Como uma favelafazer aposta de futebolSP conquistou água e esgoto após 30 anos:fazer aposta de futebol

Crédito, Caio Castor
Um endereço e mais respeito
"Todo mundo aqui vai passar a ter um endereço, que era uma coisa que a gente não tinha, porque estão falando que vai ter até nome nas ruas", diz Robenilton Rosa dos Santos,fazer aposta de futebol51 anos e morador do Moinho há sete.
Para receber cartas e encomendas até então, os moradores do Moinho usam um mesmo endereço, uma serraria localizada na entrada da favela, cujo dono recebe os pacotes.
"A instalação da redefazer aposta de futebolágua e esgoto é uma grande vitória para todos os moradores", diz o paifazer aposta de futeboltrês filhos, que trabalha como porteiro num condomínio no bairro vizinhofazer aposta de futebolalta rendafazer aposta de futebolHigienópolis.

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"Esperamos ter agora maior respeito da polícia, que chega aqui a qualquer hora,fazer aposta de futebolqualquer casa, arrebentando as portas. Já teve vezfazer aposta de futebola gente estar dormindo e acordar com arma na cabeça, te chamandofazer aposta de futebolvagabundo, sendo que, no outro dia, você tem que acordar às 5h para trabalhar", relata.
Um dos filhosfazer aposta de futebolRobenilton — na verdade, enteado — é Kelvy Alecrim Trindade,fazer aposta de futebol15 anos e revelação do boxe nacional, que começou treinandofazer aposta de futebolum projeto social na favela e sagrou-se campeão paulista e campeão brasileiro juvenil nafazer aposta de futebolcategoriafazer aposta de futebolpeso.
O projeto Boxe Autônomo começou no Moinhofazer aposta de futebol2017, após o assassinato pela Polícia Militar do jovem Leandrofazer aposta de futebolSouza Santos, mortofazer aposta de futebolseu barraco aos 18 anos. À época, testemunhas afirmaram que os policiais ficaram durante uma hora dentro da casa antes que Leandro fosse morto e representantes do Conselho Estadualfazer aposta de futebolDefesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) afirmaram que havia indíciosfazer aposta de futeboltortura.
O caso, no entanto, foi arquivado pela Justiça a pedido do Ministério Público, sob alegaçãofazer aposta de futebolque os policiais agiramfazer aposta de futebollegítima defesa.
'Semanas sem água'
Vinda da Bahia, a família moravafazer aposta de futebolaluguel no centrofazer aposta de futebolSão Paulo. Mas, contando apenas com o salário do porteiro para o sustentofazer aposta de futebolcinco pessoas, Robenilton, a esposa e os filhos se mudaram para a favela, localizada entre duas linhasfazer aposta de futeboltrens urbanos, num terreno envolvidofazer aposta de futeboldisputas entre União, CPTM (Companhia Paulistafazer aposta de futebolTrens Metropolitanos) e empresários.
Com as obras da Sabesp (Companhiafazer aposta de futebolSaneamento Básico do Estadofazer aposta de futebolSão Paulo)fazer aposta de futebolandamento na rua paralela à sua, Robenilton mostra empolgado à BBC News Brasil a largura dos encanamentos que devem levar água às casas dos moradores nos próximos meses.
Com os canos largos, ele espera que cheguem ao fim os problemas constantesfazer aposta de futebolfaltafazer aposta de futebolágua no bairro e que a saúde das crianças, atualmente expostas a esgoto a céu aberto, melhore.

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"Nosso esgoto hoje é clandestino, tem um córrego aqui no fundo da comunidade e jogamos os canos para lá, aí vai direto para o rio Tietê. Para água, a ligação é clandestina, ela vem para as casas numa mangueira fininha, então tem vezes que falta três, quatro dias e a gente precisa comprar água no mercado até para cozinhar. Já chegamos a ficar semanas sem água", conta.
Banhofazer aposta de futebolcima da cadeira para evitar o esgoto
Se o cotidiano éfazer aposta de futebolprivações, quem mora no Moinho quase desde afazer aposta de futebolcriação, no início da décadafazer aposta de futebol1990, lembra que a situação ali já foi pior.
A paraibana Josefa Flor da Silva, mais conhecida como Dona Zefa,fazer aposta de futebol71 anos, mora na favela encravada entre os bairros do Bom Retiro, Barra Funda e Campos Elíseos há 21 deles.
"Quando entrei aqui, a situação era feia, nós não tínhamos água, comida, lugar para morar. Eu tinha sete filhos no meu barraco e não tínhamos banheiro dentrofazer aposta de futebolcasa", lembra Dona Zefa, que sustentou a família recolhendo recicláveis com uma carroça pelas ruas do centro.

