A curiosa origem do altruísmo, o oposto do egoísmo:resultadolotofacil

Na visãoresultadolotofacilDarwin, o passo do "espíritoresultadolotofacilsimpatia" para o verdadeiro comportamento altruísta ocorreu no curso da evolução humana quando os cuidados começaram a ser dispensados a indivíduos vulneráveis, que provavelmente não retribuiriam o favor.

Desde então, a antropologia evolutiva tem se perguntado quando eresultadolotofacilquais espécies esse Rubicão foi cruzado.

Neandertais altruístas?

Há casos conhecidosresultadolotofacilcuidados com pessoas com patologias no registro evolutivo humano, especialmente na linhagem Neandertal.

Um exemplo disso é um espécime antigo do sítio Simaresultadolotofacillos HuesosresultadolotofacilAtapuerca,resultadolotofacilBurgos (Espanha), datadoresultadolotofacilcercaresultadolotofacil430 mil anos atrás. Esse local produziu a maior coleçãoresultadolotofacilfósseis humanos da história, que são considerados os ancestrais remotos dos neandertais.

O espécimeresultadolotofacilquestão é representado porresultadolotofacilpélvis (carinhosamente apelidadoresultadolotofacil"Elvis") e vértebras lombares. Esses fósseis mostram evidênciasresultadolotofacilque o indivíduo sofriaresultadolotofaciluma patologia degenerativa chamada "spondylolisthesis".

Essa condição causava fortes dores nas costas e alterações posturais importantes que limitavam severamenteresultadolotofacilmobilidade.

Levando-seresultadolotofacilconta que se tratavaresultadolotofacilgruposresultadolotofacilcaçadores-coletores altamente móveis, só é possível explicar a sobrevivência desse indivíduo ao longo dos anos com a ajuda do grupo que o aguardava ou o transportava quando ele estavaresultadolotofacilmovimento.

Entretanto, não é possível saber se esse cuidado foi um casoresultadolotofacilaltruísmo genuíno. Como Elvis era um indivíduo adulto, não se pode descartar que tenha sido um casoresultadolotofacilajuda recíproca: ou porque o indivíduo havia ajudado outros no passado ou porque era um membro particularmente valioso do grupo devido àresultadolotofacillonga experiência.

Uma situação semelhante ocorre com os outros neandertais que viveram durante anos com patologias incapacitantes e cuja sobrevivência exigia a ajuda do grupo.

Em todos os casos, trata-seresultadolotofacilindivíduos adultos nos quais não se pode descartar queresultadolotofacilsobrevivência se deveu à ajuda recíproca e não ao verdadeiro altruísmo. Para resolver essa questão, é necessário ter casosresultadolotofacilindivíduos infantis, cuja capacidaderesultadolotofacilretribuir o favor seria muito limitada.

Históriasresultadolotofacilcuidados com bebês

Até recentemente, o único caso apresentadoresultadolotofacilum espécime infantil com patologias graves e que necessitavaresultadolotofacilcuidados sociais também veio do sítioresultadolotofacilSimaresultadolotofacillos Huesos.

Trata-se do chamado Crânio 14 (apelidadoresultadolotofacil"Benjamina"), que pertenceu a uma menina pré-adolescente e apresenta uma patologia rara chamada "craniossinostose precoce".

Essa condição causou a deformação do crânio e da face. Também é possível que ela sofresseresultadolotofacilretardo psicomotor,resultadolotofacilmodo queresultadolotofacilsobrevivência, por maisresultadolotofaciluma década, teria exigido cuidados especiaisresultadolotofacilseu grupo.

Embora a existênciaresultadolotofaciltal retardo psicomotor não tenha sido estabelecida com total certeza, também não é possível determinar com certeza a natureza dos cuidados necessários a Benjamina. Talvezresultadolotofacilsobrevivência exigisse apenas cuidados maternos e nenhuma ajuda do restante do grupo.

Publicamos recentemente o casoresultadolotofacilum pequeno fragmentoresultadolotofacilcrânioresultadolotofacilNeandertal recuperado do sítio valencianoresultadolotofacilCova Negra, datado entre 146 mil e 273 mil anos atrás. O resto corresponde à região do osso temporal que abriga o ouvido interno e pertencia a uma criança com maisresultadolotofacil6 anosresultadolotofacilidade (apelidadaresultadolotofacil"Tina").

O estudo do ouvido internoresultadolotofacilTina revelou a existênciaresultadolotofacilcinco condições patológicas que são muito raras individualmente e só são conhecidas por ocorrerem juntasresultadolotofacilpessoas com síndromeresultadolotofacilDown.

Essas patologias fizeram com que Tina sofresseresultadolotofacilperda auditiva grave, dificuldadesresultadolotofacilequilíbrio e ataquesresultadolotofacilvertigem. Além disso, ela provavelmente também tinha problemas musculares graves, tanto para andar quanto para engolir alimentos.

O fatoresultadolotofacila criança ter conseguido sobreviver por pelo menos seis anos nas exigentes condiçõesresultadolotofacilvidaresultadolotofacilum gruporesultadolotofacilcaçadores-coletoresresultadolotofacilNeandertal indica que ela teveresultadolotofacilreceber cuidados e atenção constantes.

Não é razoável pensar que a mãeresultadolotofacilTina poderia ter sido capazresultadolotofacilfornecer esses cuidados continuamente por conta própria, mas que ela precisou da ajuda dos outros membrosresultadolotofacilseu grupo.

Como Tina não poderia ter retribuído o favor àqueles que cuidaram dela, essa seria a primeira evidência sólidaresultadolotofacilcomportamento altruístaresultadolotofaciluma espécie humana diferente da nossa.

Essa feliz descoberta nos mostrou um aspecto muito próximo do comportamento dos neandertais, que já eram capazesresultadolotofacilintegrar a diversidaderesultadolotofacilseus grupos. A chegadaresultadolotofacilTina nos lembra que todos nós, sem distinção, fazemos parte da história da evolução humana.

Mercedes Conde-Valverde é diretoraresultadolotofacilpaleoantropologia na UniversidaderesultadolotofacilAlcalá

*Este artigo foi originalmente publicado no siteresultadolotofacildivulgação científica The Conversation. Leia a versão original (em espanhol).