Mobilização por aberturabet win oficialescolas cresce, mas alta da covid-19 reacende medobet win oficialsurtos:bet win oficial

"A ideia é sair do planobet win oficialpensarbet win oficialreabrir as escolas para pensar como fazer isso", afirma Mau.

Até agora, o documento já teve quase 8 mil assinaturas, inclusivebet win oficial2,8 mil médicos, entre eles maisbet win oficial1 mil pediatras, dizem os organizadores.

Os médicos do grupo também se mobilizam na internet. "Estou nessa luta há vários meses, fazendo lives e tentando mostrar que a saúde da criança tem que ser pensadabet win oficialforma mais completa", diz o pediatra Paulo Telles.

O vídeo embet win oficialconta no Instagram no qual ele fala sobre o manifesto já teve quase 600 mil visualizações.

"Não tem justificativa para as escolas ficarem fechadas. Basta um poucobet win oficialinvestimento e priorização", defende Telles.

Mobilização crescente (e controversa)

O Ciência Pela Escola faz partebet win oficialuma mobilização crescentebet win oficialmédicos que argumentam ser possível retomar as aulas presenciais.

Um grupobet win oficialpediatras do Riobet win oficialJaneiro lançou uma campanha paralela, a Lugarbet win oficialCriança é Na Escola, e defende que "as consequências serão catastróficas para crianças, famílias e sociedade" se as escolas continuarem fechadas no próximo ano.

O Conselho Regionalbet win oficialMedicinabet win oficialSão Paulo (Cremesp) e a Sociedadebet win oficialPediatriabet win oficialSão Paulo dizem desde o finalbet win oficialagosto que dá para fazer uma retomada gradual seguindo alguns protocolos.

"Alémbet win oficialnão ter motivo para restringir a escola, temos que ver o outro lado: o quanto as crianças estão sendo prejudicadas por não ir à escola", diz o infectopediatra Marcelo Otsuka, que assina o documentobet win oficialque o Cremesp defende a volta às escolas.

Mas nem todos os médicos concordam que é seguro fazer isso, especialmentebet win oficialmeio à altabet win oficialcasos que o país enfrenta nas últimas semanas, e não sem antes fazer todos os investimentos necessários.

"A escola é muito importante, quase essencial, mas não podemos reabrir as escolas a todo custo. Fazer isso neste momento seria uma aventura", afirma o infectologista Hélio Bacha.

A reabertura das escolas é questionada principalmente pelos representantesbet win oficialprofissionaisbet win oficialeducação.

"Hoje, não há como ter um ambiente seguro", diz a deputada estadual Maria Izabel Noronha (PT-SP), que é presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estadobet win oficialSão Paulo (Apeoesp).

Crianças se infectam menos, mas transmitem menos?

Um dos principais argumentosbet win oficialquem defende o retorno às escolas é que hoje se sabe que a covid-19 afeta menos as crianças.

Quando a pandemia começou, diz Paulo Telles, as escolas foram fechadas tendobet win oficialmente que o novo coronavírus poderia ser semelhante a outros vírus respiratórios, como o influenza, que causa a gripe.

As crianças costumam estar entre os mais afetados nos surtosbet win oficialgripe. Mas a experiência mostrou até agora que elas respondem por uma proporção pequena dos casos e mortes por covid-19.

"As crianças se infectambet win oficialduas a cinco vezes menos do que os adultos e, quando são contaminadas, são assintomáticas ou têm sintomas leves", afirma o pediatra.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 8,5% dos casos notificados são pessoas com menosbet win oficial18 anos, "com relativamente poucas mortesbet win oficialcomparação com outras faixas etárias".

Mas, apesar da manifestação da doença não ser geralmente grave, casos críticos foram relatados. Assim comobet win oficialadultos, ter condições médicas pré-existentes é um fatorbet win oficialrisco.

"Mas as crianças não são, como a gente imaginavabet win oficialmarço, as principais responsáveis pela disseminação da covid-19", diz Luciana Becker Mau. O que ainda ainda não se sabe é exatamente por que isso ocorre.

Estudos apontam que a carga viralbet win oficialuma criança que está infectada, ou seja, a quantidadebet win oficialvírus que ela carrega no corpo, é muitas vezes igual ou mesmo superior àbet win oficialadultos, diz Marcelo Otsuka.

Uma hipótese é que as crianças são menos suscetíveis à doença. Outra é que, como entre os mais jovens a covid-19 costuma ser mais leve, eles têm menos sintomas, como espirro, tosse e coriza.

"Esses sintomas respiratórios são os que mais levam à transmissão", explica Otsuka.

Mas pode ser também porque elas simplesmente tenham ficado mais isoladas do que os adultos.

"E aí a gente não consegue saber a capacidadebet win oficialtransmissão das crianças, já que elas acabam pegando a doençabet win oficialum adulto que trouxe o vírus para casa", diz o infectopediatra.

