernanda, por exemplo, conta que a urticária ficou ainda mais intensa depois que a infecção acabou, e que a equipe médica da UPA lhe receitou corticosteroides e a encaminhou para o centrobet ixreabilitação pós-covid da cidade onde mora, Presidente Prudente (SP).
Carina Fernandes,bet ixViamão (RS), também apresentou manifestações dermatológicas pós-covid. Três meses após os primeiros sintomas, ela acordou com vergões vermelhos na pele que coçavam muito. Também diagnosticada com urticária, foi submetida a um tratamento com anti-histamínico e anti-inflamatório e os sinais têm recuado.
Especialistas alertam para o riscobet ixautomedicação, e recomendam que todas as pessoas com manifestações dermatológicas agudas busquem atendimento médico, mesmo durante a pandemia, tomando todos os cuidados necessários com máscaras e distanciamento social.

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