EUA dependem do Brasil e aliados para achar uma saída para Venezuela, diz ex-embaixador Shannon :baixar sportingbet

Segundo informou o governo, maisbaixar sportingbetduas mil pessoas já foram detidasbaixar sportingbetações que a oposição classifica como arbitrárias.

A crise no país latino-americano tem impacto transfronteiriço. As consequências dos movimentos do xadrez venezuelano podem afetar economicamente, socialmente e até politicamente paísesbaixar sportingbettoda a América.

Por isso, os países estão agindo. Brasil, México e Colômbia, que não reconheceram a vitóriabaixar sportingbetMaduro, cobram as atas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) venezuelano enquanto tentam liderar uma possível mediação entre governistas e oposição. Já um grupo liderado pela Argentina rejeitou os resultados e não tem mais laços formais com Caracas.

Na tarde da quinta-feira (8/8), os países emitiram um segundo comunicado conjunto a respeito da crise.

Após uma reunião virtual entre os ministros das Relações Exteriores dos três governos, a nota afirma que os países "consideram fundamental a apresentação pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) dos resultados das eleições presidenciaisbaixar sportingbet28baixar sportingbetjulhobaixar sportingbet2024 desagregados por mesabaixar sportingbetvotação".

O texto prossegue afirmando que "as soluções da situação atual devem surgir da Venezuela".

"Nesse sentido, [os ministros] reiterambaixar sportingbetdisposiçãobaixar sportingbetapoiar os esforçosbaixar sportingbetdiálogo e buscabaixar sportingbetentendimentos que contribuam à estabilidade política e à democracia no país."

Mais ao norte, os Estados Unidos, que instituíram sanções econômicas à Venezuela que podem ser afrouxadas ou incrementadasbaixar sportingbetacordo com o desenrolar da situação, pisambaixar sportingbetovosbaixar sportingbetpleno ano eleitoral.

O presidente democrata Joe Biden telefonou para Luiz Inácio Lula da Silva e os dois países também pedirambaixar sportingbetconjunto o detalhamento do voto dos venezuelanos.

Dias depois e após alguns ruídos, os EUA explicitaram seu posicionamento: disseram reconhecer a vitória da oposição, mas não afirmaram que González será tratado como presidente.

A nuance tem importância porque, na análise do ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, Washington não quer,baixar sportingbetnovo, apoiar um presidente oposicionista autodeclarado que, na prática, não tem e nem terá poder.

Isso já aconteceubaixar sportingbet2019, quando o líder da oposição, Juan Guiadó, se autodeclarou presidente após a dissolução dos poderes da Assembleia pelo chavismo, mas não teve poder para governar ou decidir. Na época, não só os EUA, mas a União Europeia e o Brasil, então sob Jair Bolsonaro, reconheceram Guaidó.

"Os Estados Unidos preferem encontrar outra saída para esta crise. Por isso dependem do que Brasil, Colômbia e México consigam fazer", disse Shannonbaixar sportingbetentrevista à BBC News Brasil.

Ocupante do mais alto posto diplomático dos EUA para a América Latina na administração Barack Obama, Shannon avalia que haverá muita cautelabaixar sportingbetWashington na horabaixar sportingbetaprovar possíveis novas sanções a Caracas.

O motivo, segundo ele, é que as sanções aplicadas ainda no governobaixar sportingbetDonald Trump não atingiram seu objetivo, ou seja, não retiraram Maduro do poder. Além disso, a penúria econômica teve reflexos na onda migratória venezuelana que se espraiou pela região, inclusive pelos EUA.

"A Venezuela desempenhará um papel muito importante, não tanto nas eleições presidenciais, mas nas eleições para a Câmara dos Representantes [em novembro deste ano]", diz ele, que também foi conselheiro político na Embaixada dos Estados Unidosbaixar sportingbetCaracas entre 1996 e 1999, deixando o país no primeiro anobaixar sportingbetHugo Chávez na presidência.

Confira a seguir os principais pontos da entrevistabaixar sportingbetShannon, que conversou com a reportagem por videoconferência no escritóriobaixar sportingbetadvocacia Arnold & Porter,baixar sportingbetWashington, onde trabalha.

baixar sportingbet BBC News Brasil - baixar sportingbet Como o senhor vê a situação da Venezuela agora? Maduro está reprimindo os protestos, enquanto a oposição não dá sinaisbaixar sportingbetque aceitará a vitória declarada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O que esperar? E no que a situaçãobaixar sportingbetagora baixar sportingbet se diferebaixar sportingbetoutras crises no passado baixar sportingbet ?

baixar sportingbet Thomas Shannon - Acho que a principal diferença, a essa altura, é a própria eleição. E também o fatobaixar sportingbeta oposição ter participado nestas eleições, o que deu uma oportunidade ao povo venezuelanobaixar sportingbetdizer o que pensa. E, com base nas provasbaixar sportingbetque todos dispomos, é bastante claro que o povo venezuelano escolheu o candidato da oposição, por cercabaixar sportingbetdois [votos para Edmundo González] para um [voto para Nicolás Maduro]. Isso cria um ambiente político muito diferente para o governo, para o presidente Maduro e para a oposição.

