Boulos X Chequer: 9 perguntas para líderes contra e pró-impeachment:blaze esporte

Também convergemblaze esportecríticas à presidente, a deputados e senadores -blaze esporteespecial Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, que recebeu "nota zero"blaze esporteambos.

"O Congresso reflete uma parte do governo ao não ter capacidadeblaze esporteaprovar as medidas mais básicas exigidas pela população", diz Chequer. "Deste Parlamento não deve se esperar nada a não ser regressão, conservadorismo e ataques a direitos", afirma Boulos.

Pouco maisblaze esporte72h depois dos protestos organizados pelo Vem Pra Rua e outros movimentos pró-impeachment no último domingo, MTST, centrais sindicais e movimentos sociais prometem encher as ruas do país nesta quarta-feira.

Leia, a seguir, os principais momentos das entrevistas:

blaze esporte BBC Brasil: Como foram os protestos do dia 13, a favor do impeachment?

blaze esporte Guilherme Boulos: Esvaziadíssimos. Imagino até que os organizadores, se tiverem bom senso, terão a mesma avaliação. Não tiveram nenhuma densidade social e sequer os setores conservadores da classe média, que se reuniram nos outros, apareceram dessa vez. Isso mostra que há um esgotamento dessa pauta e que a ideiablaze esporteimpeachment conduzida por (Eduardo) Cunha (PMDB-RJ) não anima nem esses setores.

blaze esporte Rogério Chequer: Acabaram sendo mais que só um "esquenta" e tiveram números significativos nas ruasblaze esportemaisblaze esportecem cidadesblaze esportetodo o país. O povo continua indignado e as mensagens foram contundentesblaze esporteinsatisfação e indignação com o governo. Os protestosblaze esportedomingo foram maiores que todos os protestos organizados pelo governo ao longoblaze esporte2014, provavelmente somados. A nossa estimativa éblaze esporte100 milblaze esportetodo o país - eles não chegaram a tanto.

Crédito, AFP

blaze esporte BBC Brasil: Qual é a expectativa para os protestos desta quarta-feira?

blaze esporte Guilherme Boulos: Vai ser expressivo. Fimblaze esporteano é um período difícil, mas vamos conseguir mobilizar seguramente maisblaze esporte40 mil, 50 mil pessoasblaze esporteSão Paulo. Em Brasília, também será importante. Mas essa oposição binária entre 13/12 e 16/12 não reflete todo o ato. No dia 16, a pauta é clara contra o ajuste fiscal e pela saídablaze esporteEduardo Cunha. Não vamos dar chequeblaze esportebranco para Dilma, não vamos exaltá-la, este é um governoblaze esportegrande medida indefensável pelas medidas que tem aplicado.

blaze esporte Rogério Chequer: Estou curioso para ver se vão ter uma audiência significativa pela primeira vez.

blaze esporte BBC Brasil: Qual éblaze esportenota para o governo Dilma?

blaze esporte Guilherme Boulos: Está mais próximo do zero que do 10, seguramente. Foi um governo que não aplicou o programa com o qual foi eleito. Ao contrário: uma vez eleito, aplicou um programa derrotado, com ajuste fiscal, uma políticablaze esporteausteridade igual à que está levando a Europa a níveis altíssimosblaze esportedesemprego, concentraçãoblaze esporterenda, regressão social. A política assumida pelo governo Dilma não tem nenhuma condiçãoblaze esporteser defendida pela esquerda.

blaze esporte Rogério Chequer: Nota zero, porque todas as ações resultaramblaze esporteretrocesso,blaze esportetodas as áreas. Na econômica, passamosblaze esportecrescimento pífio para depressão. Em termos financeiros, houve aumentoblaze esportejuros,blaze esporteimpostos e inflação. É um fracasso completo.

blaze esporte BBC Brasil: E qual é a nota para a gestão Cunha na presidência da Câmara?

blaze esporte Guilherme Boulos: Seguramente zero. Cunha representa o que háblaze esportepior na política brasileirablaze esportetodos os sentidos. É um corrupto notório, contumaz, não tem condiçãoblaze esporteser parlamentar, quanto menos para dirigir a Câmara. Protagoniza retrocessos, ataca direitosblaze esportemulheres, da população LGBT, direitos trabalhistas, direitos sociais. Precisa ser varrido da política.

