Por que os homens são responsáveis por 95% dos homicídios no mundo?:fortaleza e atlético paranaense palpite

Homem com uma arma

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, A concentraçãofortaleza e atlético paranaense palpiteassassinatos cometidos por homens jovens é uma constante nos estudos do crime, afirma o professor da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteCambridge, Lawrence Sherman
Policiaisfortaleza e atlético paranaense palpiteNova York atuam numa cenafortaleza e atlético paranaense palpitecrime

Crédito, AP

Legenda da foto, Uma a cada sete vítimasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídiosfortaleza e atlético paranaense palpitetodo o mundo é jovem entre 15 e 29 anosfortaleza e atlético paranaense palpiteidade das Américas

Caron Gentry, professora da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteSt Andrews (Escócia) e especialistafortaleza e atlético paranaense palpiteterrorismo e gênero, afirma que é precisofortaleza e atlético paranaense palpitemais informação qualitativa para compreender o que está por trás das estatísticas.

Entrevistas com mulheres que tenham cometido homicídios, diz a pesquisadora, e análise das circunstâncias das vidas dessas mulheres podem ajudar a entender o que acontece.

"Eu me pergunto se há dados que não estão visíveis. Será que não se prende muitas mulheres justamente porque pensamos que elas não são capazes [de matar] ou porque os seus atos violentos são registradosfortaleza e atlético paranaense palpiteforma diferente?", questiona a pesquisadora,fortaleza e atlético paranaense palpiteentrevista à BBC Mundo, o serviçofortaleza e atlético paranaense palpiteespanhol da BBC.

Corpofortaleza e atlético paranaense palpitenecrotério da Guatemala

Crédito, AFP/Getty Images

Legenda da foto, Cercafortaleza e atlético paranaense palpite80% das vítimasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídio também são homens,fortaleza e atlético paranaense palpiteacordo com a ONU

Assassinos e vítimas

Os números do estudo da UNODC não variam significamente entre países nem entre regiões, independentemente do tipofortaleza e atlético paranaense palpitearma usada ou homicídio.

"Homicídio é principalmente um problemafortaleza e atlético paranaense palpitehomens, não apenasfortaleza e atlético paranaense palpitetermosfortaleza e atlético paranaense palpiteautores, mas também das vítimas, a maioria delas envolvendo jovens menoresfortaleza e atlético paranaense palpite30 anos", afirma Enrico Bisogno, chefe da unidadefortaleza e atlético paranaense palpitedesenvolvimentofortaleza e atlético paranaense palpitedados da UNODC.

Relatório divulgadofortaleza e atlético paranaense palpitemarço deste ano pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas sobre a evolução da criminalidadefortaleza e atlético paranaense palpitetodo o mundo indicou que cercafortaleza e atlético paranaense palpite80% das vítimasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídiofortaleza e atlético paranaense palpitetodo o mundo também são homens.

De acordo com Bisogno, assassinatosfortaleza e atlético paranaense palpiteespaços públicos são geralmente cometidos por homens contra homens. Já na esfera doméstica, na maioria dos casos as vítimas são mulheres assassinadas por seus parceiros, ex-parceiros ou familiares.

"Enquanto homens são mortos por alguém que não conhecem, quase metadefortaleza e atlético paranaense palpitetodas as mulheres mortas são vítimasfortaleza e atlético paranaense palpitepessoas mais próximas a elas", diz a UNODC.

Faca usada por James Fairweather, que matou duas pessoas na Inglaterra

Crédito, Policíafortaleza e atlético paranaense palpiteEssex/PA

Legenda da foto, Faca usada por James Fairweather para matar dois desconhecidosfortaleza e atlético paranaense palpiteEssex, na Inglaterra,fortaleza e atlético paranaense palpite2014; estudos indicam que geralmente homens são mortos por desconhecidos

Enigma constante

Homens figurando entre a maioria absoluta das vítimas e assassinos é uma das constantes mais fortes da criminologia, diz o diretor do Institutofortaleza e atlético paranaense palpiteCriminologia da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteCambridge, Lawrence Sherman.

