Transporte público: Estudoroleta duplaOxford mostra que obras da Copa e Olimpíada beneficiaram mais ricos que pobres:roleta dupla

Linha 4 do Metrô, chegada à estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, no Rioroleta duplaJaneiro.

Crédito, Fernando Frazão/Agência Brasil

Legenda da foto, Construída como parte dos investimentosroleta duplamobilidade urbana no Rio, a linha 4 do metrô foi aberta ao públicoroleta duplasetembroroleta dupla2016

"Apesar dos novos investimentos, as condiçõesroleta duplatransporte no Rio pioraram entre 2014 e 2017 devido a reorganização dos serviçosroleta duplaônibus e a crise econômica que atingiu o Rio após 2016. Os mais prejudicados foram as pessoasroleta duplamais baixa renda, dos bairros periféricos, que já eram os que menos ganharam acessibilidade com as obras e os investimentos", atesta o pesquisador, que transformou o legado do transporte urbano após os grandes eventos no Rioroleta duplatemaroleta duplateseroleta dupladoutoradoroleta duplaOxford, na Inglaterra.

"Se não tivesse havido crise, os investimentos poderiam ter aumentado o acesso da população a oportunidades, mas ainda assim os ganhosroleta duplaacessibilidade seriam maiores para populaçãoroleta duplamédia e alta renda", completa, explicando que,roleta duplaum curto prazo, a crise econômica anulou os efeitos positivos do legado dos megaeventos para o transporte.

Temporoleta dupladeslocamento

Foto do pesquisador Rafael Pereira com gráficos ao fundo

Crédito, Cortesia/Valeria Gelman (2018)

Legenda da foto, Rafael Pereira, pesquisador: 'Os mais pobres são os que menos ganharam e os que mais perderam'

As conclusõesroleta duplaPereira não se limitam a análiseroleta duplaacesso aos locais onde houve eventos.

A pesquisa analisou toda a infraestruturaroleta duplatransporte existenteroleta dupla2014 eroleta dupla2017. Também cruzou dados como a localizaçãoroleta duplatodas as escolas, hospitais e postosroleta duplatrabalho do Rio com a malha viária, trajetos e horáriosroleta duplatodas as linhasroleta duplaônibus da cidade, além da renda média da populaçãoroleta duplacada região.

"Queria saber quantas pessoas chegariamroleta dupladeterminado hospital, escola e vagasroleta duplatrabalhoroleta duplaaté uma hora e quem eram essas pessoas,roleta duplatermosroleta duplarenda", explica Pereira.

Ele aplicou a mesma tecnologia usada pelos mapas da Google (GTFS) para calcular o temporoleta dupladeslocamentoroleta duplaporta a porta a cada 20 minutos, no período entre as 7h e as 19h. O bancoroleta dupladados era tão grande que foi preciso usar o servidor do Departamentoroleta duplaGeografiaroleta duplaOxford, já que o computador pessoal do pesquisador não tinha capacidade para cruzar tantos dados ao mesmo tempo.

No caso do Rio, para mensurar o efeito que havia antes e comparar com o que houve depois dos eventos, Pereira usou um modelo matemático para isolar o impacto da crise econômica que, segundo ele, normalmente faz com que as empresasroleta duplaônibus demitam, reduzam frotas e reorganizem horários e linhas diante da queda do númeroroleta duplapassageiros provocada pelo desemprego e recessão.

Diferença

O estudo mostra queroleta dupla2014 o nívelroleta duplaacesso a postosroleta duplatrabalho com deslocamentoroleta duplaaté uma hora era 84% maior para os 20% mais ricos quando comparado aos 20% mais pobres do Rio. Em 2017, essa diferença aumentou para 116%. Se não houvesse a crise, seria 92% maior para os com a renda mais alta.

