Um passeio pelo Vale da Morte, o lugar mais quente do mundo:365aposta

Entrar neste lugar quando as previsões meteorológicas apontam para temperaturas superiores a 53°C não parece ser uma boa ideia.
Mas é fácil não se dar conta dos riscos, até o momento365apostaque se está sob sol ardente com uma estrada pela frente que parece levar ao infinito.
Minha primeira parada da viagem se dá no posto365apostainformações situado365apostauma das entradas do parque.
O sistema365apostanavegação no meu celular há algum tempo deixou365apostafuncionar devido à falta365apostacobertura e eu não tenho escolha a não ser recorrer a um mapa tradicional.
A mulher que me atendeu me perguntou365apostatom inquisidor se eu tinha a intenção365apostair até a Bacia365apostaBadwater, um dos lugares mais quentes do vale.
Depois365apostame lembrar365apostaque há um alerta365apostavigor sobre a onda365apostacalor que varre a região e se certificar365apostaque tenho água suficiente no carro, ela brinca: "Não se preocupe se você se perder, dentro365apostaalguns dois dias encontramos seu corpo".
Um casal francês e suas duas filhas observa com ar divertido a nossa conversa. Eles me contam que tinham viajado para o Vale da Morte com a intenção365apostaacampar, mas após perceber que não poderiam deixar o carro por mais365apostacinco minutos, desistiram da ideia e passaram a noite365apostaum hotel365apostaestrada.
"Foi uma excelente experiência. A experiência mais quente365apostanossas vidas", disse o marido, rindo.
Bacia365apostaBadwater

A Bacia365apostaBadwater é o ponto mais baixo da América do Norte e um dos lugares mais secos e quentes do mundo.
E é também o meu primeiro objetivo marcado no mapa, separado365apostaonde estou por 100 quilômetros.
Situado a 85,5 metros abaixo do nível do mar, trata-se da atração mais emblemática do parque.
As chuvas anuais na bacia, cuja superfície está coberta por uma grossa camada365apostasal, não chegam a 50 milímetros e há anos365apostaque a chuva nem dá as caras.
As temperaturas infernais registradas365apostaBadwater, especialmente nos meses365apostaverão, têm muito a ver com a geografia do lugar. Quando o ar ao nível do solo esquenta e começa a subir, ele acaba sendo bloqueado pelas montanhas que circulam a bacia e pela pressão atmosférica.
Isso cria correntes365apostaar quente circulares que fazem com que, mesmo se estando à sombra, o calor seja insuportável. De acordo com os meteorologistas, aqui são registradas as temperaturas constantes mais elevadas da Terra.
Ao chegar à bacia, saio do carro disposto a me juntar à dezena365apostaturistas que estão tirando fotos. Mas assim que abro a porta, uma massa365apostaar quente me golpeia o rosto. É quase meio-dia e não há tempo a perder.
Ainda que tenha me certificado365apostaestar com a cabeça bem coberta, começo a sentir a temperatura da armação365apostameus óculos subindo e o suor escorrendo pelo meu rosto.
Em poucos minutos, minha câmera fotográfica, assim como o telefone que carrego no bolso esquentaram tanto que quase não consigo carregá-los. É então que decido ter chegado o momento365apostavoltar para o automóvel.
Uma equipe365apostauma rede365apostaTV americana colocou uma frigideira no chão com um termômetro. A leitura da temperatura: 153°F (o equivalente a 70°C).
Água e mais água

A uns 20 quilômetros da bacia365apostaBadwater fica o centro365apostavisitantes365apostaFurnace Creek.
Foi aqui que, no dia 10365apostajulho365aposta1913, o termômetro alcançou 56,7°C, uma temperatura que,365apostaacordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), foi a mais alta já registrada.
Por décadas acreditava-se que o recorde pertencia à localidade365apostaAl Azizia, na Líbia. Mas no ano passado, especialistas da OMM determinaram que a temperatura medida no local,365aposta58° C ,365apostasetembro365aposta1922, se deu por um erro humano. Assim, o título365apostalugar mais quente do planeta regressou ao Vale da Morte.
À entrada do centro365apostavisitantes um termômetro digital marca uma temperatura que oscila entre os 126ºF e 128ºF (na faixa365aposta53ºC).
Carole Wendler, a diretora do centro, me explica que,365apostadias como este, o que mais lhes preocupa é a "segurança dos turistas e trabalhadores do parque".
"Temos que garantir que as mensagens365apostaalerta que lançamos cheguem a todo mundo. Esta não é uma boa semana para se fazer trilhas. O melhor é se locomover365apostaautomóvel com quantidades suficientes365apostaágua", afirma.
De acordo com Wendler, "a maior parte das pessoas segue as recomendações" dadas, ainda que, todos os anos, os funcionários do parque tenham que sair365apostaresgate365apostaalgum turista.
"Muitos não bebem água suficiente. Não se dão conta365apostaque o lugar não é apenas quente, mas também muito seco, e, assim, se perdem rapidamente os fluidos corporais", explica.
Hotéis
Para evitar se tornar uma vítima da onda do calor, me abriguei no restaurante365apostaum dos poucos hotéis que atuam na área e que nesta época do ano é ocupado principalmente por turistas europeus.
O garçom que me serviu me disse que este é o seu segundo verão no Vale da Morte. "É divertido", diz ele. "A maioria dos trabalhadores vêm do exterior para passar o verão aqui."
Ao lado do restaurante, há uma piscina, na qual algumas pessoas tentam lidar com a onda365apostacalor da melhor forma possível.
Eu decido sentar à sombra e esperar que o sol se ponha um pouco antes365apostacomeçar a minha viagem365apostavolta, embora esta seja uma má ideia.
Em poucos minutos, a tela do meu telefone apresenta uma mensagem365apostaaviso dizendo que o dispositivo está superaquecido e o laptop no qual eu estou trabalhando deixa365apostafuncionar sem aviso prévio. A tecnologia, que tantas vezes nos faz evitar problemas, não resiste às temperaturas do Vale do Morte.
Armado com um mapa e365apostavários litros365apostaágua, faço o meu caminho365apostavolta para Los Angeles.
Sem dúvida, depois desta experiência, a palavra calor adquiriu uma nova dimensão.








