Por que os homens são responsáveis por 95% dos homicídios no mundo?:fortaleza e atlético paranaense palpite

Crédito, Thinkstock

Crédito, AP
Caron Gentry, professora da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteSt Andrews (Escócia) e especialistafortaleza e atlético paranaense palpiteterrorismo e gênero, afirma que é precisofortaleza e atlético paranaense palpitemais informação qualitativa para compreender o que está por trás das estatísticas.
Entrevistas com mulheres que tenham cometido homicídios, diz a pesquisadora, e análise das circunstâncias das vidas dessas mulheres podem ajudar a entender o que acontece.
"Eu me pergunto se há dados que não estão visíveis. Será que não se prende muitas mulheres justamente porque pensamos que elas não são capazes [de matar] ou porque os seus atos violentos são registradosfortaleza e atlético paranaense palpiteforma diferente?", questiona a pesquisadora,fortaleza e atlético paranaense palpiteentrevista à BBC Mundo, o serviçofortaleza e atlético paranaense palpiteespanhol da BBC.

Crédito, AFP/Getty Images
Assassinos e vítimas
Os números do estudo da UNODC não variam significamente entre países nem entre regiões, independentemente do tipofortaleza e atlético paranaense palpitearma usada ou homicídio.
"Homicídio é principalmente um problemafortaleza e atlético paranaense palpitehomens, não apenasfortaleza e atlético paranaense palpitetermosfortaleza e atlético paranaense palpiteautores, mas também das vítimas, a maioria delas envolvendo jovens menoresfortaleza e atlético paranaense palpite30 anos", afirma Enrico Bisogno, chefe da unidadefortaleza e atlético paranaense palpitedesenvolvimentofortaleza e atlético paranaense palpitedados da UNODC.
Relatório divulgadofortaleza e atlético paranaense palpitemarço deste ano pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas sobre a evolução da criminalidadefortaleza e atlético paranaense palpitetodo o mundo indicou que cercafortaleza e atlético paranaense palpite80% das vítimasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídiofortaleza e atlético paranaense palpitetodo o mundo também são homens.
De acordo com Bisogno, assassinatosfortaleza e atlético paranaense palpiteespaços públicos são geralmente cometidos por homens contra homens. Já na esfera doméstica, na maioria dos casos as vítimas são mulheres assassinadas por seus parceiros, ex-parceiros ou familiares.
"Enquanto homens são mortos por alguém que não conhecem, quase metadefortaleza e atlético paranaense palpitetodas as mulheres mortas são vítimasfortaleza e atlético paranaense palpitepessoas mais próximas a elas", diz a UNODC.

Crédito, Policíafortaleza e atlético paranaense palpiteEssex/PA
Enigma constante
Homens figurando entre a maioria absoluta das vítimas e assassinos é uma das constantes mais fortes da criminologia, diz o diretor do Institutofortaleza e atlético paranaense palpiteCriminologia da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteCambridge, Lawrence Sherman.
Para reforçar que não se tratafortaleza e atlético paranaense palpiteuma tendência atual, Sherman cita as conclusões do historiador urbano americano Eric Monkkonnen, considerado uma autoridade sobre a história do crime.
Monkkonnen analisou minuciosamente as estatísticasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídiosfortaleza e atlético paranaense palpitegrandes cidades como Nova York e Londres. Entre 1719 e 1856, 85% dos assassinos identificados na capital inglesa eram homens. Em Nova York, foram 93%fortaleza e atlético paranaense palpiteagressores do sexo masculino quando analisadas mortes cometidas entre 1797 e 1875.
Os númerosfortaleza e atlético paranaense palpiteNova York também falam muito sobre o perfil das vítimas. Em dois séculos, entre 1800 e 1999, 82,1% das pessoas assassinadas também eram homens.
Embora existam evidênciasfortaleza e atlético paranaense palpiteque os homens matam e morrem mais que as mulheres, as razões pelas quais isso acontece ainda podem ser consideradas um enigma a ser desvendado.