Para reforçar que não se tratafortaleza e atlético paranaense palpiteuma tendência atual, Sherman cita as conclusões do historiador urbano americano Eric Monkkonnen, considerado uma autoridade sobre a história do crime.

Monkkonnen analisou ​​minuciosamente as estatísticasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídiosfortaleza e atlético paranaense palpitegrandes cidades como Nova York e Londres. Entre 1719 e 1856, 85% dos assassinos identificados na capital inglesa eram homens. Em Nova York, foram 93%fortaleza e atlético paranaense palpiteagressores do sexo masculino quando analisadas mortes cometidas entre 1797 e 1875.

Os númerosfortaleza e atlético paranaense palpiteNova York também falam muito sobre o perfil das vítimas. Em dois séculos, entre 1800 e 1999, 82,1% das pessoas assassinadas também eram homens.

Embora existam evidênciasfortaleza e atlético paranaense palpiteque os homens matam e morrem mais que as mulheres, as razões pelas quais isso acontece ainda podem ser consideradas um enigma a ser desvendado.

Um revólver

Crédito, NYPD/AP

Legenda da foto, Esta foi a arma que a políciafortaleza e atlético paranaense palpiteNova York acredita que tenha sido usada pelo homem que matou os agentes Wenjian Liu e Rafael Ramosfortaleza e atlético paranaense palpite2014, no bairrofortaleza e atlético paranaense palpiteBrooklynfortaleza e atlético paranaense palpiteNova York. Segundo a UNODC, as armasfortaleza e atlético paranaense palpitefogo são as mais utilizadasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídios

Os pesquisadores indicam que as razões podem dizer respeito aos papéis do homem e da mulherfortaleza e atlético paranaense palpitecertas sociedades, o consumofortaleza e atlético paranaense palpiteálcool, o acesso a armasfortaleza e atlético paranaense palpitefogo, e a tendência masculina a participarfortaleza e atlético paranaense palpitequadrilhas e atividades do crime organizado.

Segundo a UNODC, "o consumofortaleza e atlético paranaense palpiteálcool e drogas ilícitas aumenta o riscofortaleza e atlético paranaense palpitecometer um homicídio. Em alguns países, mais da metade dos homicidas atuaram sob influênciafortaleza e atlético paranaense palpiteálcool".

"As armasfortaleza e atlético paranaense palpitefogo são as mais utilizadasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídios e causam quatrofortaleza e atlético paranaense palpitecada dez homicídiosfortaleza e atlético paranaense palpitenível mundial, enquanto um quarto das vítimas são assassinadas com facas e objetos cortantes."

A tese da testosterona

Psicólogos como Martin Daly e Margo Wilson, autoresfortaleza e atlético paranaense palpiteHomicide: Foundations of Human Behavior ("Homicídio: Fundamentos do Comportamento Humano"), exploram uma "psicologia biológica evolutiva do homicídio que levafortaleza e atlético paranaense palpiteconsideração as diferençasfortaleza e atlético paranaense palpitegênero", segundo Sherman.

Entre essas diferenças, estariam as biológicas subjacentes, incluindo a testosterona.

Oscar Pistorius

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em julho, o ex-atleta paraolímpico sul-africano Oscar Pistorius foi condenado a seis anosfortaleza e atlético paranaense palpiteprisão pelo assassinatofortaleza e atlético paranaense palpitesua noiva, a modelo Reeva Steenkamp,fortaleza e atlético paranaense palpitefevereirofortaleza e atlético paranaense palpite2013. Ele sempre afirmou que a confundiou com um ladrão.

De acordo com Pueyo, a testosterona tem uma relação direta com a competitividade "e às vezes a violência é o último passo da competitividade".

"O tipofortaleza e atlético paranaense palpiteassassinato mais frequente entre os homens é o que acontecefortaleza e atlético paranaense palpitemeio a uma briga, no contextofortaleza e atlético paranaense palpiteócio oufortaleza e atlético paranaense palpitegrupos que competem entre sifortaleza e atlético paranaense palpitetermosfortaleza e atlético paranaense palpitedelinquência", diz.

