O extremismoibet spdireita que cresce no mundo e assusta a Alemanha:ibet sp

Passeata do Pegidaibet spDresden, Alemanha, novibet sp2015

Crédito, AFP

Legenda da foto, Manifestação do movimento Pegidaibet spDresden: cartaz diz 'o Islã não pertence a Alemanha e Europa, parem o Islã'

Mas o avanço da violênciaibet spultradireita não é um fenômeno alemão. Em 2017, um homem avançou com uma van contra um grupoibet spmuçulmanos que seguia para uma mesquitaibet spLondres, matando uma pessoa. Naquele mesmo ano, um atirador matou seis pessoasibet spuma mesquitaibet spQuebec, no Canadá.

Em 2019, um homem descrito pela mídia como supremacista branco entrou atirandoibet spduas mesquitasibet spChristchurch, na Nova Zelândia, matando 51 pessoas e deixando 49 feridas. Alguns meses depois,ibet spEl Paso, nos Estados Unidos, um atirador matou 23ibet spuma lojaibet spdepartamentos no que foi visto como o pior ataque recente contra a comunidade latina no país.

Apesar do número totalibet spataques extremistas,ibet spgrande parteibet sporigem islâmica, ter registrado uma queda globalibet sp43% entre 2014 e 2018, diz o estudo alemão, a tendênciaibet spações violentasibet spextrema direita é oposta. Segundo os pesquisadores, "nos últimos anos, o númeroibet spvítimasibet spataques terroristasibet spextremistasibet spdireita na Europa, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia aumentou significativamente".

"Existem muitas razões para [o avanço desses movimentos extremistasibet spdireita], incluindo as plataformas sociais e o mundo digital. As ideias se espalham mais facilmente e informam os atosibet spviolência, ou pelo menos os aspectos performáticos e execução desses atos", explica à BBC News Brasil Julian Junk, do Institutoibet spPesquisa da Pazibet spFrankfurt (HSFK) e coautoribet spum capítulo do relatório sobre a transnacionalidadeibet spmovimentosibet spextrema direita.

O estudo trabalha com dados referente a ataques com mortes entre 2000 e 2020. Neste intervalo, esses casos passaramibet spcincoibet sp2000-2001, para 16 ao fim daquela década, somando 29 mortos. Na segunda metade do período, ocorreram 31 ataques, que deixaram 278 mortos. Ao todo, foram registrados 47 ataques e 307 mortes.

Desde 2014, 27 ataquesibet spextrema direita ocorreram na Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido e Suécia. Ao menos 84 pessoas foram mortas somenteibet sp2020.

Revólver com bandeira da Alemanha

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Serviçoibet spsegurança alemão atualmente classifica 12,7 milibet spseus habitantes como extremistasibet spdireita 'propensos a violência'

Embora os dados tragam casosibet spdemocracias ocidentais, isso não significa que o fenômeno ocorre apenas nessa região do mundo, destacam os pesquisadores. De acordo com o relatório, "pouco se sabe sobre o terrorismoibet spextrema direitaibet spEstados autocráticos como a Rússia ou a Turquia", por exemplo.

'Propensos a violência'

O serviçoibet spsegurança alemão atualmente classifica 12,7 milibet spseus habitantes como extremistasibet spdireita "propensos a violência". Destes, 53 entram na categoriaibet sp"ameaças" por serem conhecidos pela polícia ou suspeitosibet spterrorismo.

"Esse dado éibet sppessoas que estão conectadas com estruturas mais organizadas. É claro que temos muito mais se olharmos para grupos e movimentos antimuçulmanos, que muitas vezes estão interligados a extremistasibet spdireita", diz Fabian Virchow, diretoribet sppesquisa sobre extremismoibet spdireita na Universidadeibet spCiências Aplicadasibet spDüsseldorf.

Stephan E., acusadoibet spatiraribet spLübcke, por exemplo, tinha um longo históricoibet spviolência: foi condenado por uma tentativaibet spataque à bomba contra uma acomodação para solicitantesibet sprefúgioibet sp1993 e pode estar envolvidoibet spuma tentativaibet spassassinato,ibet sp2003, contra uma professora opositora ao extremismoibet spdireita.