Entre 2014 e 2017 o númeroroleta duplaempregos e a quantidaderoleta duplaescolas públicas acessíveis para populaçãoroleta dupladeslocamentosroleta duplaaté uma hora caíram cerca 4,5% e 6%, respectivamente. "Essa queda foi ainda maior para bairrosroleta duplamais baixa renda", diz o pesquisador.

Por outro lado, o acesso a unidadesroleta duplasaúde já era razoavelmente bom antes dos jogos: cercaroleta dupla95% da população do Rio consegue chegarroleta duplaaté uma horaroleta duplatransporte coletivo ou a pé a pelo menos um hospitalroleta duplaalta complexidade. Mas, se a análise levarroleta duplaconta um deslocamentoroleta dupla30 minutos, esse número cai para 73%.

Ao comparar o temporoleta dupladeslocamentoroleta dupla2014 eroleta dupla2017, contudo, houve um aumento do tempo para acessar hospitais que variou entre 1,5% a 7,5%, a depender do grauroleta duplacomplexidade da unidaderoleta duplasaúde. Segundo o pesquisador, isso aconteceu por causa da reorganização das linhas.

"A conclusão é que o legado dos megaeventos (para o transporte) foi maior para as classes média e alta, aumentando a desigualdaderoleta duplaacesso a oportunidades", assinala o Rafael Pereira.

roleta dupla 'Os mais pobres são os que menos ganha roleta dupla ra roleta dupla m e os que mais perderam'

Roberto Santos, no Rioroleta duplaJaneiro

Crédito, Cortesia/Roberto Santos

Legenda da foto, Moradorroleta duplaSanto Cristo, bairro da zona portuária na região central, Santos diz que o deslocamento ficou mais complicado e demorado

Roberto Santos,roleta dupla48 anos, sente todos os dias o os efeitos do que é indicado pelas estatísticas do estudo conduzido Oxford. Desde 2005 morando no bairroroleta duplaSanto Cristo, na zona portuária no centro do Rio, Santos diz que o deslocamento ficou mais complicado e demorado,roleta duplaespecial no fim da noite e na madrugada.

Ele estuda à noite na UFRJ (Universidade Federal do Rioroleta duplaJaneiro) e conta que voltar tarde da universidade é sempre complicado. Antes, diz ele, com um único ônibus chegavaroleta duplacasa. Agora, precisa ir até a Central do Brasil - e, a depender do horário, volta a pé.

"De um modo geral os grandes eventos não trouxeram benefícios para quem mais precisa. O grande legado é um transporte ineficaz, mesmo pra quem mora na região mais central. Com a crise, então, piorou para quem, como eu, moraroleta duplaSanto Cristo, ou na Gamboa e na Saúde e dependeroleta duplatransporte público. Concordoroleta duplagênero, número e grau com esse pesquisador. Os mais pobres são os que menos ganham e os que mais perderam, é exatamente o que está acontecendo", diz Santos, que também é pesquisador e atua como líder comunitário.

Santos diz que a mobilidade piorou desde que começaram as obras para recuperar a zona portuária, aindaroleta dupla2009, com remanejamentoroleta duplalinhas e rotas. Mas, para ele, as novas opçõesroleta duplatransporte como o VLT (Veículo Leve sob Trilhos) no centro do Rio "sempre foi um meioroleta duplatransporte mais pensado para os turistas que para os moradores locais".

Ele reclama ainda que a população nunca é consultada sobre as decisõesroleta duplacriar e mudar linhas e rotasroleta duplaônibus.

Rioroleta duplaJaneiro - Viagem inaugural do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Carioca, no centro da cidade

Crédito, Fernando Frazão/Agência Brasil

Legenda da foto, Entre os principais projetosroleta duplamobilidade no Rioroleta duplaJaneiro está o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)

Solução para o problema

O pesquisador Rafael Pereira pondera, contudo, que o Rio tem uma grande chanceroleta duplamelhorar o deslocamentoroleta duplaquem mais precisaroleta duplatransporte coletivo.

