Por que as empresas não sabem como será o trabalhador do futuro?:mr jack aposta

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O exercíciomr jack apostapensar o futuro faz parte do dia a dia da maioria das empresas. Antecipar tendências é uma das estratégias das companhias para ganhar espaço no mercado ou mesmo para garantirmr jack apostasobrevivência no longo prazo. Muitas vezes, contudo, elas erram.
E hoje, diante das mudanças aceleradas da tecnologia e da chegada da "indústria 4.0" -mr jack apostaque as máquinas cada vez mais desempenham funções humanas -, as empresas estão perdidas quando olham para a frente, especialmentemr jack apostarelação aos seus funcionários.
Uma pesquisa da Deloitte feita com 1,6 mil presidentesmr jack apostagrandes companhiasmr jack aposta19 países - incluindo 102 no Brasil - e divulgadamr jack apostaabril mostrou que 86% dos CEOs acreditam estar fazendo "tudo o que podem" para criar uma forçamr jack apostatrabalho para a "quarta revolução industrial". Mesmo assim, apenas um quarto do total disse estar confiantemr jack apostaque seu quadromr jack apostafuncionários tenha a composição e as habilidades necessárias para o futuro.
Os resultados aparentemente contraditórios, na avaliação da Deloitte, são um retrato do momento atualmr jack apostainflexão, uma mistura entre "esperança e ambiguidade".

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"No Brasil, maismr jack aposta90% das empresas entendem que estão fazendo o necessário para o treinamento atual das competências necessárias. Porém, elas não conseguem enxergar o que têmmr jack apostafazer daqui pra frente. Essa mudança é o desafio", pondera Ronaldo Fragoso, sócio da Deloitte e coordenador do estudo no país.
Se as empresas não sabem o que fazer, também não conversam sobre isso tanto quanto deveriam. O assunto "talentos e recursos humanos" ocupava o último lugar entre 12 tópicos discutidos com maior frequência, segundo a pesquisa, ressaltado por apenas 17% dos CEOs, logo atrásmr jack aposta"incomodar os concorrentes", com 24%.
No Brasil, o porcentual é um pouco mais alto - 31% -, mas segue entre os assuntos menos discutidos na direção das empresas, aindamr jack apostaacordo com a pesquisa.
O futuro das profissões
Uma das dificuldades das empresas é prever o impacto da tecnologia sobre o emprego, o que explicamr jack apostaparte os resultados. Dentromr jack aposta20 anos, quais ocupações continuarão existindo e quais serão desempenhadas pelas máquinas?
Há algumas décadas, os especialistasmr jack apostaciência da computação perceberam que os computadores também eram capazesmr jack apostaaprender. Quando expostos a um volume grandemr jack apostainformações sobre um mesmo assunto, eles conseguiriam identificar padrões comuns e fazer previsõesmr jack apostacimamr jack apostadados.
A aprendizagem automática ("machine learning"), a inteligência artificial e a internet das coisas (a conexão entre o mundo físico e a internet) darão forma ao futuro do trabalho, ainda que esses contornos estejam pouco definidos.
Um exemplo prático nesse sentido é o das "legal techs", empresasmr jack apostatecnologia voltadas para a área do Direito que usam supercomputadores capazes, por exemplo,mr jack apostaler e interpretar contratos. Em 2016, a IBM deu um passo além e lançou o primeiro robô-advogado, batizadomr jack apostaRoss, contratado no mesmo ano pelo escritório da Baker&Hostetler,mr jack apostaNova York.
A mesma plataformamr jack apostainteligência artificial da IBM que deu origem ao Ross, chamada Watson, vem também sendo "treinada" na áreamr jack apostasaúde e há alguns anos tem se mostrado capazmr jack apostadiagnosticar diversos tiposmr jack apostacâncer com a mesma precisão que os oncologistas.

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Para William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a áreamr jack apostaCrescimento Equitativo, Finanças e Instituições, mudanças como essas sinalizam que o advogado e o médico continuarão existindo no futuro, mas seu trabalho será diferente.
"A mudança maior vai ser nas tarefas, não nos empregos", ele ressalta. O avanço da tecnologia tem criado uma demanda por novos serviços complementares a ela, pondera o economista, que vão mudar a caramr jack apostaalgumas profissões.
"As habilidades requeridas por esse novo mercadomr jack apostatrabalho serão cada vez mais complementares às funções desempenhadas pelas máquinas", destaca.
Isso já acontece, por exemplo, na filial brasileiramr jack apostaoutra empresamr jack apostaauditoria e consultoria, a EY, que vem usando um robô para fazer seu processomr jack apostafaturamento.
Para aproximá-lo dos "colegas", ele ganhou até nome, Billy, uma prática que tem ficado mais comum nas empresas que incorporam essas máquinas à equipe, conta Oliver Kamakura, sóciomr jack apostaconsultoriamr jack apostagestãomr jack apostapessoas da EY.
"Eles vão passar a ser nossos companheirosmr jack apostatrabalho."
Choquemr jack apostagerações
A inquietação das empresasmr jack apostarelação ao trabalhador do futuro é também reflexo da dificuldade que elas já sentem hoje para lidar com as gerações mais jovens, acrescenta Kamakura.
"Existe uma percepçãomr jack apostaque o perfil dos funcionários vem mudando, mas as empresas ainda têm dificuldade para ajustar seus modelosmr jack apostanegócio para atrair esses novos talentos", diz ele.

