O que autor da frase 'Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo' quis realmente dizer:pix bet gratis
Mas a obrapix bet gratisSantayana, muito prolífica, transcendeu. "É o tipopix bet gratisfilósofo com o qual alguém pode se sentir realmente à vontade", aponta o professor Lastra à BBC News Mundo, o serviçopix bet gratisespanhol da BBC.
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Fim do Matérias recomendadas
Além disso, "ele tinha o dom das frases", que "parecem aforismos" (um texto curto filosófico que provoca uma reflexão prática ou moral).
Uma dessas frases é a que está no título desta reportagem e, possivelmente, você já a ouviu ou leu sem saber a quem pertencia ou quem ele foi.
"Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo."
Um espanholpix bet gratisBoston
O filósofo, filhopix bet gratispais espanhóis, nasceupix bet gratisMadri no dia 16pix bet gratisdezembropix bet gratis1863.
O artigo da revista Time, publicado poucos dias apóspix bet gratismorte, diz que, "quando criança, não brincavapix bet gratisnenhum jogo e, ao longopix bet gratissua vida, nunca usou uma máquinapix bet gratisescrever, dirigiu um carro ou dançou. Nunca se casou".
Aos 9 anos, mudou-se para Boston, nos Estados Unidos, ondepix bet gratismãe havia se estabelecido. Costumava passar as fériaspix bet gratisverão na Espanha, onde estava seu pai.
"Sua família tinha uma ótima condição financeira, o que lhe permitiu estudar na Universidade Harvard, que, na época, havia formado o primeiro departamentopix bet gratisFilosofia dos Estados Unidos", lembra Lastra, que é professor associado da Universidadepix bet gratisValência e autor e pesquisador externo do Instituto Franklinpix bet gratisPesquisapix bet gratisPensamento Norte-Americano da Universidadepix bet gratisAlcalá, na Espanha.
"A filosofia americana clássica, que é como chamamos o pragmatismo [doutrina filosófica que se baseia na verdade do valor prático] descobriu que Santayana estava ali", acrescenta.
Por 20 anos, Santayana foi professorpix bet gratisHarvard, posição que deixoupix bet gratis1912, quando "decidiu viver única e exclusivamentepix bet gratisseu pensamento".
Seu pedidopix bet gratisdemissão, enviado da Europa, foi uma surpresa para seus colegas, pois ocorreupix bet gratisum momentopix bet gratisque ele gozavapix bet gratisgrande prestígio profissional, não apenas como acadêmico, mas também como autor.
Espiritualidade sem dogma
Santayana é considerado uma das figuras principais da chamada filosofia clássica americana. Mas, segundo Lastra, "ele não teria gostado nadapix bet gratisser classificado assim".
"Embora tivesse o maior respeito por seus professorespix bet gratisHarvard, não gostava do pragmatismo porque achava que era a ideologia do moda nos Estados Unidos. Sua ambição era mais clássica; ele se reconheceria muito melhor com Lucrécio [filósofo da Roma antiga] ou com os filósofos mais renascentistas."
De acordo com o especialista, o filósofo levou o platonismo — a corrente que seguiu as ideiaspix bet gratisPlatão — por uma espéciepix bet gratislinha paralela ao catolicismo e manteve isso a pontopix bet gratisnão dar "um saltopix bet gratisfé", ou seja, sem se converter à uma religião.
Assim, ele ofereceu a perspectivapix bet gratisuma vida espiritual sem a necessidadepix bet gratisse submeter a um dogma — um princípio religioso aceito como verdade indiscutível.
"Santayana tem a particularidadepix bet gratisaparentar ser muito contraditório", diz o professor.
"Por exemplo, ele falapix bet gratissua adesão a uma 'ortodoxia humana' [compromisso com certos princípios da humanidade], mas essa adesão não pode ser entendida no sentidopix bet gratisobediência a dogmas religiosos."
