Haarp: a notícia falsa que diz que furacão Milton foi fabricado:aposta ganha foguete

No entanto,aposta ganha fogueteplataformas como X e TikTok, publicações alegando — sem nenhuma prova — que o governo dos EUA está secretamente controlando o clima já foram vistas milhõesaposta ganha foguetevezes.

Muitas dessas postagens foram feitas por contas conhecidas por espalhar teorias da conspiração e desinformação sobre a covid-19 ou vacinas.

Alguns internautas tentaram, ainda atribuir o evento climático a uma guerra política nos Estados Unidos. "Biden e Harris estão mexendo com o clima! O furacão Milton foi enviado para a Flórida, assim como o outro furacão, para acabar com a Flórida!! Eles sabem que a maioria dos moradores daquele estado são apoiadores do Trump, então 85% deles não vão poder votar no mês que vem", escreveu outro.

A teoria da conspiração da "arma climática" e outras semelhantes começaram a se espalhar quando o furacão Helene atingiu a costa há cercaaposta ganha fogueteduas semanas, deixando pelo menos 230 mortos.

Agora, as narrativas sem qualquer embasamento científico não estão apenas circulandoaposta ganha foguetecantos obscuros da internet, mas também sendo divulgadas por grandes perfis — incluindo,aposta ganha foguetedestaque, a congressista republicana Marjorie Taylor Greene, da Geórgia.

Na quarta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, classificou essas alegações como "completamente ridículas", acrescentando: "é tão estúpido, isso precisa parar".

O que é o Haarp e por que ele não pode causar desastres ambientais

Em maioaposta ganha foguete2024, quando o Haarp foi também citado falsamente como o causador da tragédia ambiental que afetou o Estado do Rio Grande do Sul, a BBC News Brasil entrevistou especialistas para entender como funciona o projeto.

Os cientistas explicam que o impacto e alcance das antenas usadas no projeto é limitado, atuaaposta ganha fogueteuma área específica da camada terrestre e não tem poderaposta ganha foguetecausar nenhuma grande mudança, sejaaposta ganha foguetetemperatura, nívelaposta ganha fogueteradiação ou incitar catástrofes ambientais.

O projeto Haarp tem um enfoque específico na ionosfera, a camada da atmosfera terrestre localizada entre 80 e 640 km acima da superfície da Terra.

Essa região serve como uma fronteira entre a atmosfera inferior, onde vivemos, e o espaço exterior.

"Não existe a chanceaposta ganha foguetequalquer evento climático ser desencadeadoaposta ganha fogueteuma camada atmosférica tão elevada, já que nuvens e correntesaposta ganha foguetear são formadas na troposfera, ou no máximo na estratosfera, que são as camadas mais baixas, até cercaaposta ganha foguete20 kmaposta ganha foguetealtitude", explicou Thiago Rangel, professoraposta ganha fogueteFísica da Atmosfera do programaaposta ganha foguetePós-Graduaçãoaposta ganha fogueteTecnologias Ambientais da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).

"As antenas Haarp não têm qualquer influência nos fenômenos meteorológicos, sejaaposta ganha foguetemicro ou macro escala", acrescenta o especialista.

Antes gerenciado pela Força Aérea e a Marinha dos Estados Unidos, o Haarp passou a ser coordenado pela Universidade do Alascaaposta ganha foguete2014.

De acordo com o site oficial do programa, o projeto visa entender como as transmissõesaposta ganha fogueteondasaposta ganha fogueterádio interagem com elétrons e íons livres na ionosfera, um conhecimento usado para aprimorar sistemasaposta ganha foguetecomunicação, como wi-fi, internet móvel para celulares e aplicativos baseadosaposta ganha foguetelocalização.

"Por ser um projeto que emite ondas na ionosfera, as pessoas tentam criar essa ligação, muito remota,aposta ganha fogueteque seria possível influenciar o climaaposta ganha foguetegrande escala", avalia Enio Pereiraaposta ganha fogueteSouza, professor da Unidade Acadêmicaaposta ganha fogueteCiências Atmosféricas da UFCG (Universidade Federalaposta ganha fogueteCampina Grande).

"E é justamente assim que as teorias da conspiração são construídas: juntando elementos difusos e tentando dar sentido a eles", completa.

Localizada no Alasca, a base da pesquisa, consisteaposta ganha fogueteantenas transmissorasaposta ganha foguetealta potência e alta frequência chamadasaposta ganha fogueteIRI (siglaaposta ganha fogueteinglês para Ionospheric Research Instrument, ou instrumentoaposta ganha foguetepesquisa ionosférica).

Os transmissores são usados para enviar sinais para a ionosfera, temporariamente excitando uma área específica para observar o comportamento dessa camada da atmosfera eaposta ganha fogueteinteração com ondasaposta ganha fogueterádio.

A direção do Haarp afirma que os estudos são essenciais para melhorar sistemasaposta ganha foguetecomunicação e vigilância para fins civis eaposta ganha foguetedefesa.

Além do transmissor, o Haarp também possui uma variedadeaposta ganha fogueteinstrumentos científicos sofisticados que podem observar e analisar os processos físicos que ocorrem na ionosfera quando excitada pelas IRI.

Por conta desses instrumentos, teorias da conspiração defendem que o Haarp seria capazaposta ganha foguetecontrolar placas tectônicas, temperatura atmosférica e até mesmo o nívelaposta ganha fogueteradiação que passa pela camadaaposta ganha fogueteozônio.