baixar sportingbet BBC - O Brasil, juntamente com a Colômbia e o México, está tentando ser um mediador nesta crise. Mas qual é a influência que o Brasil realmente pode exercer agora? E como o senhor avalia essa estratégia?

baixar sportingbet Shannon - Creio que o Brasil tem uma influência considerável na Venezuela, tal como a Colômbia e o México, devido à liderança do presidente Lula, do presidente [Gustavo] Petro e do presidente [Antonio Manoel] López Obrador, que estão tentando usar abaixar sportingbetcredibilidade e a relação que construíram ao longo do tempo com o governo venezuelano para encontrar uma saída para um impasse que, neste momento, parece quase insolúvel.

baixar sportingbet BBC - Os Estados Unidos publicaram uma nota reconhecendo a vitóriabaixar sportingbetGonzález ao mesmo tempobaixar sportingbetque Biden apoia Lula pedindo a divulgação das atas. Como a campanha eleitoral e seu calendário podem impactar os caminhos da Casa Branca nesta questão ?

baixar sportingbet Shannon - Os comentários do secretário [Antony] Blinken à imprensa tinham dois objetivos. Reconhecer uma realidade, que é o fatobaixar sportingbettodas as provas, como referi, indicarem que Edmundo González ganhou as eleições. Mas o segundo ponto tem a ver com a política interna dos Estados Unidos. Porque a Venezuela vai se tornar um problema. Quer dizer, já é um problema. E desempenhará um papel muito importante, não tanto nas eleições presidenciais, mas nas eleições para a Câmara dos Representantes [em novembro deste ano].

Os democratas estão buscando uma formabaixar sportingbetreconquistar a Câmara dos Representantes e por isso não querem ser retratados pelos republicanos como sendo brandos com alguém como o presidente Maduro, quebaixar sportingbetprimeiro lugar, roubou as eleições. E,baixar sportingbetsegundo lugar, está ocupado reprimindo as pessoas que estão protestando contra essa eleição roubada.

Dito isto, os Estados Unidos têm mantido uma comunicação muito estreita com o Brasil, a Colômbia e o México e o presidente Biden falou com o presidente Lula. Os EUA apóiam o que o Brasil, a Colômbia e o México estão tentando fazer, que é,baixar sportingbetprimeiro lugar, convencer os venezuelanos a divulgarem os seus boletinsbaixar sportingbetvoto. E isso eles nunca farão, porque vai mostrar o que já sabemos: que o presidente Maduro perdeu as eleições.

baixar sportingbet BBC - baixar sportingbet O senhor acha que as atasbaixar sportingbetvotação nunca serão apresentadas?

baixar sportingbet Shannon - Não. A razão pela qual pediram ao Supremo Tribunal para resolver esta questão é porque não querem que o CNE resolva a questão. Mas vale a pena registrar que o porta-voz do Departamentobaixar sportingbetEstado [dos EUA] veio a público e acrescentou um comentário adicional ao que o secretário Blinken tinha dito.

Ele afirmou que os Estados Unidos não reconhecem Edmundo González como presidente da Venezuela,baixar sportingbetprimeiro lugar, porque a posse do presidente não vai acontecer até o ano que vem [serábaixar sportingbetjaneirobaixar sportingbet2025]. Mas,baixar sportingbetsegundo lugar, o governo dos Estados Unidos não quer voltar a cairbaixar sportingbetuma experiência semelhante, quando os EUA declararam Juan Guaidó presidente [em janeirobaixar sportingbet2019] e depois ficaram limitados a apoiar um presidente que não tinha autoridade para governar e nem poder.

Agora, os Estados Unidos preferem encontrar outra saída para esta crise. Por isso dependem do que o Brasil, a Colômbia e o México consigam fazer.

baixar sportingbet BBC - baixar sportingbet O senhor acredita que novas sanções dos EUA sobre a Venezuela estariam sobre a mesa agora?

baixar sportingbet Shannon - Provavelmente, mas dependerá muito dos níveisbaixar sportingbetviolênciabaixar sportingbetCaracas. Mas se houver sanções, acredito que o governo dos EUA será muito cuidadoso na forma como elas serão aplicadas. Acho que uma das lições aprendidas com a campanhabaixar sportingbetpressão máxima da administração [Donald] Trump é que a dureza das sanções,baixar sportingbetprimeiro lugar, não atingiu seu objetivo. Em outras palavras, não foram capazesbaixar sportingbetexpulsar Maduro do poder. Também não romperam a relação entre Maduro e as forças armadas.

