Por que a ofensivaappbetnacionalIsrael contra o Hezbollah acontece agora:appbetnacional

Há quase um ano, Israel e o Hezbollah se enfrentamappbetnacionalum conflito cada vez pior, que desalojou dezenasappbetnacionalmilharesappbetnacionalpessoas que vivemappbetnacionalambos os lados da fronteira.

Ambos os lados afirmam que não querem que a guerra se agrave, mas a trocaappbetnacionalmísseis não para.

Desde a semana passada, tem aumentado o temorappbetnacionaluma guerra total no Oriente Médio que poderia atrair potências regionais, como o Irã, e provocar a intervençãoappbetnacionaluma grande potência, como os Estados Unidos.

O gatilho para a última escalada foi uma sérieappbetnacionalataques atribuídos a Israel (sobre os quais o governo israelense não comentou) com milharesappbetnacionaldispositivosappbetnacionalcomunicação usados por membros do Hezbollah, cujas explosões mataram 39 pessoas e deixaram milharesappbetnacionalferidos.

"A situação no Líbano é tensa e precária, e o país está sendo arrastado para um conflito cada vez mais profundo", afirmou Imad Salamey, professor do DepartamentoappbetnacionalEstudos Políticos e Internacionais da Universidade Americana Libanesa (LAU, na siglaappbetnacionalinglês),appbetnacionalBeirute, à BBC News Mundo, serviçoappbetnacionalnotíciasappbetnacionalespanhol da BBC.

O cientista político libanês diz que a atual crise o faz lembrarappbetnacionalguerras anteriores, como asappbetnacional2006 e 1982, que também tiveram um grande númeroappbetnacionalpessoas desalojadas.

"Mas, desta vez, me parece que o desalojamento da população civil é muito maior (…) Desta vez, Israel está atacando áreas povoadas muito maiores", acrescentou.

Zahra Sawli, uma estudante da cidadeappbetnacionalNabatieh, no sul do Líbano, teve que deixarappbetnacionalcasa na segunda-feira.

"Acordei às 6h da manhã com o somappbetnacionalum bombardeio. Ao meio-dia, começou a ficar bastante intenso, e vi muitos ataques na minha área", ela contou ao programa Newshour, da BBC.

"Para onde devemos ir? Muitas pessoas ainda estão presas nas ruas", acrescentou.

Salamey adverte que a ofensiva israelense está arrastando o Líbano para uma crise humanitária devastadora.

"A infraestrutura econômica e social libanesa, já enfraquecida por anosappbetnacionalinstabilidade política e econômica, corre agora o riscoappbetnacionalsofrer um colapso ainda maior se o conflito se agravar."

Dianteappbetnacionaltudo isso, eappbetnacionalum momentoappbetnacionalque o governoappbetnacionalIsrael está mergulhado no caos devido àappbetnacionalintensa guerra contra o HamasappbetnacionalGaza, surge a pergunta: por que a ofensiva contra o Hezbollah está acontecendo agora?

Mudançaappbetnacionalestratégia e informações vitais sobre o Hezbollah

Desde o início da ofensiva israelense na FaixaappbetnacionalGaza,appbetnacionaloutubro do ano passado,appbetnacionalresposta ao ataque do Hamas ao território israelense que resultouappbetnacionalcercaappbetnacional1,2 mil mortos e 250 reféns, a situação no Líbano se deteriorou progressivamente.

Mas a última semana foi crítica.

A jornalista libanesa Joyce Karam, editora do site Al-Monitor, reconhecido porappbetnacionalampla cobertura no Oriente Médio, observou uma mudança na estratégia militar israelense, que se concentra mais naappbetnacionalfronteira norte — e que "tenta separar o que está acontecendo no Líbano" da guerraappbetnacionalGaza.

"Mas o Hezbollah rejeita [a diferenciação] e insiste que deve haver um cessar-fogoappbetnacionalGaza para que a situação na fronteira libanesa se acalme", afirmou Karam à BBC News Mundo.

Imad Salamey, da Universidade Americana Libanesa, acredita que a mudança estratégica israelense reflete um objetivo mais amplo:appbetnacionalintençãoappbetnacionalenfraquecer a influência iraniana na região.

Mas o principal motivo parece estar ligado ao fatoappbetnacionalque as ForçasappbetnacionalDefesaappbetnacionalIsrael (FDI) viram uma grande oportunidadeappbetnacionalatacar e enfraquecer o Hezbollah, e aproveitaram.

"Tudo indica que Israel tinha informações vitais sobre as posições do Hezbollah, o que oferecia a oportunidadeappbetnacionalatacar com precisão e paralisarappbetnacionalinfraestrutura militar", explica Salamey.

