Como Kim Jong-un deixou Coreia do Norte mais isolada do que nuncacs roleta10 anos no poder:cs roleta

Era 19cs roletadezembrocs roleta2011.
Em todo o mundo, analistas correram para providenciar o perfilcs roletaum homem. Era Kim Jong-un, filhocs roletaKim Jong-il, que ascendeu ao poder com 27 anos.
O jovem foi chamadocs roletao "Grande Sucessor". Mas poucos pensaram que ele teria qualquer êxito.
Como poderia uma sociedade que recompensa a idade e a experiência ser governada por alguém que não tinha nenhuma das duas coisas?
Muitos previram um golpe militar ou uma tomadacs roletapoder pelas elites norte-coreanas. Mas o mundo subestimou o jovem ditador. Kim Jong-un não apenas consolidoucs roletaposição, ele inaugurou uma nova era chamada "Kim Jong-unismo".
Ele deu início a um expurgocs roletaseus rivais e centenascs roletaexecuções. Em seguida, voltoucs roletaatenção para as relações exteriores. Quatro testes nucleares, 100 mísseis balísticos disparados e destaque internacional nas negociações com o presidente dos Estados Unidos.

Mascs roletabusca incessante por armas nucleares teve um custo.
A Coreia do Norte está agoracs roletacrise, mais pobre e mais isolada do que quando ele assumiu o poder.
Então, como tem sido viver sob seu comando?
Dez desertores norte-coreanos — incluindo umcs roletaseus principais diplomatas — refletem sobre os 10 anoscs roletaKim Jong-un.
Novo começo
O estudante Kim Geum-hyok fez algo que poderia ter resultado emcs roletamorte no diacs roletaque o paics roletaKim Jong-un morreu.
Ele deu uma festa.
"Foi realmente perigoso. Mas estávamos muito felizes na época", diz ele.
Para Kim, um jovem novo líder, especialmente alguém que amava esquiar e jogar basquete, criava a expectativacs roletanovas ideias ecs roletamudança.
"Tínhamos expectativas sobre Kim Jong-un. Ele havia estudado na Europa, então talvez pensasse da mesma forma que nós", lembra.
Geum-hyok eracs roletauma famíliacs roletaelite e teve permissão para estudarcs roletaPequim, um privilégio para poucos na Coreia do Norte.
A vida na China abriu seus olhos para um mundo mais próspero e ele pesquisou na internet notícias sobre seu paíscs roletaorigem.
"A princípio, não pude acreditar. Achei que os ocidentais estavam mentindo. Mas meu coração e meu cérebro estavam divididos. Meu cérebro dizia que não precisava olhar, mas meu coração queria olhar ainda mais."
Os 25 milhõescs roletahabitantes da Coreia do Norte são rigidamente controlados, então a maioria tem pouca ou nenhuma ideia dos eventos mundiais, oucs roletacomo seu país é visto pelo mundo exterior.
Eles também aprendem que o líder é um ser divino superdotado e excepcionalmente talentoso que merececs roletafidelidade final.
Para Guem-hyok, a ascensão ao poder do jovem Kim Jong-un representava algo que estavacs roletafalta: ter esperança.

Ceticismo
Mas outros permaneciam céticos. Nos corredores do podercs roletaPyongyang, havia rumorescs roletaque Kim Jong-un era apenas uma criança mimada, incapazcs roletagovernar.
Ryu Hyun-woo, ex-embaixador da Coreia do Norte no Kuwait, disse à BBC que seus colegas estavam apavorados com a liderança sendo passadacs roletapai para filho.
"Minha primeira impressão foi 'outra sucessão?' Os norte-coreanos estavam se cansando da sucessão hereditária. Especialmente entre as elites, queríamos algo novo e original: 'Não deveria acontecer algo diferente?' Era o que pensávamos."
A família Kim governa a Coreia do Norte desde que o país foi formado,cs roleta1948, após a guerra que dividiu a Península da Coreiacs roletaduas. O povo do país aprende que a linhagemcs roletasangue é sagrada. É uma formacs roletalegitimar a dinastia.
"Ouvi coisas como, 'então vamos servir aos mais queridos para sempre, certo?' O que saberia um jovemcs roleta27 anoscs roletatermoscs roletagestãocs roletaum país? É um absurdo."
Uma promessa
Em um discursocs roleta2012, o novo líder prometeu que os norte-coreanos nunca mais teriam que "apertar o cinto novamente".
Para um país que havia sofrido uma fome mortal na décadacs roleta1990 que custou centenascs roletamilharescs roletavidas (A Grande Fome), parecia que seu novo líder queria acabar comcs roletaescassezcs roletaalimentos e seu sofrimento. Foi um grande momento.
Os funcionários do Ministério das Relações Exteriores receberam ordenscs roletaviabilizar mais investimentos internacionais. E alguns no país também perceberam mudanças.
O motorista Yoo Seong-ju,cs roletauma província da costa leste do país, diz que começou a notar mais coisas nos supermercados que eram produzidas na Coreia do Norte.
"Para nossa surpresa e orgulho, os produtos alimentícios norte-coreanos eram, na verdade, melhores do que os chinesescs roletatermoscs roletasabor, embalagem e quantidade. Na verdade, foi um incentivo para o ego."

