Quem foi Marie Bonaparte, a princesa pioneirapré aposta esportebetestudos sobre o orgasmo feminino:pré aposta esportebet

Mas, afinal, quem foi esta mulher fascinante que se destacava no campo da ciência, no mundo da realeza e que procurava respostas para o prazer sexual feminino?

A princesa

Marie Bonaparte nasceupré aposta esportebetParispré aposta esportebetuma família rica epré aposta esportebetrenome.

Ela era filhapré aposta esportebetMarie-Félix Blanc e do príncipe francês Roland Napoleão Bonaparte, e neta do empresário e fundador do Cassinopré aposta esportebetMonte Carlo, François Blanc, com uma grande fortuna.

Seu pai, o príncipe Roland, era netopré aposta esportebetLucien Bonaparte, irmão do famoso comandante militar e imperador francês Napoleão Bonaparte, uma das figuras mais famosas da História.

A vidapré aposta esportebetMarie começou marcada pela tragédia: ela quase morreu ao nascer epré aposta esportebetmãe faleceu um mês após o parto.

Sua infância foi complicada e solitária, sem a companhiapré aposta esportebetoutras crianças, com extrema devoção ao pai, que era geógrafo e antropólogo, e um medo enorme da avó paterna.

Desde pequena, demonstrou curiosidade, tanto pela ciência, quanto pela literatura, pela escrita e também pelo próprio corpo.

Um dia, "Mimau", uma das muitas mulheres que cuidavam dela, encontrou Marie se masturbando.

"É pecado! É um vício! Se você fizer isso, vai morrer!", disse ela, segundo a própria Marie registroupré aposta esportebetseu diáriopré aposta esportebet1952.

No ensaio "A Teoria da Sexualidade Femininapré aposta esportebetMarie Bonaparte: fantasia e biologia", a historiadora Nellie Thompson diz que "Bonaparte afirma que abandonou a masturbação clitoriana por volta dos 8 ou 9 anos por medo da advertênciapré aposta esportebet'Mimau'pré aposta esportebetque a morte era o preço do prazer erótico".

Desde muito jovem, ela se recusou a aceitar o papel submisso reservado às mulheres da época.

Na adolescência, começou a estudar idiomas, como inglês e alemão, e se saiu muito bem nos exames. Mas,pré aposta esportebetrepente,pré aposta esportebetavó e seu pai a proibirampré aposta esportebetrealizar as provas.

"Ela e Roland alegaram que os inimigos republicanos dos Bonaparte poderiam sabotar o examepré aposta esportebetum esforço para humilhar a família. Marie exclamou: 'Malditos sejam meu nome, minha posição, minha fortuna! Droga, especialmente meu sexo! Porque se eu fosse um menino, não me impediriampré aposta esportebettentar!'", resgata Thompson do diáriopré aposta esportebetBonaparte.

Antespré aposta esportebetcompletar 20 anos epré aposta esportebetpleno despertar sexual, Marie Bonaparte teve um caso com um dos assistentespré aposta esportebetseu pai, que era casado. Tudo terminoupré aposta esportebetescândalo, chantagem e humilhação para Marie.

Em pouco tempo, seu pai a apresentou a seu pretendente favorito para o casamento, o príncipe Jorge (1869-1957) da Grécia e Dinamarca, que era 13 anos mais velho que Marie.

Eles se casarampré aposta esportebet12pré aposta esportebetdezembropré aposta esportebet1907pré aposta esportebetAtenas e tiveram dois filhos: Pedro e Eugenia.

Mas eles não viveram felizes para sempre.

Embora o casamento tenha durado 50 anos, Marie rapidamente percebeu que o verdadeiro vínculo emocionalpré aposta esportebetseu marido era com um tio deste, o príncipe Valdemar da Dinamarca.

Enquanto isso, ela procurava seus próprios amantes e vivia atormentada porpré aposta esportebetfrigidez.

Seus estudos proporcionaram a ela um refúgio das dificuldadespré aposta esportebetsua vida.

A sexualidade feminina

O interessepré aposta esportebetMarie Bonaparte pela sexualidade e pelo prazer feminino surgiu nesta épocapré aposta esportebetapetite intelectual.

Em 1924, ela publicou o trabalho Notas sobre as causas anatômicas da frigidez nas mulheres sob o pseudônimopré aposta esportebetA. E. Narjani.

"Ela ficava frustrada com o fatopré aposta esportebetnunca ter tido um orgasmo durante a relação sexual", ou seja, por penetração, explica Kim Wallen, professorpré aposta esportebetneuroendocrinologia comportamental da Universidade Emory, na Geórgia, nos EUA.

"Ela não aceitava que o orgasmo nas mulheres pudesse ocorrer diretamente pela estimulação do clitóris", acrescenta o especialista à BBC News Mundo, serviçopré aposta esportebetnotíciaspré aposta esportebetespanhol da BBC.

Para Marie, o fatopré aposta esportebetuma mulher não conseguir ter orgasmo enquanto era penetrada era um problemapré aposta esportebetanatomia.

E por isso ela desenvolveu a seguinte teoria: uma distância menor entre o clitórispré aposta esportebetuma mulher epré aposta esportebetvagina aumenta a probabilidadepré aposta esportebetela ter um orgasmo durante relações sexuais com penetração.

Para provarpré aposta esportebethipótese, ela passou a compilar as medidaspré aposta esportebetmaispré aposta esportebet240 mulheres na décadapré aposta esportebet1920pré aposta esportebetParis.