Após confessar o assassinatoibet spLübcke, Stephan E. retificouibet spdeclaração e apontou Markus H. como autor do disparo fatal. Esse segundo homem responde por auxiliar o homicídio e por treinar Stephan E. no manuseioibet sparmasibet spfogo.

O caso ocorreu apenas um ano após a conclusão do julgamentoibet spBeate Zschäpe, uma das figuras centrais da célulaibet spextrema direita Nationalsozialistischer Untergrund (NSU). Ao longoibet spsete anos, o grupo executou nove membros da comunidade imigrante na Alemanha e uma policialibet spatos que incluíram dois atentados à bomba.

O principal alvo dos ataquesibet spextrema direita têm sido minorias. Há, contudo, outro elemento recente na violência ultradireitista: ataques a políticos cujas visõesibet spmundo diferem das suas. A prefeitaibet spColônia, Henriette Reker, por exemplo, foi esfaqueada por um extremista que se opunha aibet spposição pró-refugiados. Ela sobreviveu.

E a bandeira anti-imigração ganhou força e popularidade, com o surgimento, há alguns anos do Pegida (Europeus Patrióticos Contra a Islamização do Ocidente), que faz reuniões públicas frequentesibet spDresden, na Saxônia. Os eventos, não raramente, contam com a presençaibet sppolíticos do Alternativa para a Alemanha (AfD), o terceiro maior partido do país —ibet spbase nacionalista, anti-imigração e envolvidoibet spconstantes polêmicas devido a ligaçõesibet spparteibet spseus membros com grupos neonazistas.

Em agostoibet sp2018, milharesibet sppessoas foram às ruasibet spChemnitz, também na Saxônia, protestar contra a morteibet spum alemãoibet spuma briga com dois estrangeiros. O protesto tornou-se violento, foram ouvidas palavrasibet spordem racistas e vistas saudações nazistas. Novamente, políticos do AfD foram vistos nas manifestações.

Polícia da Alemanha

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Movimentos violentosibet spextrema direta têm se aproveitado da revolução criada pelas mídias sociais para espalhar suas mensagens, ideologias e narrativas

Hans-Jakob Schindler, diretor sênior do Projeto Contra Extremismo (CEP), diz que os gruposibet spextrema direita e seus simpatizantes são, hoje, bem mais visíveis. "Eles fazem marchas agora. Não se trata maisibet spum pequeno segredoibet spum pequeno localibet spencontro. Estão no Centro da cidade."

Mas teria o sucesso eleitoral do AfD estimulado a saída dos extremistas do armário? "Não sei o que reforça o quê", diz Junk. "Agora há uma voz no Parlamento com posições muito mais nacionalistas e extremistas na política alemã. Existe um terreno mais fértil e, portanto, algumas mudanças no que parece ser aceitável."

Novo perfil

O perfil da extrema direita alemã não é mais o ligado a skinheads ou jovens marginalizados. Iniciativas como o Movimento Identitário, surgido na Françaibet sp2012, que tem crescidoibet spvários países europeus e visa "proteger a identidade europeia contra a islamização", são eficientesibet spesconderibet spagenda discriminatória.

O grupo foi classificado,ibet sp2019, pelas autoridades alemãs como extremista e com objetivoibet sp"excluir pessoasibet sporigem não europeia da participação democrática e discriminá-las". Com isso, passou a ser vigiado pelo serviçoibet spinteligência.

"Essa nova geraçãoibet spdireita é muito lustrosa, bem falada e educada", destaca Schindler, que atuou na Organização das Nações Unidas (ONU) e no governo alemãoibet spprojetosibet spinteligência contra a Al-Qaeda, o Estado Islâmico e o Talebã. "Eles aprimoraram o estilo, limparam a aparência e a forma como agem. Todos têm empregos e são jovens."

Sob o argumentoibet sppreservar uma "cultura homogênea" eibet spidentidades, esses indivíduos acabam, entretanto, embalando ideiasibet sppreconceito e discriminaçãoibet spoutros povos, explica ele.

Como monitorar esses grupos?

No meioibet spjunho, o diretório do AfD no Estadoibet spBrandemburgo foi colocado sob vigilância por haver evidências suficientesibet spque o partido estava "lutando contra a ordem democrática livre", segundo as autoridades.