O que ele fez foi não perderpix bet gratisvista a bagagem cultural e filosófica fundamental para "falarpix bet gratisautotranscendência, essências, verdade eterna, mas sem cruzar o limiar — que ele conhecia porpix bet gratiseducação católica — para a adesão a uma revelação religiosa ou a uma igreja na qual ele não se enxergava como membro."
A frase
"Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo" aparecepix bet gratisseu primeiro livro The Life of Reason (A Vida da Razão,pix bet gratistradução livre), uma obrapix bet gratiscinco volumes publicada entre 1905 e 1906.
Santayana não deixou nenhum escrito filosófico ou literáriopix bet gratisespanhol, seu idioma nativo. A frase original,pix bet gratisinglês, é: "Those who cannot remember the past are condemned to repeat it".
Antespix bet gratisfalar sobre a frase, recebo um alertapix bet gratisMartin Coleman, professor associadopix bet gratisFilosofia na Universidadepix bet gratisIndiana e diretor da Santayana Edition, uma plataforma dedicada à vida e obra do filósofo.
"Santayana acreditava que a natureza humana é variável,pix bet gratisvezpix bet gratisfixa."
Mas ele reconhecia que, embora a natureza humana tenha mudado ao longo dos milênios, existem limites para a variabilidade possívelpix bet gratisqualquer momento da existência.
Coleman explica à BBC Mundo que Santayana "apreciava os ideais e a razão". Ao falar sobre a razão, "ele se referia à atividadepix bet gratisrefletir sobre os objetivospix bet gratisuma ação com a intençãopix bet gratisharmonizar tais propósitos".
E, nesse processo — explica o pesquisador —, rejeita-se o propósito que entrapix bet gratisconflito com outros mais desejáveis e conserva-se aquele que ajuda à harmonia geral do caráter.
Assim, no ambiente mutável da existência, a estabilidade torna-se necessária para levar uma vida harmoniosa e racional.
E essa estabilidade requer algo essencial: a memória.
"É necessária para que os humanos alcancem conquistas, estabeleçam práticas e instituições que preservem uma organização social benéfica, rituais que sejam significativos, artes e ciências."
Tudo isso "depende" — como escreveu o próprio Santayana — "da capacidadepix bet gratisretenção" da experiência.
"Sem ela — explica Coleman — alguém está condenado a repetir as mesmas ações sem sentido."
Portanto, segundo o diretor da Santayana Edition, essa famosa frase refere-se ao desenvolvimento da consciência humana ou às "etapas da mente".
"Na primeira etapa, uma mente fútil e distraída não aprende nada da experiência; na segunda etapa, uma mente 'dócil aos acontecimentos, flexível a novos hábitos e sugestões' é capazpix bet gratislembrar e aprender; na terceira etapa, o esgotamento impede a retenção e a nova experiência é esquecida imediatamente, e a repetição do passado volta a ser dominante."
"É um exagero usar a frase como normalmente é usada para comentar eventos sociais ou políticos; o alcancepix bet gratisSantayana era mais amplo: a natureza humana, o desenvolvimento histórico da consciência humana, mais do que objetivos políticos ou políticas públicas," explica Coleman.
Entre níveis
Para Antonio Lastra, que foi responsável pela edição e tradução do livro George Santayana: Una antología del espíritu, o que o filósofo quis dizer com essa frase pode ser explicado no sentidopix bet gratisque "há triunfos da razão e, portanto, esquecer como os seres humanos têm concatenado raciocínios é perigoso porque leva a repetir erros".
“Mas o estrato do que está por baixo disso é que, paradoxalmente, a única atividade intelectual que o Ocidente pode dizer que não tem tradição é a própria filosofia; ou seja, há um nívelpix bet gratisque esquecer o que aconteceu é extremamente perigoso, e há outro nívelpix bet gratisque só recordar o que aconteceu também é perigosíssimo, pois incapacita para pensar desde o início, o que caracteriza a filosofia.”
