As brasileiras que decidiram viajar à Colômbia para conseguir abortar legalmente:cbet ukm 2024

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Católica, Luzia diz que tomar a decisãocbet ukm 2024interromper a gravidez não foi fácil. "Não é confortável, não é uma decisão fácil. De repente, morrer seria uma solução para eu não ter que fazer essa escolha."
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Luzia conta que acabou fazendo um aborto legal e seguro, com assistência médica, na Colômbia — onde o aborto é legalcbet ukm 2024mais situações que no Brasil. Para viajar, ela teve ajuda do grupo Milhas pela Vida das Mulheres, que ela conheceu pesquisando na internet.
Criado pela diretora e roteirista brasileira Juliana Reis no ano passado, o grupo levou até agora oito mulheres para a Colômbia, pagando totalmente a viagem para duas delas, e ajudando as outras com informações e procedimentos.
Juliana teve interesse pelo tema durante toda a vida, por ter também passado pelo procedimento. Sempre quis ajudar mulheres a obter abortos seguros, mas no Brasil isso seria crime. O procedimento só é permitido aquicbet ukm 2024casoscbet ukm 2024estupro, anencefalia ou riscocbet ukm 2024vida para a mãe.
Então, aos 56 anos e mãecbet ukm 2024uma filha adulta, começou a oferecer apoio para que outras mulheres conseguissem ir para o exterior para interromper a gravidez.

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Mulheres que viajam para fazer abortoscbet ukm 2024países onde ele é legalizado não podem ser processadas criminalmente no Brasil, explica a criminalista Maira Zapater, professoracbet ukm 2024direito da Universidade Federalcbet ukm 2024São Paulo (Unifesp).
"O Código Penal condiciona a puniçãocbet ukm 2024um brasileiro por um crime cometido no exterior ao fatocbet ukm 2024o crime ser punível também no paíscbet ukm 2024que o ato foi praticado", diz.
"Se o aborto é realizadocbet ukm 2024outro paíscbet ukm 2024que essa conduta é legalizada, não há configuraçãocbet ukm 2024crime no Brasil por conta da territorialidade penal", concorda a advogada criminalista Julia Granado.
Granado diz ainda que as organizadoras do Milhas pela Vida das Mulheres também não podem ser acusadas criminalmente por ajudar mulheres a viajar para fazer abortos. "Não é considerado crime o auxílio a viagens", afirma.
"Se a gente estivesse falandocbet ukm 2024uma interrupção da gravidez dentro do território nacional, as pessoas que ajudam poderiam ser implicadas no crime", explica Zapater. "Mas como a pessoa que praticou o atocbet ukm 2024um local onde isso não é punível, quem ajuda também não pode ser punido."
O aborto na América Latina
A Colômbia permite o aborto desde 2006 por decisão da Suprema Corte do país, após discussões na esfera pública com pressãocbet ukm 2024grupos contra e a favor da descriminalização. Gruposcbet ukm 2024direitos das mulheres defendiam a descriminalização, enquanto grupos religiosos também fizeram pressão contra — o cardeal Pedro Rubiano, ligado a setores mais conservadores da Igreja Católica, equiparou o aborto a homicídio.
Hoje, o aborto é permitido no paíscbet ukm 2024casoscbet ukm 2024estupro, incesto, deformidade severa do feto ecbet ukm 2024risco à saúde da mulher — incluindo a saúde mental. Como se considera que obrigar uma mulher a levar uma gestação até o fim contracbet ukm 2024vontade é impor sofrimento psicológico e risco paracbet ukm 2024saúde mental, cidadãs colombianas podem fazer o procedimento pelo sistemacbet ukm 2024saúde público.
Já clínicas particulares oferecem o serviço para colombianas e estrangeiras.
A criadora do Milhas pela Vida considerou que a Colômbia era o destino mais fácil — por ser possível viajar apenas com RG e comprovantecbet ukm 2024vacinacbet ukm 2024febre amarela, facilita o processo para mulheres sem passaporte, além do espanhol ser mais compreensível para quem não tem conhecimento nenhumcbet ukm 2024outras línguas.
A diretora chegou a pensarcbet ukm 2024ajudar as mulheres a irem a outros países, mas percebeu que seria mais difícil. No Uruguai, por exemplo, abortos só podem ser feitos pelo sistema públicocbet ukm 2024saúde, que atende somente cidadãs do país para o procedimento. Países da Europa saem mais caro, ecbet ukm 2024muitos casos é preciso ter visto.