Eliminando inimigos
Os bons votoscs roletaKim Jong-un para seu povo não se estendiam àqueles que ele considerava uma ameaça.
Em particular, seu tio Jang Song-thaek havia reunido uma poderosa redecs roletaaliados.
A centenascs roletaquilômetroscs roletaPyongyang, no norte do país, perto da fronteira com a China, o comerciante Choi Na-rae estava se perguntando se Jang poderia ser o novo líder do país.
"Muitoscs roletanós esperávamos que o país se abrisse com a China e que pudéssemos viajar livremente para o exterior", lembra.
"Achávamos que se Jang Song-thaek tivesse sucessocs roletaassumir o poder, ele teria trazido muitas mudanças econômicas para a Coreia do Norte. É claro que não poderíamos falar issocs roletavoz alta, mas tínhamos essas expectativas."
Esse tipocs roletaboato precisava, então, ser eliminado.
Jang Song-thaek foi rotuladocs roleta"escória humana" e "pior que um cachorro". Em seguida, executado por supostamente minar a "liderança unitária do partido".
O jovem líder estava mostrandocs roletaveia implacável.

Tomando controle
Dezenas fugiram pela fronteira com a China e, eventualmente, com a Coreia do Sul para tentar se refugiar do expurgo. Kim Jong-un decidiu tentar evitar novas deserções. A segurança nas fronteiras foi reforçada como nunca antes. Uma cercacs roletaarame farpado foi construída com armadilhas no solo.
Ha Jin-woo conseguiu tirar cercacs roleta100 pessoas da Coreia do Norte durante seu tempo como atravessador.
"O país tem uma forçacs roletasegurançacs roletafronteira separada. Eles são instruídos a apenas atirar e matar qualquer um que tente cruzar a fronteira e eles não serão responsabilizados por isso."
"Fiquei muito assustado quando comecei, mas tinha esse sensocs roletadever. Desde pequeno, tinha muitas dúvidas sobre a Coreia do Norte. Por que nasci aqui para viver tratado pior do que um animal, sem direitos e liberdade? Tive que arriscar minha vida para fazer este trabalho."
Mas ele acabou chamando a atenção das autoridades norte-coreanas e teve que fugir. Sua mãe foi trancadacs roletaum campocs roletaprisioneiros e o tratamento brutal a deixou paralisada.
Isso assombra Jin-woo, que mal se lembra da vozcs roletasua mãe.
Popularidade
Apesar da repressão aos dissidentes e desertores, Kim Jong-un estava tentando parecer mais acessível, mais moderno e mais amigável do que seu pai.
Ele se casou com uma jovem elegante, Ri Sol-ju. Foi fotografado abraçando, acenando e sorrindocs roletavisitas a várias cidades e vilarejos. Esquiar, andarcs roletamontanha-russa e a cavalo eram algumas das atividades a que se dedicavacs roletapúblico.
O casal visitou fábricascs roletacosméticos e exibiu produtoscs roletaluxo.
Mas para os norte-coreanos comuns, tentar ser mais "moderno" era proibido.

Yoon Mi-so queria seguir as tendências que vira nos DVDs contrabandeados da Coreia do Sul. Ela estava desesperada para usar brincos, um colar ou até mesmo calça jeans.
"Certa vez, fui pega por não obedecer a essas regras e fui humilhada publicamente. Me levaram até um local onde um montecs roletagente me agredia verbalmente até eu chorar. Eles diziam 'você está corrompida, como você não tem vergonha na cara?'"
Hyun-young era uma cantora, assim como a esposacs roletaKim Jong-un. Mas todas as suas canções tinham que glorificar o líder norte-coreano. Ela tentou se rebelar, mas foi perseguida.
"Nunca tive permissão para fazer o que artisticamente queria fazer. Havia tanta regulamentação e controle na música da Coreia do Norte que sofri muito"
"O governo controla isso porque tem medo da influência estrangeira. Essas regulamentações rígidas mostram que eles não confiamcs roletaseu próprio regime."
Kim Jong-un descreveu essas influências estrangeiras como um "câncer vicioso".
E esse não era o principal problema.
Bomba prestes a explodir
Cada testecs roletamíssil balístico ganhou as manchetescs roletatodo o mundo, mas dentro do país eles não fomentaram o orgulho nacional da forma pretendida.
"As pessoas diriam que ainda estão construindo armas espremendo sangue e suor das pessoas", diz um desertor.
"Não consideramos uma vitória. Pensamos 'Uau, eles gastaram muito dinheirocs roletatodos aqueles testes. Todo o dinheiro que ganhamos por eles vai para isso'", diz outro.
Por voltacs roleta2016 no Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Ryu recebeu novas ordens. O foco não era mais apenas nos negócios.
"Devíamos explicar por que a Coreia do Norte precisacs roletaarmas nucleares, o propósito e a justificativa."
A esperança era que, tendo diplomatas falando sobre isso, a ideia se normalizasse dentro da comunidade internacional.
Não funcionou assim.

