Os segredos por trás dos milhõesroleta crazydólares que a China distribuiroleta crazyajuda pelo mundo:roleta crazy

Bandeira da China

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Legenda da foto, China patrocinou 5 mil projetosroleta crazyajuda nos últimos 14 anos

Pela primeira vez, um gruporoleta crazypesquisadores revelou os detalhes dessas transações, compilandoroleta crazyuma baseroleta crazydados informações sobre o dinheiro enviado pela China a paísesroleta crazydiferentes continentes,roleta crazy2000 a 2014.

Trabalhador chinês | Foto: Paula Bronstein
Legenda da foto, Ajuda chinesa se materializa por meioroleta crazysubsídios ou empréstimos financeiros | Foto: Paula Bronstein

Foram documentados, ao todo, 5 mil projetosroleta crazy140 países, incluindo o Brasil.

Montante

Os pesquisadores chegaram a uma cifra totalroleta crazyUS$ 362 bilhões (R$ 1,19 tri), contabilizando o totalroleta crazyempréstimos, subsídios e contribuições monetárias da China ao mundo, disponibilizados no períodoroleta crazy2000 à 2014.

Embora China e Estados Unidos se equiparemroleta crazyrelação ao montante oferecido, a forma pela qual os fundos são concedidos pelos dois países difere radicalmente.

Dados China e EUA

"A composição desses investimentos tem consequênciasroleta crazyamplo alcance", explica Brad Parks, coordenador da pesquisa.

Parks comanda o centroroleta crazyanálise AidData, cuja sede está localizada no Instituto William & Mary, no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.

Para a realização do estudo,roleta crazyequipe trabalhouroleta crazyparceria com a Universidaderoleta crazyHarvard, também nos Estados Unidos, e a Universidaderoleta crazyHeidelberg, na Alemanha.

Segredo descoberto

Os especialistas tiveram que desenvolver uma metodologia própria para encontrar respostas para perguntas que o governo chinês não responde. Neste sentido, seguiram o rastro do dinheiro que saiuroleta crazyPequim baseando-seroleta crazypublicaçõesroleta crazydiversos meios, documentos oficiaisroleta crazyembaixadas e informações sobre os empréstimos recebidos pelos países destinatários dos fundos.

Portoroleta crazyGwadar no Paquistão

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Legenda da foto, China financiou construção do portoroleta crazyGwadar no Paquistão

Após reunir os dados, foi possível conhecer o destino final do dinheiro e o impacto que essas operações vêm tendo.

Para Parks, a metodologia utilizada revela o que sempre se quis saber sobre esse universo secreto.

"Mas se o governo chinês realmente quer esconder algo, talvez a gente não consiga descobrir. No entanto, vamos saber se ele realizar uma transferênciaroleta crazyum montante considerável", afirma.

Entrega do dinheiro

A maior parte da ajuda financeira concedida pelos Estados Unidos (93%) segue os parâmetros acordados pelos países industrializados: o objetivo principal é contribuir com o desenvolvimento econômico e social da nação que recebe os fundos.

Pelo menos um quarto desse dinheiro é subsídio - e não um empréstimo que precisa ser pago.

Como o dinheiro é gasto?

Já no caso da China, o montanteroleta crazyajuda internacional é menor. E a quantidade restante é concedidaroleta crazyempréstimos comerciais com juros que têmroleta crazyser pagos a Pequim.

"O país quer que o dinheiro emprestado gere retorno financeiro", indica Parks.

O gruporoleta crazypesquisadores também descobriu que os subsídios se traduzemroleta crazybenefícios econômicos para os países que os recebem.

Durante algum tempo, se pensava que os projetos financiados pela China eram concebidos visando unicamente o benefício próprio do gigante asiático. Por exemplo, o investimentoroleta crazyinfraestruturaroleta crazyoutros países do mundo contava com mãoroleta crazyobra chinesa. Dessa forma, acreditava-se que não incentivava o desenvolvimento do país que recebia a doação.

Além disso, o estudo coordenado por Parks mostrou que a China é tão capaz quanto qualquer outro país industrializadoroleta crazygerenciar projetosroleta crazyajuda internacional.

Para onde vai o dinheiro?

Desde o ano 2000, os países do continente africano receberam uma boa parcela da ajuda financeira concedida pela China.

Mas a África não é o único destino dos recursos. De hospitais no Senegal a portos no Paquistão e no Sri Lanka, o dinheiro chinês está por toda parte.

Em 2014, último ano analisado pelo estudo da AidData, a Rússia encabeçou a listaroleta crazybeneficiáriosroleta crazyrecursos da China. Paquistão e Nigéria completam o topo da lista.

No caso dos EUA, Iraque, Afeganistão e Paquistão foram os países que mais receberam ajuda.

