O que se sabe até agora sobre os supostos passaportes brasileiros dos líderes norte-coreanos Kim Jong-un e Kim Jong-il:poker do neymar

No entanto, ainda não é possível afirmar se o documento foi adulterado ou mesmo emitido com a fotopoker do neymarKim Jong-un ou com apoker do neymaroutra pessoa.

Trata-sepoker do neymarum passaporte antigo, emitido há maispoker do neymar20 anos, épocapoker do neymarque os sistemas não eram completamente informatizados e que os itenspoker do neymarsegurança eram bastante diferentes dos adotados pelas autoridades hoje.

Um passaporte anterior, também brasileiro, teria sido emitido no início dos anos 1990poker do neymarnome do mesmo Josef Pwag. Associado a esse primeiro passaportepoker do neymarPwag, que tinha o número CD721247, consta uma observação assinalada como "suspeitapoker do neymarviolar imigração japonesa" com datapoker do neymar1995. Não há, contudo, detalhespoker do neymarque tipopoker do neymarcrime imigratório supostamente teria sido cometido, tampouco se a polícia brasileira investigou o caso.

Segundo a Reuters, além do líder coreano, o pai dele, Kim Jong-il, também usou um passaporte brasileiro com o nomepoker do neymarIjong Tchoi e com carimbo da Embaixada do Brasilpoker do neymarPraga. Quatro fontespoker do neymarsegurança europeias consultadas pela Reuters confirmaram que os dois passaportes brasileiros com fotos dos Kim com os nomespoker do neymarJosef Pwag e Ijong Tchoi foram utilizados para solicitar vistospoker do neymarao menos dois países ocidentais. A agência, contudo, não informa se os vistos foram obtidos.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil não confirma nem nega a autenticidade dos documentos e também não diz se houve outros passaportes emitidospoker do neymarnomepoker do neymarJosef Pwag e Ijong Tchoi. Limita-se a dizer que "está apurando os fatos a respeito do caso". Consultada, a Reuters afirma manter todas as informações publicadas e não ter nada a acrescentar sobre o assunto.

A história, que gerou enorme repercussão mundial, também deixou uma sériepoker do neymarperguntas sem respostas. Veja o que já se sabe e o que ainda deve ser esclarecido no caso.

Os passaportes são autênticos?

O passaportepoker do neymarnomepoker do neymarJosef Pwag consta no sistema da PF, mas isso não elimina a possibilidadepoker do neymarfraude no documento.

Segundo a BBC apurou, nos anos 1990, alguns dos critérios adotados pelo Itamaraty para emissãopoker do neymarpassaportes eram diferentes dos adotados pela Polícia Federal. As embaixadas e consulados são os órgãos responsáveis por emitir esse tipopoker do neymardocumento no exterior, enquanto no Brasil a emissão fica a cargo da autoridade policial. Além disso, documentos daquela época tinham menos dispositivospoker do neymarsegurança. Outro ponto é que somente depoispoker do neymaremitir os documentos é que o MRE comunica a PF.

Não se sabe, por exemplo, quais documentos foram apresentados para a emissão dos passaportes. Podem ter sido usados documentos falsos, como certidãopoker do neymarnascimento ou carteirapoker do neymaridentidade, para confeccionar um passaporte legítimo com a fotopoker do neymarKim e os dadospoker do neymarPwag. Há ainda a chancepoker do neymara foto do documento ter sido trocada posteriormente, isto é, depois que o passaporte foi emitido, para que o norte-coreano pudesse viajar com outra identidade.

Policiais ouvidos pela BBC Brasil dizem que não se pode descartar também a hipótesepoker do neymarcrime na unidade diplomática que emitiu o passaporte, tampouco a possibilidadepoker do neymarter sido feita uma montagem para espalhar a informação, nesse caso falsa,poker do neymarque Kim usaria um passaporte brasileiro.

No caso do documento que teria sido usado pelo pai do líder coreano, chama atenção o fatopoker do neymaro campo "filiação" estar completamentepoker do neymarbranco.

