'Podemos estar causando nossa própria extinção': por que sul-coreanas não estão tendo filhos?:saque na realsbet

Crédito, JEAN CHUNG
Nem ela nem as amigas pretendem ter filhos. Elas fazem partesaque na realsbetum grupo crescentesaque na realsbetmulheres que escolhem uma vida sem eles.
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PARTIDA | JOGO | DATA |
Amistoso | Inglaterra 0 x 1 Brasil | 23 saque na realsbet maro saque na realsbet 2024 |
Amistoso | Espanha x Brasil | 26 saque na realsbet maro saque na realsbet 2024 |
Amistoso | Mxico x Brasil | 8 saque na realsbet junho saque na realsbet 2024 |
Amistoso | EUA x Brasil | 12 saque na realsbet junho saque na realsbet 2024 |
JOGO | CAMPEONATO | HORRIO |
Nutico x Sport | Campeonato Pernambucano (Final) | 16h30 |
Brusque x Cricima | Campeonato Catarinense (Final) | 16h30 |
Fortaleza x Cear | Campeonato Cearense (Final) | 16h30 |
Fiorentina x Milan | Campeonato Italiano | 16h45 |
Fim do Matérias recomendadas
A Coreia do Sul tem a taxasaque na realsbetnatalidade mais baixa do mundo, que continua caindo, batendo o próprio recorde surpreendentemente baixo ano após ano.
E os números divulgados na última quarta-feira (28/2) mostram que essa caiu mais 8%saque na realsbet2023, para 0,72.
Esse é o númerosaque na realsbetfilhos que se espera que uma mulher tenha durante a vida. Para que uma população se mantenha estável, ele deveria ser 2,1.
Se a tendência continuar, estima-se que a população da Coreia do Sul cairá pela metade até o ano 2100.
Uma 'emergência nacional'
Uma toneladasaque na realsbetcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Globalmente, os países desenvolvidos assistem a uma quedasaque na realsbetsuas taxassaque na realsbetnatalidade, mas nenhum delessaque na realsbetforma tão extrema quanto a Coreia do Sul.
E as projeções não são boas.
Dentrosaque na realsbet50 anos, o númerosaque na realsbetpessoassaque na realsbetidade ativa terá caído pela metade, o númerosaque na realsbetcidadãos elegíveis para o serviço militar obrigatório terá reduzidosaque na realsbet58% e quase metade da população terá maissaque na realsbet65 anos.
Os números soam tão mal para a economia, o fundosaque na realsbetpensões e a segurança do país, que os políticos declararam tratar-sesaque na realsbetuma “emergência nacional”.
Durante quase 20 anos, sucessivos governos investiram dinheiro na questão - 379,8 bilhõessaque na realsbetwons (R$ 1,4 bilhões).
Casais que têm filhos recebem muito dinheiro. Desde quantias mensais, até moradia subsidiada e táxis gratuitos. Contas hospitalares e até tratamentossaque na realsbetfertilização in vitro são cobertos, embora apenas para os casados.
Mas os incentivos financeiros não deram resultado, levando a classe política a debater soluções mais "criativas", como contratar amas do Sudeste Asiático e pagá-las abaixo do salário mínimo, e isentar do serviço militar os homens que tiverem três filhos antessaque na realsbetcompletarem 30 anos.
Não ésaque na realsbetsurpreender que os responsáveis por políticas públicas tenham sido acusados de não ouvir os jovens - especialmente as mulheres - sobre suas necessidades.
Ao longo do ano passado, viajamos por todo o país para conversar com mulheres e entender as razões por trás da decisãosaque na realsbetnão ter filhos.
Quando Yejin decidiu morar sozinha, aos 20 e poucos anos, ela desafiou os padrões sociais. Na Coreia, viver sozinha é considerado uma fase passageira.
Então, há cinco anos, ela decidiu não se casar e não ter filhos.
“É difícil encontrar um homem para namorar na Coreia – alguém que compartilhe as tarefas e os cuidados com os filhossaque na realsbetforma igualitária”, ela me diz. “E as mulheres que têm filhos sozinhas não são julgadas com gentileza”.
Em 2022, apenas 2% dos nascimentos ocorreram fora do casamento na Coreia do Sul.
‘Um ciclo perpétuosaque na realsbettrabalho’
Yejin optou por focar emsaque na realsbetcarreira na televisão, o que, ela argumenta, não lhe dá tempo suficiente para criar um filho. As horassaque na realsbettrabalho coreanas são notoriamente longas.
Yejin trabalhasaque na realsbethorário tradicional, das 9h às 18h (o equivalente coreano das 9h às 17h), mas diz que geralmente não sai do escritório antes das 20h e que ainda faz horas extras. Ao chegarsaque na realsbetcasa, só resta tempo para limpar a casa ou fazer exercícios antessaque na realsbetdormir.
“Eu amo meu trabalho, ele me traz muita realização”, diz ela. “Mas trabalhar na Coreia é difícil, você está presosaque na realsbetum ciclo perpétuosaque na realsbettrabalho.”
Yejin diz que também há pressão para estudar nas horas vagas, para crescer no trabalho: "Os coreanos têm essa mentalidadesaque na realsbetque, se você não trabalhar continuamente no autoaperfeiçoamento, ficará para trás e se tornará um fracasso. Esse medo nos faz trabalhar duas vezes mais."
“Às vezes, nos finssaque na realsbetsemana, vou tomar soro intravenoso, só para ter energia suficiente para voltar ao trabalho na segunda-feira”, acrescenta ela casualmente, como se isso fosse uma atividade normalsaque na realsbetfimsaque na realsbetsemana.
Ela também compartilha o mesmo medosaque na realsbettodas as mulheres com quem conversei: que se parar para ter filhos, talvez não consiga voltar.
“Há uma pressão implícita das empresassaque na realsbetque, quando tivermos filhos, devemos deixar os nossos empregos”, diz ela. Ela viu isso acontecer com a irmã e suas duas apresentadoressaque na realsbetTV preferidas.
'Eu sei demais'
Uma mulhersaque na realsbet28 anos, que trabalhousaque na realsbetRH, disse ter visto pessoas serem forçadas a deixar seus empregos ou preteridassaque na realsbetpromoções após tirarem licença maternidade, o que foi suficiente para convencê-la a nunca ter filhos.
Homens e mulheres têm direito a um anosaque na realsbetlicença durante os primeiros oito anossaque na realsbetvida dos filhos. Massaque na realsbet2022, apenas 7% dos novos pais aproveitaram parte da licença,saque na realsbetcomparação com 70% das novas mães.

