COP27: 3 gráficos que mostram piora do Brasilcadastrar pixbetdesmatamento, queimadas e emissõescadastrar pixbetCO2:cadastrar pixbet

Bolsonaro e Joaquim Leite

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que representará o governo atual na COP27. Lula também vai à cúpula do clima e pode roubar holofotes.

Para cumprir a própria promessacadastrar pixbetdesmatamento zero na Amazônia e os compromissos que o Brasil vem assumindo nas cúpulas do clima, Lula terá que agir rápido e empreender mudanças drásticas jácadastrar pixbetjaneirocadastrar pixbet2023, quando toma posse.

Maior desmatamento na Amazôniacadastrar pixbet15 anos

gráfico mostra recorde no desmatamento da Amazôniacadastrar pixbet2021
Legenda da foto, Desmatamento da Amazôniacadastrar pixbet2021 alcançou o maior patamar desde 2006, com a destruiçãocadastrar pixbet13.235 km2cadastrar pixbetvegetação

Em 2021, terceiro anocadastrar pixbetgoverno Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia alcançou o maior patamarcadastrar pixbet15 anos, desde 2006. Desde o iníciocadastrar pixbetseu mandato,cadastrar pixbet2019, que a destruição da floresta vem aumentando ano a ano.

Em 2021, houve uma altacadastrar pixbet21,97%cadastrar pixbetrelação a 2020, com um desmatamentocadastrar pixbet13.235 km²cadastrar pixbetvegetação. Para efeitocadastrar pixbetcomparação, a taxa média nos dez anos anteriores eracadastrar pixbet6.493,8 km².

A taxa oficialcadastrar pixbetdesmatamentocadastrar pixbet2022 ainda não foi divulgada, mas área sob alertascadastrar pixbetdesmatamento na Amazôniacadastrar pixbetoutubro atingiu 904 km², recorde para o mês na série histórica iniciadacadastrar pixbet2015 com o sistema Deter-B, do Inpe.

A alta écadastrar pixbet3%cadastrar pixbetrelação ao mesmo mêscadastrar pixbet2021. No acumulado do ano, o aumento na destruiçãocadastrar pixbet2022 chega a 44,65% na comparação com o ano passado. De 2004 a 2012, após a implementação, durante o governo Lula,cadastrar pixbetum plano agressivocadastrar pixbetcombate ao desmatamento iniciado na gestão da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o desmatamento na Amazônia caiu cercacadastrar pixbet80%.

Na gestãocadastrar pixbetDilma Rousseff,cadastrar pixbet2012, as taxas voltaram a subir e oscilaram para cima e para baixo até 2018. Ao retornar ao Planalto,cadastrar pixbetjaneiro, Lula terá, segundo ambientalistas, dificuldade para reverter aindacadastrar pixbet2023 a tendênciacadastrar pixbetalta.

Na COP26, realizadacadastrar pixbet2021,cadastrar pixbetGlasgow, na Escócia, o governo brasileiro anunciou que antecipará a metacadastrar pixbetzerar o desmatamento ilegalcadastrar pixbet2030 para 2028, e prometeu alcançar uma reduçãocadastrar pixbet50% até 2027. A ideia, conforme anúncio do governo brasileiro, eracadastrar pixbetque houvesse uma diminuição gradual da destruição da florestacadastrar pixbet15% ao ano entre 2022 e 2024, subindo para 40%cadastrar pixbetreduçãocadastrar pixbet2025 e 2026, até alcançar desmatamento zerocadastrar pixbet2028.

Mas os indicadores revelam que dificilmente haverá reduçãocadastrar pixbet15% no desmatamentocadastrar pixbet2022, como prometido pelo governo Bolsonaro. Já Lula vem prometendo zerar o desmatamento na Amazônia, tanto o legal quanto o ilegal. Mas ele não apresentou prazos nem as medidas que vai adotar para garantir isso.