Segundo o trabalho publicado sob o nomepré aposta esportebetNarjani, "os dados não foram compiladospré aposta esportebetforma sistemática, mas casualmente, quando uma mulher ia ao médico. Esta amostra foi dividapré aposta esportebettrês grupospré aposta esportebetacordo com a distância entre o meato urinário e o clitóris, embora não descreva como foi feita essa divisão", detalha Kim Wallen, que junto com Elisabeth Lloyd estudou a obrapré aposta esportebetBonaparte e publicou vários estudos sobre anatomia genital e orgasmo femininos.

"Bonaparte tinha uma hipótese interessante. Ela foi pioneira na teoriapré aposta esportebetque as mulheres são feitaspré aposta esportebetmaneira diferente, e é por isso que elas também respondempré aposta esportebetmaneiras diferentes durante a relação sexual", diz Lloyd à BBC News Mundo.

Mas "sua teoria colocava todo o peso na anatomia da mulher, não dizia nada sobre maturidade psicológica, se ela era uma mulher plena, neurótica, frígida, todos esses termos desagradáveis que se usava para as mulheres naquela época", acrescenta a especialista.

Marie Bonaparte acreditava que se as mulheres fossem submetidas a uma operação para fechar essa separação empré aposta esportebetárea genital, poderiam ter um orgasmo durante a relação sexual com penetração.

Mas ela não poderia estar mais equivocada.

"A cirurgia foi um desastre", conta Kim Wall. "Algumas mulheres perderam toda a sensibilidade.

A própria Marie Bonaparte acreditava tão fortementepré aposta esportebetsuas descobertas que se submeteu à cirurgia, "sem sucesso", conta Wallen.

E não apenas uma, mas três vezes.

"Quando você corta muitos nervos ao redor do clitóris, não vai ter mais resposta (sensorial), vai ter menos, porque está cortando nervos muito importantes", explica Elisabeth Lloyd, que é professorapré aposta esportebetHistória e Filosofia da Ciência no departamentopré aposta esportebetbiologia da Universidadepré aposta esportebetIndiana, nos EUA.

"Ela acreditava que a cirurgia era a única maneirapré aposta esportebetas mulheres terem orgasmo durante a relação sexual", acrescenta.

A relação com Freud

Marie Bonaparte não se deu por vencida e continuou buscando respostas para suas frustrações sexuais e as dificuldades empré aposta esportebetvida.

Em 1925, ela viajou a Viena para se consultar com um psicanalista cujo nome estava apenas começando a circular nas rodas médicas parisienses: Sigmund Freud.

"Ela encontroupré aposta esportebetFreud o que precisava desesperadamente, um novo 'pai' para amar e servir", diz Thompsonpré aposta esportebetseu ensaio.

Marie Bonaparte viroupré aposta esportebetpaciente e, logo depois,pré aposta esportebetamiga. Ela começou a se interessar pela psicanálise e também se tornou pupilapré aposta esportebetFreud.

"Ela foi uma das primeiras mulheres na França a estudar psicanálise, sobretudo com Freud", diz Rémy Amouroux, professorpré aposta esportebetpsicologia da Universidadepré aposta esportebetLausanne, na Suíça, à BBC News Mundo.

"Freud gostavapré aposta esportebetsua companhia porque ela não era uma mulher perigosa nem uma acadêmica. Quando se conheceram, ele tinha quase 70 anos. E ela era uma mulher interessante, inteligente e rica, e discutia com ele", acrescenta Amouroux.

Marie Bonaparte se tornou uma figura importante da psicanálisepré aposta esportebetParis e teve vários pacientes,pré aposta esportebetparalelo a suas atividades protocolares como princesa.

Com o passar dos anos, ela também salvou Freud das mãos e das armas dos nazistas, graças a suas manobras políticas e financeiras, ajudando ele epré aposta esportebetfamília a escaparpré aposta esportebetViena para Londres, onde ele terminaria seus dias.

"Aos 82 anos, deixei minha casapré aposta esportebetViena como resultado da invasão alemã e vim para a Inglaterra, onde espero terminar minha vidapré aposta esportebetliberdade", disse Freud à BBCpré aposta esportebetuma entrevistapré aposta esportebet1938.

Uma mulher livre

A maturidade profissional acabou levando Marie Bonaparte a contradizer seu estudo sobre sexualidade feminina.

"Marie Bonaparte rejeitou por completo suas ideias originais. Publicou um livropré aposta esportebet1950, Sexualidade Feminina,pré aposta esportebetque se retratavapré aposta esportebettudo sobre o estudo", diz Kim Wallen. "Lá ela diz que a anatomia não tem nada a ver e que tudo é psicológico. Naquela época, ela já fazia psicanálise havia quase 25 anos."

Apesar da mudançapré aposta esportebetopinião, o professor acredita que Bonaparte foi uma mulher revolucionária.

"Acho que seu estudo original foi notável", diz ele.

Para Lloyd, ela foi uma "figura fascinante".

"É uma das minhas heroínas", mas não deixapré aposta esportebetser "uma personagem trágica", avalia.

"Estava muito à frentepré aposta esportebetseu tempopré aposta esportebettermospré aposta esportebetteoria e compreensão" sobre a sexualidade feminina, "mas era infeliz com seu próprio corpo", destaca.

O professor Amouroux, que durante vários anos se dedicou a catalogar o arquivopré aposta esportebetMarie Bonapartepré aposta esportebetParis, acha que ela foi "uma mulher incrível", ligada a todos os círculos literários, políticos e da realeza — e que conheceu todas as pessoas famosas do mundo da primeira metade do século 20.

"Ela também foi uma figura interessante para questionar o feminismo. A formapré aposta esportebetver a sexualidade era muito patriarcal, porque estava convencidapré aposta esportebetque só havia uma maneirapré aposta esportebetter um orgasmo", diz.

"Mas, ao mesmo tempo, ela era muito livre, desafiava Freud e era uma mulher complexa", conclui.

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