A política desempenha um papel muito importante na distribuição do dinheiro, tanto americano como chinês.

Estudos anteriores revelam como Pequim e Washington tendem a oferecer ajuda para países que geralmente os apoiam nas Nações Unidas.

Mas para a China, a economia é fundamental. Os pesquisadores descobriram que Pequim geralmente se concentraroleta crazypromover suas exportações ou empréstimos a taxasroleta crazymercado. O país asiático quer receber - com juros - o pagamento do dinheiro que emprestou.

Kim Jong-un eroleta crazyirmã

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Legenda da foto, Nos últimos 14 anos, estima-se que a Coreia do Norte recebeu US$ 210 bilhõesroleta crazyajuda da China

Coreia do Norte

A China é considerada a principal aliada econômica da combalida Coreia do Norte. Mas os dados coletados pela AidData mostraram a existênciaroleta crazyapenas 17 projetos chineses no país durante os 14 anos analisados.

Parks refere-se à Coreia do Norte como um "buraco negro da informação" e admite que se trata do único país que ficou fora do radar dos pesquisadores.

No geral, a ajuda que a China oferece ao país liderado por Kim Jong-un não está contabilizada no sistema financeiro global.

De 1960 a 1990, os países industrializados ofereceram empréstimos a taxaroleta crazymercado para paísesroleta crazydesenvolvimento. Mas esse modelo entrouroleta crazycolapso porque os receptores dos recursos não podiam pagar juros sobre os créditos que haviam adquirido.

O sistema gerou forte indignação e, consequentemente, a metodologiaroleta crazyconcessãoroleta crazyajuda internacional foi modificada.

"O princípio acordado foi que os paísesroleta crazydesenvolvimento não deveriam receber empréstimos com juros, mas a China, que não faz parte dessa coalizão, não age da mesma forma", explica Parks.

"Cada vez mais, países que não querem recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) negociam com a China quando têm problemas", diz o pesquisador.

Construção financiada pela China

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Legenda da foto, Acreditava-se que os projetos financiados pela China não incentivavam o desenvolvimento do país que recebia o auxílio | Foto: Carlroleta crazySouza/AFP/Getty Images

De acordo com o relatório, os países que receberam empréstimos da China não sofreram dificuldades econômicas, mas também não experimentaram um crescimento significativo.

Os pesquisadores que realizaram o estudo acreditam que essa situação pode mudar nos próximos 10 anos, quando os receptores dos recursos acumularem dívidas que não possam pagar.

Nesse ponto, a China poderia reconsiderarroleta crazyestratégia.

Xiaojun Li, pesquisador da Universidaderoleta crazyBritish Columbia, no Canadá, verificou mudanças na forma como Pequim concede empréstimos.

Segundo ele, a China vem oferecendo, com cada vez mais frequência, dinheiro por meioroleta crazyinstituições multilaterais, como o Bancoroleta crazyInvestimentoroleta crazyInfraestrutura Asiática, concorrendo com instituições como o Banco Mundial.

Credor global

Há evidênciasroleta crazyque os empréstimos subfinanciados pela China estão prejudicando o sistema financeiro global, fazendo com que os doadores tradicionais reduzam os requisitos para conceder empréstimos.

A partirroleta crazydados coletados pela AidData, o economista Diego Hernández descobriu que o papel da China nessas transações econômicas gerou concorrência entre os doadores tradicionais.

"Quando um país africano recebe assistência chinesa, o Banco Mundial impõe menos exigências para conceder o dinheiro. Um aumentoroleta crazy1% na ajuda proporcionada por Pequim faz com que a instituição multilateral flexibilize seus requisitosroleta crazy15%", indica Hernández.

Mapa mostra para onde a China envia ajuda

Algumas pessoas questionam a ajuda financeira fornecida pela China, uma vez que permitiria a alguns países se esquivarroleta crazyreformas democráticas. Ao recorrer ao gigante asiático, eles evitam o escrutínio dos doadores ocidentais.

Um exemplo recente é o Camboja. Várias ONGs e meiosroleta crazycomunicação independentes foram censurados porque os líderes do Camboja fortaleceram os laços com as autoridades chinesas e ignoraram as demandas dos Estados Unidos para realizar eleições.

Xiaojun Li também analisou as mudanças na África como resultado dos empréstimos da China.

Mapa mostra para onde os EUA enviam ajuda

Segundo ele, as reformas democráticas diminuíram porque esses países perceberam que podem recorrer à China e evitar cumprir as exigências políticas impostas pelos países ocidentais.

"Muitos países africanos recebem a assistênciaroleta crazyPequim, ou pelo menos estão felizesroleta crazyter alternativas", conclui Li.