Lideranças evangélicas querem que Brasil siga EUA e transfira embaixadaaposta esportiva simuladorIsrael para Jerusalém:aposta esportiva simulador

Judeus no Muro da Lamentações,aposta esportiva simuladorJerusalém

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Legenda da foto, Lugar sagrado para judeus e muçulmanos, Jerusalém é alvoaposta esportiva simuladordisputa histórica

Marcos preside o Grupo Parlamentaraposta esportiva simuladorAmizade Brasil-Israel, um dos maiores do tipo no Congresso, cujo objetivo é estreitar laços entre parlamentares brasileiros e autoridadesaposta esportiva simuladoroutros países. A maioria dos 92 grupos existentes foi formalmente criada, mas não tem composição ativa.

Já oaposta esportiva simulador"amigos"aposta esportiva simuladorIsrael tem hoje 46 deputados e senadores, 31 deles também integrantes da Frente Parlamentar Evangélica e um quarto filiado ao PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reinoaposta esportiva simuladorDeus.

Após o recesso parlamentar, no início do próximo ano, Marcos pretende mobilizar integrantes do grupoaposta esportiva simuladoramizade e da frente parlamentar para uma reunião no Itamaraty com objetivoaposta esportiva simuladorpressionar o governo a seguir os passos da administração Trump.

Donald Trump

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Legenda da foto, Donald Trump assinou documento afirmando que os EUA reconhecem Jerusalém como capitalaposta esportiva simuladorIsrael

Conexão Brasília-Tel Aviv

Parlamentares evangélicos já se encontraram anteriormente com o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e seu antecessor, o senador José Serra.

Mas, na percepçãoaposta esportiva simuladorMarcos, essas reuniões não surtiram efeito, já que o governo brasileiro continua votando a favoraposta esportiva simuladorresoluções da ONU, na Assembleia Geral e na Unesco (órgão para preservaçãoaposta esportiva simuladorpatrimônio cultural), que condenam a posturaaposta esportiva simuladorIsrael frente a territórios e locais sagrados palestinos.

Em 1948, após a guerra árabe-israelense, Jerusalém foi dividida, com a parte ocidental sob controleaposta esportiva simuladorIsrael e a parte oriental controlada pela Jordânia. Depois da Guerraaposta esportiva simuladorSeis diasaposta esportiva simulador1967, porém, Israel capturou a parte oriental da cidade e, desde então, vem erguendo assentamentos ali.

Esas construções são consideradas ilegais pela comunidade internacional, posição que é contestada pelo governo israelense. Os palestinos, poraposta esportiva simuladorvez, reivindicam que Jerusalém oriental é a capital palestina. Esse pleito faz parte das tratativasaposta esportiva simuladoracordoaposta esportiva simuladorpaz para tentar criar um Estado palestino ao ladoaposta esportiva simuladorIsrael.

Lideranças evangélicas, porém, argumentam que a Bíblia estabelece que os judeus são o povo prometido e que Jerusalém é a capitalaposta esportiva simuladorIsrael. Segundoaposta esportiva simuladorcrença, isso deve ser cumprido para que se concretize a esperada voltaaposta esportiva simuladorJesus Cristo.

Grupoaposta esportiva simuladorpalamentares reunido
Legenda da foto, Representantes do Grupo Parlamentaraposta esportiva simuladorAmizade Brasil-Israel | Foto: Divulgação/Jony Marcos

'Trump, o semeador da verdade'

"Donald Trump está sendo como um semeador da verdade", afirma a pastora Jane Silva, que preside a Associação Cristãaposta esportiva simuladorHomens e Mulheresaposta esportiva simuladorNegócios e a Comunidade Brasil-Israel.

Ela disse à BBC Brasil que pretende iniciar o recolhimentoaposta esportiva simuladorassinaturas para pressionar o governo brasileiro a mudaraposta esportiva simuladorposturaaposta esportiva simuladorrelação a Israel. Sua meta é reunir um milhãoaposta esportiva simuladorapoios e fazer um manifesto para entrega do documento com 3 mil pessoasaposta esportiva simuladorBrasíliaaposta esportiva simuladorfevereiro.