A Reuters diz ter tido acesso apenas a cópias dos documentos,poker do neymarforma que não foi capazpoker do neymardiscernir se foram adulteradas. Disse ainda que uma das fontes consultadas se recusou a descrever como as cópias dos passaportes foram obtidas, citando regraspoker do neymarsigilo. Mas alega que o documento foi usado para pedir vistos.

O Itamaraty não respondeu ao questionamento da BBC Brasil sobre onde e por quanto tempo essa documentação fica armazenada nas representações diplomáticas. Tampouco confirmou a autenticidade do documento. Disse apenas que está investigando o caso.

Até o momento, tampouco se sabe sepoker do neymarfato Josef Pwag e Ijong Tchoi existem e se são cidadãos brasileiros.

Por que o passaporte foi emitidopoker do neymarPraga?

Ainda falta esclarecer por que o documento foi confeccionado na República Checa - e também quem emitiu o passaporte anteriorpoker do neymarJosef Pwag.

A BBC Brasil identificou uma empresa, com sede na República Checa, na qual aparecem como sócios Ijong Tchoi e Ricardo Pwag, ao ladopoker do neymaroutras duas pessoas. Ricardo seria o "pai" do titular do passaporte supostamente usado pelo líder coreano. E Tchoi é o nome no documento que Kim Jong-il teria usado. A empresa foi abertapoker do neymar1995, um ano antespoker do neymaro documento ter sido emitido.

Além disso, Antoniopoker do neymarSouza e Silva, autoridade consular cujo nome aparece no documento, trabalhoupoker do neymarPraga entre 1993 e 1997.

Mas não está claro, por exemplo, se ele se envolveu diretamente na confecção do documento ou se a assinaturapoker do neymarSouza e Silva constar no passaporte como uma mera formalidade pelo fato de, à época, ele ser autoridade na embaixada - casopoker do neymarque outros servidores seriam responsáveis pela emissão do passaporte.

Procurado, Souza e Silva não respondeu aos questionamentos da BBC Brasil e pediu que a reportagem procurasse a assessoriapoker do neymarimprensa do Itamaratypoker do neymarBrasília. Atualmente, ele é embaixador do Brasilpoker do neymarYangon, Mianmar.

Fontes ouvidas pela BBC Brasil afirmaram que, diferentementepoker do neymarhoje, os documentos necessários para a obtençãopoker do neymarpassaportes nos anos 1990 não eram escaneados e enviados para o sistema. Cópias físicas deles permaneciam, assim, guardadas nos arquivospoker do neymarcada representação diplomática mesmo depoispoker do neymaros documentos expirarem. Não se sabe, contudo, se essas cópias - caso existam - ainda estão arquivadas na Embaixada do Brasilpoker do neymarPraga.

As fotos são verdadeiras?

Os passaportespoker do neymarTjong Tchoi e Josef Pwag têm estampadas as fotospoker do neymarKim Jong-il e Kim Jong-un, respectivamente, conforme afirma a Reuters.

Segundo a agência, tecnologiapoker do neymarreconhecimento facial confirma que as fotos que constam nas cópias dos passaportes sãopoker do neymarfato do líder norte-coreano e do pai dele.

No entanto, ainda que as fotos das imagens divulgadas sejam verdadeiras, elas podem não estar estampados no passaporte original ou podem ter sido adulteradas.

Os Kim viajaram com esses passaportes?

Segundo a Reuters, os documentos podem ter sido usados pelos Kim para visitar Brasil, Japão e Hong Kong.

O jornal japonês Yomiuri Shimbun publicoupoker do neymar2011 que Jong-un visitou a Disneylândiapoker do neymarTóquio quando criança usando um passaporte brasileiropoker do neymar1991 - antes da datapoker do neymaremissão impressa nos dois passaportes brasileiros vistos pela Reuters.

