As mulheres árabes que se negam a ser silenciadas:jogos azar

Ela começoujogos azarcarreira na música à frente da primeira bandajogos azarpunk eletrônicojogos azarBeirute, a Soapkills, no final dos anos 1990, e está prestes a lançar seu segundo álbum solo, Al Jamilat ("As Bonitas",jogos azarportuguês).

"É normal, as mulheres árabes sempre foram muito ativas à frente da cultura - como produtorasjogos azarcinema desde os anos 1920 e como cantoras, dançarinas, coreógrafas, escritoras muito antes disso."

A figura mais icônica da música árabe continua sendo a cantora, atriz e compositora egípcia Umm Kulthum, conhecida como "a Estrela do Oriente". Nascida na famíliajogos azarum imã (líder religioso muçulmano) na virada do século 20, ela estudou música clássica durante a adolescência e estabeleceujogos azarmarca como um talento vocal extraordinário na décadajogos azar1920.

Também estrelou vários filmes, incluindo Nashid Al Amal ("O Canto da Esperança"),jogos azar1937,jogos azarque interpretou uma mãe solteira e divorciada trabalhando para sustentarjogos azarfilha.

A trilha sonora do filme incluia "A Canção da Universidade" com uma temática sobre determinação, solidariedade e fervor nacional. Ela apresentou a mulher como à frente da identidade nacional, ao lado do homem, cantando sobre política e questões românticas.

Umm Kulthum se mostrou uma mulherjogos azarnegócios astuta alémjogos azaruma artista bem-sucedida. Seu poderoso repertório e suas colaborações experientes abordaram desde sentimentos patrióticos até serenatas cheiasjogos azarsaudade.

Hamdan acredita que "a unidade do mundo árabe foi incorporada na vozjogos azarUmm Kulthum". Quando ela morreu,jogos azar1975, já havia conquistado fama internacional. Como escreve a musicóloga Virginia Danielson na revista Harvard Magazine, "imagine uma cantora com a virtuosidadejogos azarJoan Sutherland ou Ella Fitzgerald, a personalidade públicajogos azarEleanor Roosevelt e a audiênciajogos azarElvis, e você terá Umm Kulthum".

Muitas das estrelas pioneiras da música árabe estavam ligadas à "erajogos azarouro" do cinema egípcio, que levou talento e glamour ao grande público. Nomes importantes incluem Leila Mourad,jogos azaruma família judia do Cairo, e Asmahan, que veio da nobreza drusa da Síria, e cujo impressionante alcance musical foi interrompido comjogos azarmortejogos azar1944, com apenas 31 anos.

As músicasjogos azarorquestra dessa época ainda fazem parte da cultura pop árabe e costumam aparecerjogos azarcomerciais ou programasjogos azarreality show como Arab Idol. No entanto, o espírito dessas cantoras - suave porém forte, poético e político, aberto a vários estilos - certamente foi melhor incorporado por uma nova geraçãojogos azarartistas independentes.

Hamdan descreve a experiênciajogos azarouvir a músicajogos azarAsmahan Ya Habibi Ta'ala ("Venha, meu querido") na madrugadajogos azaruma boatejogos azarBeirute como uma "epifania musical". "Era extremamente elegante, eloquente e emocional, sofisticado e ousado parajogos azarépoca", lembra ela.

Nas produções eletrônicasjogos azarseu álbum solojogos azarlançamento, Ya Nass ("Hey Pessoal"),jogos azar2013, Hamdan homenageou Asmahan e Mourad assim como a lendária cantora e compositora Mohammed Abdel Wahab, por meiojogos azarcovers ejogos azarum material original cheiojogos azaralma.

Encontrando uma voz

Em seu novo álbum, Hamdan foca principalmentejogos azarsuas próprias músicas, escritas com a perspectivajogos azarpersonagens mulheres. "Elas têm muitas contradições, eu gostojogos azarmostrar meu apreço por imperfeições", ri. "Essas personagens são dominantes e frágeis, o que eu considero lindo."

Escolher cantarjogos azarárabe quando outras cantoras se inclinavam ao pop ocidental foi,jogos azarcerta forma, um atojogos azarrebeldia. "Eu senti que a língua árabe era um material bruto que poderia ser transformado com liberdade. Isso é algo empolgante para mim", disse ela ao jornal britânico The Guardian.

Julgamentos controversos sobre "respeitabilidade" no mundo árabe, desde códigosjogos azarvestimenta até letras, são outra fontejogos azarrebeldia. "Bem, há muitos códigos na música árabe e não é fácil quebrá-los", diz Hamdan, que agora morajogos azarParis com seu marido (o diretorjogos azarcinema palestino Elia Suleiman) e continua a fazer turnês internacionais.

"Mas o conservadorismo não é apenas na religião, pode ser social ou intelectual, e há um tipojogos azartabu ao se tocarjogos azarmúsicas 'sagradas' antigas."

