Por que Bolsonaro não deveria fazer ‘aposta’ com Macron e Merkel sobre desmatamento na Amazônia:lampionsbet apk

lampionsbet apk Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) repetiulampionsbet apkpelo menos duas ocasiões um "desafio" ao presidente da França, Emmanuel Macron, e à primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel: ambos deveriam sobrevoar um trecho da floresta amazônica com ele e "se eles encontrarem um quilômetro quadradolampionsbet apkdesmatamento entre Boa Vista e Manaus, concordaria com eles (sobre política ambiental)".

O problema das apostas "propostas" na reunião do G20 no Japãolampionsbet apkjunho e no encontro com deputados da bancada ruralista neste mês é que há sim desmatamento no trecho entre as capitais do Amazonas elampionsbet apkRoraima, e ele aumentou durante a gestãolampionsbet apkBolsonaro: a área perdeu completamente ou degradou 231 quilômetros quadradoslampionsbet apkfloresta ali entre janeiro e junholampionsbet apk2019, segundo dados do próprio governo elampionsbet apkONGs independentes.

Além disso, há estradas, cidades, propriedades rurais e outros trechos mais antigos sem florestas entre as duas cidades.

Os dados são oficiais, do Instituto Nacionallampionsbet apkPesquisas Espaciais (Inpe), organizados pela plataforma MapBiomas. Foram coletados por meiolampionsbet apkum sistema do Inpe chamado Deter (Detecção do Desmatamentolampionsbet apkTempo Real), que usa imagenslampionsbet apksatélite para vigiar a floresta.

A reportagem da BBC News Brasil também procurou o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) para tentar responder ao mesmo desafio feito por Bolsonaro à alemã e ao francês.

A resposta é a mesma do Inpe:lampionsbet apkjaneiro a maiolampionsbet apk2019, o Sistemalampionsbet apkAlertalampionsbet apkDesmatamento (SAD) do Imazon registrou 922 ocorrênciaslampionsbet apkdesmatamento elampionsbet apkdegradação da floresta no trecholampionsbet apk660 km entre as duas cidades.

O Imazon é conhecido por fazer, desde a décadalampionsbet apk1990, o monitoramento por satélite da Amazônia. É uma organização da sociedade civil e usa informações diferentes daquelas do Inpe - que é um instituto governamental.

Na segunda-feira (15), o Imazon divulgou um novo balanço para a evolução do desmatamento na Amazônia: foram cercalampionsbet apk3.700 quilômetros quadradoslampionsbet apkflorestas perdidos ou degradados ao longolampionsbet apkum ano, no período que se encerrou no fimlampionsbet apkjunho. É duas vezes e meia a área do municípiolampionsbet apkSão Paulo.

O mêslampionsbet apkjunho último foi olampionsbet apkmaior desmatamento na Floresta Amazônica desde 2015, segundo o Inpe. Foram 920,4 quilômetros quadrados perdidos - um aumentolampionsbet apk88%lampionsbet apkrelação ao mesmo período do ano passado.

'Quadro mais desolador'

Segundo o pesquisador Carlos Souza Jr., do Imazon, no entanto, este trecho nem é o mais preocupante - há áreas bem piores.

Um sobrevoo entre Santarém (PA) e Cuiabá (MT), por exemplo, mostraria um quadro ainda mais desolador e a "real situação do desmatamento na Amazônia", segundo Souza Jr.

"Se eles voassemlampionsbet apkSantarém (PA) até Cuiabá (MT), veriam uma dinâmicalampionsbet apkdesmatamento muito intensa, especialmente ao longo da BR 163 no Pará; no nortelampionsbet apkMato Grosso, na divisa com o Pará. Na regiãolampionsbet apkApuí (AM), e na Boca do Acre (AM) também, ao longo da BR 319. Estas são as novas fronteiras, os novos pulsoslampionsbet apkdesmatamento na Amazônia", diz Souza Jr. "A Amazônia tem hoje esses novos 'hotspots', ou áreas críticaslampionsbet apkdesmatamento."

Segundo ele, os cálculos mais recentes apontam que, até hoje, cercalampionsbet apk20% da floresta amazônica já foram destruídos completamente.

Além disso, diz o pesquisador, há outros elementos que são preocupantes para a comunidade científica, além do desmatamento propriamente dito: há a degradação da floresta provocada por queimadas, por extração ilegallampionsbet apkmadeira e por estradas clandestinas, por exemplo. Sólampionsbet apkestradas não oficiais, são maislampionsbet apk300 mil km abertos, segundo dados do Imazon compilados pelo pesquisador.

"Isso acaba projetando uma árealampionsbet apkrisco para a Amazônia bem maior que a fronteira oficiallampionsbet apkdesmatamento", diz Souza Jr, que coordena o programalampionsbet apkmonitoramento do Imazon e concluiu um doutorado sobre o assunto na Universidade da Califórnialampionsbet apkSanta Bárbara, nos EUA.

'Você vai ver que está muito preservada'

Na última quarta-feira (10), a reportagem da BBC News Brasil abordou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,lampionsbet apkBrasília, e perguntou sobre a propostalampionsbet apkfazer o sobrevoo entre Manaus e Boa Vista. Ele disse apenas que é importante ficar atento às informações sobre o desmatamento na região - e que já sobrevoou este trecho. "Acho que vale a pena realmente dar uma olhada nisso aí. Ver como está a região da Amazônia. Você vai ver que está muito preservada", disse.

Em meadoslampionsbet apkjunho, o ministro concedeu uma entrevista mais longa à BBC News Brasil durante a reunião do G20. Segundo ele, o Brasil continua tendo políticas "exemplares" lampionsbet apkpreservação da Amazônia.