Fontes consultadas pela BBC afirmaram não haver registropoker do neymarentrada e saída no Brasil nos números dos passaportes supostamente usados pelos Kim no STI (Sistemapoker do neymarTráfego Informatizado) - mas isso não significa, necessariamente, que eles não foram utilizados - uma vez que a base só registra entradas e saídas do Brasil. Como o passaporte foi emitido nos anos 1990, existe a possibilidadepoker do neymaro registro ter sido feito à mão. Além disso, o titular pode ter feito viagens a outros países que não o Brasil, e o registro disso constaria não na base da PF brasileira, mas sim nos registros dos paísespoker do neymarque teriam entrado.

Portanto, não está claro se as viagens foram feitas.

Por que um passaporte brasileiro?

Entre as muitas especulações sobre a vida dos Kim, acredita-se que a família que governa a Coreia do Norte tenha usado documentospoker do neymarviagem obtidospoker do neymarforma irregular para sair do país. Sobre Jong-un, acredita-se que ele tenha frequentado uma escola internacionalpoker do neymarBerna, na Suíça, onde fingia ser filhopoker do neymarum motoristapoker do neymaruma embaixada.

Não há, contudo, nenhuma evidênciapoker do neymarque isso tenha alguma conexão com o caso dos passaportes brasileiros.

O MRE não respondeu também por que pode ter sido emitido um novo passaporte na República Checa a um titular suspeitopoker do neymarviolar a imigração japonesa.

O fatopoker do neymaressa emissão ter supostamente ocorridopoker do neymarsolo checo faz lembrar os elos - tanto econômicos quantopoker do neymarcooperação bilateral - entre a antiga Checoslováquia e a Coreia do Norte durante a Guerra Fria.

Além disso, vale lembrar que existe uma antiga percepção internacionalpoker do neymarque o Brasil, por ter uma população etnicamente diversa, teria um passaporte cobiçado por fraudadores - uma vez que,poker do neymartese, qualquer pessoa poderia se passar por um brasileiro.

Mas a verdade é, hojepoker do neymardia, não há dados concretos para embasar essa percepção. Uma investigaçãopoker do neymar2015 da empresa especializada Vocativ apontou que os passaportes brasileiros não constavam entre os mais caros - e portanto mais desejados - vendidos ilegalmentepoker do neymarmercados negros desse tipo na internet.

No entanto, nos anos 1990, quando os sistemaspoker do neymarcontrole e emissão não eram digitalizados, a situação era diferente. O próprio governo brasileiro chegou a admitir que, até 2006, quando foram introduzidas novas medidaspoker do neymarsegurança, o documento brasileiro era um dos mais forjados.

Por que um governante e seu filho precisariam recorrer ao procedimentopoker do neymarforjar passaportes estrangeiros?

Se hoje a Coreia do Norte é um país isolado, a situação era ainda mais aguda nos anos 1990, épocapoker do neymarque a principal apoiadora do regime norte-coreano - a União Soviética - havia acabadopoker do neymarse fragmentar.

Internamente, o país estava sendo devastado por escassezpoker do neymaralimentos e energia; externamente, era um Estado pária, com dívidas internacionais bilionárias.

Nesse cenário, é possível que a família Kim tenha recorrido a passaportes estrangeiros para viajar ao exteriorpoker do neymarforma mais discreta.

De qualquer forma, é surpreendente imaginar que Kim Jong-il, com então apenas dois anospoker do neymarmandato, tenha recorrido a essa opção, avalia John Nilsson-Wright, especialistapoker do neymarCoreia do Norte do centropoker do neymarestudos britânico Chatham House.

"Por que ele faria isso? Kim Jong-il era visto como muito avesso a riscos - sabemos que ele visitou Moscou e Pequim diversas vezes, mas para tal ele provavelmente sequer precisariapoker do neymarum passaporte", afirma Nilsson-Wright.

"Isso (a reportagem da Reuters) sugere que talvez houvesse uma tentativapoker do neymarele e seu filho (o atual líder Kim Jong-un) pensarempoker do neymarpossíveis rotaspoker do neymarfuga da Coreia do Norte, algo que (se confirmado) seria reveladorpoker do neymarque haveria um graupoker do neymarincerteza (na liderança norte-coreana)."

*Com reportagem da BBC News