Para Silva, a posição que os governos brasileiros vêm adotando não teria apoio da maioria da população brasileira, cristã. Ela esteveaposta esportiva simuladoroutubroaposta esportiva simuladorNova York com o diplomata israelense Dani Dayan, para quem "pediu desculpas" pela decisão da ex-presidente Dilma Rousseffaposta esportiva simuladorrecusaraposta esportiva simuladorindicação para embaixador no Brasil por causaaposta esportiva simuladorsua liderança junto aos colonosaposta esportiva simuladorassentamentos judaicosaposta esportiva simuladorJerusalém Oriental.

Em agosto, ele organizou uma viagemaposta esportiva simuladorbrasileiros a Israel, entre eles sete deputados, como os evangélicos George Hilton (PSB) e Rosangela Gomes (PRB).

"O que o governo brasileiro está fazendo (ao apoiar resoluções contra Israel) é rasgar a nossa Bíblia, rasgar a nossa fé. O Brasil vota que Jerusalém não tem a ver com o povo judeu, com Israel. Se Jesus não é homem judeu, não tem a ver com o povo judeu, o Brasil está tentado desmontar a fé no cristianismo", criticou a pastora.

Silva também justifica seu apoio dizendo que se sente segura para "entrar comaposta esportiva simuladorBíblia"aposta esportiva simuladorJerusalém sob o comando israelense.

"Eu acho que Jerusalém é a capitalaposta esportiva simuladorIsrael, você vê isso na Bíblia. O reconhecimento disso não impede que haja boa convivência entre todos", argumenta também Jony Marcos, ao ser questionado sobre o fatoaposta esportiva simuladorJerusalém também ser um local sagrado para muçulmanos.

A pastora Jane Silva e o diplomata Dani Dayan

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Legenda da foto, Pastora Jane Silva, da Comunidade Brasil-Israel, com o diplomata israelense Dani Dayan, que foi recusado por Dilma Rousseff como embaixador no Brasil | Foto: Divulgação

Silêncio brasileiro

A decisãoaposta esportiva simuladorTrump vai na mesma direçãoaposta esportiva simuladoruma medida aprovadaaposta esportiva simulador1995 pelo Congresso dos Estados Unidos, prevendo a transferência da Embaixada americanaaposta esportiva simuladorIsrael para Jerusalém. No entanto, isso nunca havia sido postoaposta esportiva simuladorprática, porque era necessária aprovação da Presidência, o que nunca ocorreu. Todos os semestres, o ato do Congresso foi encaminhado aos presidentes, mas a praxe sempre foi renunciar à mudança. Apesaraposta esportiva simuladorparecer contraditório, foi o que o próprio Trump fez nesta semana - o republicano também assinou a renúncia, para que haja tempoaposta esportiva simuladoriniciar a transferência da embaixada.

Enquanto o papa Francisco e diversos países - como França, Alemanha, Reino Unido, Turquia e China - criticaram na quarta-feira a decisão americanaaposta esportiva simuladorreconhecer Jerusalém como capitalaposta esportiva simuladorIsrael, o governo brasileiro não emitiu qualquer declaração na quarta-feira.

No final da tarde desta quinta, o Itamaraty se pronunciou sem fazer menção direta aos EUA. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que "o governo brasileiro reitera seu entendimentoaposta esportiva simuladorque o status final da cidadeaposta esportiva simuladorJerusalém deverá ser definidoaposta esportiva simuladornegociações que assegurem o estabelecimentoaposta esportiva simuladordois Estados vivendoaposta esportiva simuladorpaz e segurança dentroaposta esportiva simuladorfronteiras internacionalmente reconhecidas e com livre acesso aos lugares santos das três religiões monoteístas, nos termos das resoluções do Conselhoaposta esportiva simuladorSegurança das Nações Unidas". A declaração recorda também "que as fronteiras entre os dois Estados deverão ser definidasaposta esportiva simuladornegociações diretas entre as partes tendo por base a linhaaposta esportiva simuladorjunhoaposta esportiva simulador1967", antes, portanto, da anexaçãoaposta esportiva simuladorterritórios palestinos por Israel.

Embora Silva e Marcos não notem mudanças na postura do governo brasileiroaposta esportiva simuladorrelação a Israel, a BBC Brasil apurou que, desde que Michel Temer assumiu a Presidência e deu o comando do Itamaraty ao PSDB, o governo brasileiro tem pressionado países árabes, os propositores dessas resoluções na ONU, a mudaraposta esportiva simuladorredação.

