A obscura história da escola para crianças indígenas no Canadá onde foram encontradas 160 tumbas ocultas:baixar betnacional atualizado

Escola Industrial da Ilha Kuper

Crédito, Reuters

Legenda da foto, À Escola Industrial da Ilha Kuper só era possível chegar ou sairbaixar betnacional atualizadobarco

No último dia 13baixar betnacional atualizadojulho, a tribo Penelakut anunciou a descoberta -baixar betnacional atualizadoforma preliminar, visto que o número exato ainda não foi determinado -baixar betnacional atualizadoao menos 160 sepulturas, que se somam às maisbaixar betnacional atualizado1.100 encontradasbaixar betnacional atualizadooutros internatos para crianças indígenas no Canadá.

O escândalo, que ronda o governo canadense e o Vaticano há anos, vem sendo descrito nos últimos meses como um "genocídio indígena".

Hoje, a Escola Industrial da Ilha Kuper não existe mais - o local foi demolidobaixar betnacional atualizado1980.

Mas o que aconteceu naquela ilha dá pistas da assimilação forçada, da violência, dos abusos sexuais e das mortes sem registrobaixar betnacional atualizadoque foram vítimas milharesbaixar betnacional atualizadocrianças indígenas retiradasbaixar betnacional atualizadosuas casas.

"Os danos causados pelo sistemabaixar betnacional atualizadoEscolas Residenciais Indígenas, a violência individual e sistêmica, persistem no presente. O trauma é intergeracional, e as paisagens indígenas deste país estão povoadas por sepulturasbaixar betnacional atualizadocrianças desaparecidas", afirmou à BBC News o antropólogo Eric Simons, que trabalhou com a tribo Penelakut na detecçãobaixar betnacional atualizadotúmulos.

A "Alcatraz do Canadá"

A Escola Industrial da Ilha Kuper ficou conhecida como o "Alcatraz do Canadá" porque, como na famosa prisão da Califórnia, era praticamente impossível escapar dali.

As irmãs Patricia Marilyn e Beverly Joseph (idadesbaixar betnacional atualizado14 e 12 anos, respectivamente) tentaram,baixar betnacional atualizado1959, e morreram afogadas,baixar betnacional atualizadoacordo com a documentação do Centro Nacional para a Verdade e a Reconciliação,baixar betnacional atualizadoque constam 120 nomesbaixar betnacional atualizadocrianças mortas naquela escola.

Não se sabe, no entanto, se mais crianças que viviam ali tentaram fugir.

Não era simples: as águas que rodeiam a ilha ficam geladas a maior parte do ano, e o internato estava localizado no meiobaixar betnacional atualizadoum arquipélago despovoado e com uma vasta fauna silvestre.

Além do prédio principal, que abrigava os quartos e as salasbaixar betnacional atualizadoaula, havia uma capela, um auditório, campos para a práticabaixar betnacional atualizadoesportes e outras pequenas edificações para outras atividades.

Como uma das 130 escolas residenciais que funcionaram entre 1847 e 1996,baixar betnacional atualizadomissão era a "integração" das crianças indígenas à cultura branca que prevaleceu desde o século 18 no Canadá.

Milharesbaixar betnacional atualizadocrianças da provínciabaixar betnacional atualizadoColúmbia Britânica chegaram à Ilha Kuper ao longobaixar betnacional atualizadooito décadas.

Alunosbaixar betnacional atualizadosalabaixar betnacional atualizadoaula da Escola Industrial da Ilha Kuper

Crédito, Reuters

Legenda da foto, "Muitos não voltaram para suas casas", disse Joan Brown, chefe da comunidade Penelakut,baixar betnacional atualizadoonde muitas crianças foram levadas para a Ilha Kuper.

"Fui internado lábaixar betnacional atualizado1930", diz Bill Seward, um ex-aluno da Escola Industrial, no documentário Retornando ao Círculobaixar betnacional atualizadoCura. O filme foi realizado por Peter Campbell e Christine Welsh,baixar betnacional atualizado1997, e patrocinado pelo Ministériobaixar betnacional atualizadoAssuntos Indígenas canadense.

"O único idioma que eu conhecia era a minha língua nativa. Mas, quando a usava, era duramente castigado. Houve muitas noitesbaixar betnacional atualizadoque ia para a cama sem jantar, com fome. Muitas vezes fui obrigado a ficar ajoelhado num canto, rezando - e, se não o fizesse, era submetido a ainda mais punições", recorda-se.

"Eles ameaçaram meus paisbaixar betnacional atualizadoprisão caso impedissem minha ida à escola. Um policial veio me buscar e, então, tive que ir."

Fachada da Escola Industrial da Ilha Kuper

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Para as crianças que sobreviveram, a passagem por essas escolas foi uma experiência extremamente traumática (foto do internatobaixar betnacional atualizadoShingwauk)

O líder indígena Phil Fontaine explica que os religiosos - mulheres e homens - que dirigiam o internato fazia essas crianças, tão jovens à época, acreditarem que tudo embaixar betnacional atualizadocultura nativa era ruim, pecaminoso.