A grande aposta
As ameaças crescentes entre o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Kim Jong-un terminaram no show diplomático definitivo.
O ditador tantas vezes caricaturado como um bebê gordo e mimado na imprensa ocidental dividia o palco com o presidente dos Estados Unidos, caminhando confiante a seu lado.
Os jornais norte-coreanos estamparam os apertoscs roletamãocs roletaCingapura na primeira página.
Mas as sanções para conter o programa nuclear do país estavam começando a ser sentidas. Embora impressionado com a imagem, a reação do povo nos vilarejos foracs roletaPyongyang foi silenciada.
"Não tínhamos capacidadecs roletaanalisar o significado disso. Simplesmente não podíamos imaginar como aquela reunião poderia levar a melhorias ou algo assim", diz o negociante Choi Na-rae.
Mas não houve acordo e o embaixador Ryu acredita que foi tudo um show para obter algum alívio das sanções.
"O Norte nunca pode desistir dessas armas porque as considera vitais para a sobrevivência do regime."
Pandemiacs roletacovid
Mas o pior ainda estava por vir para Kim Jong-un.
Quando a pandemiacs roletacovid-19 atingiu a vizinha Chinacs roletajaneirocs roleta2020, a Coreia do Norte fechou suas fronteiras. Não apenas para as pessoas, mas também para o comércio.
Alimentos e remédios vitais se amontoaram no pontocs roletaentrada principalcs roletaDandong. Maiscs roleta80% do comércio do país vêm da China.
"Desde a covid, muita coisa mudou", diz Ju Seong, que era motorista na Coreia do Norte. Ele conseguiu falar brevemente comcs roletamãe perto da fronteira com a China.
"A economia está encolhendo, os preços subiram. Ficou muito mais difícilcs roletaviver. Meus pais conseguem encontrar comida, mas o preço é muito alto. É muito estressante. A situação parece grave."
Há relatoscs roletaque alguns estão morrendocs roletafome.
O próprio Kim Jong-un descreveu a pandemia como uma "grande crise" e até derramou lágrimascs roletaum discurso, algo sem precedentes para um líder norte-coreano.
Kim Sung-hui, que atuava como médico, disse que a maioria dos medicamentos era comprada no mercado negro.
As salascs roletacirurgia normalmente ficam sem eletricidade e os cirurgiões às vezes trabalham sem luvas, pois elas não estão disponíveiscs roletaquantidade suficiente.
"Quando vejo como os dois países são diferentes nesta península, espero que a Coreia do Norte possa chegar a um futurocs roletaque os direitos humanos tanto dos pacientes quanto dos médicos sejam garantidos."
A Coreia do Norte não está preparada para uma pandemia e as estatísticascs roletacovid não são conhecidas publicamente.
Mas o país também não consegue sobreviver ao seu atual isolamento auto-imposto sem causar danos significativos ao seu povo.
Culto a Kim
Alguns dos desertores entrevistados pela BBC ficaram tão emocionados com a situação atual na Coreia do Norte que previram um golpe. Mas não há sinaiscs roletaque essa seja uma possibilidade.
O culto à família Kim provou ser generalizado e notavelmente estável. Todas as previsõescs roletacolapso do regime não se concretizaram.
Depoiscs roletamaiscs roleta70 anos fechada para o mundo, a maioria dos meus entrevistados diz que seu desejo é que a Coreia do Norte abra suas fronteiras, para permitir que seu povo circule livremente. Muitos simplesmente querem ver suas famílias novamente.
Eles agora estão livres para levantar suas vozes e contar suas histórias sobre a vida sob Kim Jong-un.
Mas não os que ficaram para trás.
"Cantar para mim mesmo é algo que arrisquei minha vida para fazer", diz a cantora Hyun-hang. "Os que ficaram na Coreia do Norte têm que enterrar issocs roletaseus corações até morrerem."
No 10º aniversáriocs roletaseu governo, Kim Jong-un está no comandocs roletaum paíscs roletacrise. Ele tem dezenascs roletanovas armas nucleares, mas seu povo ainda passa fome.
Um enorme pôster foi colocado no centrocs roletaSeulcs roleta2018, logo após o presidente sul-coreano visitar Pyongyang. Era uma fotografiacs roletaKim Jong-un fazendo um gesto com o indicador e o polegar, que se tornou símbolo do K-pop.
Na época, escrevi que, com os mesmos dedos, Kim poderia mudar o destinocs roletaseu povo.
Ele poderia oferecer-lhes liberdade. E tem esse poder.
Em vez disso, os 25 milhõescs roletahabitantes da Coreia do Norte estão mais isolados do mundo do que nunca.
Todos os entrevistados arriscaram suas vidas para deixar a Coreia do Norte e agora vivem na Coreia do Sul e nos Estados Unidos. Algunscs roletaseus nomes foram alterados para proteger suas famílias.

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