Estudo identifica Amazônia como origem do mais recente surtovaidebet foliafebre amarela no Brasil:vaidebet folia

Amazônia

Crédito, AFP/Getty Images

Legenda da foto, Surto recentevaidebet foliafebre amarela foi caracterizado pela transmissão silvestre da doença, por insetos do gênero Haemagogus e Sabethes
Kit para exame

Crédito, Nuno Faria

Legenda da foto, Pesquisadores conseguiram traçar a composição genética do vírus

Origem

"Baseadovaidebet foliaum novo método para analisar dados epidemiológicos e nos dados genéticos analisadosvaidebet foliaMinas Gerais, descobrimos que, apesarvaidebet foliaser o maior surto que o Brasil vivenciouvaidebet foliamaisvaidebet folia100 anos, ele foi caracterizado por uma transmissão silvestre,vaidebet foliaque todos os casosvaidebet foliahumanos eram, no fundo, resultadovaidebet foliauma picadavaidebet foliaum mosquito silvestre que existe predominantementevaidebet foliaflorestas e áreas rurais", resumiu Alcântara.

O vírus da febre amarela tem dois ciclos epidemiológicos. No silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus - não por acaso, na época do auge do surto no Brasil, o maiorvaidebet foliacem anos, foram dezenasvaidebet foliacasosvaidebet foliamacacos mortos encontradosvaidebet foliaparques.

Neste caso,vaidebet foliaregiõesvaidebet foliamata, insetos -vaidebet foliageral dos gêneros Haemagogus e Sabethes - picam os primatas e eles podem transmitir a doença a seres humanos que vivam na região.

Já na cidade, o mais comum é que a transmissão ocorra pelo mosquito Aedes aegypti, conhecido por transmitir dengue e zika. Neste tipovaidebet foliacontaminação, o inseto passa o vírusvaidebet foliaum humano para outro. O último surtovaidebet foliafebre amarela urbana no Brasil aconteceuvaidebet folia1942.

Macaco

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Macacos servemvaidebet foliahospedeiros do vírus da doença

Panorama

"A floresta amazônica é uma região 'reservatório', onde o vírus da febre amarela parece ter estabelecido um ciclo silvestre há algumas décadas. Os surtosvaidebet foliafebre amarela acontecemvaidebet foliaciclosvaidebet folia7 ou 14 anos, dependendo das regiões", explicou à BBC News Brasil o biólogo Nuno Rodrigues Faria, pesquisador da Universidadevaidebet foliaOxford e o coordenador do estudo.

"E o norte do Brasil muitas vezes parece ser a origem das novas linhagens virais que causam surtosvaidebet foliaMinas Gerais (por exemplo, nos surtosvaidebet folia1934 evaidebet folia2004). É possível que existam outras espéciesvaidebet foliaanimais envolvidas, e se quisermos eliminar surtos futuros é essencial entender como é que o vírus consegue persistir na floresta amazônica entre períodosvaidebet foliasilêncio epidemiológico."

Alcântara ressaltou que os casosvaidebet foliamacacos infectados foram "mais dispersos" geograficamente do que osvaidebet foliahumanos infectados. "O maior númerovaidebet foliacasos foram nas cidadesvaidebet foliaTeófilo Otoni (MG) e Manhuaçu (MG), que estão muito distantes (entre si)", pontua o pesquisador.

Mosquito (Aedes aegypti)

Crédito, Science Photo Library / Agentur Focus

Legenda da foto, Febre amarela urbana é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti; não há surtos desse tipo desde a décadavaidebet folia1940

O estudo demonstrou também que existiu associação temporal e espacial entre os casosvaidebet foliahumanos e macacos - o que, segundo os pesquisadores, é característica da transmissão silvestre.

"Antes desta nossa atuação, só existiam 19 genomas do vírus da febre amarela detectados no Brasil. Em duas semanas, nós fizemos o sequenciamentovaidebet folia50 genomas, utilizando um sequenciador menor que um celular. Desenvolvemos um protocolo para gerar estes genomasvaidebet foliatempo real, e fazendo vigilância genômicavaidebet foliacurto espaçovaidebet foliatempo, útil para o Ministério da Saúde e para a Organização Mundial da Saúde."

Os pesquisadores também identificaram que a maior parte dos contaminados (85%) foram homens, mais um indíciovaidebet foliaque a transmissão tenha sido silvestre e não urbana. "Porque nas áreas rurais os homens têm maior atividade fora das casasvaidebet foliacontato com áreas onde existem macacos e provavelmente os mosquitos transmissores", explicou Alcântara.

Essas descobertas, conforme acreditam os pesquisadores, poderão ajudar nas estratégicasvaidebet foliacombate ao vírus da febre amarela, à medida que elas demonstram como ocorre a transmissão hojevaidebet foliadia. Com o sequenciamentovaidebet foliaDNA e uma intensa análise computacional, os cientistas conseguiram traçar a composição genética do vírus.

