'Meu trabalho salva vidas': a assistente social que há 30 anos ajuda mulheres no processomelhor horario para jogar na onabetaborto legal:melhor horario para jogar na onabet

O jeito educadomelhor horario para jogar na onabetfalar, o sorriso e o jaleco com flores bordadasmelhor horario para jogar na onabetTilde contrastam com a durezamelhor horario para jogar na onabetseu trabalho. "É difícil não chorar, não pode ser que a realidade seja tão desumana."

Hoje com 70 anos, a assistente social fez parte da primeira equipemelhor horario para jogar na onabetatendimentomelhor horario para jogar na onabetaborto legal, criadamelhor horario para jogar na onabet1989, pela então prefeitamelhor horario para jogar na onabetSão Paulo, Luiza Erundina. "Antes disso sabíamos que tinham casosmelhor horario para jogar na onabetestupro emelhor horario para jogar na onabetaborto mas não tínhamos para onde encaminhar."

"Vivíamos num hiato entre a lei e a realidade e cumpríamos rigorosamente o código penalmelhor horario para jogar na onabet1940. (Mas) o Estado ainda deve muito às mulheres, porque você engravidarmelhor horario para jogar na onabetum estupro é uma violência, e a mulher temmelhor horario para jogar na onabetter direito a escolher interromper isso no serviço público."

Na épocamelhor horario para jogar na onabetque a equipemelhor horario para jogar na onabetatendimento foi criada, conta Tilde, houve um forte trabalhomelhor horario para jogar na onabetsensibilização com todos os funcionários, mas isso não evitou julgamentos, muito menos ameaças. "Mandavam-me cartas anônimas, livros falando que o aborto era crime, jogavam ovos na minha casa. Já me chamarammelhor horario para jogar na onabetaborteira emelhor horario para jogar na onabetassassina", lembra. Como ficou viúva ainda jovem, encontrou no apoio dos filhos a força para continuar atendendo.

Católica, ela fala que nunca teve um conflito pessoal com o que faz.

"Ao contrário do que pensa o senso comum, meu trabalho salva vidas", diz.

"Acompanho esse serviçomelhor horario para jogar na onabettodo o país e nunca ninguém morreu, ao contrário das mulheres que têm uma gravidez indesejada e se colocammelhor horario para jogar na onabetrisco. Sabemos que quando perdemos uma mulher, toda a sociedade perde, uma família perde e, normalmente, ela deixa filhos."

A experiência dela é confirmada pela PNA: segundo a pesquisa, 67% das mulheres que fizeram aborto no ano passado já tinham filhos.

Ouvinte

A parte principal do serviçomelhor horario para jogar na onabetTilde é ouvir. "Às vezes fico uma hora, 40 minutos, o tempo que for necessário. Algumas conseguem falar, outras só choram. Todas as histórias são muito chocantes."

Entre as que mais marcaram a assistente social são as das crianças e deficientes, muitas delas meninas que são agredidas há muito tempo, mas a família só descobre quando engravidam.

"Quando este ato resultamelhor horario para jogar na onabetgravidez é muito pior, é mais uma violência".

Ela destaca também o forte sentimentomelhor horario para jogar na onabetculpa das mulheres violentadas. Tilde diz que é comum as vítimas se perguntarem por que saíram para buscar trabalho àquela hora ou por que voltaram da igreja tão tarde.

Além disso, diz a assistente social, muitas vítimas parammelhor horario para jogar na onabetcomer e dormir, têm crisesmelhor horario para jogar na onabetansiedade e pensamentos suicidas.

"Uma vez atendi uma mulher que tinha sido estuprada pelo amigo do filho, outra que o próprio namorado se juntou a três amigos e fingiu convidá-la para uma festa. Algumas se recuperam depois e conseguem refazer a vida, outras não. Minha função é ajudá-las."

Tilde conta que, nos casosmelhor horario para jogar na onabetque a gravidez segue normalmente, a vítima não consegue assumir o papelmelhor horario para jogar na onabetmãe e o filho acaba sendo criado por uma avó ou outro parente.

Ela relembra a históriamelhor horario para jogar na onabetuma senhora com quem mantém contato até hoje. Uma paciente que já tinha dois filhos quando, no ínicio dos anos 1990, engravidou após um estupro - e passou por uma longa jornada entre delegacias e a justiça até encontrar o hospital Saboya.

"Ela fez medalhas para todos nós, trouxe flores, nos apelidoumelhor horario para jogar na onabetanjosmelhor horario para jogar na onabetbranco. Essa mulher nasceumelhor horario para jogar na onabetnovo, pena que esse tipomelhor horario para jogar na onabethistória se repita até hoje."

Outro grande problema narrado por Tilde é a dificuldade das mulheresmelhor horario para jogar na onabetencontrar alguémmelhor horario para jogar na onabetconfiança para acompanhá-las. Às vezes vão ao hospital com uma amiga,melhor horario para jogar na onabetoutras com a patroa, poucas chegam acompanhasmelhor horario para jogar na onabethomens, conta a assistente social.

"Uma vez um pai me disse que veio lendo a Bíblia para a filha - que tinha sido vítimamelhor horario para jogar na onabetestupro - e se deu contamelhor horario para jogar na onabetque aquela gravidez não tinha que acontecer", lembra.

Religião

O conflito religioso e pessoal está presente no dia a diamelhor horario para jogar na onabetTilde. Ela já se deparou com médicos que se negaram a realizar o procedimento alegando objeçãomelhor horario para jogar na onabetconsciência - direito que permite aos profissionais não cumprir determinadas obrigações,melhor horario para jogar na onabetvirtudemelhor horario para jogar na onabetconvicçõesmelhor horario para jogar na onabetnatureza religiosa, moral, humanística ou filosófica.

"As próprias mulheres, emmelhor horario para jogar na onabetmaioria, consultam seu representante religioso antesmelhor horario para jogar na onabetrealizar o procedimento."

No fimmelhor horario para jogar na onabetnovembro, no julgamentomelhor horario para jogar na onabetcinco funcionáriosmelhor horario para jogar na onabetuma clínica, o Supremo Tribunal Federal determinou que o aborto, se feito até o terceiro mêsmelhor horario para jogar na onabetgestação, não deve ser considerado crime. O Congresso reagiu contra a decisão criando uma comissão para avaliar o assunto. A assistente social vê a ação do Legislativo com preocupação e espera que não aconteça um retrocesso no tema.

Irotilde é enfática ao dizer que o mais importante é o respeito ao que acontece no corpo do outro e defende que o aborto seja descriminalizado no país. Como bom exemplo, ela cita a Holanda, onde a interrupção da gravidez é descriminalizada e a taxamelhor horario para jogar na onabetmortalidade materna, baixíssima.

"Emocionalmente ninguém no mundo seria favorável a um aborto, mas temos que perceber que é uma realidade, está ai, e mata mulheres. É um prejuízo para todos."