Diante do que chamamcadastrar pixbetdesmonte dos órgãoscadastrar pixbetcontrole ambiental, como o Ibama, ambientalistas apontam que pode levar tempo para o presidente eleito reverter a tendênciacadastrar pixbetalta.

Quando Lula assumiu seu primeiro mandatocadastrar pixbet2003, a taxacadastrar pixbetdesmatamento do ano anterior havia alcançado 25.396 km² . Nos seus dois primeiros anoscadastrar pixbetmandato, o desmatamento chegou a subir mais, alcançando 25,3 mil km²cadastrar pixbet2003 e 27,7 mil km²,cadastrar pixbet2004.

Ou seja, a política ambiental que implementou com Marina Silvia no Ministério do Meio Ambiente só começou a surtir efeito após dois anos. A partircadastrar pixbet2005, porém, houve queda acentuada nesses índices. Foram 19 mil km² naquele ano, seguidoscadastrar pixbet14,2 mil (2006), 11,6 mil (2007), 12,9 mil (2008), 7,4 mil (2009) e 7 mil (2010).

Árvore

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A quantidadecadastrar pixbetCO2 estocadas pelas árvores pode ser medida pela espessura do tronco. Árvores centenárias, como as que vivem na Amazônia, estocam mais gases poluentes

A Amazônia tem importância crucial para o sucesso ou fracasso da meta do Acordocadastrar pixbetPariscadastrar pixbetmanter o aquecimento globalcadastrar pixbet1,5°C. Um aquecimento maior do que esse tornaria diversas áreas do planeta inabitáveis, contribuiria para eventos climáticos extremos, significaria a extinçãocadastrar pixbetespécies e ameaçaria o fornecimentocadastrar pixbetalimentos no mundo, segundo cientistas.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, explica que algumas áreascadastrar pixbetalta absorçãocadastrar pixbetcarbono da atmosfera, como a Amazônia e as geleiras do Ártico, podem derrubar por si só as metascadastrar pixbetcontrole climático, se deixaremcadastrar pixbetexistir ou sofrerem muita degradação.

A floresta Amazônica ajuda a equilibrar o clima do planeta, ao capturar e estocar quantidades enormescadastrar pixbetdióxidocadastrar pixbetcarbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa. Quando árvores são derrubadas, parte desses gases são liberados para a atmosfera e novas absorções deixamcadastrar pixbetocorrer.

Também é da Amazônia que vêm 70% das chuvas que irrigam as áreas agricultáveis do Centro Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, destaca Astrini.

"Existem hotspots (focoscadastrar pixbetinteresse)cadastrar pixbetemissões no planeta que, se acionados, colocam a perder a metacadastrar pixbet1,5°C. São os oceanos, a Groenlândia, o Ártico e a Amazônia", diz o secretário-executivo do Observatório do Clima, rede que reúne 77 institutoscadastrar pixbetpesquisas e ONGs ambientalistas.

"A Amazônia estoca o equivalente a cinco anos das emissões globais. Junta todo o carbonocadastrar pixbetcinco anoscadastrar pixbetemissões do mundo, isso está estocado na Amazôniacadastrar pixbetformacadastrar pixbetárvore e no solo. Se a gente perde a floresta, a gente perde a corrida pela manutenção do clima."

Emissõescadastrar pixbetgases poluentes cresceram

Gráfico mostra maior emissãocadastrar pixbetCO2cadastrar pixbet16 anos
Legenda da foto, Brasil registroucadastrar pixbet2021 maior emissãocadastrar pixbetCO2 desde 2005. Boa parte da poluição vem do desmatamento e uso do solo, mas maior utilizaçãocadastrar pixbetfontes sujascadastrar pixbetenergia no ano passado também ajudou a piorar indicador