A musicista Emel Mathlouthi, nascida na Tunísia, e cujo segundo álbum, Ensen (Humano), foi lançado recentemente, ecoa esse sentimento. "Temos muitas estrelas pop árabes, então isso não é um problema. Mas realmente penso que isso é mais difícil quando você tem seu projeto próprio", diz.

"No mundo árabe, há expectativas grandes sobre cantoras boas, o que eu realmente gosto, mas a grande mídia também tem uma abordagem muito tradicional e é difícil se livrar da imagemjogos azar'diva estática'."

A chamada "voz da Revolução Tunisiana" é uma estrela dinâmica e politicamente consciente. Seu trabalho frequentemente aborda desigualdades ejogos azarmúsica Kelmti Horra ("Minha Palava é Livre") se tornou o hino da Primavera Árabe (2011), o que a levou a se apresentar no show do prêmio Nobel da Pazjogos azar2015, que foi conferido a autoridades tunisianas comandando o governojogos azartransição.

Mathlouthi cita várias influências, incluindo "os vocais fortes e as músicas profundas" da estrela libanesa Fairuz (que, comojogos azarcompatriota Sabah, havia conquistado palcos internacionais incluindo o Carnegie Halljogos azarNova York, o Royal Albert Halljogos azarLondres e o Olympiajogos azarParis), e a músicajogos azarprotesto e compositora egípcia Sheikh Imam.

Ela também é uma fã da cantora e compositora americana Joni Mitchell - no Dia Internacional da Mulher deste ano, Mathlouthi participoujogos azarum show celebrando o álbum Hejira,jogos azarMitchell, no Southbank Centre,jogos azarLondres.

Mathlouthi queria que o álbum Ensen "refletisse os contrastes da sociedade árabe muçulmana". "Esse álbum tenta se conectar comjogos azartradição e como distribuir isso com um toque pessoal." Ela acredita que a escolha da linguagem por si só pode ser uma formajogos azarse expressar.

"O que eu acho difícil agora é que quando uma mulher cantajogos azarárabe, a não ser que sejajogos azarum contexto exótico oujogos azaruma festa, isso a bloqueiajogos azarparticipar da grande mídia. Talvez isso seja o caso para a maioria dos idiomas que não seja o inglês, mas quando eu canto na minha língua mãe, sejajogos azardialeto ou fusha (árabe clássico), a música tem outra dimensão. Como árabes, é importante associarmos nossas vozes com a arte e expressões positivas."

Além da grande mídia

Ao sair da grande mídia, muitas artistas ganham mais autonomia - e alcançam o legadojogos azarartistas árabes fortes ao mesmo tempo. No Oriente Médio, muitas cenas alternativas oferecem uma contrapartida ao pop árabe.

Maryam Saleh, uma cantora e compositora do Cairo, diz que tanto homens quanto mulheres precisam batalhar muito nesse mundo independente, onde há pouca infraestrutura para discos e shows: aliás, comparado aos homens, ela diz que "de alguma forma você mantém um sensojogos azarempoderamento como uma artista mulher independente aqui".

Obviamente, vozes femininas nem sempre estãojogos azarsincronia. Para Saleh, Umm Kulthum representa um talento musical e empresarial que se alinha com a autoridade. "Sua voz, interpretação, escolhas e alianças se somaram para transformá-lajogos azarum ícone e uma instituição. No caso das artistas mulheres alternativas hoje, elas são verdadeiramente independentes, e compõem e produzem seu próprio trabalho, e Kamilya Jubran (cantora palestina) é um ótimo exemplo disso".

A músicajogos azarSaleh, assim como a canção Toul El-Tarie (Em Todas as Estradas), é bela, poética e sombria e suas músicas combinam suas letras próprias com poesia árabe antiga e atual, incluindo a egípcia Mido Zoheir.

"Eu me atraio por textos que expressam despretensiosamente sentimentos que vivenciamos todos os dias, como enigmas, sátiras, mas que atingem acordes pessoais", diz ela.

Sarah El-Miniawy, fundadora da agência internacionaljogos azargerenciamento musical e relações públicas Simsara, diz que "música árabe alternativa, ou qualquer música que não sejajogos azaringlês, raramente vai para a grande mídia. Quando vai, o foco vai para a política da região e isso acontece com ambos os gêneros".

"Não dá para negar que o cenário é mais difícil para artistas árabes independentes e então naturalmente você usa mais o pouco que você tem. Se vamos falar que ser oprimido o inspira e o torna mais determinado, estaremos romantizando uma realidade dura. Músicos independentes no mundo árabe vão atrásjogos azarsua vocação assim como qualquer outro músicojogos azaroutros lugares e eles se adaptam ao estilojogos azarvida necessário."

Tanto El-Miniawy e Saleh concordam que, na era digital, essas formas variadasjogos azarmúsica e arte são desenvolvidas o mais rápido possível. E é nesse espaço sem limites que mais pontosjogos azarconexão são estabelecidos no mundo árabe, entre estilos e gerações, com vozes femininas confrontando a realidade, misturando-a com fantasia e continuando a ressoar.