Um dos pontos polêmicos é uma resolução apresentada semestralmente, sempreaposta esportiva simuladorabril e outubro, na Unesco, criticando Israel por restringir o acessoaposta esportiva simuladormuçulmanos a um local sagradoaposta esportiva simuladorJerusalém, conhecido por judeus como Monte do Templo e, por muçulmanos, como al-Aqsa our Haram al-Sharif.

Um das reclamações dos críticos dessa resolução, que vem sendo aprovada pela maioria dos países, inclusive o Brasil, há anos, é o fatoaposta esportiva simuladorela se referir ao local apenas pela denominação árabe.

Em junho do ano passado, o então chanceler José Serra divulgou nota dizendo que o Brasil iria rever seu apoio à resolução, caso não houvesse mudanças naaposta esportiva simuladorredação. Em meio a essa negociação, ao contrário do que fazem todos os anos, os países árabes não apresentaram essa resoluçãoaposta esportiva simuladoroutubro deste ano, o que pode indicar um receioaposta esportiva simuladorperder votos do Brasil eaposta esportiva simuladoroutros países.

Apesar da grita contra a postura brasileira nos últimos anos, o professoraposta esportiva simuladorrelações internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser discorda da acusaçãoaposta esportiva simuladorque os últimos governos tenham sido "anti-Israel".

Segundo ele, embora as administrações petistas tivessem um discursoaposta esportiva simuladorapoio à Palestina, "isso não alterava as relações práticas e trocas comerciais" com Israel.

"E essas resoluções (da ONU) são teatro. Não mudamaposta esportiva simuladornada a realidadeaposta esportiva simuladorque há uma ocupação crescente dos territórios palestinos (por Israel). É uma colchaaposta esportiva simuladorretalhos", criticou.

Vista do Monte do Temploaposta esportiva simuladorJerusalém

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Legenda da foto, Vista do Monte do Templo, ou Haram al-Sharif,aposta esportiva simuladorJerusalém, local sagrado para judeus e muçulmanos

Apoio também nos EUA

O apoioaposta esportiva simuladorlideranças evangélicas a Israel não ocorre só no Brasil.

Segundo reportagem da rede americana CNN, Johnnie Moore, porta-voz do grupo informalaposta esportiva simuladorconselheiros evangélicosaposta esportiva simuladorTrump, disse que o reconhecimentoaposta esportiva simuladorJerusalém como capital israelense era uma parte fundamental do alcance do presidente junto a eleitores evangélicos.

"Os evangélicos estãoaposta esportiva simuladorêxtase, pois Israel é para nós um lugar sagrado e o povo judeu são os nossos amigos mais queridos", disse à CNN Paula White, pastoraaposta esportiva simuladoruma megaigreja da Flórida e próximaaposta esportiva simuladorTrump.

Apesar disso, especialistas na relação Brasil-Israel dizem ser muito improvável que a pressãoaposta esportiva simuladorlideranças evangélicas resulte na transferência da embaixada brasileira para Jerusalém.

"A embaixada brasileira não vai a lugar nenhum", afirma o professoraposta esportiva simuladorrelações internacionais da USP Samuel Feldberg, atualmente vivendoaposta esportiva simuladorIsrael como pesquisador na Universidadeaposta esportiva simuladorTel Aviv.

Ele não vê chancesaposta esportiva simuladoro deputadoaposta esportiva simuladorextrema-direita Jair Bolsonaro, apoiadoraposta esportiva simuladorIsrael, conseguir ser eleito presidente, embora hoje apareçaaposta esportiva simuladorsegundo lugar nas intençõesaposta esportiva simuladorvotos, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Feldberg ressalta, porém, que o segmento evangélico tem um peso relevante hoje no Brasil e podeaposta esportiva simuladoralguma forma influenciar os rumos da diplomacia brasileira.

Quanto à empolgaçãoaposta esportiva simuladorlideranças evangélicas com a decisão americana, ele contou que o sentimento não é generalizadoaposta esportiva simuladorIsrael.

Segundo Feldberg, há uma certa desconfiança por parte dos israelenses sobre qual será o "preço" cobrado por Trump por uma iniciativa tão forte, como talvez uma pressão maior para que o Estado Israelense ceda nas negociaçõesaposta esportiva simuladorpaz com os palestinos.

"Com essa decisão, Trump se blinda. Não poderá ser tão criticado aqui como era (seu antecessor) Obama."