blaze esporte Rogério Chequer: A nota para Eduardo Cunha é... deixa eu ver se tem algum motivo para ser diferente (dablaze esporteDilma)... é nota zero também. Porque ele tem conduzido a Câmara dos Deputados muito mais voltado aos seus interesses pessoais do que representando, como deveria, o que a maioria da população quer.

blaze esporte BBC Brasil: Como avalia os desdobramentos da operação Lava Jato?

blaze esporte Guilherme Boulos: Sob um aspecto, mostrou o que os movimentos sociais dizem há 30 anos: financiamento eleitoral por empresas gera apropriação do público pelo privado. O problema está emblaze esporteseletividade, como se um só um partido tivesse inventado a corrupção. Ataca-se Lula, PT, mas não se falablaze esporteFHC (PSDB-SP) ou Aécio Neves (PSDB-MG), que se elegeublaze esporteMinas com os mesmos investimentos privados dos que estão sendo investigados.

blaze esporte Rogério Chequer: Acho que, junto com o acordar da população, é uma das duas melhores coisas que aconteceram no Brasil recentemente. Porque tem sido uma das ações mais efetivas para, pela primeira vez nas últimas décadas, atacar a impunidade no país.

blaze esporte BBC Brasil: Qual é a melhor saída para a crise econômica?

blaze esporte Guilherme Boulos: O ajuste fiscal é a pior saída, porque joga a conta nas costas dos mais pobres. A saída passa por reforçar os investimentos públicos, com taxação do andarblaze esportecima, como o ganho financeiro exorbitante dos bancos, que continuam tendo lucros recordes. É preciso apropriar esse excedente para a sociedade, não para a elite financeira.

blaze esporte Rogério Chequer: A mais rápida é a mudançablaze esportegoverno assim que possível, porque esse governo não tem nenhuma condiçãoblaze esportemanter um graublaze esportegovernabilidade mínimo para tomar as decisões mais adequadas para os destinos econômicos do país.

blaze esporte BBC Brasil: Qual é a melhor saída para a crise política?

blaze esporte Guilherme Boulos: Este impeachment significa andar para trás na crise política. O programa representado pelo (vice-presidente Michel) Temer (PMDB) não tem a menor condiçãoblaze esportetirar a crise política. O Congresso Nacional não tem autoridade alguma para apresentar saídas para a crise. As saídas vão se construir nas ruas, com a mobilização popular.

blaze esporte Rogério Chequer: Impeachment. Porque o governo não tem mais baseblaze esportesustentação alguma, e base, apoio, são fundamentais no presidencialismoblaze esportecoalizão.

Crédito, Reuters

blaze esporte BBC Brasil: Como vê a lei Antiterrorismo,blaze esportediscussão no Congresso?

blaze esporte Guilherme Boulos: Desastrosa, absolutamente, e é preciso pontuar que foi uma iniciativa do governo Dilma,blaze esporteuma pessoa que foi presa como terrorista na ditadura. Agora encampa uma lei queblaze esportefato vai criminalizar os movimentos sociais. Se há terrorismo no Brasil é o terrorismo do Estado, que dizima a juventude negra e pobre dia após dia.

blaze esporte Rogério Chequer: Temo que ela confunda terrorismo real com manifestações democráticas. Que eu saiba, não há ameaça. Por enquanto, não. Não vejo problemablaze esportehaver uma legislação quanto a isso, mas existem aspectos da lei que não segregam suficientemente manifestações pacíficas, mas contrárias ao governo,blaze esporteatosblaze esporteterrorismo.

blaze esporte BBC Brasil: Qual éblaze esporteopinião sobre o Congresso?

blaze esporte Guilherme Boulos: Se o governo Dilma é pessimamente avaliado, e o povo tem razão, o Legislativo é ainda pior. Este Parlamento representa interesses econômicos, não populares, e é impermeável à voz popular. A lógica do Parlamento brasileiro é atender aos interessesblaze esportequem dá dinheiro a campanhas, não por acaso as maiores empresas do país. Deste Parlamento não deve se esperar nada a não ser regressão, conservadorismo e ataques a direitos.

blaze esporte Rogério Chequer: O Congresso está refletindo uma parte do governo ao não ter capacidadeblaze esporteaprovar as medidas mais básicas exigidas pela população, como uma reforma eleitoral que faça diferença na representatividade do nosso sistema. O sistemablaze esportevotação proporcional é sabidamente pífio no Brasil e houve tentativas totalmente ineficientesblaze esportese transformar isso, por exemplo com o voto distrital ou fim das coligações. O Congresso não conseguiu fazer nenhum progresso nesse sentido.