Crédito, NYPD/AP
Os pesquisadores indicam que as razões podem dizer respeito aos papéis do homem e da mulherfortaleza e atlético paranaense palpitecertas sociedades, o consumofortaleza e atlético paranaense palpiteálcool, o acesso a armasfortaleza e atlético paranaense palpitefogo, e a tendência masculina a participarfortaleza e atlético paranaense palpitequadrilhas e atividades do crime organizado.
Segundo a UNODC, "o consumofortaleza e atlético paranaense palpiteálcool e drogas ilícitas aumenta o riscofortaleza e atlético paranaense palpitecometer um homicídio. Em alguns países, mais da metade dos homicidas atuaram sob influênciafortaleza e atlético paranaense palpiteálcool".
"As armasfortaleza e atlético paranaense palpitefogo são as mais utilizadasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídios e causam quatrofortaleza e atlético paranaense palpitecada dez homicídiosfortaleza e atlético paranaense palpitenível mundial, enquanto um quarto das vítimas são assassinadas com facas e objetos cortantes."
A tese da testosterona
Psicólogos como Martin Daly e Margo Wilson, autoresfortaleza e atlético paranaense palpiteHomicide: Foundations of Human Behavior ("Homicídio: Fundamentos do Comportamento Humano"), exploram uma "psicologia biológica evolutiva do homicídio que levafortaleza e atlético paranaense palpiteconsideração as diferençasfortaleza e atlético paranaense palpitegênero", segundo Sherman.
Entre essas diferenças, estariam as biológicas subjacentes, incluindo a testosterona.

Crédito, Getty Images
De acordo com Pueyo, a testosterona tem uma relação direta com a competitividade "e às vezes a violência é o último passo da competitividade".
"O tipofortaleza e atlético paranaense palpiteassassinato mais frequente entre os homens é o que acontecefortaleza e atlético paranaense palpitemeio a uma briga, no contextofortaleza e atlético paranaense palpiteócio oufortaleza e atlético paranaense palpitegrupos que competem entre sifortaleza e atlético paranaense palpitetermosfortaleza e atlético paranaense palpitedelinquência", diz.

Crédito, AP
Apesar da péssima reputação ligada à violência, alguns estudos indicam que a influência da testosterona depende muito do contexto.
Por exemplo, um estudofortaleza e atlético paranaense palpite2009 da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteZurique e da Royal Holloway London, publicado na revista Nature, apontou que o hormônio aumenta a importância dada ao status, o que para algumas espéciesfortaleza e atlético paranaense palpiteanimais pode significar agressividade. Mas para a espécie humana, não necessariamente.
No experimento, 120 voluntários receberam uma dosefortaleza e atlético paranaense palpitetestosterona oufortaleza e atlético paranaense palpiteum placebo antesfortaleza e atlético paranaense palpiteiniciar negociações com a liberdadefortaleza e atlético paranaense palpitefazer ofertas justas ou injustas. A expectativa erafortaleza e atlético paranaense palpiteque os que receberam testosterona se comportassemfortaleza e atlético paranaense palpitemaneira mais agressiva. Na verdade, eles fizeram propostas mais justas para reduzir ao máximo o riscofortaleza e atlético paranaense palpiterejeição.
Antonio Andrés Pueyo, professorfortaleza e atlético paranaense palpitePsicologia e Criminologia da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteBarcelona, concorda que a testosterona pode ter certa influência, mas nãofortaleza e atlético paranaense palpitemaneira determinante.
"A testosterona parece explicarfortaleza e atlético paranaense palpiteparte, porque a maioria dos assassinatos são cometidos por homens jovens. Masfortaleza e atlético paranaense palpiteoutros casos, como por exemplo os assassinatosfortaleza e atlético paranaense palpitecompanheiros, pesam outros fatores não tão biológicos", diz.
O papel da sociedade
E ele não é o único. O professor Sherman, na Inglaterra, afirma que existem fatores culturais, sociais e políticos correlacionados que incidem na imensa diferença nas taxasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídios cometidos por homens e mulheres.
Para a professorafortaleza e atlético paranaense palpiteSociologia da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteHarvard, Jocelyn Viterna, a socialização é um fator importante.
"Várias pesquisas sociológicas demonstram que os meninos e os homens são socialmente recompensados por serem fisicamente fortes e dominantes, e socialmente ridicularizados se demonstram fragilidade ou submissão", explica à BBC Mundo a professorafortaleza e atlético paranaense palpiteHarvard.
"As mulheres, por outro lado, são favorecidas socialmente por seu comportamento tranquilo, subordinado e pacífico. Há homens e mulheres que vivem para satisfazer essas expectativas."