"A única maneirabaixar betnacional atualizadoser bem-sucedido era ser como eles, com seus valores, com suas crenças espirituais, falandobaixar betnacional atualizadolíngua. E era para isso que serviam todos os internatos. Eles foram projetados para assimilar nosso povo à cultura dominante", diz ele.

Atualmente, estima-se que 150 mil crianças tenham sido retiradasbaixar betnacional atualizadoseus lares e levadas a internatos, num processo que durou até a décadabaixar betnacional atualizado1990.

Cercabaixar betnacional atualizado6.000 morreram, dos quais 4.100 já foram identificados. Agora, a recente descobertabaixar betnacional atualizadotúmulosbaixar betnacional atualizadomeninas e meninos anônimos sugere que a realidade pode ter sido ainda mais terrível.

La capillabaixar betnacional atualizadola Escuela Industrialbaixar betnacional atualizadola Isla Kuper

Crédito, Reuters

"Muitos não voltaram para suas casas", di\ Joan Brown, chefe da comunidade Penelakut,baixar betnacional atualizadoonde muitas crianças foram levadas para a Ilha Kuper.

"Aquelesbaixar betnacional atualizadonós que oferecem ajuda o fazem sabendo que tentar localizar as crianças desaparecidas tem o potencialbaixar betnacional atualizadogerar novos traumas. Por isso, procedemos com cautela, sempre seguindo os protocolos culturais, na direção e ritmo estabelecidos pelas nossas comunidades ", diz Eric Simons, que trabalha na Universidade da Colúmbia Britânica.

Marcas do abuso

Quase 20 anos após a demolição do internato, um grupobaixar betnacional atualizadoex-alunos voltou ao local para erguer um memorialbaixar betnacional atualizadohomenagem às vítimas, muitas das quais eram conhecidas deles.

Eles se abraçaram e choraram ao jogar flores na água - os registros estão no documentáriobaixar betnacional atualizadoCampbell e Welsh.

O isolamento vivenciado por essas crianças na escola não foi marcado apenas pelos limites geográficos da Ilha Kuper (hoje Ilha Penelakut), mas pelas normas rígidas impostas pelos religiosos católicos para eliminarbaixar betnacional atualizadocultura nativa.

Escola Residencial Shingwauk

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Quase 20 anos após a demolição do internato, um grupobaixar betnacional atualizadoex-alunos voltou ao local para erguer um memorialbaixar betnacional atualizadohomenagem às vítimas

Uma delas, dizem os sobreviventes, era separar aqueles que vinham da mesma família ou tribo.

"Você não podia cumprimentar seus irmãos, primos ou conhecidos", lembra um deles.

As maiores cicatrizes emocionais, no entanto, foram deixadas pelos abusos sexuais cometidos pelos religiosos, a quem chamavambaixar betnacional atualizado"irmãos".

"Eles nos davam um número, acho que o meu era 64, e tudo tinha o seu número -baixar betnacional atualizadocamisa,baixar betnacional atualizadocueca,baixar betnacional atualizadojaqueta", conta James Charlie, que chegou com o irmão à Escola Industrialbaixar betnacional atualizadomeados do século 20.

"Costumávamos ir ao campo brincar, principalmente nos finsbaixar betnacional atualizadosemana. Mas quando isso acontecia, não aproveitávamos, por mais que nos esforçássemos. Logo se ouvia um apito, um irmão (religioso) aparecia e gritava um número, aquele que queria", descreve, visivelmente afetado pelas memórias.

"E você sabia que aquela criança teria que subir e passar o resto da tarde com o irmão, no quarto dele, para entretê-lo. Você sabia muito bem o que aconteceria com aquela pessoa naquele cômodo", diz.

Alunos que formam banda da Escola Industrial da Ilha Kuper

Crédito, Reuters

Legenda da foto, A banda da Escola Industrial da Ilha Kuper

Muitos ex-alunos,baixar betnacional atualizadoespecial os homens, relatam sofrer com alcoolismo, depressão e outros problemas emocionais e comportamentaisbaixar betnacional atualizadorazão do trauma vivenciado na Escola Industrial.

"Não havia ninguém a quem pedir ajuda", lembra um ex-aluno.

Para Brown, "é impossível superar atosbaixar betnacional atualizadogenocídio e violações dos direitos humanos".

As mortes na ilha

As Primeiras Nações do Canadá (termo utilizado para se referir às populações nativas do país) denunciam há décadas o que muitasbaixar betnacional atualizadosuas crianças vivenciarambaixar betnacional atualizadointernatos, incluindo desaparecimentos e mortes sob circunstâncias desconhecidas.