Estudos são animadores, porém inconclusivos

Uma revisãobet win oficial32 pesquisas apontou que crianças e adolescentes com menosbet win oficial14 anos têm uma chance 48% menorbet win oficialserem infectadas pelo coronavírusbet win oficialcomparação com quem tem maisbet win oficial20 anos. Mas aqueles com idades entre 14 e 19 anos têm a mesma probabilidadebet win oficialadultos.

Os autores dizem haver evidênciasbet win oficialque crianças e adolescentes têm um papel menor na transmissão do vírus, mas ressaltam que elas ainda são "fracas".

Por fim, eles ressaltam que a maioria dos estudos analisados foram feitos quando medidasbet win oficialdistanciamento social vigoravam, o que pode ter afetado os resultados, assim como um esforço menor para rastrear os contatos feitos por pacientes com menosbet win oficial20 anos e uma testagem significativamente menor entre crianças.

Um outro estudo usou modelos matemáticos para analisar os dadosbet win oficialepidemiasbet win oficialseis países e apontou que pessoas com menosbet win oficial20 anos são 50% menos suscetíveis a serem infectadas do que aquelas com 20 anos ou mais.

"Consequentemente, concluímos que as intervenções destinadas a crianças podem ter um impacto relativamente pequeno na redução da transmissão", escrevem os autores.

Mas eles advertem que novos dados coletados após a conclusão da pesquisa, publicadabet win oficialjunho, podem alterar estes resultados.

Ou seja, as pesquisas científicas sobre a covid-19bet win oficialcrianças e adolescentes são animadoras, mas não são conclusivas e deixam margem para dúvidas sobre o real perigo envolvido na reabertura das escolas.

A OMS diz que mais estudos estãobet win oficialandamento para avaliar o riscobet win oficialinfecçãobet win oficialcrianças e compreender melhor a transmissão nesta faixa etária.

Escolas ficaram abertasbet win oficialoutros países

Os médicos à frente dessa mobilização apontam também que, mesmo com uma segunda ondabet win oficialinfecçõesbet win oficialoutros países, as escolas permaneceram abertas.

Eles ainda questionam a reaberturabet win oficialoutros setores da economia no Brasil enquanto as salasbet win oficialaula continuam vazias.

"Na Europa, fechou tudo, mas não fecharam as escolas. Então, é bem difícil entender por que está tudo aberto aqui, mas as escolas não podem reabrir com a adoçãobet win oficialalguns protocolos", critica Paulo Telles.

Com determinadas medidas, defendem estes médicos, é possível reduzir o riscobet win oficialinfecção tanto para os estudantes quanto para os profissionais que trabalham nestes locais.

Uma vez mais, eles indicam pesquisas que reforçam essa noção. O Centrobet win oficialControle e Prevençãobet win oficialDoenças da Europa (ECDC, na siglabet win oficialinglês) aponta, por exemplo, que as investigaçõesbet win oficialcasosbet win oficialambientes escolares sugerem que a transmissãobet win oficialcriança para criança não é a principal causabet win oficialinfecção.

"Se o distanciamento físico e medidasbet win oficialhigiene forem aplicadas, é improvável que as escolas sejam ambientesbet win oficialpropagação mais eficazes do que ambientesbet win oficialtrabalho ou lazer", diz o ECDC.

O órgão afirma que a experiênciabet win oficialpaíses europeus indicam que a reaberturabet win oficialescolas não foi associada ao aumento da transmissão do coronavírus, embora ressalte há dados conflitantes sobre isso.

"As evidências indicam ser improvável que, isoladamente, o fechamentobet win oficialinstituições educacionais seja uma medidabet win oficialcontrole eficaz para reduzir a transmissão ou que isso forneça uma proteção adicional à saúde das crianças", afirma o ECDC.

Taxabet win oficialtransmissão alta favorece surtos

Mas especialistas alertam que surtos podem ocorrer se as escolas forem reabertas enquanto a taxabet win oficialtransmissão do vírus estiver alta.

Um episódio grave ocorreu em uma escolabet win oficialJerusalém, dez dias depois do retorno das aulas presenciaisbet win oficialIsrael,bet win oficialmeadosbet win oficialmaio. Ao todo, foram infectados 153 alunos e 25 funcionários, alémbet win oficial87 parentes e amigos das pessoas afetadas.

Mas, onde a transmissão é baixa, a reabertura pode não representar um perigo tão grande, como mostra um estudo sobre a experiência do Estadobet win oficialNova Gales do Sul, na Austrália.

Entre julho e setembro, 39 casos foram confirmadosbet win oficial34 escolas. Foram identificadas 3.284 pessoas que entrarambet win oficialcontato com os pacientes, mas apenas 33 casosbet win oficialtransmissão foram detectados.

A má notícia é que o Brasil atravessa uma crise muito pior do que a situação israelense na época (e,bet win oficialrelação à Austrália, nem se fala).

Em maio, Israel tinha cercabet win oficial15 casos diários por cada 1 milhãobet win oficialhabitantes. O taxa brasileira é hojebet win oficial203 casos a cada 1 milhãobet win oficialhabitantes, considerando a média móvelbet win oficialcasos.