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"Pertofazer aposta de futebolonde hoje ficam as lixeiras [na entrada da favela], tinha uma torneira e a gente enchia os tambores e puxava a águafazer aposta de futebolcarroça", lembra a moradora, sobre o passado.
Se faltava água para o consumo, sobrava quando chovia e o local onde fica a casafazer aposta de futebolZefa alagava. "Para passar, eu fazia uma ponte,fazer aposta de futebollá na frente atéfazer aposta de futebolcima. E era rato, água podre, tudo quanto não prestava", conta a idosa.
"Para tomar banho, a gente subia numa cadeira dessas, porque o esgoto chegava alto, e botava o baldefazer aposta de futebolcimafazer aposta de futeboluma outra cadeira. Você tomava banho com lesma subindo na cadeira, rato passando, a gente se lavava e já subia para o quartofazer aposta de futebolcima. Meu fogão, a gente subia para o andarfazer aposta de futebolcima também, para fazer comida para os meninos", lembra Dona Zefa.
Embora hojefazer aposta de futeboldia ela tenha chuveiro quente e banheiro dentro do domicílio, a casafazer aposta de futebolZefa ainda alaga quando chove mais forte, motivo pelo qual ela aguarda ansiosamente a chegada do esgoto e da água encanados, que ela espera que reduzam o problema.
"Eu não vejo a hora quando a Sabesp chegar, quando ela chegar aqui, acho que vou soltar rojão. Eu acho que quando a Sabesp chegar, vai ser um sonho da gente", diz Zefa.
Vivendo atualmente só com o benefício que recebe do INSS, com o qual ajuda filhos e netos, a moradora diz que não se preocupa com terfazer aposta de futebolpassar a pagar a contafazer aposta de futebolágua e esgoto.
"Para nós vai ser bom, é um comprovantefazer aposta de futebolendereço", diz a moradora.
Um territóriofazer aposta de futeboldisputa
A Favela do Moinho surgiu da ocupação por pessoasfazer aposta de futebolbaixa rendafazer aposta de futebolum terreno sob o viaduto Engenheiro Orlando Murgel, onde ficava o antigo Moinho Central, indústriafazer aposta de futebolprocessamentofazer aposta de futebolfarinha e fabricaçãofazer aposta de futebolrações para alimentação animal, desativada na décadafazer aposta de futebol1980.
Os atuais moradores contam que, nos primeiros anos da favela, viveram ali antigos trabalhadores da fábrica fechada.
De lá para cá, o terreno passou ao controle da Rede Ferroviária Federal, foi a leilão por dívidas da empresa, foi arrematado por empresários privados (que, no entanto, não concluíram o registro da compra) e virou alvofazer aposta de futeboldisputa na Justiça.
Em 2008, com a assessoria jurídica do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns da PUC (Pontifícia Universidade Católicafazer aposta de futebolSão Paulo), a Associaçãofazer aposta de futebolMoradores da Favela do Moinho entrou com uma ação coletivafazer aposta de futebolusucapião.
Em abril daquele ano, uma decisão provisória da Justiça Federal assegurou a posse aos moradores até o julgamento final da ação, que até hoje não aconteceu.

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Em meio a essas disputas, a favela passou por dois grandes incêndios,fazer aposta de futebol2011 e 2012, que resultaramfazer aposta de futebolmortes e destruiçãofazer aposta de futebolbarracos. Como resultado, muitas famílias deixaram o local, passando a receber auxílio-aluguel, com a promessa da prefeiturafazer aposta de futebolserem realocados para conjuntos habitacionais próximos à Ponte dos Remédios, na região noroeste da cidade.
Depois dos incêndios, no entanto, a favela voltou a crescer, processo que se acentuou no período recente, após a pandemia, com o aumento da pobreza e da populaçãofazer aposta de futebolsituaçãofazer aposta de futebolrua no centrofazer aposta de futebolSão Paulo.
Em meio a essa nova expansão, o início do processofazer aposta de futebolurbanização da favela foi garantido atravésfazer aposta de futeboluma ação civil pública impetrada pela Promotoriafazer aposta de futebolJustiçafazer aposta de futebolHabitação e Urbanismo do Ministério Públicofazer aposta de futebolSão Paulo.
A ação listou diversas áreasfazer aposta de futebolhabitação precária da capital e cobrou ações do município, sob penafazer aposta de futebolmultas diárias, a cada diafazer aposta de futeboldescumprimento.
Direito do cidadão, dever do Estado
"Desde 2005, quando montamos a associaçãofazer aposta de futebolmoradores, a gente vem discutindo que saneamento básico é um direito nosso e um dever do governo", diz a líder comunitária Alessandra Moja Cunha,fazer aposta de futebol37 anos e moradora da favela há 30.
"Passamos maisfazer aposta de futebol15 anos lutando por água, luz e esgoto, fizemos manifestações na prefeitura e esse ano o Ministério Público notificou a Sabesp. Não é que eles são bonzinhos, é que o Ministério Público reconhece que somos moradores há maisfazer aposta de futebol20 anos no mesmo local, sem saneamento básico", diz Alessandra, que trabalha com reciclagem, é mãefazer aposta de futebolquatro filhos e donafazer aposta de futeboldez cachorros, que a acompanham para todo lado, enquanto ela anda pela favela.