Crédito, Thinkstock
"A diferença impressionantefortaleza e atlético paranaense palpitegênero nas taxasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídio é,fortaleza e atlético paranaense palpiteum pontofortaleza e atlético paranaense palpitevista sociológico, claramente enraizado na socializaçãofortaleza e atlético paranaense palpitegênero. Isso está arraigadofortaleza e atlético paranaense palpitenossa sociedade."
Para Gentry, co-autora, com Laura Sjoberg, do livro Mothers, Monsters, Whores: Women's Violence in Global Politics ("Mães, Monstros, Putas: A violência contra as mulheres na política global"), as razões que explicam por que há uma quantidade maiorfortaleza e atlético paranaense palpiteassassinos homens do que mulheres têm raízes sociais e culturais e não tanto biológicas.
"As mulheres na maioria das sociedades, se nãofortaleza e atlético paranaense palpitetodas as sociedades, não têm acesso igualitário ao poder. Talvez tenham acesso a armas, mas não necessariamente ao poder e à dinâmica social que lhes dão a habilidadefortaleza e atlético paranaense palpitecometer um assassinato."

Crédito, Thinkstock
Quando as mulheres matam
Ao falar da pesonalidadefortaleza e atlético paranaense palpiteum homicida, explica Pueyo, há dois fatores chave:fortaleza e atlético paranaense palpiteatitudefortaleza e atlético paranaense palpiterelação à violência efortaleza e atlético paranaense palpiteimpulsividade ou temperamento.
Ambos elementos ocorrem indiscriminadamentefortaleza e atlético paranaense palpitehomens e mulheres, "quando a pessoa o faz por vingança, ciúme, inveja ou qualquer outro motivo que acredita que justifique o homicídio", diz Gentry.
É assim que mulheres e homens podem mostrar a mesma crueldade.
"Presumimos que as mulheres são mais pacíficas, mais gentis, mais dispostas a criar, educar e (como sociedade) não sabemos como reagir quando não é assim, mas as mulheres têm estado envolvidasfortaleza e atlético paranaense palpitegenocídios, as mulheres estupram, cometem atosfortaleza e atlético paranaense palpiteterrorismo, torturam", diz Gentry.

Em muitos casos, as mulheres matam para se defender ou proteger seus filhos.
No entanto, se nos concentrarmos nos infanticídios veremos que o equilíbrio do gênero dos assassinos muda, diz Pueyo. "As mulheres cometem mais infanticídios, especialmente ofortaleza e atlético paranaense palpitebebês, do que os homens. Parece fácil a explicação: a maior responsabilidade pelo cuidado é delas."
Ao analisar os casos das mulheres que mataram seus filhos, algumas tendências são observadas.
"Se as crianças são muito pequenas, menoresfortaleza e atlético paranaense palpitedois anos, geralmente as razões que as levam a matar são sociais. Por exemplo: não querem que se saiba que engravidaram ou não sabem o que fazer com o filho", diz o professor.
Na análise Child murder by mothers: patterns and prevention ("Assassinatosfortaleza e atlético paranaense palpitecrianças por mães: padrões e prevenção",fortaleza e atlético paranaense palpiteportuguês), da Associação Mundialfortaleza e atlético paranaense palpitePsiquiatria, os psiquiatras Susan Hatters e Phillip Resnick explicam quefortaleza e atlético paranaense palpitemuitos filicídios - quando uma mãe ou um pai mata o próprio filho - as mães falamfortaleza e atlético paranaense palpite"motivos altruístas". Muitas dessas mulheres têm transtornos mentais.
Os neonaticídios acontecem quando o bebê é assassinado nas suas primeiras horasfortaleza e atlético paranaense palpitevida efortaleza e atlético paranaense palpitequase todos os casos são cometidos por "mães jovens, solteiras, que não desejavam engravidar e não receberam cuidados pré-natais".

Crédito, AFP
Mas seria presunçoso tomar conclusões determinantes sobre os motivos pelos quais os homens cometem mais homicídios do que as mulheres porque, como advertem os especialistas, cada homicídio corresponde a uma situação específica que é influenciada por vários fatores.
"Mulheres terroristas são raras, mas existem. Homens que matam bebês são raros, mas existem. Nenhum comportamento relacionado a homicídio é exclusivofortaleza e atlético paranaense palpiteum gênero", diz Pueyo.