Os esforços feitos nas últimas duas décadas levaram à descoberta, até agora,baixar betnacional atualizadomaisbaixar betnacional atualizado1.100 sepulturasbaixar betnacional atualizadoque foram enterradas as crianças que nunca voltaram para casa.

Mulher chorabaixar betnacional atualizadofrente a vigília no Canadá

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Os povos indígenas agora exigem que as crianças desaparecidas sejam encontradas.

A Comissão da Verdade e da Reconciliação do Canadá (CVRC) concluiu,baixar betnacional atualizado2015, que 1baixar betnacional atualizadocada 50 crianças que frequentavam residências escolares morreu nessas instituições. O governo canadense, porém, não participou da busca pelos restos mortais - assim, são as tribos que vêm conduzindo as investigações.

Nesse processo, a nação Penelakut detectou preliminarmente cercabaixar betnacional atualizado160 sepulturas ocultas na ilha onde a Escola Industrial estava localizada.

"Tudo isso foi basicamente deixado para os povos indígenas e suas comunidades, para que cuidem disso e descubram como lidar com esses fatos sobre o seu passado", diz Simons.

Antes dessas investigações, o Centro Nacional para a Verdade e a Reconciliação já havia documentado o caso da duas irmãs que morreram afogadasbaixar betnacional atualizado1959, um suicídiobaixar betnacional atualizado1966 e um grande incêndio.

"Os alunos atearam fogo à escolabaixar betnacional atualizado1896, quando as férias foram canceladas. Uma investigação realizada naquele ano mostra que, entre 264 ex-alunos, 107 morreram", diz.

Além disso,baixar betnacional atualizado1995, um ex-funcionário - cuja identidade é desconhecida - se declarou culpadobaixar betnacional atualizadotrês acusaçõesbaixar betnacional atualizadoatentado ao pudor e indecência grave.

Escola Industrial da Ilha Kuper

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Os túmulos foram detectados com a ajudabaixar betnacional atualizadoradares utilizados nos pátios do antigo internato.

Para a chefe da tribo Penelakut, é muito necessário "enfrentar o trauma causado por esses atosbaixar betnacional atualizadogenocídio".

O Vaticano não emitiu um pedidobaixar betnacional atualizadodesculpas oficial, como as Primeiras Nações e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau solicitaram há anos.

Em junho, o papa Francisco escreveu um tuíte sobre o tema, após inúmeras descobertasbaixar betnacional atualizadotúmulos ocultos.

"Esses momentos duros são um forte chamado a todos para nos livrarmos do modelo colonizador e caminharmos lado a lado, com diálogo, respeito mútuo e reconhecimento dos direitos e valores culturaisbaixar betnacional atualizadotodos os filhos e filhas do Canadá", escreveu.

Trudeau se pronuncioubaixar betnacional atualizado13baixar betnacional atualizadojulho sobre o que aconteceu na Ilha Kuper: "Meu coração está partido pela tribo Penelakut e por todas as comunidades indígenas do Canadá".

"Reconheço que essas descobertas apenas aprofundam a dor que famílias, sobreviventes e todos os povos e comunidades indígenas já estão sentindo, alémbaixar betnacional atualizadoreafirmar uma verdade que eles já conhecem há muito tempo", disse.

Antes,baixar betnacional atualizadojunho, Trudeau havia expressadobaixar betnacional atualizadodiscordância do Vaticano. "Como católico, estou profundamente decepcionado com a posição adotada pela Igreja Católica, agora e ao longobaixar betnacional atualizadomuitos anos", afirmou.

Tribos como os Penelakut dizem que receber um pedidobaixar betnacional atualizadodesculpas oficial será uma parte importante do processobaixar betnacional atualizadocura, após décadas sendo ignorados.

Línea

baixar betnacional atualizado Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube baixar betnacional atualizado ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosbaixar betnacional atualizadoautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabaixar betnacional atualizadousobaixar betnacional atualizadocookies e os termosbaixar betnacional atualizadoprivacidade do Google YouTube antesbaixar betnacional atualizadoconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebaixar betnacional atualizado"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdobaixar betnacional atualizadoterceiros pode conter publicidade

Finalbaixar betnacional atualizadoYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosbaixar betnacional atualizadoautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabaixar betnacional atualizadousobaixar betnacional atualizadocookies e os termosbaixar betnacional atualizadoprivacidade do Google YouTube antesbaixar betnacional atualizadoconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebaixar betnacional atualizado"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdobaixar betnacional atualizadoterceiros pode conter publicidade

Finalbaixar betnacional atualizadoYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosbaixar betnacional atualizadoautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabaixar betnacional atualizadousobaixar betnacional atualizadocookies e os termosbaixar betnacional atualizadoprivacidade do Google YouTube antesbaixar betnacional atualizadoconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebaixar betnacional atualizado"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdobaixar betnacional atualizadoterceiros pode conter publicidade

Finalbaixar betnacional atualizadoYouTube post, 3