Cerca 97% das mulheres da América Latina e do Caribe vivemcbet ukm 2024locais onde a legislação proíbe ou restringe o aborto, segundo o Guttmacher Institute, organização americana que luta por direitos sexuais e reprodutivos.
Momentocbet ukm 2024desespero
Quando foi procurada por Luzia, Juliana ainda estava organizando o grupo e não tinha ajudado nenhuma mulher a ir para o país vizinho. Luzia foi a primeira.
Mãecbet ukm 2024duas filhas pequenas —cbet ukm 20241 e 4 anos — Luzia curtiu muito as duas gestações, mas não queria ter mais filhos.
"Com a mais nova, eu pareicbet ukm 2024trabalhar, minha vida mudou muito, eu vim para cá, onde pagamos aluguel", conta ela. "Meu marido não ganha mal, mas não temos dinheiro sobrando."
Ela tinha paradocbet ukm 2024tomar pílula para usar o DIU (dispositivo intrauterino), que idealmente é colocado durante o período menstrual, e estava esperando a data certa para implantá-lo quando engravidou pela terceira vez.
"Um pouco antes a gente teve uma relação (sexual) e eu tomei a pílula do dia seguinte", conta.
Mas o diacbet ukm 2024que a menstruação deveria descer passou. Depois passaram mais um, mais dois... Com a filhacbet ukm 2024um anocbet ukm 2024meio no colo, Luzia fala do desespero que sentiu quando o testecbet ukm 2024gravidez comprado na farmácia deu positivo.

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"Fiquei sem chão, fiquei muito desesperada. O que eu faço? Meu marido falou: 'Um terceiro não dá, não dá'", conta.
"Não quero ter, não quero, não reconheço... Não tive alegria, não sonhei com neném sorrindo. Eu não queria. Era uma coisa que nunca deveria ter acontecido."
"É justamente pensando no bem das minhas filhas que eu não poderia ter mais um. É um peso gigantesco, e você quer dar sempre o melhor", afirma.
"Eu pensavacbet ukm 2024parar minha vidacbet ukm 2024novo,cbet ukm 2024todos os enjoos, e barriga, e família, e o constrangimento... Nas pessoas falando que eu era loucacbet ukm 2024ter um terceiro filho, e ninguém acreditando que eu tomei a pílula, e nos boletos, nos boletos... Essa aqui entrando para a creche, pagando matrícula, mensalidade."
Com a decisãocbet ukm 2024interromper a gravidez tomada, Luzia começou a pensarcbet ukm 2024como realizar o procedimento. "A gente sabe que um montecbet ukm 2024gente faz, mas ninguém fala", diz.
Sem sabercbet ukm 2024nenhuma clínica clandestina "segura" onde pudesse fazer o aborto — que pode chegar a custar até R$ 10 mil no Riocbet ukm 2024Janeiro — Luzia comprou uma substância abortiva no centro da cidade por R$ 750. Em situação financeira muito difícil na época, precisou fazer um empréstimo para conseguir esse valor.
Quando a pílula não fez efeito, o desespero a levou a comprar as agulhascbet ukm 2024crochê. "Eu pensei: na época da minha avó todo mundo enfiava as coisas lá dentro. Vou fazer isso também. Saí abrindo gaveta, vendo brinquedo... e não tinha nada que servisse. Aí comprei, comprei (as agulhas)."
Como conseguiu ir para a Colômbia, ela desistiu do aborto caseiro.
O foco do grupo Milhas pela Vida das Mulheres é atender mulherescbet ukm 2024condiçãocbet ukm 2024vulnerabilidade social — pessoas excluídas socialmente, principalmente (mas não somente) por fatores socioeconômicos.
A entidade então não pagou pela viagemcbet ukm 2024Luzia, que écbet ukm 2024classe média, mas forneceu informações e apoio para ela saber como fazer o procedimento no exterior.
"Apesarcbet ukm 2024estar quebrada (financeiramente), minha maior dificuldade era mesmo orientação", conta Luzia, que não contou sobre o procedimento para ninguém além do marido. "Se não fosse ela na minha vida, eu não sei como eu ia fazer. De repente, eu iria na cara e na coragem e teria dado errado."
Tema controverso
No Brasil, o Código Penal, que estabelece que aborto é crime exceto nas hipótesescbet ukm 2024risco à vida e estupro, écbet ukm 20241940. A possibilidadecbet ukm 2024abortocbet ukm 2024casocbet ukm 2024anencefalia existe desde decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)cbet ukm 20242012.