Os ataques com explosãoappbetnacionaldispositivosappbetnacionalcomunicação — os atentadosappbetnacionalque morreram vários membros da milícia, alémappbetnacionalcentenasappbetnacionalcivis — e a mais recente ofensiva contra a infraestrutura da organização no sul do Líbano servem como evidência.

Condicionar retornoappbetnacionallibaneses aoappbetnacionalisraelenses

Desde o início da mais recente ondaappbetnacionalataques israelenses ao Líbano, que incluíram bombardeios contra a capital do país, Beirute, Benjamin Netanyahu vem repetindo que o regressoappbetnacionalquase 60 mil moradores às suas casas no norteappbetnacionalIsrael se tornou um objetivoappbetnacionalguerra.

Netanyahu destacou que seu governo está preparado para tomar "qualquer medida necessária para restaurar a segurança".

As FDI, porappbetnacionalvez, alertaram que os ataques contra a milícia xiita libanesa "vão continuar e se intensificar".

Para Salamey, a nova ofensiva também pode ser uma maneiraappbetnacionalo governo israelense condicionar o retorno e a segurança da população libanesa recentemente desalojada ao regresso dos israelenses ao norte do seu país.

Também coincide com o início do ano letivoappbetnacionalIsrael, o que,appbetnacionalacordo com Joyce Karam, aumentou a pressão sobre o governo para que as pessoas desalojadas nas áreasappbetnacionalfronteira retornem às suas casas.

Momento 'oportuno'

Alguns também acreditam que o momento dos ataques é oportuno para Israel.

"O governo israelense poderia estar aproveitando este momento,appbetnacionalque a atenção da comunidade internacional está voltada para outras frentes, para diminuir o poder do Hezbollah sem enfrentar um escrutínio tão intenso", observa Imad Salamey.

"O fatoappbetnacionalos Estados Unidos estarem envolvidos num ciclo eleitoral também ajuda Israel", acrescenta Karam.

Os Estados Unidos, o Reino Unido e outros aliados — incluindo críticos —appbetnacionalIsrael acreditam que a única formaappbetnacionalapaziguar esta perigosa escalada é por meioappbetnacionalum cessar-fogoappbetnacionalGaza.

E Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, deixou claro que os ataques a Israel vão continuar até que um cessar-fogo aconteça.

O jornalista Jeremy Bowen, editor internacional da BBC, que estáappbetnacionalJerusalém, lembra que a guerraappbetnacionalGaza conta com um apoio esmagador dos israelenses, mas Netanyahu continua impopular entre setores significativos do eleitorado.

Sua decisãoappbetnacionalintensificar a ofensiva no Líbano é arriscada: o Hezbollah ainda tem forças armadas poderosas que podem causar muita destruição.

A organização também continua a contar com o apoio do seu principal benfeitor, o Irã, confirmou na segunda-feira o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.

Vale lembrar que o grupo surgiu no início da décadaappbetnacional1980, depoisappbetnacionalIsrael ocupar o sul do Líbano durante a guerra civil libanesa. Desde então, recebeu armas e ajuda financeira do Irã.

Cessar-fogo ou saída diplomática

Ao longo da última semana, vimos como Israel ampliou seus ataques aéreos contra o Hezbollah, incluindo áreas e até casas onde afirma que mísseis potentesappbetnacionallongo alcance estão escondidos.

Na terça-feira (24/9), as FDI realizaram um novo ataque aéreo contra um reduto do Hezbollah no sulappbetnacionalBeirute, no qual, segundo as primeiras informações, seis pessoas foram mortas e outras 15 ficaram feridas.

Com estes ataques que define como "seletivos", Israel provavelmente busca reduzir o poder letalappbetnacionalseu inimigo.

Mas o Hezbollah não está recuando, e também incluiu novos alvosappbetnacionalIsrael, como a cidadeappbetnacionalHaifa, a terceira maior do país e um importante porto comercial no Mar Mediterrâneo.

Muitos analistas concordam que uma guerraappbetnacionalgrande escala ainda pode ser evitada, uma vez que nem o Irã, nem Israel nem o Hezbollah querem travar este conflito.

Israel sabe que isso significaria lançar uma invasão terrestre dispendiosa e destrutiva no sul do Líbano, com consequências devastadoras.

É mais provável que a solução para a crise atual seja alcançada por meio da diplomacia.

"Israel e Líbano poderiam chegar a um acordo para apaziguar as tensões na fronteira, expulsando os combatentes do Hezbollah do Rio Litani, o que é uma exigência israelense", explica Joyce Karam.

"O Hezbollah quer um cessar-fogoappbetnacionalGazaappbetnacionalantemão, mas a probabilidadeappbetnacionalisso acontecer é cada vez menor."