Alémvaidebet foliaidentificar padrões etários - a maior parte dos afetados tinha entre 35 e 54 anos -,vaidebet foliagênero - 85% da incidência foi sobre homens - e a distribuição geográfica dos casosvaidebet foliahumanos.

"O Brasil tem uma longa históriavaidebet foliasurtosvaidebet foliafebre amarela e também uma forte linhavaidebet foliapesquisa sobre o vírus. Por exemplo, o país foi pioneiro na vacina extremamente eficaz contra febre amarela", ressaltou Faria.

"Os primeiros surtos conhecidosvaidebet foliafebre amarela no Brasil sãovaidebet folia330 anos atrás, no Recife,vaidebet foliaPernambuco. Contudo, é a primeira vez que estudamos a origem e a dispersão do vírus durante o surto, recorrendo a dados genômicos gerados no país."

O surto recente

Devido à dimensão do surto recente, era grande a preocupaçãovaidebet foliaque o vírus pudesse se espalhar pela transmissão urbana, o que não aconteceu. O último surtovaidebet foliafebre amarela urbana no Brasil aconteceu na décadavaidebet folia1940.

"Embora houvesse condições para a transmissão urbana, felizmente esta não ocorreu", comentou o cientista Faria.

"Por meio da reconstrução da história evolutiva do vírusvaidebet foliahumanos evaidebet foliaprimatas não humanos, descobrimos que o surto emergiuvaidebet foliaprimatas não humanosvaidebet foliaMinas Gerais no finalvaidebet foliajulhovaidebet folia2016, vindo das regiões do norte ou centro-oeste do Brasil, possivelmente resultado do transportevaidebet foliamosquitos infectadosvaidebet foliacaminhões ou até mesmovaidebet foliatráfico ilegalvaidebet foliaprimatas não humanos", afirmou Alcântara.

Vacina

Crédito, EPA

Legenda da foto, Vacinação contra febre amarela não atingiu a metavaidebet foliaimunização da população-alvo

Se a transmissão fosse urbana, no entendimentovaidebet foliagestoresvaidebet foliasaúde pública, a epidemia poderia se configurar muito mais grave, sobretudovaidebet foliamegacidades como São Paulo e Rio.

Existe vacina contra a febre amarela, e a mesma já era aplicada no país. No início do surto, devido aos baixos estoques, a imunizaçãovaidebet folialarga escala foi feita sobretudovaidebet foliaregiões endêmicas e provocou longas filas nos postosvaidebet foliasaúde.

A oferta foi ampliada para todo o país, mas, passado o período crítico, a população foi deixandovaidebet foliaprocurar a vacina - São Paulo, por exemplo, imunizou apenas metade dos 9,2 milhões que faziam partevaidebet foliasua população-alvo.

Para o professorvaidebet foliadoenças infecciosas da Universidadevaidebet foliaOxford Oliver Pybus, o grande desafio é que o vírus da febre amarela vemvaidebet foliaondas. "Nunca poderemos eliminá-lo completamente", pontuou.

É por isso que imunologistas ressaltam a importânciavaidebet foliaimunizar o maior percentual possível da população, para evitar que um surto aconteça nos períodosvaidebet foliaque a doença costuma aparecer.

"O problema é que ainda não entendemos o suficiente sobre o comportamento complexo do vírusvaidebet foliapopulações animais. Precisamos dessas informações para controlar futuros surtos. Só assim conseguiremos vacinar as pessoas certas, nos lugares certos, na hora certa."

"Nosso estudo mostra que o surtovaidebet folia2016 a 2018 na região sudeste do Brasil - o maior surtovaidebet foliamaisvaidebet folia100 anos - resultouvaidebet foliauma introduçãovaidebet foliauma estirpevaidebet foliafebre amarela que veio,vaidebet foliaultima analise, da região Amazônica, onde o vírus circula silenciosamente. Depoisvaidebet foliaintroduzidovaidebet foliaMinas Gerais, o vírus espalhou-se rapidamentevaidebet foliapopulações locaisvaidebet foliamosquitos silvestres e primatas não humanosvaidebet foliadireção as grandes cidadesvaidebet foliaSão Paulo e Riovaidebet foliaJaneiro", resumiu Faria.

"As nossas análises mostram que os casosvaidebet foliafebre amarela que ocorreramvaidebet foliapopulações humanas foram ocupacionais, ou seja, ocorreramvaidebet foliaindivíduos predominantemente do sexo masculino, maioria trabalhadores rurais com atividades ocupacionais que viviamvaidebet foliamedia a 5 kmvaidebet foliaáreas florestais e que infelizmente não tinham sido vacinados."

Alcântara acredita que o trabalho realizado porvaidebet foliaequipe pode se tornar uma ferramenta importante no combate a outros surtos no futuro.

"Introduzimos, pela primeira vez, um conjuntovaidebet foliamétodos e técnicas que irão ajudar a caracterizar mais rapidamente,vaidebet foliatempo real, futuros surtos no mundo", disse.

"Este é o primeiro passo para que se possa prever quando e onde irão surgir futuros surtos."