Já foram feitas diversas tentativascbet ukm 2024modificar a legislação nos dois sentidos. Um projetocbet ukm 2024leicbet ukm 20241991 para descriminalizar o abortocbet ukm 2024mais casos, por exemplo, foi arquivadocbet ukm 20242008. Outro projeto, o estatuto do nascituro,cbet ukm 20242010, visava proibir o abortocbet ukm 2024todos os casos e tornar as penas mais rigorosas. Ele foi arquivado, mas há outro projeto semelhantecbet ukm 2024tramitação.
Embora existam muitos grupos que peçam a descriminalização, também existe forte pressão contrária, vinda principalmentecbet ukm 2024grupos religiosos, que têm forte representação na Câmara dos Deputados — juntas, as bancadas católica e evangélica têm 311 deputados, formando maioria. Isso torna improvável que uma descriminalização, na atual configuração da Casa, venha pelo Poder Legislativo.
Também existe uma ação que pede a descriminalização do aborto na fila para ser julgada pelo STF, mas não há previsão para seu julgamento.

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Segundo a última pesquisa feita para medir a posição da população, do Datafolha**,cbet ukm 2024dezembrocbet ukm 20242018, 41% dos brasileiros são contrários a qualquer tipocbet ukm 2024aborto, ou seja, mesmocbet ukm 2024casoscbet ukm 2024estupro, anencefalia ou risco à vida da mãe, como permite hoje a legislação.
Em audiências públicas feitas pelo STF no ano passado, as pessoas selecionadas para apresentar argumentos contra a descriminalização tiveram como argumentação central "que a vida começa na concepção" e que o aborto seria uma violação do artigo da Constituição que garante "o direito à vida", como mostra reportagem feita pela BBC News Brasil.
Já os defensores da descriminalização levam argumentos como os efeitos da legislação na saúde das mulheres, como as mortes provenientescbet ukm 2024abortos inseguros, o fato do Estado ser laico e a questão da desigualdade social, com as mulheres mais pobres sendo as mais afetadas pela legislação.
Segundo o Datafolha, 34% dos brasileiros são a favorcbet ukm 2024manter a legislação como está e 22% das pessoas acreditam que o aborto deveria ser permitidocbet ukm 2024mais situações ou totalmente. O instituto mostra que há uma variação pequenacbet ukm 2024opinião entre homens e mulheres, mas as diferenças principais são com relação à escolaridade e à renda: mais ricos e com mais tempocbet ukm 2024estudo tendem a defender menos restrições à interrupção da gravidez.
'Quem tem dinheiro faz'
Como o tema é delicado, Juliana procurou a ajuda da assistente social e das advogadas do coletivo feminista Marias Feministas para ter apoio institucional. As ativistas ajudaram, por exemplo, a escrever um termo para que as mulheres que desejam viajar deixem claro que o fazem porcbet ukm 2024própria vontade.
"Não é só uma garantia jurídica. A gente ajuda, mas quer que a mulher seja a protagonista", diz Juliana.
O Milhas pela Vida diz ter sido procurado por maiscbet ukm 202460 mulheres desde que foi criado. "O que me chocou foi quecbet ukm 2024quase todos os casos eu era a única pessoa com quem aquelas mulheres falavam sobre o assunto", diz Juliana. "Isso mostra a solidão e o tamanho da violência que as mulheres sofrem com a proibição."
O Milhas pela Vida passou para Luzia as informações sobre o Profamília, organização privadacbet ukm 2024planejamento familiar sem fim lucrativos que oferece, na Colômbia, orientação sobre métodos anticoncepcionais, infecções sexualmente transmissíveis e procedimentoscbet ukm 2024interrupção da gravidez a baixo custo.
Imediatamente, ela entroucbet ukm 2024contato com a instituição e começou a ir atrás dos documentos e exames necessários.
"O processo não é muito rápido. Eu descobri a gravidez com 33 dias e viajei com 11 semanas", conta Luzia. Em Bogotá, ficou hospedadacbet ukm 2024um hotel perto da clínica e fez o procedimento dois dias depoiscbet ukm 2024chegar, após as consultas e exames iniciais.

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Ela conta que ficou acordada durante o procedimento, feito por um médico, uma médica assistente e acompanhado por uma enfermeira. "Foram menoscbet ukm 202415 minutos. Eu tomei a anestesia, senti um 'espeto' e quando o médico falou 'acabou', eu chorava, chorava... Era um sorriso, e as lágrimas caindo. A enfermeira perguntou 'o que aconteceu, você está bem?'. Eu falei 'tô ótima!'."