Com tamanho controle, o projeto seria capaz, segundo essas teorias,aposta ganha foguetecausar desastres naturais, ser armaaposta ganha foguetedestruiçãoaposta ganha foguetemassa e até ser usado para controle mental pela capacidadeaposta ganha fogueteemitir ondasaposta ganha foguetealta frequência.

De acordo com Rangel, nada disso é possível por meio das antenas do Haarp, que têm uma ação limitada, apenas emitindo ondas na camada da ionosfera e não interferindo nas áreas citadas pelos conspiracionistas.

As informações oficiais do projeto explicam que o Haarp é basicamente um grande transmissoraposta ganha fogueterádio.

"As ondasaposta ganha fogueterádio interagem com cargas e correntes elétricas, e não interagem significativamente com a troposfera. As ondasaposta ganha fogueterádio nas faixasaposta ganha foguetefrequência que o Haarp transmite não são absorvidas nem na troposfera nem na estratosfera — os dois níveis da atmosfera que produzem o clima da Terra. Como não há interação, não há como controlar o clima", diz o site do projeto.

O queaposta ganha foguetefato causou o furacão Milton

Os furacões são sistemas meteorológicos naturais.

Normalmente, eles se iniciam como uma onda tropical — uma áreaaposta ganha foguetebaixa pressão onde se formam tempestades e nuvens.

À medida que ventos fortes empurram esse sistema para longe da África eaposta ganha foguetedireção às Américas, o ar quente e úmido sobe do Oceano Atlântico tropical, fazendo com que o sistemaaposta ganha foguetenuvens e ventos comece a girar.

A relação entre esse tipoaposta ganha foguetefenômeno e a atividade humana não diz respeito a manipulação tecnológica, mas sim ao modo como vivemos: as mudanças climáticas estão tornando essas tempestades,aposta ganha foguetegeral, mais intensas.

As mudanças climáticas — causadas pelas emissõesaposta ganha foguetegases que aquecem o planeta, como o dióxidoaposta ganha foguetecarbono provenienteaposta ganha fogueteatividades humanas — não são consideradas responsáveis pelo aumento no númeroaposta ganha foguetetempestades tropicaisaposta ganha foguetetodo o mundo.

No entanto, temperaturas mais elevadas tornam mais provável a formaçãoaposta ganha foguetefuracões mais fortes.

Os mares mais quentes permitem que essas tempestades absorvam mais energia, o que pode resultaraposta ganha foguetevelocidadesaposta ganha foguetevento mais altas.

O furacão Milton se intensificou particularmente rápido enquanto se movia sobre o Golfo do México, onde as temperaturas da superfície do mar estavam cercaaposta ganha foguete1ºC a 2°C acima da média.

As velocidades máximasaposta ganha foguetevento sustentadas aumentaramaposta ganha foguete150 km/h para 280 km/haposta ganha fogueteapenas 12 horas, no dia 7aposta ganha fogueteoutubro,aposta ganha fogueteacordo com dados do Centro Nacionalaposta ganha fogueteFuracões.

Para alguns usuários das redes sociais, essa mudança repentina foi percebida como "evidência" para apoiar suas sugestõesaposta ganha fogueteque não se tratavaaposta ganha fogueteuma tempestade "natural", mas simaposta ganha fogueteuma criada por humanos.

Mas essa tendência está alinhada com as expectativasaposta ganha fogueteque os furacões se intensifiquem mais rapidamenteaposta ganha fogueteum mundoaposta ganha fogueteaquecimento.

"À medida que aquecemos o planeta, esperamos muitos impactos potenciais nos furacões que podem torná-los mais destrutivos — incluindo a capacidadeaposta ganha foguetese fortalecerem mais rapidamente sobre águas oceânicas anormalmente quentes", explica Andra Garner, professora assistente da Universidade Rowan,aposta ganha fogueteNova Jersey.

O furacão Helene — que atingiu a Flórida há cercaaposta ganha fogueteduas semanas — também se intensificou rapidamente sobre o Golfo do México.

Um novo estudo publicado na quarta-feira revelou que as temperaturas excepcionalmente altas da superfície do mar ao longoaposta ganha foguetesua trajetória foram tornadas centenasaposta ganha foguetevezes mais prováveis pelo aquecimento causado pelo homem.

“[Helene] foi significativamente mais destrutivo por causa das mudanças climáticas”, explica Ben Clarke, do grupo World Weather Attribution, que liderou o estudo, à BBC Verify.

Alémaposta ganha fogueteventos geralmente mais fortes, as mudanças climáticas também afetam outros perigos associados aos furacões.

Uma atmosfera mais quente pode reter mais umidade — até cercaaposta ganha foguete7% para cada aumentoaposta ganha foguete1°C na temperatura. Isso significa que as chuvas podem ser mais intensas.

Além disso, o nível do mar global tem aumentado nas últimas décadas, principalmente devido ao aquecimento global. Isso torna mais provável que uma determinada maré alta — aumentos temporários nos níveis do mar causados por tempestades — resulteaposta ganha fogueteinundações costeiras.

Na Flórida, os níveis médios do mar aumentaram maisaposta ganha foguete18 cm desde 1970, segundo dados do governo dos EUA.

Para alguns usuários que espalham teorias da conspiração sobre o furacão Milton, isso também se resume a "alarmismo". Mas as evidências sugerem o contrário.

*Com informações da reportagemaposta ganha fogueteMark Poynting e Marco Silva, da BBC Verify