Em segundo lugar, causaram um sofrimento realmente significativo na população venezuelana e aceleraram a migração que já estava ocorrendo. Essa aceleração ocorreubaixar sportingbetuma forma que prejudicou os nossos parceiros na região, como Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Chile e Panamá.

Ao mesmo tempo, criou uma espéciebaixar sportingbetcrise para os Estados Unidos na nossa fronteira sudoeste, porque os venezuelanos começaram a imigrar para os Estados Unidos. Se houver uma segunda ondabaixar sportingbetimigração, os venezuelanos não vão perder seu tempo indo para países da América do Sul. Virão diretamente para os Estados Unidos.

baixar sportingbet BBC - baixar sportingbet Publicamente, o Brasil e os Estados Unidos parecem ter adotado abordagens diferentes,baixar sportingbetrelação à crise, já que os EUA reconhecem a vitóriabaixar sportingbetGonzález, enquanto o Brasil, não. Ao mesmo tempo, Biden se referiu a Lula como uma espéciebaixar sportingbetlíder regional nessa questão. O senhor vê alguma coordenação acontecendo?

baixar sportingbet Shannon - Eu não faço parte disso, mas com certeza há muita coordenação ocorrendo, muita comunicação entre os dois países. E, como sabem, o Brasil, a Colômbia e o México decidiram adotar uma linhabaixar sportingbetação que atribui a si próprios a responsabilidadebaixar sportingbetcolocar um fim à crise venezuelana.

E houve uma oportunidade, na reunião do Conselho Permanente da OEA na semana passada,baixar sportingbetenvolver a OEA nesta questão e tentar construir uma abordagem hemisférica, mas o Brasil e a Colômbia se abstiveram na votação desta resolução e o México sequer participou. E a resolução não foi bem sucedida.

Eu entendo por que eles escolheram se abster. Compreendo por que é que o México optou por não ir para a OEA. E compreendo que considerem que a OEA foi uma plataforma inadequada para resolver esta questão.

Mas como foram eles que efetivamente acabaram com a possibilidadebaixar sportingbetum papel da OEA, pelo menos na negociaçãobaixar sportingbetum fim para o conflito, eles assumiram a responsabilidadebaixar sportingbetfazê-lo. E isso é corajoso, mas também é desafiador.

baixar sportingbet BBC - baixar sportingbet E quais são as consequências para o Brasilbaixar sportingbetincitar a essa viabaixar sportingbetdiálogo quando Maduro não dá sinaisbaixar sportingbetestar aberto à negociação, nembaixar sportingbetapresentar as atas?

baixar sportingbet Shannon - Antesbaixar sportingbetmais nada, acho que o Brasil está agindobaixar sportingbetboa fé. Em segundo lugar, o Brasil deixou claro que não tem qualquer intençãobaixar sportingbetfazer aquilo a que nós,baixar sportingbetinglês, chamamosbaixar sportingbetwhitewashing [acobertar] a fraude conduzida pelo CNE. Ou seja, o Brasil não vai participar dessa fraude.

E, talvez o mais importante, eu não creio que o Brasil queira participar da repressão nas ruas. Por isso, penso que vão trabalhar arduamente para tentar encontrar uma formabaixar sportingbetiniciar as negociações entre o governobaixar sportingbetNicolás Maduro e a oposição sobre o resultado das eleições.

E onde é que essas negociações vão dar, eu não sei. Mas acho que é importante compreender que, apesarbaixar sportingbeto Brasil, a Colômbia e o México terem assumido essa responsabilidade, e apesarbaixar sportingbetterem se empenhado e tentado encontrar uma formabaixar sportingbetresolver esta crise política e limitar a violência que poderia resultar da crise, a responsabilidade final pelo resultado é do governo do presidente Maduro. Não é dos mediadores.

E acho que há duas coisas que têmbaixar sportingbetser claramente entendidas aqui, e acredito que o Brasil compreende isso. Em primeiro lugar, a responsabilidade final cabe ao governo do presidente Maduro. E,baixar sportingbetsegundo lugar, isto é mais do que uma mera negociação entre a oposição e o governo. Porque o novo ator aqui é o povo venezuelano.

São os milhõesbaixar sportingbetvenezuelanos que foram votar na esperançabaixar sportingbetque abaixar sportingbetvoz fosse ouvida e que pudessem escolher o seu governo.

Por isso, todas as partes envolvidas, os Estados Unidos, o Brasil, a Colômbia, o México e todos os outros países da região, mas não só da região, têmbaixar sportingbetcompreender que, no fim das contas, o povo venezuelano é o ator soberano. E precisa ser respeitado.

baixar sportingbet BBC - Como seria uma transição política na Venezuela? Quem ou quais grupos seriam capazesbaixar sportingbetrealizá-la?

baixar sportingbet Shannon - Penso que se tratabaixar sportingbetuma solução internacional e, ao mesmo tempo, nacional. Quer dizer, há uma saída para isto, mas requer criatividade, requer alguma paciência e requer muito trabalho árduo.