Policía e torcedoresfortaleza e atlético paranaense palpiteum estádio

Crédito, AP

Legenda da foto, A final da copa europeiafortaleza e atlético paranaense palpite1985 é lembrada como uma das piores tragédiasfortaleza e atlético paranaense palpiteum estádio. Hooligans ingleses iniciaram a violência e 39 pessoas morreram esmagadas pela multidãofortaleza e atlético paranaense palpitepessoas que tentavam fugir. Alguns especialistas acreditam que a testosterona influencia na violência entre os homens, outros a consideram um fator irrelevante.

Apesar da péssima reputação ligada à violência, alguns estudos indicam que a influência da testosterona depende muito do contexto.

Por exemplo, um estudofortaleza e atlético paranaense palpite2009 da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteZurique e da Royal Holloway London, publicado na revista Nature, apontou que o hormônio aumenta a importância dada ao status, o que para algumas espéciesfortaleza e atlético paranaense palpiteanimais pode significar agressividade. Mas para a espécie humana, não necessariamente.

No experimento, 120 voluntários receberam uma dosefortaleza e atlético paranaense palpitetestosterona oufortaleza e atlético paranaense palpiteum placebo antesfortaleza e atlético paranaense palpiteiniciar negociações com a liberdadefortaleza e atlético paranaense palpitefazer ofertas justas ou injustas. A expectativa erafortaleza e atlético paranaense palpiteque os que receberam testosterona se comportassemfortaleza e atlético paranaense palpitemaneira mais agressiva. Na verdade, eles fizeram propostas mais justas para reduzir ao máximo o riscofortaleza e atlético paranaense palpiterejeição.

Antonio Andrés Pueyo, professorfortaleza e atlético paranaense palpitePsicologia e Criminologia da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteBarcelona, concorda que a testosterona pode ter certa influência, mas nãofortaleza e atlético paranaense palpitemaneira determinante.

"A testosterona parece explicarfortaleza e atlético paranaense palpiteparte, porque a maioria dos assassinatos são cometidos por homens jovens. Masfortaleza e atlético paranaense palpiteoutros casos, como por exemplo os assassinatosfortaleza e atlético paranaense palpitecompanheiros, pesam outros fatores não tão biológicos", diz.

O papel da sociedade

E ele não é o único. O professor Sherman, na Inglaterra, afirma que existem fatores culturais, sociais e políticos correlacionados que incidem na imensa diferença nas taxasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídios cometidos por homens e mulheres.

Para a professorafortaleza e atlético paranaense palpiteSociologia da Universidadefortaleza e atlético paranaense palpiteHarvard, Jocelyn Viterna, a socialização é um fator importante.

"Várias pesquisas sociológicas demonstram que os meninos e os homens são socialmente recompensados por serem fisicamente fortes e dominantes, e socialmente ridicularizados se demonstram fragilidade ou submissão", explica à BBC Mundo a professorafortaleza e atlético paranaense palpiteHarvard.

"As mulheres, por outro lado, são favorecidas socialmente por seu comportamento tranquilo, subordinado e pacífico. Há homens e mulheres que vivem para satisfazer essas expectativas."

Um menino segura uma armafortaleza e atlético paranaense palpitebrincadeira

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, A socializaçãofortaleza e atlético paranaense palpitegênero é iniciada na infância tem uma papel chavefortaleza e atlético paranaense palpitenossos comportamentos como adulos.

"A diferença impressionantefortaleza e atlético paranaense palpitegênero nas taxasfortaleza e atlético paranaense palpitehomicídio é,fortaleza e atlético paranaense palpiteum pontofortaleza e atlético paranaense palpitevista sociológico, claramente enraizado na socializaçãofortaleza e atlético paranaense palpitegênero. Isso está arraigadofortaleza e atlético paranaense palpitenossa sociedade."

Para Gentry, co-autora, com Laura Sjoberg, do livro Mothers, Monsters, Whores: Women's Violence in Global Politics ("Mães, Monstros, Putas: A violência contra as mulheres na política global"), as razões que explicam por que há uma quantidade maiorfortaleza e atlético paranaense palpiteassassinos homens do que mulheres têm raízes sociais e culturais e não tanto biológicas.