"Foi um alívio, um alívio", diz ela. Na salacbet ukm 2024repouso tomou soro na veia e recebeu uma bandeja com um biscoitinho integral e uma xícaracbet ukm 2024chá. "Era um biscoitinho ruim, mas era um delícia... Nunca comi um biscoito tão bom. E eu detesto chá, mas aquele chá eu tomei até a última gota", diz.
Luzia vestiu a roupa e voltou ao hotel andando. "Eu me senti digna. Saí, ninguém me olhou torto, ninguém me julgou."
"É uma coisa que ninguém tinha que se meter nacbet ukm 2024vida", diz ela. "É uma escolha que eu façocbet ukm 2024como eu quero criar meus filhos. Uma escolhacbet ukm 2024poder pagar o colégio das minhas filhas, porque se tivesse um terceiro aqui estaria complicado para todo mundo, inclusive para elas. E não só pela questão financeira, eu ia estar estressada, ia estar gritando."
Apesarcbet ukm 2024estarcbet ukm 2024uma situação financeira muito complicada, ela tinha crédito. Fez um empréstimo e parcelou a passagemcbet ukm 2024dez vezes no cartãocbet ukm 2024crédito. "Foi difícil porque que eu estava muito sem dinheiro. Mas no final ficou mais barato do que seria fazer o procedimento ilegalmente no Brasil."
Mulherescbet ukm 2024baixa renda, no entanto, provavelmente não conseguiriam fazer o mesmo.
"É nessa mulher, quer não tem acesso, que não tem dinheiro, que a gente quer chegar", diz Juliana. "Nessa mulher que sem um apoio iria acabar morrendo."
"Aborto pode ser ilegal, mas quem tem dinheiro faz. Quer seja ilegalmente aqui, quer seja viajando. Mas quem é pobre fazcbet ukm 2024maneira precária e morre", diz Juliana.
Umacbet ukm 2024cada 5 mulheres no Brasil aos 39 anoscbet ukm 2024idade já fez ao menos um aborto, segundo a Pesquisa Nacional sobre Aborto, feita pela última vezcbet ukm 20242016. São cercacbet ukm 2024500 mil procedimentos feitos por ano no país, apesarcbet ukm 2024ser crime.
Cercacbet ukm 2024200 mil mulheres por ano acabam internadas no Brasil como resultadocbet ukm 2024complicações geradas por abortos inseguros, segundo dadoscbet ukm 20242017 do SUS (Sistema Únicocbet ukm 2024Saúde). O Ministério da Saúde diz que maiscbet ukm 2024200 mulheres morrem por ano graças a abortos inseguros, e diversas pesquisas apontam que esse número pode estar subnotificado.
Sem dinheiro para tomar água
A ideiacbet ukm 2024Juliana inicialmente era usar doaçõescbet ukm 2024milhas aéreas para pagar as viagens das mulheres — daí o nome do grupo — mas ela descobriu que operacionalizar isso era complicado. Ela começou então a recolher doaçõescbet ukm 2024dinheiro por meiocbet ukm 2024financiamento coletivo.
Foram doações que pagaram a viagem da universitária Sofia*, do Rio Grande do Norte. Ela foi a primeira mulher a viajar com todos os gastos pagos pela ONG.
Vivendo com uma bolsacbet ukm 2024estudoscbet ukm 2024R$ 400 por mês e lutando contra uma depressão, Sofia descobriu, aos 26 anos, que estava grávida.
"Fiquei desesperada, com muito medo e muito triste, minha depressão ficou ainda mais profunda", conta ela, que já tem um filho pequeno, quecbet ukm 2024mãe ajuda a criar para que ela possa frequentar a faculdade.
"Eu só conseguia pensar 'não dá, não quero, não posso'. Eu não tinha nenhuma estrutura — nem emocional nem financeira — para ter outro filho naquele momento."
"Eu ficava boa parte do dia chorando, sem ânimo para fazer nada, e a depressão foi piorando", diz ela. "Não imaginava continuar vivendo, não imaginava a vida depois disso."
Foi seu psicólogo quem mostrou uma reportagem sobre a ONG. "Vi que era tudo legalizado, gratuito, e mandei mensagem", conta Sofia.