O Brasil também chega à COP27 com o maior volumecadastrar pixbetemissõescadastrar pixbetgases poluentescadastrar pixbet15 anos. Em 2021, o país emitiu 2,42 bilhõescadastrar pixbettoneladas brutascadastrar pixbetCO2, uma altacadastrar pixbet12,2%cadastrar pixbetrelação a 2020, segundo dados do Sistemacadastrar pixbetEstimativascadastrar pixbetEmissõescadastrar pixbetGasescadastrar pixbetEfeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

É a pior taxa desde 2005, quando a emissãocadastrar pixbetCO2 alcançou o patamarcadastrar pixbet2,64 bilhõescadastrar pixbettoneladas. De 2006 a 2011, houve redução na taxa ano a ano. Em 2012, a ela voltou a subir e passou a oscilar para cima e para baixo até 2018. De 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, até agora, as emissões voltaram a subir a cada ano.

Mesmo durante a pandemiacadastrar pixbetcovid-19cadastrar pixbet2020, quando a média globalcadastrar pixbetemissões caiu cercacadastrar pixbet7%, o Brasil viu a taxa aumentarcadastrar pixbet9,5%cadastrar pixbetrelação a 2019.

O governo Bolsonaro oficializou no ano passado, durante a COP26,cadastrar pixbetGlasgow, a metacadastrar pixbetalcançarcadastrar pixbet2050 a chamada neutralidadecadastrar pixbetcarbono - quando as emissõescadastrar pixbetCO2 são reduzidas ao máximo e as restantes são inteiramente compensadas com reflorestamento ou tecnologiacadastrar pixbetcapturacadastrar pixbetgases do efeito estufa da atmosfera.

Mas da COP26 para a COP27, os dados que o país tem a apresentar ao mundo sãocadastrar pixbetpiora ainda mais acentuada no volumecadastrar pixbetCO2.

O maior responsável pela alta taxa foi o aumento no desmatamentocadastrar pixbet2021. A categoria "mudanças no uso da terra", que engloba desmatamentos na Amazônia e no Cerrado, viu um aumentocadastrar pixbet18,5% nas emissõescadastrar pixbetrelação a 2020, com a liberaçãocadastrar pixbet1,19 bilhãocadastrar pixbettoneladas brutas no ano passado.

Mas quase todos os setores da economia viram aumentos nas emissões. A taxa sofreu altacadastrar pixbet3,8% na agropecuária,cadastrar pixbet8,2% no setorcadastrar pixbetprocessos industriais e 12,2% no setorcadastrar pixbetenergia - neste caso, a maior alta desde 1972, na ditadura militar. Isso se explica, principalmente, pelo maior uso pelo Brasilcadastrar pixbetfontes sujascadastrar pixbetenergiacadastrar pixbet2021 (como a queimacadastrar pixbetcombustíveis fósseis).

Segundo o Observatório do Clima, a crise hídricacadastrar pixbet2021, decorrente do baixo volumecadastrar pixbetchuvas no centro-sul do país, secou hidrelétricas e forçou ao acionamentocadastrar pixbettermelétricas, que o governo Bolsonaro tornou permanente (antes elas só eram acionadascadastrar pixbetcasoscadastrar pixbetemergência).

"Enquanto o consumocadastrar pixbeteletricidade aumentou 4%, as emissões por geraçãocadastrar pixbeteletricidade cresceram 46%. Um terceiro fator, também decorrente da seca, foi a queda na safracadastrar pixbetcana no Sudeste, que levou a uma alta do preço do etanol, reduzindo, consequentemente, a participação do biocombustível nos transportes", explicou ainda o relatório do Observatório do Clima.

Somadas, a poluição do desmatamento e da agropecuária representam maiscadastrar pixbet70% das emissões do país.

"Considerando as metascadastrar pixbetreduçãocadastrar pixbetemissões assumidas para 2025 e 2030, o patamar atual torna o alcance dessas metas cada vez mais distante", destaca Renata Potenza, coordenadoracadastrar pixbetClima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora.