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Um exemplo prático é o da carreira tradicional -mr jack apostatrainee a gerente, uma jornada que dura pelo menos 15 anos -, ainda valorizada pelas grandes empresas, mas cada vez menos atraente para os mais jovens.
"Nós fizemos uma pesquisa nas Américas e verificamos que os 'millennials' querem ter experiências diversificadas pelo menos até os 38 anos. Como as empresas vão fazer frente a essas expectativas?", questiona Kamakura.
Nesse cenário, as companhias tradicionais vêm perdendo espaço e relevância para empresas que há dez anos não existiam, e que funcionam com a lógica das empresasmr jack apostatecnologia. "Elas erram mais rápido e aprendem mais rápido com os erros. Para as empresas 'tradicionais', as grandes mudanças são como dar um cavalomr jack apostapaumr jack apostaum transatlântico".
Um futuro com menos empregos?
Os especialistas concordam que a tecnologia substituirá as funções repetitivas e tende a eliminar os empregosmr jack apostabaixa qualificação, mas discordammr jack apostarelação ao impacto dessa mudança sobre as taxasmr jack apostadesemprego ao redor do mundo.
Nas economias mais desenvolvidas, a "quarta revolução industrial" já começa a criar uma polarização no mercadomr jack apostatrabalho, diz Maloney, do Banco Mundial, suprimindo as funções "do meio", aquelas que não pagam os menores salários, mas também não englobam os empregosmr jack apostaalta qualificação. Um exemplo são as linhasmr jack apostamontagem nas indústrias.
Nos emergentes, como o Brasil, ele ressalva, esse redesenho ainda não é visível. São muitos os setores que ainda usam mãomr jack apostaobramr jack apostaforma intensiva.
O problema nesses casos é que a mão-de-obra é pouco qualificada e,mr jack apostaforma geral, as iniciativas dos governos locais para aumentar os indicadoresmr jack apostaeducação têm sido pouco eficientes. Com um mercadomr jack apostatrabalho cada vez mais restrito para os menos qualificados, também há riscomr jack apostaaumento do desemprego. "Mas nós não sabemosmr jack apostaque velocidade isso pode acontecer."

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Há algo ainda mais grave: as economias menos desenvolvidas parecem estar perdendo uma chance importantemr jack apostase beneficiar da "quarta revolução industrial". "As empresas desses países deveriam estar adotando novas tecnologias e investindo agressivamentemr jack apostapesquisa e desenvolvimento. Os governos não deveriam estar pensandomr jack apostaoutra coisa. E não estamos vendo nenhuma das duas coisas", destaca Maloney.
Essa é a principal característica do que o economista chamamr jack aposta"paradoxo da inovação": o retorno dos investimentosmr jack apostainovação são muito mais altosmr jack apostapaíses pobres e, no entanto, o esforço dessas nações para tirar proveito disso é muito pequeno.
"Nós não completamos nem a terceira revolução industrial", concorda Altair Rossato, da Deloitte, referindo-se à perdamr jack apostacompetitividade emr jack apostaprodutividade da indústria brasileira nas últimas décadas.
Sem um esforço para consertar os problemas estruturaismr jack apostasuas economias e para elevar o investimentomr jack apostainovação, países como o Brasil correm o riscomr jack apostaperder relevância na economia global.
'Imposto dos robôs'
Nos países ricos, o impacto negativo da automatização sobre o nívelmr jack apostaemprego é algo que já preocupa especialistas e governos.
No ano passado, Bill Gates, cofundador da Microsoft, defendeu a criaçãomr jack apostaum imposto sobre a robotização do processo produtivo como formamr jack apostasuavizar esses potenciais efeitos negativos.
"Hoje, a renda do operário que trabalha na fábrica é taxada. Se um robô desempenhar a mesma função, ele deveria ser taxadomr jack apostaum nível similar", justificou.
Os recursos arrecadados, ele dissemr jack apostaentrevista na época, poderiam ser usados para financiar treinamento e desenvolvimentomr jack apostaocupaçõesmr jack apostaque o ser humano ainda é imprescindível, mas que são pouco incentivadas - cuidadoresmr jack apostaidosos ou trabalhar com crianças nas escolas.
Tambémmr jack aposta2017, o Parlamento Europeu chegou a discutir uma "robot tax" para financiar algum tipomr jack apostaproteção social aos trabalhadores que perdessem o emprego para as máquinas. A medida proposta por Mady Delvaux, parlamentarmr jack apostaLuxemburgo, entretanto, foi rejeitadamr jack apostafevereiro daquele ano. O assunto, contudo, continua sendo discutido na Comissãomr jack apostaAssuntos Legais da UE.