Crédito, JEAN CHUNG
As mulheres coreanas são as mais qualificadas dos países da OCDE e, ainda assim, o país tem as piores disparidades salariais entre homens e mulheres, alémsaque na realsbetuma proporção superior à médiasaque na realsbetmulheres desempregadassaque na realsbetcomparação com os homens.
Pesquisadores dizem que isso prova que elas estão diantesaque na realsbetuma escolha: ter uma carreira ou ter uma família. E cada vez mais elas estão optando pela carreira.
Conheci Stella Shinsaque na realsbetum clubesaque na realsbetatividades após a escola, onde ela ensina inglês para criançassaque na realsbet5 anos.
"Veja as crianças. Elas são tão fofas", disse. Mas, aos 39 anos, Stella não tem filhos. Não foi uma decisão ativa, diz ela.
Ela está casada há seis anos e ela e o marido queriam um filho, mas estavam tão ocupados trabalhando e se divertindo que o tempo passou. E ela aceitou que seu estilosaque na realsbetvida torna um filho “impossível”.
“As mães precisam abandonar o trabalho para cuidar dos filhossaque na realsbettempo integral durante os primeiros dois anos, e isso me deixaria muito deprimida”, disse ela. “Eu amo minha carreira e cuidarsaque na realsbetmim mesma.”
Nas horas vagas, Stella frequenta aulassaque na realsbetdança K-pop com um gruposaque na realsbetmulheres mais velhas.
A expectativasaque na realsbetque mulheres fiquem dois a três anos afastadas do trabalho ao ter um filho é comum. Quando perguntei a Stella se poderia dividir a licença parental com o marido, ela me lançou um olhar e disse:
“É como quando eu faço ele lavar a louça e ele não faz direito, eu não poderia contar com ele”.
Mesmo que quisesse desistir do trabalho ou conciliar família e carreira, ela disse que não tinha condiçõessaque na realsbeto fazer porque o custo da moradia é muito alto.