"O Brasil segue sendo o mesmo país que preserva o meio-ambiente. Todas essas questõeslampionsbet apkpreservação da Amazônia seguem sendo exemplares. Se sairmos do campo da especulação, qualquer analistalampionsbet apkboa fé vai achar que o Brasil continua a fazer as medidas que sempre fez, mas agora com geraçãolampionsbet apkresultados. O Brasil continua sendo exemplolampionsbet apkconservação, e nenhuma medida concreta foi tomada pelo governo contra a preservação", disse o ministro.

Na mesma entrevista, Salles disse ter herdado uma estrutura "sucateada"lampionsbet apkgovernos anteriores, com veículos quebrados, prédios abandonados e apenas metade dos funcionários necessários. "Então, se houve desmonte das políticas ambientais, foram as gestões anteriores", disse.

No começo deste mês, o ministro-chefe do Gabinetelampionsbet apkSegurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse à BBC News Brasil que os índiceslampionsbet apkdesmatamento na Amazônia são "manipulados".

"A Amazônia é brasileira e quem tem que cuidar dela somos nós. Esses índiceslampionsbet apkdesmatamento são manipulados. Se você somar os porcentuais que já anunciaram até hojelampionsbet apkdesmatamento na Amazônia, a Amazônia já seria um deserto. No entanto, nós temos muito mais da metade da Amazônia intocada. E os países que nos querem cobrar o comportamento que eles acham correto nunca seguiram esse comportamento. O maior preservadorlampionsbet apkambiente do mundo é o Brasil", afirmou na entrevista.

Mas não é o que pensam os pesquisadores que trabalham com este tipolampionsbet apkmonitoramento.

"O Brasil tem um sistemalampionsbet apkmonitoramento (do desmatamento) que é reconhecido mundialmente, seja pela academia, pelos cientistas e por governos", diz Carlos Souza Jr, do Imazon.

"É o mesmo sistema que foi usado para controlar o desmatamento, quando nós tivemos,lampionsbet apk2004 a 2012 essa redução significativa, que foi reconhecida como a maior contribuiçãolampionsbet apkuma nação para a redução na emissãolampionsbet apkgases do efeito estufa", diz ele.

"O sistema do Inpe, que é o dado oficial, tem um alto graulampionsbet apktransparência. Os dados estão disponíveis na internet, e é possível replicá-los", diz Carlos Souza Jr.

Para o pesquisador Luís Fernando Guedes Pinto, do Imaflora, a "aposta" reiterada pelo presidente da República põe o país numa situação frágil, diantelampionsbet apkoutras nações.

"Significa que, ou nós ignoramos um dado que é amplamente conhecido e que é inclusive é alvolampionsbet apkobservaçãolampionsbet apkentidadeslampionsbet apkfora do Brasil; ou então é um enorme blefe, com um risco político muito alto."

No exterior, o monitoramento da destruição da Amazônia é feito por ferramentas como o Global Forest Watch, mantido pela organização sem fins lucrativos World Resources Institute, sediadolampionsbet apkWashington (EUA).

"Em breve o Brasil vai divulgar os dados oficiais, do Inpe (relativos ao acumulado do último ano). Aí o governo brasileiro vai ter que se posicionar", diz Guedes Pinto.

O que causa desmatamento na Amazônia?

Há hoje um relativo consenso entre pesquisadores sobre a forma como o desmatamento acontece na Amazônia. O principal motor da destruição da floresta não é a agricultura ou a pecuária, como às vezes se imagina, e sim a especulação imobiliária.

Devasta-se a floresta para abrir loteamentos rurais, na expectativalampionsbet apkque as áreas sejam mais tarde regularizadas pela União.

"A área já desmatada na Amazônia corresponde a duas vezes o território da Alemanha, e desse total, pelo menos 63% estão cobertos com pastagenslampionsbet apkbaixíssima qualidade, com no máximo um boi por hectare. São áreaslampionsbet apkpouca produtividade, que não ajudam a produzir riqueza para o Brasil", diz Carlos Rittl, que é doutorlampionsbet apkbiologia tropical e secretário-executivo do Observatório do Clima.

"E um quarto dessas áreas está abandonada completamente. O desmatamento não produziu nada", diz Rittl.

A Amazônia, diz ele, traz uma sérielampionsbet apkbenefícios para o país - desde a regulação do clima até a reproduçãolampionsbet apkinsetos e animais que servem para a polinização das plantas usadas na agricultura.

Os anoslampionsbet apkmenor desmatamento da Amazônia foram tambémlampionsbet apkcrescimento do PIB agrícola do país, o que mostra que não há incompatibilidade entre as duas coisas, segundo Rittl.

Guedes Pinto, do Imaflora, diz que o desmatamento ilegal na Amazônia acontece principalmentelampionsbet apkterras públicas que não foram destinadas ainda - isto é, que não foram transformadas numa unidadelampionsbet apkconservação, numa terra indígena ou numa área privada.

"(O desmatamento é parte de) uma disputa por terra, e a 'melhor' formalampionsbet apkocupar essa terra é desmatar. A floresta do Jamanxim é um exemplo clássico,lampionsbet apkum local que foi desmatado na expectativalampionsbet apkque fosse desafetado (liberado para o uso privado)", diz ele.

A Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim têm sido alvolampionsbet apkpressão política nos últimos anos para ter alampionsbet apkárea reduzida - o que veio acompanhadolampionsbet apkforte desmatamento.

"Você entra lá, bota fogo, planta um pasto e coloca um boi. E depois espera que o governo desafetar aquela área. Aí você a vende valendo mais. Isso acontece porque existe a expectativalampionsbet apkmudanças no status legal daquela área", diz Guedes Pinto, que é engenheiro agrônomo e doutorlampionsbet apkAgronomia.

lampionsbet apk Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube lampionsbet apk ? Inscreva-se no nosso canal!