Quando souberam dos planoscbet ukm 2024Sofia, seus amigos e o namorado ficaram preocupados. "Eles não sabiam se era confiável, eu mesma pensei na possibilidadecbet ukm 2024ser tráficocbet ukm 2024pessoas", diz ela. "Fiquei com muito medo, mas entre o medo e a possibilidadecbet ukm 2024dar certo, eu resolvi arriscar."
Sofia nunca tinha viajadocbet ukm 2024avião ou saído do país. Moradoracbet ukm 2024um Estado onde faz calor na maior parte do tempo, ela não tinha nem roupacbet ukm 2024frio para levar para Bogotá, onde as temperaturas mínimas chegavam a 7ºC.
Preocupada com o avanço da gestação, ela organizou a viagem às pressas. "Nem sapato eu tinha levado. Mas tinha meia, então fiquei andandocbet ukm 2024havaiana e meia", conta.
Quando Sofia já estavacbet ukm 2024Bogotá, Juliana percebeu pelas conversas que a jovem estava esperando o café da manhã para tomar água, já que não podia pagar pelos itens do frigobar do hotel. Também não tinha dinheiro para comprar absorvente higiênico (necessário caso haja sangramento após o procedimento).
"Combinei com o hotel para que ela fizesse suas refeições por lá e nós pagamos", diz a diretora da ONG. "E consegui organizar para que ela se encontrasse com outra mulher que ajudamos a viajar para que emprestasse um absorvente para ela."
Sofia chegoucbet ukm 2024Bogotácbet ukm 2024uma sexta-feira, quando já fez a consulta com o médico, e fez o procedimento na segunda.

Crédito, Agência Brasil
Ela também ganhou gratuitamente um DIU do projeto Profamilia colombiano, que foi colocado logo após a interrupção da gravidez, aproveitando a anestesia geral que ela tinha tomado.
O apoio para o planejamento familiar e a contracepção é parte central do trabalho da entidade — o objetivo é evitar que, sem acesso a contracepção, a mulher engravide novamente e faça outro aborto.
Uma reportagem da BBC News Brasilcbet ukm 2024junhocbet ukm 20242018 mostrou as falhas do sistema públicocbet ukm 2024saúde brasileirocbet ukm 2024prover métodos contraceptivos a mulheres. Em alguns Estados, o DIU, por exemplo, nem sequer é oferecido.
O númerocbet ukm 2024abortos diminuiu nos países onde o procedimento é legalizado, segundo um estudo da OMS (Organização Mundialcbet ukm 2024Saúde) com o Guttmacher Institute. O índice caiucbet ukm 202439% (das gestações terminandocbet ukm 2024abortos) entre 1990 e 1994 para 28% entre 2010 e 2014. Uma das explicações é justamente a orientação, que evita abortos repetidos.
"Assumir um filho inclui muitas questões, financeiras, físicas e emocionais", afirma a psicóloga Bruna Falleiros,cbet ukm 2024um coletivo que dá apoio e atuacbet ukm 2024parceria com o grupocbet ukm 2024Juliana.
"O estresse que a mulher vivencia quando ela não quer levar uma gestação até o fim e é obrigada pode ser comparado a uma tortura, porque é algo que está sendo feito ao corpo dela", diz Falleiros.
Ativismo pela descriminalização
Juliana foi inspirada a criar o grupo pela história da brasileira Rebeca Mendes, que tentou obter autorização para fazer um aborto na Justiça, mas sem poder esperar pelo resultado, acabou indo para a Colômbia para interromper a gravidez. Ela diz que o aumento do conservadorismo no Brasil foi também uma motivação.
"Por mais que pareça o contrário, acredito mesmo que quanto mais o absurdo tenta abaixar o teto, mais capazes nos tornamoscbet ukm 2024trocar o telhado."
A diretora também é ativista pela descriminalização do aborto no Brasil.
"Somos um grupo formado por mulheres que querem mudar a legislação e que ajuda outras mulheres que não podem esperar por essa mudança", diz ela. "O momento da operação Milhas é este: desobediência civil, sem desrespeitar a lei. Está na horacbet ukm 2024tirar o aborto do armário."
*O nome das entrevistadas foi alterado para preservarcbet ukm 2024privacidade.
**A pesquisa foi feita 18 e 19cbet ukm 2024dezembrocbet ukm 20242018, com 2.077 entrevistadoscbet ukm 2024130 cidades do país todo. O nívelcbet ukm 2024confiança da pesquisa é 95% e a margemcbet ukm 2024erro écbet ukm 2024dois pontos percentuais.

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