O professor explica que há um nível muito importantepix bet gratisque é necessário lembrar o que aconteceu e outro nível mais profundo, mais filosófico, mais solitário,pix bet gratisque devemos lembrar que a filosofia não tem tradição.
"Portanto, a atividade filosófica não pode se abrigar empix bet gratisprópria história: o filósofo deve se atrever a pensar desde o início, mas, ao mesmo tempo, esquecer tudo o que foi pensado pode ser perigosíssimo porque alimenta a soberba."
Santayana, explica o especialista, jogava com esses dois níveispix bet gratisinterpretação.
Uma frase que perdura
Para Lastra, a transcendência da frasepix bet gratisSantayana se deve àpix bet gratiscapacidade brilhantepix bet gratisresumirpix bet gratispoucas palavras algo que nos preocupa a todos: qual valor damos ao passado?
"Eu, que dou aulas, como convenço os alunos a estudarem o que não tem nada a ver com suas vidas, o que aconteceu com outros, o que ocorreu há muito tempo?"
"Essa frase toca numa preocupação e numa obrigação do ser humano, mas também num privilégio: ter um passado e antecessores, e isso não pode ser esquecido."
Ao mesmo tempo, os seres humanos têm a vontadepix bet gratispensar por si mesmos e, no momentopix bet gratisque uma pessoa começa a fazer isso, "pode acreditar que não está fazendo nenhum exercíciopix bet gratisimitação ou repetição."
"É complexo, e, nessa tensão, Santayana se movia muito bem."
E sabia como expressá-la.
"Ler Santayana dá a impressãopix bet gratisfacilidade; ele escreve tão bem que se tem a impressãopix bet gratisque se está entendendo. Mas depois há complexidades muito sutis."
Isso e o fatopix bet gratisele ser fontepix bet gratis"uma filosofia amável" fizeram com quepix bet gratisfigura se afastasse da "fama que poderia ter um filósofo obscuro ou completamente hostil ao mundo".
A grande contribuiçãopix bet gratisSantayana
De acordo com Coleman, o pensamentopix bet gratisSantayana se enquadra na corrente filosófica que nos orienta sobre como nos dirigir ao universo e viver bem.
"Assim como os ensinamentospix bet gratisalgumas tradições espirituais e algumas escolas antigaspix bet gratisGrécia e Roma, a filosofiapix bet gratisSantayana cultiva a felicidade, a sensatez e a equanimidade [constância]; mas, ao contráriopix bet gratisalgumas tradições, não sacrifica a verdadepix bet gratisprolpix bet gratisaliviar o sofrimento."
Profundamente humanista, a filosofiapix bet gratisSantayana "é uma alternativa séria e alegre ao irracionalismopix bet gratistodo tipo".
"É materialismo sem reducionismo e idealismo sem fanatismo."
O filósofo, explica o acadêmico, "concebe a ciência sem arrogância, a religião sem fanatismo, o pluralismo sem coerção e a desilusão sem niilismo [ceticismopix bet gratisrelação à vida]".
Para o professor Lastra, o grande aportepix bet gratisSantayana é que ele nos lembra que a filosofia não é tanto uma aquisiçãopix bet gratisconhecimentos — para isso existe a ciência — mas sim a conversão desses conhecimentos aprendidospix bet gratisuma maneirapix bet gratisviver.
E algo fundamental: ser fiel a essa maneirapix bet gratisviver.
"Santayana se reconhecia não como professorpix bet gratisfilosofia, mas como filósofo, e dizia que o filósofo não é o que sabe, mas como vive o que sabe."
Essa ideiapix bet gratis"viverpix bet gratisacordo com o que se sabe" remete à antiga pergunta socrática: como devemos viver?
"Se você faz um exercíciopix bet gratisaprendizado contínuo, Santayana lhe perguntaria: 'Epix bet gratisacordo com isso, como você está vivendo? Sua vida corresponde ao que você aprendeu? Sua vida iguala seu pensamento?'"
"Essa é a contribuição fundamentalpix bet gratisSantayana."