Alémroleta duplaalterar linhas e rotas já existentes para melhorar o acesso, por exemplo, dos com menor renda, a implantação das linhas do corredor BRT TransBrasil, uma conexão rápida para ônibus que deveria ter sido entregue para as Olimpíadasroleta dupla2016, pode impactar a acessibilidade da população a oportunidadesroleta duplaemprego para diferentes gruposroleta duplarenda.

O plano operacional e o trajeto do BRT ainda não foram concluídos e há dúvidas se a implementação será parcial ou total por faltaroleta duplarecursos - as obras haviam sido iniciadasroleta dupla2015 e interrompidasroleta duplaagosto do ano seguinte. Chegaram a ser retomadasroleta dupla2017 mas foram paralisadas novamente. Depoisroleta duplacinco mesesroleta duplainterrupção recomeçaramroleta duplajulho.

"A implementação completa do BRT poderia beneficiar cercaroleta dupla58% da população do município do Rio com um aumento médiaroleta dupla11% do númeroroleta duplaempregos acessíveis . Poderia gerar ganhosroleta duplaacesso a empregos ainda maiores para populaçãoroleta duplabaixa renda - aproximadamente 23% - e contribuir para diminuir a desigualdaderoleta duplaacesso a oportunidades", avalia Pereira.

Obrasroleta duplafutura estação do BRT Transbrasil, na Avenida Brasil, alturaroleta duplaManguinhos, no Rioroleta duplaJaneiro.

Crédito, Fernando Frazão/Agência Brasil

Legenda da foto, Obrasroleta duplafutura estação do BRT Transbrasil, no Rio: O plano operacional e o trajeto do BRT ainda não foram concluídos

O outro lado

Procurada por meio da assessoriaroleta dupla10roleta dupladezembro, a Secretaria Municipalroleta duplaTransporte do Rio não respondeu aos questionamentos da repórter nem comentou a pesquisa conduzidaroleta duplaOxford até o fechamento dessa reportagem.

O Institutoroleta duplaPolíticasroleta duplaTransporte e Desenvolvimento (ITDP), que mede indicadores das 26 capitais eroleta duplanove regiões metropolitanas, afirma que os resultados apresentados pela pesquisa conduzidaroleta duplaOxford "são consistentes com análises mais simples" que o instituto fazroleta duplaforma regular e nas quais foram identificadas que "houve ganhos maiores para a populaçãoroleta duplamaior renda do que para a populaçãoroleta duplamais baixa renda".

O ITDP é uma organização sem fins lucrativos que promove projetosroleta duplatransporte público e desenvolvimento sustentável a partirroleta duplaações conjuntas entre órgãos governamentais e sociedade civil.

Segundo informou o instituto, o Rio aumentouroleta dupla52% a extensãoroleta duplacorredoresroleta duplatransporte como resultado dos investimentos para a Olimpíadaroleta dupla2016, mas o percentualroleta duplapopulação próximo a essa rede cresceu apenas 5%.

O estudoroleta duplaRafael Pereira se limitou a cidade do Rio e, por isso, não incluiu, por exemplo, a região metropolitana onde,roleta duplaacordo com o ITDP, a cobertura da rederoleta duplatransporte é ainda menor.

Ele, que também é pesquisador do Ipea (Institutoroleta duplaPesquisa Econômica Aplicada), se prepara para estender a metodologia usada no caso do Rio para avaliar a mobilidade e o acesso a oportunidadesroleta duplaoutras capitais com base na renda da população.

A princípio, vai calcular quem mais e quem menos tem acesso a hospitais, escolas e oportunidadesroleta duplatrabalhoroleta duplaaté uma horaroleta duplaônibus, a pé eroleta duplabicicletaroleta duplaSão Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Fortaleza

Ele espera que essa metodologia ajude os municípios a redefinir rotas e linhas para facilitar o acessoroleta duplaquem mais precisa do transporte coletivo.

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