"As mulheres na maioria das sociedades, se nãofortaleza e atlético paranaense palpitetodas as sociedades, não têm acesso igualitário ao poder. Talvez tenham acesso a armas, mas não necessariamente ao poder e à dinâmica social que lhes dão a habilidadefortaleza e atlético paranaense palpitecometer um assassinato."

Duas meninas brincando

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, Como sociedade, diz Caron Gentry, "presumimos que as mulheres são mais pacíficas, mais gentis, mais predispostas a criar, educar".

Quando as mulheres matam

Ao falar da pesonalidadefortaleza e atlético paranaense palpiteum homicida, explica Pueyo, há dois fatores chave:fortaleza e atlético paranaense palpiteatitudefortaleza e atlético paranaense palpiterelação à violência efortaleza e atlético paranaense palpiteimpulsividade ou temperamento.

Ambos elementos ocorrem indiscriminadamentefortaleza e atlético paranaense palpitehomens e mulheres, "quando a pessoa o faz por vingança, ciúme, inveja ou qualquer outro motivo que acredita que justifique o homicídio", diz Gentry.

É assim que mulheres e homens podem mostrar a mesma crueldade.

"Presumimos que as mulheres são mais pacíficas, mais gentis, mais dispostas a criar, educar e (como sociedade) não sabemos como reagir quando não é assim, mas as mulheres têm estado envolvidasfortaleza e atlético paranaense palpitegenocídios, as mulheres estupram, cometem atosfortaleza e atlético paranaense palpiteterrorismo, torturam", diz Gentry.

Una mujer con un arma

Em muitos casos, as mulheres matam para se defender ou proteger seus filhos.

No entanto, se nos concentrarmos nos infanticídios veremos que o equilíbrio do gênero dos assassinos muda, diz Pueyo. "As mulheres cometem mais infanticídios, especialmente ofortaleza e atlético paranaense palpitebebês, do que os homens. Parece fácil a explicação: a maior responsabilidade pelo cuidado é delas."

Ao analisar os casos das mulheres que mataram seus filhos, algumas tendências são observadas.

"Se as crianças são muito pequenas, menoresfortaleza e atlético paranaense palpitedois anos, geralmente as razões que as levam a matar são sociais. Por exemplo: não querem que se saiba que engravidaram ou não sabem o que fazer com o filho", diz o professor.

Na análise Child murder by mothers: patterns and prevention ("Assassinatosfortaleza e atlético paranaense palpitecrianças por mães: padrões e prevenção",fortaleza e atlético paranaense palpiteportuguês), da Associação Mundialfortaleza e atlético paranaense palpitePsiquiatria, os psiquiatras Susan Hatters e Phillip Resnick explicam quefortaleza e atlético paranaense palpitemuitos filicídios - quando uma mãe ou um pai mata o próprio filho - as mães falamfortaleza e atlético paranaense palpite"motivos altruístas". Muitas dessas mulheres têm transtornos mentais.

Os neonaticídios acontecem quando o bebê é assassinado nas suas primeiras horasfortaleza e atlético paranaense palpitevida efortaleza e atlético paranaense palpitequase todos os casos são cometidos por "mães jovens, solteiras, que não desejavam engravidar e não receberam cuidados pré-natais".

Um soldado carrega um bebê

Crédito, AFP

Legenda da foto, En 2004, homens e mulheres mascarados, alguns deles com cinturõesfortaleza e atlético paranaense palpiteexplosivos, invadiram uma escola na cidade russafortaleza e atlético paranaense palpiteBerlan, abriram fogo e tomaram mil pessoas como reféns. Três dias depois, o sequestro terminoufortaleza e atlético paranaense palpitemassacre: 331 pessoas morreram, 186 delas crianças. A foto acima mostra o resgate.

Mas seria presunçoso tomar conclusões determinantes sobre os motivos pelos quais os homens cometem mais homicídios do que as mulheres porque, como advertem os especialistas, cada homicídio corresponde a uma situação específica que é influenciada por vários fatores.

"Mulheres terroristas são raras, mas existem. Homens que matam bebês são raros, mas existem. Nenhum comportamento relacionado a homicídio é exclusivofortaleza e atlético paranaense palpiteum gênero", diz Pueyo.