Crédito, JEAN CHUNG
Mais da metade da população vive na capital Seul ou nos arredores, onde está a grande maioria das oportunidades, criando uma enorme pressão sobre os apartamentos e os recursos. Stella e o seu marido foram gradualmente empurrados para cada vez mais longe da capital, para as províncias vizinhas, e ainda não são capazessaque na realsbetcomprar a própria casa.
A taxasaque na realsbetnatalidadesaque na realsbetSeul caiu para 0,55, e é a mais baixa do país.
Além disso, há o custo da educação privada. Embora a habitação seja um problema no mundo todo, é a educação que faz da Coreia um caso verdadeiramente único.
A partir dos quatro anos, as crianças são matriculadassaque na realsbetuma sériesaque na realsbetaulas extracurriculares caras – desde matemática e inglês até música e taekwondo.
A prática é tão difundida que optar pela exclusão é visto como um passo para o fracasso do seu filho, uma noção inconcebívelsaque na realsbetum país hipercompetitivo. E isso tornou a Coreia do Sul o país mais caro do mundo para se criar um filho.
Um estudosaque na realsbet2022 descobriu que apenas 2% dos pais não pagaram aulas particulares, e 94% disseram ser um peso nas finanças.
Como professorasaque na realsbetum desses cursinhos, Stella entende muito bem o fardo. Ela vê os pais gastarem até R$ 4.500 por filho por mês, muitos deles sem condições.
“Mas sem essas aulas, as crianças ficam para trás”, disse ela. “Quando estou perto das crianças, quero ter um, mas sei demais (sobre o assunto).”

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Para alguns, este sistemasaque na realsbetensino privado excessivo impacta para além do custo.
“Minji” queria compartilharsaque na realsbetexperiência, mas não publicamente. Ela não está pronta para que seus pais saibam que não terá filhos. “Eles ficarão muito chocados e decepcionados”, disse ela, da cidade costeirasaque na realsbetBusan, onde mora com o marido.
Minji confidenciou quesaque na realsbetinfância e seus 20 anos foram infelizes.
“Passei a vida inteira estudando”, disse ela. Primeiro para entrarsaque na realsbetuma boa universidade, depois para os exames para o funcionalismo público e depois para conseguir o primeiro emprego aos 28 anos.
Ela lembra da infância passada em salassaque na realsbetaula até tarde da noite, estudando matemática, algo que ela detestava e era ruim, enquanto sonhavasaque na realsbetser artista.
“Tive que competir incessantemente, não para realizar meus sonhos, apenas para viver uma vida medíocre”, disse ela. "Foi tão desgastante."
Só agora, aos 32 anos, Minji se sente livre e capazsaque na realsbetse divertir. Ela adora viajar e está aprendendo a mergulhar.
Mas o que mais pesa emsaque na realsbetdecisão é que ela não quer fazer com que uma criança passe pelo que passou.
“A Coreia não é um lugar onde as crianças possam viver felizes”, concluiu ela. O marido dela gostariasaque na realsbetter um filho e eles já brigaram muito por causa disso, mas ele passou a aceitar a vontade dela. Ocasionalmente, o coração vacila, ela admite, mas depois lembra os motivos por trás da decisão.
Um fenômeno social
Na cidadesaque na realsbetDaejon, Jungyeon Chun está no que ela chamasaque na realsbet“casamento com pais solteiros”. Depoissaque na realsbetpegar a filhasaque na realsbet7 anos e o filhosaque na realsbet4 na escola, ela percorre os playgrounds próximos, passando o tempo até o marido voltar do trabalho. Ele raramente chegasaque na realsbetcasa antes da horasaque na realsbetas crianças dormirem.
“Não senti que estava tomando uma grande decisão ao ter filhos, pensei que seria capazsaque na realsbetvoltar ao trabalho muito rapidamente”, disse ela.
Mas logo as pressões sociais e financeiras surgiram e, parasaque na realsbetsurpresa, ela se viu sendo mãe sozinha. O marido, sindicalista, não ajudava nos cuidados dos filhos nem nas tarefas domésticas.
“Fiquei com tanta raiva”, disse ela. “Fui bem educada e fui ensinada que as mulheres eram iguais, por isso não podia aceitar isso.”