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"Somos uma comunidade periféricafazer aposta de futebolpleno centro da cidade mais rica do país. Mas nunca tive vergonhafazer aposta de futebolmorar aqui, porque acredito que as periferias são como os antigos quilombos", afirma a líder comunitária.
"Para as pessoas pobres, menos favorecidas, não é questãofazer aposta de futebolter vergonha, masfazer aposta de futebolsaber cobrar e se posicionar da forma correta perante o poder público. Porque nós temos direitos e deveres e eles têm que suprir nosso direito ao saneamento básico, porque é isso, é o básico."
Agora, com a chegada da água e do esgoto, Alessandra e os demais moradores sonham mais alto.
"Eu espero que mude tudo, que, do mesmo jeito que chegou a água, que chegue a energia elétrica, a coletafazer aposta de futebollixo, os varredores. Que chegue o direito à cidade para todos, que todos os serviços públicos a gente tenha aqui, como temfazer aposta de futeboltodo outro lugar."
O que dizem Prefeitura, Enel e Sabesp
A Sabesp informoufazer aposta de futebolnota que as obrasfazer aposta de futebolsaneamento na comunidade do Moinho devem ser concluídas até o finalfazer aposta de futebol2022 e as residências do local serão beneficiadas com a tarifa social, modelofazer aposta de futebolcobrança destino a famíliasfazer aposta de futebolbaixa renda.

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Questionada sobre porque as obras estão sendo feitas somente agora, sendo que a comunidade existe há 30 anos, a empresa afirmou:
"A regularização da área da comunidade do Moinho esbarroufazer aposta de futebolpendências judiciais com relação à propriedade da área, havia inclusive uma posição do Ministério Públicofazer aposta de futebol2016 proibindo as regularizações. Esta posição foi alteradafazer aposta de futebol2020, com a solicitação do Ministério Público do Estadofazer aposta de futebolSão Paulofazer aposta de futebolum Planofazer aposta de futebolUrbanização para essa comunidade, envolvendo também a regularizaçãofazer aposta de futebolágua e esgoto."
Ainda segundo a Sabesp, a cobertura no atendimentofazer aposta de futebolágua na Região Metropolitanafazer aposta de futebolSP éfazer aposta de futebol95%, com índicesfazer aposta de futebol83% na coletafazer aposta de futebolesgoto e 73% no tratamentofazer aposta de futebolesgoto.
Questionada sobre as perspectivas para regularização do fornecimentofazer aposta de futebolenergia elétrica, a concessionária Enel afirmou que:
"A Favela do Moinho está localizadafazer aposta de futeboluma área particular da Companhia Paulistafazer aposta de futebolTrens Metropolitanos (CPTM), na região central da capital. Para qualquer açãofazer aposta de futebolregularização no local, é necessário um plano préviofazer aposta de futebolurbanização,fazer aposta de futebolcomum acordo entre a CPTM (proprietária do terreno) e a Prefeitura Municipal."
A distribuidora disse ainda que o local possui restrições técnicas para a instalaçãofazer aposta de futebolredefazer aposta de futebolenergia elétrica e que não existe acesso viário para implementaçãofazer aposta de futebolforma segura.
"A companhia tem interessefazer aposta de futebolregularizar a rede elétricafazer aposta de futeboltodas as comunidadesfazer aposta de futebolsituação irregular, masfazer aposta de futebolalguns casos é necessário trabalharfazer aposta de futebolconjunto com demais órgãos públicos para a obtençãofazer aposta de futebollicenças ambientais. Outro fator que impacta esse trabalho é que a distribuidora dependefazer aposta de futebolregularização urbana e viária para implantar a rede elétricafazer aposta de futebolforma segura para as equipes e os moradores", acrescentou a empresa.
Segundo a Enel, a cidadefazer aposta de futebolSão Paulo tem atualmente cercafazer aposta de futebol150 mil ligações clandestinas com algum tipofazer aposta de futebolentrave para regularização, como restrições ambientais.
A Prefeiturafazer aposta de futebolSão Paulo, por meio da Secretaria Municipalfazer aposta de futebolHabitação (Sehab), informou que há 467 famílias cadastradas com compromissofazer aposta de futebolatendimento definitivo, das quais 292 famílias recebem auxílio-aluguel.
Segundo a secretaria, as famílias foram cadastradas entre os anosfazer aposta de futebol2011 e 2012,fazer aposta de futebolrazãofazer aposta de futebolincêndios na área da Favela do Moinho.
Conforme a Sehab, a previsão éfazer aposta de futebolque 160 famílias sejam atendidas com unidades habitacionais na segunda fase do empreendimento Ponte dos Remédios e outras 307, no empreendimento Major Paladino. A pasta, no entanto, não informou o prazo previsto para esse atendimento.
Quanto aos temores dos moradoresfazer aposta de futebolque a favela possa ser desapropriada, mesmo após as obrasfazer aposta de futebolurbanização, a secretaria afirmou que "não há perspectivafazer aposta de futeboldesocupação do local".

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