'Amae', a tradição japonesa dos relacionamentos 'infantilizados':vai de bet gusttavo lima

Casalvai de bet gusttavo limajovens japoneses; moça dá uma comida na boca do namorado

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Legenda da foto, O 'amae' aparecevai de bet gusttavo limaqualquer relacionamento,vai de bet gusttavo limaqualquer idade, e pode ser positivo ou negativo

O comportamento "amae" clássico é caracterizado por atitudes que visam a atrair cuidado, e podem incluir choramingar, se comportarvai de bet gusttavo limamaneira mimada ou tomar liberdades com os outros.

Um conceito global?

"O 'amae' aparecevai de bet gusttavo limaqualquer relacionamento,vai de bet gusttavo limaqualquer idade, e pode ser positivo ou negativo", diz Kazuko Behrens, que estudou extensamente esse tipovai de bet gusttavo limacomportamento tanto no Japão quando nos EUA, onde ela é professoravai de bet gusttavo limapsicologia no Instituto Politécnico SUNY.

"É particular ao Japão porque é uma palavra que abrange muitos fenômenos, comportamentos e interações", diz ela. São situações que vão desde uma criança pequena pedindo colo até uma esposa implorando ao marido por um presente caro. "Mas o 'amae' existevai de bet gusttavo limatodo lugar, não só no Japão, e as pessoas conseguem identificá-lovai de bet gusttavo limasuas vidas, mesmo que não saibam como chamá-lo."

Behrens vê o "amae"vai de bet gusttavo limasériesvai de bet gusttavo limaTV como Seinfeld e Friends, onde os personagens vivem nos apartamentos uns dos outros (e abrem as geladeiras). É o atovai de bet gusttavo limapresumir que esse tipovai de bet gusttavo limacomportamento é permitido entre amigos próximos que torna o comportamento "amae".

Não é coincidência que apelos "amae" bem sucedidos normalmente envolvem atos infantis e ingênuos.

"Eu frequentemente digo a quem vem ao Japão pela primeira vez que abordar alguém na rua e pedir informações bruscamente muito provavelmente vai gerar uma reação negativa na pessoa", diz o tradutor britânico John McCreery, que mora no Japão há muitos anos.

"Mas se aproximarvai de bet gusttavo limaalguém aparentando estar confuso, sem ser ameaçador, e dizer 'eu acho que estou perdido...' aumenta muito suas chancesvai de bet gusttavo limauma resposta positiva e útil."

Cena do seriado Friends, com os seis personagens principais sentadosvai de bet gusttavo limauma mesa no Diavai de bet gusttavo limaAçãovai de bet gusttavo limaGraças

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Legenda da foto, Sériesvai de bet gusttavo limaTV como 'Friends' exibem exemplos do comportamento infantilizado

Fofura, timidez e desculpas antecipadas são parte até dos sinais, avisos e anúncios feitos no Japão. Em plataformasvai de bet gusttavo limatrem ou canteirosvai de bet gusttavo limaobras, personagens infantis educadamente lembram aos transeuntes para serem educados, enquanto mascotes oferecem auxíliovai de bet gusttavo limaestaçõesvai de bet gusttavo limatransporte, escritórios e lojas.

"As pessoas estão predispostas a aceitar esses objetos kawaii (fofinhos), porque eles atiçam seus instintos 'amae'", diz Behrens.

Um tipo mais coercitivovai de bet gusttavo lima"amae" acontece no ambientevai de bet gusttavo limatrabalho, por exemplo, se um chefe faz exigências excessivas, como esperar que as funcionárias mulheres sirvam chá aos visitantes ou clientes.

"'Amae' não é uma coisa só", diz Behrens. "Houve um grande desenvolvimento da definição feita por Doi (do típico 'amae' entre uma mãe e um filho) e hoje o conceito pode ser usadovai de bet gusttavo limavários contextos, incluindo os negativos, onde existem expectativas que não são razoáveis."

As expectativas são uma parte importante do "amae". "Começa com a presunçãovai de bet gusttavo limaque seu 'amae' será aceito", diz Behrens.

"Mas às vezes o receptor não fica feliz", diz ela, citando como exemplo o casovai de bet gusttavo limaDoi e seu paciente. Nem todos os japoneses recebem bem, toleram ou interagem com o "amae", diz Behrens, e nem todas as tentativasvai de bet gusttavo limaobter ajuda ou cuidado por meio desse comportamento serão bem-sucedidas.

"Aprender a ler as pessoas, qual o nível apropriadovai de bet gusttavo lima'amae', e quem é a pessoa certa para interagir dessa forma, é uma experiência que se obtém ao crescer no Japão", diz ela.

E o "amae" é sempre uma "viavai de bet gusttavo limamão dupla": uma mulher pode agirvai de bet gusttavo limamaneira brincalhona com seu parceiro para pedir afeto, ou colegasvai de bet gusttavo limatrabalho podem trocar reclamações sobre as frustrações do trabalho para fortalecer laços.

"O 'amae' mutualmente aceito, onde tanto quem 'pede' e quem 'dá' concordamvai de bet gusttavo limafugir um pouco das normas sociais, pode ser divertido e levar a um aumento na intimidade", diz Behrens.

Até adultos podem fazer o "amae" com os pais, como pedindo ajuda para fazer eles se sentirem necessários.