A taxabet win oficialtransmissão no Brasil medida pelo Imperial College, do Reino Unido, chegou a ficarbet win oficial1,30 no finalbet win oficialnovembro, o maior índice desde maio.

Isso significa que àquela altura 100 pessoas infectadas contaminavam outras 130, o que aponta para uma progressãobet win oficialescala geométrica da pandemia. Só quando o índice fica abaixobet win oficial1 é possível dizer que a pandemia está sob controle.

Atualmente, a taxa ébet win oficial1,13, um nível ainda considerado alto. Neste contexto, o infectologista Hélio Bacha diz ser inviável reabrir as escolas.

"Não podemos reabrir as escolas só porque as crianças costumam ter uma doença leve. Vamos expor toda uma comunidadebet win oficialprofissionais da educação, porque hoje não há um compromisso das autoridadesbet win oficialgarantir as condições mínimas para esse retorno", afirma Bacha.

Alunos e professores correm riscobet win oficialsalas e transporte lotado

A reabertura das escolas só pode ocorrer quando a epidemia estiver estabilizada, defende o médico.

"E tem que negociar como isso vai ocorrer com os professores e outros trabalhadores, porque não vai adiantar nada reabrir as escolas se eles não forem trabalhar, como aconteceu na Itália", diz Bacha.

Muitos profissionaisbet win oficialeducação dizem que não se sentem seguros para voltar às escolas e questionam as condiçõesbet win oficialque isso vai ocorrer.

A deputada Maria Izabel Noronha dá como exemplo a rede pública estadualbet win oficialSão Paulo para explicarbet win oficialobjeção ao retorno programado pelo governo do Estado para fevereiro.

"Existem cercabet win oficialmil salasbet win oficialaula improvisadas, onde a circulaçãobet win oficialar é ruim. Temos salas lotadas, com 30, 40 alunos por turma. E, desde março, quando as escolas foram fechadas, não foram feitas reformas para readequar os ambientes escolares", afirma Noronha, que é professora.

Ela diz ainda que não basta garantir a segurança das escolas, porque muitos alunos e professores precisa antes chegar até elas e, para isso, usam o transporte público.

"Há uma lotação no transporte público que propicia um aumento da transmissão. As pessoas vão se contaminar ali e levar o vírus para dentro da salabet win oficialaula", diz Noronha.

Em anúncio feito na última quinta (17/12), o governo do Estadobet win oficialSão Paulo afirmou que manterá o planobet win oficialretorno gradual às aulas presenciaisbet win oficial2021, considerando as escolas como serviço essencial. Em áreasbet win oficialmaior índicebet win oficialcontágio, o plano prevê que as escolas recebam até 35%bet win oficialseus alunos. Nas áreasbet win oficialbaixo contágio,bet win oficial70% a 100% dos alunos.

"A escola não pode mais fechar. Neste momentobet win oficialpandemia, as famílias precisam entender que é cada vez mais fundamental ter seus filhos frequentando a escola, para continuarem a aprendizagem e serem acolhidosbet win oficialvários aspectos, principalmente emocionalmente", afirmou o secretário estadualbet win oficialEducação, Rossieli Soares.

No entanto, a opinião pública tem reservas quanto a isso: pesquisa do Datafolha apresentada nesta sexta (18/12) aponta que dois terços da população brasileira defende o fechamentobet win oficialescolas como formabet win oficialconter a pandemia.

Um prejuízo que vai além da educação

Trata-sebet win oficialuma questão urgente, porque o isolamento tem trazido outros prejuízos além dos pedagógicos.

"Tem sido observado um aumentobet win oficialproblemas físicos, como obesidade, e também mentais, como ansiedade, depressão e distúrbios psiquitátricos", diz Luciana Becker Mau.

Uma pesquisa da Unicef, o braço da Organização das Nações Unidas dedicado à infância, aponta que 54% das famílias que moram com pessoas com menosbet win oficial18 anos relataram que algum adolescente teve algum sintoma ligado à saúde mental.

Além disso, 55% das famílias tiveram uma queda na renda domiciliar, e 8% dos entrevistados disseram que crianças e adolescentes que moram na mesma casa deixarambet win oficialcomer por faltabet win oficialdinheiro para comprar alimentos - a proporção chegou a 21% nas classes D e E.

E, uma vez que fora das escolas, muitas crianças e adolescentes não estão estudando, ao menos não como deveriam: 52% das famílias disseram que os alunos não receberam atividades escolares na semana anterior à pesquisa.

A representante da Unicef no Brasil, Florence Bauer, diz que o longo período com escolas fechadas e o isolamento social tem impactado profundamente a aprendizagem, a saúde mental e a proteção socialbet win oficialcrianças e adolescentes.

"A Unicef pede urgência aos novos governantes municipais para a reaberturabet win oficialescolas com segurança e a implementaçãobet win oficialpolíticas para garantir o direito à educação, olhando especialmente para as crianças e os adolescentes mais vulneráveis, que foram mais duramente impactados pelos efeitos da pandemia no país", diz Bauer.

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