A decisão ocorreu no mesmo períodoibet spque o então líder regional, Andreas Kalbitz, foi expulso pela direção nacional por ter integrado a Juventude Alemã Fiel à Pátria, um grupoibet spextrema direita neonazista banidoibet sp2009.

Mas monitorar grupos e indivíduos que possam representar uma ameaça à democracia alemã não é simples. Devido ao contexto histórico do país com a perseguição nazista a opositores e a repressão brutal na Alemanha Oriental, é necessário obter evidências concretas para vigiar um movimento político.

Quando esse processo é aprovado por um juiz, explica Schindler, há dois tiposibet spvigilância. A inteligência interna, cujo trabalho é monitorar, documentar e analisar os movimentos — incluindo ordens judiciais para grampear telefones, infiltrar-seibet spgrupos e monitorar correspondências e meios eletrônicos.

Caso a inteligência identifique a possibilidadeibet spum crime grave, inicia-se o segundo tipoibet spobservação. É quando a inteligência doméstica entrega as informações à Polícia Federal, que assumirá o monitoramento e tomará as medidas adequadas.

Faixa da polícia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Perfil da extrema direita alemã não é mais o do skinhead e jovens marginalizados

Ainda que os mecanismosibet spvigilância sejam colocadosibet spprática, há problemas como a dificuldadeibet spobservar todos aqueles com potencialibet spviolência e o fatoibet spmuitos grupos utilizarem aplicativosibet spmensagem criptografados para planejar atos violentos. Além disso, avalia Junk, o ideal é prestar atenção também no nível local, pois a maioria dos extremistasibet spdireita não pertence a grandes estruturas.

Casos que envolvem políticos ou elevado númeroibet spvítimas costumam ganhar destaque nacional. Mas o potencialibet spdanosibet spgrupos "autônomos" pequenos eibet spindivíduos pode ser ainda mais assustador.

"É muito difícil evitar que alguém saiaibet spuma sexta-feira à noite e espanque aleatoriamente um estrangeiro, porque não há planejamento ou comunicação envolvidos", diz Schindler.

"Como impedir alguém que, inspiradoibet sppropagandaibet spódio, decidiu no sábadoibet spmanhã que era horaibet spmatar um cara?", questiona.

Sem fronteiras físicas

Movimentos violentosibet spextrema direta têm se aproveitado da revolução criada pelas mídias sociais para espalhar suas mensagens, ideologias e narrativas — alémibet spinspirar ataques — para alémibet spsuas fronteiras, alertam os pesquisadores do Peace Report 2020. E tudo isso sem que necessariamente cooperem entre si.

Os ataques terroristasibet spAnders Behring Breivik, que matou 77 pessoas na Noruegaibet sp2011, e dos extremistasibet spHalle eibet spChristchurch mostram semelhançasibet spcomo esses agressores se apresentam, incluindo o usoibet spvídeos, transmissões ao vivo, manifestos e o conceito neonazistaibet spresistência sem liderança.

Breivik, diz Junk, é um dos primeiros exemplos proeminentesibet spterroristaibet spextrema direita que não busca um levante popular, porque isso demandaria algum tipoibet spestrutura e/ou líderes. "[Sua abordagem mostrou] que os indivíduos podem resolver o problema por conta própria e que coisas horríveis são possíveis."

Aplicativosibet spmensagens, mídias sociais e fóruns na internet também permitem que militantesibet spextrema direita se conectem no mundo real com indivíduos com ideais semelhantes. Segundo os pesquisadores, há extremistasibet spdireita europeusibet spcampoibet spbatalha na Síria ou Ucrânia. E a violência deles pode estar aumentando.

A revista alemã Focus, citando fontes da inteligência do país, informou recentemente que extremistasibet spdireita estão recebendo treinamento paramilitar na Rússia. Esses "cursos" incluiriam o usoibet sparmas e explosivos e combate corpo a corpo.

"Não é como se os [extremistasibet spdireita] franceses não conversassem com os alemães. Eles realmente se ajudam, se comunicam, se apoiam financeiramente e com ideias. Vemos uma rede europeia que parece estar indo muito bem", avalia Schindler.

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