Execução abala 'fantasia'aposta da dinheirobrasileiros no tráfico da Indonésia:aposta da dinheiro

Rodrigo Gularte e Marco Archer

Crédito, Snowing in Bali by Kathryn Bonella

Legenda da foto, A escritora australiana conheceu Rodrigo Gularte (à esquerda) e Marco Archer no 'corredor da morte' na Indonésia.

"Bolha"

Para a australiana, a morte estourou o que ela chamaaposta da dinheiro"bolha da fantasia" para os brasileiros envolvidos com o tráfico no país.

"A morteaposta da dinheiroMarco foi decididamente o que se pode chamar do fimaposta da dinheirouma fase. Sempre se soube que o tráfico na Indonésia é punido com a penaaposta da dinheiromorte, mas as autoridades indonésias jamais tinham ido até o fim na punição a ocidentais", afirma Bonella,aposta da dinheiroentrevista à BBC Brasil.

A escritora Kathryn Bonella

Crédito, Snowing in Bali by Kathryn Bonella

Legenda da foto, Kathryn Bonella: "Os brasileiros que conheciaposta da dinheiroBali tinham um perfil bem diferenteaposta da dinheiro'mulas' e traficavam para manter um estiloaposta da dinheirovida"

"Ao mesmo tempo que isso não vai acabar com o tráficoaposta da dinheiroBali, eu imagino que muitos brasileiros vão pensar duas vezes diante da próxima oportunidadeaposta da dinheirocontrabandear drogas para a Indonésia. Mas duvido que isso vá durar para sempre. Há uma grande demanda por drogasaposta da dinheiroBali, é um lugar para onde turistas do mundo inteiro vão para se divertir sem os mesmos limites vistos na maioria dos lugares do mundo."

Para Bonella, a frequência com que encontrou brasileiros envolvidos com o tráfico na Indonésia -aposta da dinheirotransportadoresaposta da dinheirodroga a ricos intermediários entre os grandes barões - é explicada pelo perfil da maioria dos viajantes do país para o arquipélago.

<link type="page"><caption> Leia mais: #SalaSocial: Brasileiros defendem penaaposta da dinheiromorte a traficantes na Indonesia </caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://roberthost1.accountsupport.com/noticias/2015/01/150116_salasocial_apoiopenademorte_rs" platform="highweb"/></link>

"Os brasileiros que encontrei tinham basicamente o mesmo perfil. Eram surfistas que viram no tráfico,aposta da dinheiroespecialaposta da dinheirococaína, uma chanceaposta da dinheirose manteraposta da dinheiroBali e viver uma vidaaposta da dinheirofantasia, pegando ondas, indo a festas e encontrando belas mulheres. A proximidade do Brasil com os mercados produtoresaposta da dinheirococaína na América do Sul ajuda no acesso à droga. E, ao contrário dos habitantesaposta da dinheiromuitos países, os brasileiros viajam normalmente pelo mundo", argumenta Bonella.

Perfil diferenciado

Outro fator que diferencia os traficantes brasileiros que a australiana encontrou na Indonésia é o perfil social.

"Eles eram todosaposta da dinheiroclasse média, com escolaridade e conhecimento razoávelaposta da dinheiroinglês. Entraram no tráfico pela curtição, não por uma necessidade econômica. Queriam viver tendo do bom e do melhor. Bem diferentes das 'mulas' (transportadoresaposta da dinheirodroga), que recebem pouco dinheiro para muito risco. Um dos brasileiros que conheciaposta da dinheiroBali podia ganhar uma fortuna com uma viagem bem-sucedida", conta a australiana.

Um dos grandes exemplos foi um carioca conhecido como "Rafael", um surfista que durante anos foi uma das principais engrenagens no tráficoaposta da dinheirococaínaaposta da dinheiroBali e que não fazia muita questãoaposta da dinheiroesconder seus lucros: dava festas homéricas emaposta da dinheiromansão à beira-mar, onde uma das atrações era um trampolim do qual ele saltavaaposta da dinheiroseu quarto diretamente para a piscina.

Traficantes brasileiros atuavam sobretudo no mercado da cocaína

Crédito, Spanish National Police and Snowing in Bali by Kathryn Bonella

Legenda da foto, Traficantes brasileiros atuavam sobretudo no mercado da cocaína

Bonella esteve na Indonésia no fimaposta da dinheirosemana e acompanhou através da mídia eaposta da dinheirorelatosaposta da dinheirocontatos a execuçãoaposta da dinheiroMarco Archer. Embora faça questãoaposta da dinheirocriticar a opção do brasileiro pelo tráfico, a australiana disse ter ficado chocada com o desfechoaposta da dinheiroum dos personagens mais citadosaposta da dinheiroNevandoaposta da dinheiroBali - numa das passagens, Bonella conta que Archer dominava o fornecimentoaposta da dinheiromaconhaaposta da dinheiroBali e tinha até registrado a marcaaposta da dinheiroum tipoaposta da dinheiroerva que vendia, a Lemon Juice.

<link type="page"><caption> Leia mais: Execuções mostram que a Indonésa leva a sério guerra contra drogas, diz ministro</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://roberthost1.accountsupport.com/noticias/2015/01/150116_procuradorindonesia_ss" platform="highweb"/></link>

"Visitei Marco na prisão durante a pesquisa para o livro. Sabia o que ele estava fazendo eaposta da dinheiromaneira nenhuma endosso o tráfico. Mas ele era carismático e até cozinhou na prisão para mim, e parecia ter muitos amigos na Indonésia, pois recebi uma sérieaposta da dinheiromensagens lamentandoaposta da dinheiromorte. Sou pessoalmente contra a pena capital,aposta da dinheiroespecial a tortura psicológica que foi Marco ter vivido maisaposta da dinheirodez anos com a possibilidadeaposta da dinheiroexecução pairando sobreaposta da dinheirocabeça."

Numa das visitas, Bonella foi apresentada a Rodrigo Gularte, o outro brasileiro condenado à morte e cuja execução poderá ocorrer ainda este ano. Foi no livro da australiana que veio à tona uma suposta tentativaaposta da dinheirosuicídio do brasileiro após o anúncio da sentença,aposta da dinheiro2005.

"Não pude comprovar, mas me pareceu claro que Rodrigo tinha sido afetadoaposta da dinheiromaneira bem diferenteaposta da dinheiroMarco", disse.

Surfista na onda

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, Surfistas brasileiros, segundo Bonella, usaram o tráfico como formaaposta da dinheiromanter um estiloaposta da dinheirovida confortável na Indonésia

'Mais perigoso'

A australiana disse não acreditar que a pressão internacional sofrida pela Indonésia nos últimos dias, inclusive com a retirada dos embaixadoresaposta da dinheiroBrasil e Holanda (que também teve um cidadão executado no fimaposta da dinheirosemana), poderá mudar o destino do brasileiro e dois australianos também no corredor da morte.

"Não me parece que os protestos vão alterar a políticaaposta da dinheiroJoko Widodo (o presidente da Indonésia). Há um forte sentimento antidrogas entre a população local", avalia.

"Os traficantes devem estar assustados, mas o tráfico não vai parar. Há muita demanda, até porque a Indonésia é usada como centroaposta da dinheirodistribuição das drogas para outros países asiáticos e mesmo a Austrália. Só que agora os envolvidos sabem que a situação ficou ainda mais perigosa", opina Bonella.