"Para o Brasil, o melhor custo eficiência para reduzir emissões é diminuir o desmatamento. É a política mais barata, mais intensacadastrar pixbetreduçãocadastrar pixbetemissões e não traz prejuízos econômicos. De 2004 a 2012, o Brasil reduziucadastrar pixbetmaiscadastrar pixbet80% o desmatamento sem que isso afetasse o seu crescimento econômico", disse à BBC News Brasil Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Focoscadastrar pixbetincêndio

gráfico mostra focoscadastrar pixbetincêndio no Brasil
Legenda da foto, Focoscadastrar pixbetincêndio contabilizados até agoracadastrar pixbet2022 já somam mais que o registradocadastrar pixbet2021. Em 2020, Brasil registrou maior patamarcadastrar pixbetincêndioscadastrar pixbet10 anos.

O número acumuladocadastrar pixbetincêndioscadastrar pixbet2022 ainda não foi divulgado oficialmente, mas os focos contabilizados até o iníciocadastrar pixbetnovembro já somam mais que o registradocadastrar pixbettodo o anocadastrar pixbet2021. Neste ano, o Brasil registrou até agora 184.408 focos, contra 184.081cadastrar pixbet2020, segundo dados oficiais do Instituto Nacionalcadastrar pixbetPesquisas Espaciais (Inpe).

E o número ainda vai crescer até o final do ano. Possivelmente, porém, o volume total não será maior que o registradocadastrar pixbet2020, anocadastrar pixbetque foi alcançado o pior patamarcadastrar pixbetincêndioscadastrar pixbet10 anos, desde 2010.

Em 2020, o país registrou 222.798 focos. O fogo costuma ser usado para "limpar" áreascadastrar pixbetplantio e o aumentocadastrar pixbetfocoscadastrar pixbetincêndio funciona como um indicativocadastrar pixbetdesmatamento ilegal. Em 2019, imagens da Amazônia queimando invadiram o noticiário nacional e internacional, gerando críticascadastrar pixbetlíderes mundiais à política ambiental brasileira.

Desde então, a pressão internacional sobre a política ambiental brasileira continuou a crescer, mas os indicadores não melhoraram.

Lula pode reverter o quadro?

A participaçãocadastrar pixbetLula na COP27 é aguardada com entusiasmo por lideranças internacionais. Ele deve se reunir, por exemplo, com o enviado do governo americano, John Kerry. Em seu discurso após a vitória na eleiçãocadastrar pixbetoutubro, o presidente eleito disse que o Brasil "está pronto para retomar o protagonismo na luta contra a crise climática" e que o próximo governo vai "lutar pelo desmatamento zero na Amazônia".

Na COP27, há uma expectativacadastrar pixbetque Lula anuncie o nome da pessoa que assumirá o comando do Ministério do Meio Ambiente. Entre os cotados, estão as ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira. Ambas já estão na cúpula do clima e se reuniram com lideranças importantes. Marina Silva esteve, inclusive, com John Kerry.

Mas a grande deterioração nos indicadores ambientais revelam que não será fácil reverter a tendênciacadastrar pixbetaltacadastrar pixbetdesmatamentos e emissõescadastrar pixbetCO2. Para Suely Araújo, do Observatório do Clima, as primeiras medidas necessárias passam por reestruturar o Ministério do Meio Ambiente, reabilitar órgãoscadastrar pixbetcontrole e também pela revogaçãocadastrar pixbetmedidas adotadas durante o governo Bolsonaro.

"É preciso olhar para frente. Corrigir os retrocessos e atualizar. O 'revogaço' é necessário, mas é preciso debater o que colocar no lugar. A estruturação da governança ambiental nos ministérios é assunto urgentíssimo", disse à BBC News Brasil.

- Este texto foi publicadocadastrar pixbethttp://roberthost1.accountsupport.com/brasil-63614414

Línea

cadastrar pixbet Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube cadastrar pixbet ? Inscreva-se no nosso canal!