Um lado sombrio

Mas quando o 'amae' dá errado, pode levar à animosidade ou algo pior. É um "soft power" [podervai de bet gusttavo limainfluenciarvai de bet gusttavo limaforma sutil], uma formavai de bet gusttavo limao lado mais fracovai de bet gusttavo limaum relacionamento, como uma criança ou um funcionário, obter cuidado ou apoiovai de bet gusttavo limaum lado mais forte", diz o historiador Christopher Harding, especializadovai de bet gusttavo limahistória da Ásia na Universidadevai de bet gusttavo limaEdimburgo.

Mas quando usadovai de bet gusttavo limaforma imprópria, "acaba sendo pouco democrático, quer sejavai de bet gusttavo limacasa ou no trabalho".

O uso excessivo do "amae" pode fortalecer a hierarquizaçãovai de bet gusttavo limarelacionamentos e desequilíbriosvai de bet gusttavo limapoder. Behrens vê nuancesvai de bet gusttavo lima"amae" nos abusos que levaram ao movimento #MeToo e diz que pedidos impróprios disfarçadosvai de bet gusttavo lima"amae" podem ser muito frequentesvai de bet gusttavo limaempresas japonesas.

Tentativas exageradavai de bet gusttavo lima"amae" entre adultos podem ser resquíciosvai de bet gusttavo limarejeições sofridas na infância. Doi previu que crianças que não tiveram boas respostas dos pais aos seus "amae" na infância poderiam sofrer com ansiedade e dependência.

Estudos comportamentais dão força a essa ideia. "Quando você cuidavai de bet gusttavo limauma criança toda vez que ela chora, ela vai se tornar mais segura, autônoma e independente", diz Behrens.

Essas crianças desenvolvem mais confiança para explorar o mundo, porque sabem que serão resgatadas se necessário. "Mas as que são negligenciadas, que choram sozinhas até dormir, elas não sabem se suas necessidades serão atendidas, então elas têm menos confiança e se tornam mais dependentes."

Criança se pendura nas costasvai de bet gusttavo limaum adulto

Crédito, Alamy

Legenda da foto, Crianças que não foram negligenciadas na infância são mais seguras e independentes quando crescem

O pacientevai de bet gusttavo limaDoi, por exemplo, era totalmente capazvai de bet gusttavo limadecidir o que fazer, mas queria transferir a responsabilidade para o médico. "'Amae' é para coisas que você pode fazer por conta própria, mas quer que outra pessoa faça por você", diz Behrens.

Segundo ela, o título do livro (A Anatomia da Dependência) fez as pessoas acharem que o "amae" é dependência, que é desamparo, mas o "amae" é diferente da dependência.

Dependência, faltavai de bet gusttavo limamaturidade e infantilização, no entanto, fazem partevai de bet gusttavo limaalgumas facetas do "amae". Em uma sociedade como o Japão, que valoriza a harmonia social, esses aspectos assumiram a formavai de bet gusttavo limaum comportamento adaptado que permite que as pessoas peçam ajuda, fortaleçam as relações interpessoais e até façam pedidos inapropriados sem a aparênciavai de bet gusttavo limaestar gerando um fardo para o outro.

"No Japão, ser tratado como uma criança é normal, não ofensivo", diz Kumi Kuroda, uma pesquisadoravai de bet gusttavo limaneurociência e psiquiatria que estuda os laços entre pais e filhos.

"O 'amae' é um jeitovai de bet gusttavo limaescapar à vida adulta por um tempo. Pode ser uma válvulavai de bet gusttavo limaescape para o estresse, porque mesmo adultos precisamvai de bet gusttavo limaatenção às vezes."

Essa natureza açucarada do "amae" tem a ver com a etimologia da palavra: ela vem da palavra "amai", que significa doce, e traça paralelos com outra palavra japonesa para sabor, o umami. Qualquer pessoa no mundo pode experimentar o sabor do umami (gosto associado aos glutamatos), mesmo que a palavra usada para descrevê-lo seja japonesa.

Close na mãovai de bet gusttavo limaum adulto com anéisvai de bet gusttavo limadocinho

Crédito, Onnie A Koski

Legenda da foto, Comportamento é particular ao Japão, mas pode existirvai de bet gusttavo limaqualquer cultura

Da mesma forma, o "'amae' é uma experiência mais forte e frequente no Japão, mas pode existirvai de bet gusttavo limaculturas que não tem uma palavra para ele.",vai de bet gusttavo limaacordo com pesquisadores que encontraram interpretações e reações semelhantes ao "amae" tanto no Japão quanto nos Estados Unidos.

Assim como o umami, o "amae" pode ter sido nomeadovai de bet gusttavo limajaponês porque, naquele país, as pessoas estão mais atentas a ele nas suas experiências diárias.

"Os japoneses valorizam o 'amae' e notam quando ele é oferecido e aceito", afirma Kuroda. Behrens concorda: "Doi não criou o 'amae', ele apenas o identificou como sendo particular ao povo japonês".

"O 'amae' é um conceitovai de bet gusttavo limaevolução e está se tornando cada vez mais amplo para abarcar fenômenos diferentes, com novas marcas que Doi não esperava", diz Behrens. Por exemplo nos objetos kawaii, aqueles itens "fofinhos" e coloridosvai de bet gusttavo limapapelaria, decoração e vestuário, entre outros, que são uma das marcas do design japonês.

Assim como nossa comida favorita, a "doce dependência" desse conceitovai de bet gusttavo limaúltima instância nos levavai de bet gusttavo limavolta à infância, ao abraçovai de bet gusttavo limamãe.

"O 'amae' positivo é uma maneiravai de bet gusttavo limaser infantil e é ok", diz Kuroda. "Todo mundo foi criança um dia e nós ainda nos sentimos como crianças por dentro, às vezes."

*Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

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