Crédito, JEAN CHUNG
Isso está no cerne do problema.
Ao longo dos últimos 50 anos, a economia da Coreia do Sul desenvolveu-se a uma velocidade vertiginosa, impulsionando as mulheres para o ensino superior e para a forçasaque na realsbettrabalho e expandindo suas ambições. Mas os papéissaque na realsbetesposa e mãe não evoluíram no mesmo ritmo.
Frustrada, Jungyeon começou a observar outras mães. "Eu vi ‘Ah, minha amiga que está criando um filho também está deprimida e minha amiga do outro lado da rua também está deprimida' e eu pensei, 'isso é um fenômeno social'."

Crédito, JEAN CHUNG
Ela começou a rabiscar suas experiências e publicá-las online. “As histórias estavam saindosaque na realsbetmim”, disse ela. Seu webtoon se tornou um grande sucesso, à medida que mulheressaque na realsbettodo o país se relacionavam com seu trabalho, e Jungyeon já tem três livrossaque na realsbethistóriassaque na realsbetquadrinhos publicadas.
Agora ela diz que já passou da fase da raiva e do arrependimento. “Eu só queria saber mais sobre a realidade da criação dos filhos e o quanto se espera que as mães façam”, disse ela. “A razão pela qual as mulheres não têm filhos hoje é porque elas têm coragemsaque na realsbetfalar sobre isso.”
Mas Jungyeon fica triste, diz, por as mulheres estarem sendo negadas a alegria da maternidade por causa da “situação trágica a que serão forçadas”.
Minji, no entanto, diz que está grata pelo podersaque na realsbetescolha. "Somos a primeira geração que pode escolher. Antes, tínhamos que ter filhos. E então optamos por não ter filhos porque podemos."
'Eu teria 10 filhos se pudesse'
De volta ao apartamentosaque na realsbetYejin, depois do almoço, suas amigas estão discutindo seus livros e outras coisas.
Cansada da vida na Coreia, Yejin decidiu partir para a Nova Zelândia. Ela acordou uma manhã com a clarezasaque na realsbetque ninguém a forçava a morar aqui.
Pesquisou quais países tinham uma classificação elevadasaque na realsbetigualdadesaque na realsbetgênero, e a Nova Zelândia surgiu como um claro vencedor. “É um lugar onde homens e mulheres recebem salários iguais”, diz ela, quase incrédula, “Então estou partindo”.
Pergunto a Yejin e suas amigas o que poderia convencê-las a mudarsaque na realsbetideia, se é que alguma coisa.
A respostasaque na realsbetMinsung me surpreende. "Eu adoraria ter filhos. Teria 10 se pudesse." Então, o que a impede, pergunto. A jovemsaque na realsbet27 anos me diz que é bissexual e tem um parceira do mesmo sexo.

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O casamento entre pessoas do mesmo sexo é ilegal na Coreia do Sul, e as mulheres solteiras geralmente não têm permissão para usar doadoressaque na realsbetesperma para engravidar.
“Espero que um dia isso mude e eu possa me casar e ter filhos com a pessoa que amo”, diz ela.
As amigas apontam a ironia, dada a situação demográfica precária da Coreia,saque na realsbetque algumas mulheres que querem ser mães não possam ser.
Mas parece que os políticos estão lentamente aceitando a profundidade e complexidade da crise.
Este mês, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, reconheceu que as tentativassaque na realsbetresolver o problema "não funcionaram" e que a Coreia do Sul era "excessiva e desnecessariamente competitiva".
E disse que seu governo passaria a tratar a baixa taxasaque na realsbetnatalidade como um "problema estrutural" - embora ainda não se saiba como isso será traduzidosaque na realsbetpolíticas públicas.
No início deste mês, conversei com Yejin da Nova Zelândia, onde está morando há três meses.
Ela comentou sobre a nova vida e amigos, e sobre seu trabalho na cozinhasaque na realsbetum pub. “Meu equilíbrio entre vida profissional e pessoal está muito melhor”, disse ela, que agora pode marcarsaque na realsbetencontrar amigos durante a semana.
“Sinto-me muito mais respeitada no trabalho e as pessoas julgam menos”, acrescentou ela.
"Não me dá vontadesaque na realsbetir para casa."
Reportagem adicionalsaque na realsbetLeehyun Choi e Hosu Lee